Análise IEDI
Três meses sem crescimento
Não foi só a indústria que parou no final de 2018, o faturamento real do setor de serviços ficou inerte tanto em setembro (-0,3%) e outubro (0%) como agora em novembro, quando voltou a registrar resultado de 0% na comparação com ajuste sazonal. Deste modo, o crescimento do comércio varejista, muito alavancado pelas liquidações de novembro, como vimos ontem, é quem foi a exceção.
A despeito da estabilidade do setor como um todo, novembro trouxe algum crescimento para a maioria dos segmentos de serviços, atingindo 4 dos 5 acompanhados pelo IBGE. Como regra geral, as altas foram pequenas, mas em certos casos garantiu o retorno ao azul depois de meses seguidos de perda de faturamento.
Neste sentido, destacam-se os serviços profissionais, administrativos e complementares, que ficaram no negativo em setembro e em outubro, acumulando retração de -2,9% no período, e agora em novembro conseguiram ficar estáveis: +0,1% ante out/18, com ajuste sazonal. O mesmo ocorreu com transporte e serviços correlatos: -1,9% em set-out/18 e +0,3% em nov/18, já descontados os efeitos sazonais.
Outro dado favorável foi a obtenção da terceira taxa positiva consecutiva pelos serviços de informação e comunicação, que respondem por cerca de 1/3 do faturamento total do setor. Foi de +0,8% ante out/18, representando o melhor desempenho na série com ajuste entre os segmentos de serviços.
Embora a estabilidade seja um resultado aquém do que o setor de serviços precisa para se recompor da crise, já representa algum avanço, dado que até pouco tempo atrás seu faturamento acumulava retrações. Em novembro, a média em 12 meses frente ao mesmo período do ano anterior atingiu 0% depois de nada menos do que 41 meses seguidos de taxas negativas. Este setor, que foi o último a dar sinais de recuperação, parece ter conseguido evitar mais um ano negativo em 2018.
No acumulado jan-nov/18 frente ao mesmo período de 2017 a variação é de -0,1%, mas este resultado esconde um ganho relativo de vitalidade nos últimos meses do ano: +0,7% no 3º trim/18 e +1,2% no bimestre out-nov. Em alguns ramos a performance é ainda melhor, como mostram as variações interanuais abaixo.
• Total Serviços: -1,6% no 1º trim/18; -0,3% no 2º trim/18; +0,7% no 3º trim/18 e +1,2% em out-nov/18;
• Serviços prestados às famílias: -2,3%; -1,6%; +1,7% e +2,7%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: -3,7%; -0,3%; +0,5% e +1,3%;
• Serviços profissionais, administrativos e complementares: -2,6%; -1,6%; -1,5% e -0,6%;
• Transporte, correios e serviços auxiliares: +1,2%; +0,3%; +2,3% e +1,5%;
• Outros serviços: +1,8%; +3,5%; -0,6% e +3,1%, respectivamente.
Ainda que a maioria dos segmentos já tenham retomado crescimento nos últimos meses de 2018, dois deles mostram progressos mais consistentes. O primeiro compreende serviços de transporte, correios e auxiliares, cujo faturamento real já tinha avançado em 2017 (+2,3%) e deve novamente ficar no azul em 2018, a despeito da greve dos caminhoneiros do mês de maio: +1,5% em jan-nov/18 ante jan-nov/17. Os resultados do final do ano confirmam este nível de dinamismo.
O segundo destaque é o segmento de outros serviços, que englobam um conjunto diversificado de atividades, tais como financeiros, imobiliários, agrícolas e de assistência técnica. Acumula alta de +1,8% em jan-nov/18 e aponta para um reforço nos últimos meses do ano: +3,1% em out-nov/18. O grupamento especial de serviços de turismo também segue na mesma linha: +2,0% no ano até nov. e +4,4% em out-nov/18.
Outros segmentos a se saírem bem e que caminham para a estabilidade com o encerrar de 2018 foram serviços prestados às famílias (-0,1% em jan-nov/18 e +2,7% em out-nov/18), devido ao seu componente alojamento e alimentação; e serviços de informação e comunicação (-0,7% e +1,3%, respectivamente), em função tanto de telecomunicações como de serviços de tecnologia da informação.
Quem tem ficado para trás, como tem sido a norma no período recente, são os serviços profissionais, administrativos e complementares, refletindo as dificuldades de se efetivar um processo mais vigoroso de recuperação da produção nacional, a exemplo do que temos visto na indústria. Este tipo de serviços, geralmente demandado por empresas, pode ter em 2018 seu quarto ano seguido de perdas. Até novembro, acumula queda de faturamento real de -1,6%. Embora menos grave, o resultado do bimestre out-nov/18 (-0,6%) também permanece no vermelho.
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados hoje pelo IBGE para o mês de novembro, o volume de serviços prestados registrou estabilidade (0,0%) frente a outubro de 2018, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior (novembro/2017) verificou-se expansão de 0,9%. No acumulado em 12 meses houve estabilidade (0,0%) e para o acumulado no ano retração de 0,1%.
Para a comparação com o mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, quatro dos cinco segmentos analisados registraram expansão em relação ao mês imediatamente anterior: serviços de informação e comunicação (0,8%), serviços prestados às famílias (0,4%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (0,3%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (0,1%). De outro lado, o seguimento de outros serviços apresentou retração de 0,2%. Para o segmento das atividades turísticas registrou-se queda de 1,1% na mesma base de comparação.
Frente a novembro de 2017, quatro dos cinco segmentos analisados registraram incremento: outros serviços (3,7%), serviços prestados às famílias (3,1%), serviços de informação e comunicação (1,2%) e transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (0,6%). Por outro lado, somente serviços profissionais, administrativos e complementares apresentou retração de -1,1%. Ainda para esta base de comparação, as atividades turísticas apresentaram expansão de 3,7%.
No acumulado do ano (janeiro de 2018 a novembro de 2018) frente a igual período do ano anterior, apenas transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio registrou acréscimo de 1,3%. De outra forma, os demais setores registraram queda: serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,6%), serviços de informação e comunicação (-0,7%) e serviços prestados às famílias (-0,1%). O volume de serviços relacionados as atividades turísticas cresceu 1,8% na mesma base de comparação.
Na análise por unidade federativa, no mês de novembro de 2018 comparado ao mesmo mês do ano anterior, 6 dos 27 estados aferiram expansões: Maranhão (7,5%), Santa Catarina (6,5%), Distrito Federal (5,0%), São Paulo (4,9%), Pará (0,9%) e Mato Grosso (0,3%). Para as demais unidades federativas foram aferidas retrações, com as maiores sendo em: Tocantins (-17,8%), Rio Grande do Sul (-10,3%), Rio de Janeiro (-8,4%), Sergipe (-6,4%), Piauí (-4,9%), Rio Grande do Norte (-4,8%), Rondônia (-4,7%) e Amapá (-4,2%).
Por fim, e ainda na análise por unidade federativa, na comparação do acumulado do ano com o mesmo período do ano anterior verificou-se crescimento em cinco dos vinte e sete estados analisados: São Paulo (2,0%), Santa Catarina (1,7%), Roraima (1,6%), Distrito Federal (0,8%) e Mato Grosso (0,7%). Para as outras unidades federativas foram aferidas retrações, com as maiores sendo em: Tocantins (-7,7%), Ceará (7,2%), Rio Grande do Norte (-7,1%), Acre (-6,4%), Amapá (-6,3%), Pará (-4,9%), Sergipe (-4,7%) e Bahia (-3,3%).