Análise IEDI
Sem recuperação para serviços corporativos
O mês de setembro de 2018 não poupou nenhum dos grandes setores da economia. Depois das perdas da indústria e do comércio varejista, que ademais não foram desprezíveis, os dados do IBGE divulgados hoje mostram que o setor de serviços também ficou no negativo. Seu faturamento real caiu 0,3% frente a agosto, já descontados os efeitos sazonais.
Passada a fase de forte volatilidade derivada da greve dos caminhoneiros, os serviços, a despeito da queda, voltaram a ter um resultado mais próximo da estabilidade na série com ajuste. Isso, contudo, não se aplica a todos os seus segmentos. Dos cinco acompanhados pelo IBGE, três registraram perda de faturamento real em setembro, sendo que o quadro não foi nada ameno para serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,2%), transportes (-1,6%) e o segmento de outros serviços (-3,2%).
Embora haja certa assimetria entre os segmentos do setor, com sinais de melhora relativa para alguns deles desde o ano passado, os serviços profissionais, administrativos e complementares é um dos que custam a mostrar algum progresso. Enquanto o faturamento dos serviços como um todo está 11,7% abaixo de seu pico anterior, o diferencial para este segmento específico é de -17,7%.
No acumulado do ano até set/18, por sua vez, serviços totais caminham para a estabilidade (-0,4%) enquanto os profissionais, administrativos e complementares registram o pior desempenho (-1,9%). Como estes são serviços corporativos, tal performance sugere uma situação ainda muito complicada das empresas no país, afetando sua demanda tanto de serviços de maior qualificação como daqueles auxiliares, em geral terceirizados.
As variações interanuais abaixo ilustram as atuais assimetrias entre os diferentes segmentos dos serviços, mas também apontam para dois aspectos importantes para este setor que tem encontrado grandes dificuldades para iniciar sua recuperação.
• Serviços – total: -1,6% no 1º trim/18; -0,3% no 2º trim/18 e +0,7% no 3º trim/18;
• Serviços prestados às famílias: -2,3%; -1,6% e +1,7%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: -3,7%; -0,3% e +0,4%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: -2,6%; -1,6% e -1,5%;
• Transportes, correios e auxiliares: +1,2%; +0,3% e +2,5%;
• Outros serviços: +1,8%; +3,5% e -0,6%, respectivamente.
O primeiro aspecto a ser destacado é que parece que os serviços finalmente chegaram ao fundo do poço. Diante de bases baixas de comparação, resultantes da prolongada recessão do setor, o 3º trim/18 registrou a primeira variação positiva depois de 14 trimestres seguidos de declínio. A alta, entretanto, foi de apenas 0,7% frente ao mesmo período do ano anterior e ainda há de provar que será o início de uma trajetória de reativação.
Conta a favor de dias melhores para os serviços o fato de que a maior parte de seus segmentos também registraram aumento de faturamento no 3º trim/18. Este é o segundo aspecto importante a ser mencionado. O melhor resultado foi registrado por transportes, correios e auxiliares, segmento que, inclusive, caminha para o segundo ano de expansão do faturamento (+2,3% em 2017 e +1,3% em 2018 até setembro). Serviços de informação e comunicação cresceram, mas foi pouco: apenas +0,4%.
Outro ramo com bons resultados foi o de serviços prestados às famílias, com alta de 1,7% frente a jul-set/17, após três trimestres de retração. Neste caso, porém, cabe aguardar o desempenho futuro antes de identificar uma tendência favorável, dado que este segmento já havia registrado dinamismo positivo antes de retornar ao vermelho na virada de 2017 para 2018.
Em oposição a estes resultados que inspiram algum otimismo, está, como já mencionamos anteriormente, o segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares, que além de registrar a queda mais acentuada no 3º trim/18 (-1,5%), não teve nenhuma amenização de seu quadro em comparação com o trimestre anterior (-1,6% no 2º trim/18).
Por fim, o segmento de outros serviços, que reúne um conjunto amplo de atividades, como serviços imobiliários, financeiros, assistências técnicas etc., também não se saiu bem em julho-setembro deste ano, perdendo 0,6% de seu faturamento real em relação ao mesmo período do ano anterior. Os dois primeiros trimestres de 2018, porém, ao menos foram capazes de, por ora, assegurar um desempenho positivo no acumulado de janeiro-setembro (+1,6%).
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços para o mês de setembro divulgados hoje pelo IBGE, o volume de serviços prestados registrou retração de 0,3% frente a agosto de 2018, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior (setembro/2017) registrou-se incremento de 0,5%. No acumulado de 12 meses, houve retração de 0,3% e para o acumulado do ano houve decréscimo de 0,4%.
Para a comparação com o mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, dois dos cinco segmentos analisados aferiram expansão: serviços prestados às famílias (1,4%) e serviços de informação e comunicação (0,4%). De outro lado, na ordem decrescente, os demais seguimentos apresentaram retrações: outros serviços (-3,2%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,4%) e transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (-1,3%). Para o segmento das atividades turísticas registrou-se decréscimo de 0,4% ainda na comparação com o mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Frente a setembro de 2017, três dos cinco segmentos analisados registraram variação positiva: serviços de informação e comunicação (2,2%), transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (1,6%) e serviços prestados às famílias (0,4%). Por outro lado, dois segmentos apresentaram variações negativas: outros serviços (-4,0%), e serviços profissionais, administrativos e complementares (-2,3%). Ainda para esta base de comparação, as atividades turísticas apresentaram incremento de 5,5%, frente a setembro de 2017.
No acumulado do ano (janeiro de 2018 a setembro de 2018), dois segmentos apresentaram expansão: outros serviços (1,6%) e transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (1,3%). Os demais setores registraram decréscimos: serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,9%), serviços de informação e comunicação (-1,2%) e serviços prestados às famílias (-0,8%). O volume de serviços relacionados as atividades turísticas registraram crescimento de 1,4% na mesma base de comparação.
Na análise por unidade federativa, no mês de setembro de 2018 comparado ao mesmo mês do ano anterior, 12 dos 27 estados apresentaram crescimento: Amazonas (6,5%), São Paulo (3,4%), Rondônia (2,9%), Pernambuco (2,8%), Sergipe (2,4%), Alagoas (2,3%), Mato Grosso (1,8%), Santa Catarina (1,4%), Maranhão (0,8%), Minas Gerais (0,5%) e Distrito Federal (0,3%). Para as outras unidades federativas foram aferidas retrações, com as maiores sendo em: Ceará (-8,7%), Roraima (-8,1%), Amapá (-7,6%), Acre (-7,2%), Piauí (-6,1%) e Rio de Janeiro (-5,1%).
Por fim, e ainda na análise por unidade federativa, na comparação do acumulado do ano frente ao mesmo período do ano anterior, verificou-se acréscimos em seis dos vinte e sete estados analisados: Roraima (3,4%), São Paulo (1,4%), Mato Grosso (1,1%), Santa Catarina (0,7%), Distrito Federal (0,5%) e Amazonas (0,2%). Nos demais estados registrou-se decréscimos, sendo as maiores nos seguintes estados: Ceará (-8,3%), Rio Grande do Norte (-7,7%), Rio Grande do Sul (6,6%), Tocantins (-6,5%), Amapá (6,2%) e Pará (-6,1%).