Análise IEDI
Um ano ainda em crise
O setor de serviços ainda mostra, em 2018, muita hesitação para dar início à sua trajetória de recuperação, o que tem se traduzido, na série com ajuste sazonal, a uma clara alternância de resultados favoráveis e desfavoráveis. Por ora, continua em recessão, à diferença do comércio varejista e da indústria que, a despeito das dificuldades em ganhar velocidade, já voltaram a crescer. Corre-se o risco, então, de os serviços terem seu quarto ano seguido de perda.
Em 2018, dos oito meses conhecidos, foram cinco de queda ou estabilidade e três de aumento do faturamento real do total dos serviços. Em agosto, o setor conseguiu crescer 1,2%, conferindo certo alento já que este ritmo não é nada desprezível para os padrões recentes do setor. Há poucos sinais, contudo, de que este resultado um pouco mais robusto vá dar início a uma sequência de altas sucessivas. Isso seria importante para começar a mudar para melhor o quadro do setor.
A grande maioria dos segmentos dos serviços identificados pelo IBGE também têm vivido entre altos e baixos, inclusive aqueles que melhor se saíram em agosto, como os serviços profissionais, administrativos e complementares, que são demandados pelas empresas, transportes e correios, que refletiram diretamente a paralisação dos caminhoneiros em maio, e outros serviços, que congregam um conjunto diversificado de atividades.
Já os serviços de informação e comunicação e aqueles prestados às famílias continuam fortemente restringidos pelo baixo crescimento da renda e do emprego. No primeiro caso, a série com ajuste sazonal é majoritariamente negativa desde o começo de 2018 e no segundo caso a partir de maio. Agora em agosto, caíram 0,8% e 0,6%, respectivamente.
O saldo final dessas evoluções oscilantes geralmente não é dos melhores. Para o setor como um todo, o nível de faturamento real em agosto de 2018 é exatamente o mesmo de dezembro de 2017, ainda que tenha ocorrido avanço depois das perturbações da greve em maio. Em alguns casos, como mostram as variações abaixo a partir de dados com ajuste sazonal, o saldo é negativo.
• Serviços Total: -0,6% para abr18/dez17; +0,6% para ago18/abr18 e 0% para ago18/dez17;
• Serviços prestados às famílias: +4,0%; -0,8% e +3,2%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: -0,3%; -0,7% e -1,1%;
• Serviços prof., adm. e complementares: -0,8%; +0,5% e -0,4%;
• Transportes, seus auxiliares e correios: 0%; +2,8% e +2,8%;
• Outros serviços: +0,9%; -1,0% e -0,1%, respectivamente.
Encontravam-se em ago/18 com um nível de faturamento real inferior àquele de dez/17 o segmento de informação e comunicação, que entrou em crise só a partir de 2016 e que não esboça nenhuma reação para superá-la, e os dois segmentos que estão mais distantes de retomar os picos anteriores de faturamento: serviços profissionais, adm. e complementares (18% abaixo de out/14) e outros serviços (24% abaixo de ago/11). Inclusive, a base muito baixa de comparação do segmento de outros serviços vem ajudando seu resultado no acumulado até ago/18 a ficar no positivo (+2,3% ante jan-ago/17), depois de quedas sucessivas pelo menos desde 2013.
Já dentre aqueles que obtiveram um avanço de faturamento entre dez/17 e ago/18, estão os serviços prestados às famílias, mas isso graças apenas aos primeiros meses de 2018, quando pareciam caminhar para dias melhores, e os serviços de transporte, seus auxiliares e correios, que conseguiram restabelecer uma trajetória com resultado final positivo depois da greve dos caminhoneiros. Vale lembrar que este último segmento foi o único a crescer tanto em 2017 (+2,3%) como no acumulado até ago/18 (+1,3%) frente a igual período do ano anterior.
À exceção de transportes e correios e de outros serviços, bem como do grupamento especial de atividades turísticas, todos os demais segmentos permanecem no vermelho em 2018. Para alguns, o ano tampouco tem trazido quedas menos intensas, como para os serviços prestados às famílias (-1,1% em jan-dez/17 e -0,9% em jan-ago/18 ante mesmo período do ano anterior) e informação e comunicação (-2,0% e -1,7%, respectivamente). Serviços profissionais, administrativos e complementares recuaram 2% em jan-ago/18, o que não é pouco depois de já ter levado um tombo de 7,3% em jan-dez/17.
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados hoje pelo IBGE para o mês de agosto, o volume de serviços prestados apresentou expansão de 1,2% frente a julho de 2018, na série com ajuste sazonal, após avançar 4,9% em junho e recuar 2,0% em julho. Frente ao mesmo mês do ano anterior (agosto/2017) registrou-se crescimento de 1,6%. No acumulado de 12 meses, houve retração de 0,6% e para o acumulado do ano houve queda de 0,5%.
Na comparação com o mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, três dos cinco segmentos analisados aferiram crescimento: transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (3,2%), serviços profissionais, administrativos e complementares (2,2%) e outros serviços (1,0%). De outro lado, os demais seguimentos apresentaram decréscimos: serviços prestados às famílias (-0,8%) e serviços de informação e comunicação (-0,6%). O segmento das atividades turísticas registrou expansão de 2,8% na mesma base de comparação.
Na comparação com agosto de 2017, três dos cinco segmentos analisados registraram incremento: serviços prestados às famílias (5,0%), transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (4,6%) e outros serviços (1,3%). Por outro lado, os dois segmentos restantes apresentaram retrações: serviços de informação e comunicação (-1,1%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,3%). Ainda para esta base de comparação, as atividades turísticas apresentaram crescimento de 7,8%.
No acumulado de doze meses (setembro de 2017 a agosto de 2018), o segmento de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio aferiu crescimento de 2,8%. Em sentido oposto, os demais setores registraram decréscimos: serviços profissionais, administrativos e complementares (-3,2%), serviços de informação e comunicação (-1,6%), outros serviços (-0,9%) e serviços prestados às famílias (-0,4%). O volume de serviços relacionados as atividades turísticas registraram queda de 1,7%.
Na análise por unidade federativa, no mês de agosto de 2018 comparado ao mesmo mês do ano anterior, 13 dos 27 estados aferiram expansão: Distrito Federal (8,0%), Amazonas (6,9%), Mato Grosso (5,9%), Pernambuco (5,2%), Alagoas (5,2%), Santa Catarina (4,3%), São Paulo (2,9%), Maranhão (2,1%), Paraíba (1,9%), Minas Gerais (1,5%), Bahia (1,1%) e Piauí (0,9%). Para as outras unidades federativas foram aferidos decréscimos, com as maiores sendo: Acre (-8,4%), Rondônia (-5,4%), Amapá (-5,2%), Ceará (-4,9%), Rio Grande do Norte (-4,0%), Tocantins (-3,7%), Sergipe (-3,2%), Goiás (-2,5%), Rio de Janeiro (-1,9%) e Espírito Santo (-1,6%).
Por fim, e ainda na análise por unidade federativa, na comparação do acumulado do ano com relação ao mesmo período do ano anterior, verificou-se acréscimos em três dos vinte e sete estados analisados: Roraima (5,0%), São Paulo (1,1%), Mato Grosso (1,0%), Santa Catarina (0,5%) e Distrito Federal (0,5%). Nos demais estados registrou-se retrações, sendo as maiores nos seguintes estados: Ceará (-8,3%), Rio Grande do Norte (-8,3%), Tocantins (-6,9%), Pará (-6,5%), Sergipe (-5,1%) e Paraíba (-4,0%).