Análise IEDI
Um mau começo para o segundo semestre
Se há um setor que ainda vive a recessão, este setor é o de serviços. Depois de registrar quedas por três anos seguidos, entre 2015 e 2017, o faturamento real dos serviços permanece no vermelho em 2018, ainda que sua crise venha se mostrando menos severa: -0,8% no acumulado do ano de janeiro a julho. A contar pelo início do segundo semestre, o quadro decididamente não parece estar evoluindo para melhor.
De fato, os dados divulgados hoje pelo IBGE mostram que houve declínio de -2,2% em julho frente a junho, já descontados os efeitos sazonais, resultado de variações negativas na grande maioria dos segmentos do setor, sendo que apenas 1 dos 5 não teve perda. Este é um nível de queda dos mais intensos e o pior para um mês de julho desde o início da série em 2011. Em relação a julho de 2017, por sua vez, tampouco os serviços evitaram o pior e registraram queda de -0,3%.
Assim como em outros setores, a greve dos caminhoneiros afetou o desempenho dos serviços em maio (-3,4%, com ajuste), que se recompôs já no mês de junho (+4,8%). Por isso, a má evolução do setor não decorre apenas de tais eventos excepcionais. O nível de faturamento em jul/18 ficou 1,7% abaixo daquele de dez/17, já descontada a sazonalidade, mas a comparação de abr/18 (isto é, antes da greve) com dez/17 já apontava um quadro desfavorável: -0,7%. Estes são dados que mostram que o setor esteve em marcha ré ao longo de todo o presente ano, a despeito dos efeitos, sem dúvida negativos, da paralisação dos caminhoneiros.
A sequência de resultados trimestre após trimestre com ajuste também ilustra este ponto: -0,7% no 1º trim/18 e -0,1% no 2º trim/18, com um indicativo de possível agravamento trazido pelo resultado de julho, de -2,2%, como vimos anteriormente. As variações abaixo nesta mesma comparação mostram que apenas um ramo dos serviços destoa neste panorama, aqueles prestados às famílias.
• Serviços Total: +0,3% no 4º trim/17; -0,7% no 1º trim/18; -0,1% no 2º trim/18 e -2,2% em jul/18.
• Serviços prestados às famílias: -0,7%; -1,2%; +1,8% e +3,1%, respectivamente;
• Serviços de info. e comunicação: +0,6%; -0,5%; +1,1% e -2,2%;
• Serviços prof., adm. e complementares: -1,0%; -0,9%; 0% e -1,1%;
• Transportes e correios: +0,9%; -0,9%; -1,0% e -4,0%;
• Outros serviços: +0,7%; +2,5%; -1,5% e -3,2%, respectivamente.
Os serviços prestados às famílias conseguiram crescer no segundo trimestre de 2018 e, mais do que isso, apontam para um ganho de ritmo em julho (+3,1%, com ajuste), mês em que apresentaram a única variação positiva dentre todos os segmentos. Este impulso veio sobretudo de seu componente alimentação e alojamento (+4%).
Do lado negativo, destacaram-se os serviços de transporte e correios, que não só caíram 4% em julho, em parte devido a efeitos secundários da paralisação dos caminhoneiros, mas já vinham em uma trajetória nada satisfatória desde o início do ano. No último mês em questão, apresentaram taxas expressivas de declínio tanto os serviços de armazenagem e correios, como outros modais de transporte, além do rodoviário.
Outro segmento que não tem se saído bem, e não é de hoje, é aquele de serviços demandados pelas empresas, isto é, os profissionais, administrativos e complementares. Desde o final do ano passado, o melhor que este segmento conseguiu foi ficar meramente estável (crescimento zero) no 2º trim/18 na série com ajuste. A segunda metade do ano começou ainda pior: -1,1% ante jun/18, devido principalmente a seu componente de serviços técnico-profissionais, que reúne atividades de maior qualidade.
Serviços de informação e comunicação, que representam uma grande fatia total do setor, têm apresentado, por sua vez, um comportamento bastante variável. Depois de ter conseguido crescer 1,1% no 2º trimestre do ano, na série com ajuste sazonal, começou segundo semestre também com uma indicação negativa: -2,2% em jul/18 ante o mês anterior.
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados hoje pelo IBGE para o mês de julho, o volume de serviços prestados registrou queda de 2,2% frente a junho de 2018, na série com ajuste sazonal, após também recuar 3,4% em maio e avançar 4,8% em junho. Frente ao mesmo mês do ano anterior (julho/2017) registrou-se retração de 0,3%. No acumulado de 12 meses, houve decréscimo de 1,0% e para o acumulado do ano houve decréscimo de 0,8%.
Para a comparação com o mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, dos cinco segmentos analisados apenas serviços prestados às famílias apresentou crescimento (3,1%). Os demais apresentaram queda: transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (-4,0%), outros serviços (-3,2%), serviços de informação e comunicação (-2,2%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,1%). Para o segmento das atividades turísticas registrou-se retração de 1,7% na mesma base de comparação.
Na comparação com julho de 2017, três dos cinco segmentos analisados apresentaram acréscimos: transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (0,8%), outros serviços (0,5%) e serviços de informação e comunicação (0,1%). Por outro lado, dois segmentos apresentaram quedas: serviços profissionais, administrativos e complementares (-2,8%) e serviços prestados às famílias (-0,5%). Ainda para esta comparação, as atividades turísticas apresentaram variação negativa de 1,8%.
No acumulado de doze meses (agosto de 2017 a julho de 2018), o segmento de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio registrou expansão de 2,8%. Os demais setores registraram retrações: serviços profissionais, administrativos e complementares (-3,8%), outros serviços (-1,8%), serviços de informação e comunicação (-1,8%) e serviços prestados às famílias (-1,2%). O volume de serviços relacionados as atividades turísticas registraram variação negativa de 3,2%.
Na análise por unidade federativa, no mês de julho de 2018 comparado ao mesmo mês do ano anterior, 8 dos 27 estados aferiram acréscimos: Mato Grosso (6,9%), Roraima (6,8%), Bahia (4,1%), Distrito Federal (3,6%), Maranhão (3,5%), Minas Gerais (2,7%), Piauí (1,5%) e São Paulo (1,2%). Para as outras unidades federativas foram aferidas retrações, com as maiores sendo em: Amapá (-13,6%), Rio Grande do Norte (-7,2%), Rondônia (7,0%), Ceará (-6,8%), Amazonas (-5,4%), Tocantins (-4,9%), Pará (-4,9%), Sergipe (-4,7%), Rio de Janeiro (-4,4%), Acre (-4,1%), Paraíba (-3,9%), Pernambuco (-3,7%), Paraná (-3,5%), Alagoas (-3,2%), Rio Grande do Sul (-2,4%), Mato Grosso do Sul (-2,3%), Goiás (-2,0%), Santa Catarina (-0,3%) e Espírito Santo (-0,1%).
Por fim, e ainda na análise por unidade federativa, na comparação do acumulado do ano frente ao mesmo período do ano anterior verificou-se variações positivas em três dos vinte e sete estados analisados: Roraima (5,6%), São Paulo (0,8%) e Mato Grosso (0,2%). Nos demais estados registrou-se decréscimos, sendo as maiores nos estados do Rio Grande do Norte (-8,9%), Ceará (-8,9%), Tocantins (-7,5%), Pará (-7,4%), Acre (-6,3%), Amapá (-6,2%), Sergipe (-5,3%) e Paraíba (-4,9%). No estado de Santa Catarina não houve variação.