Análise IEDI
Fraco desempenho exportador
O primeiro mês de 2019 gerou um saldo de balança comercial de US$ 2,2 bilhões, segundo os dados divulgados hoje pelo Ministério da Economia. Este resultado dá continuidade ao movimento, já verificado no ano passado, de encolhimento do superávit comercial: -22,4% em relação ao saldo de janeiro de 2018 (US$ 2,8 bilhões).
Concorreram para isso exportações de US$ 18,6 bilhões e importações de US$ 16,4 bilhões. Com tem sido a regra, nossas compras externas correram à frente de nossas vendas ao restante do mundo: +15,4% contra +9,1% frente ao mesmo mês do ano anterior, segundo a média por dia útil.
Tal desempenho, contudo, continua sendo muito influenciado pelos fluxos de comércio exterior de plataformas de petróleo, decorrentes das mudanças das regras do Repetro. No caso das exportações, as plataformas contribuíram com US$ 1,29 bilhão em janeiro, sem as quais nossas vendas externas teriam crescido apenas +1,5%. Já as importações teriam ficado praticamente estáveis sem elas.
Dentre os diferentes tipos de produtos exportados, à primeira vista, foram os manufaturados quem melhor se saiu no início de 2019, como mostram as variações abaixo. Cresceram 15,2% frente ao mesmo período do ano anterior. Sem as plataformas, porém, o que ocorreu foi uma queda de 5% na mesma comparação. Este resultado negativo, que não ocorre pela primeira vez, demonstra a limitação que o setor externo vem tendo para ajudar na recuperação da indústria brasileira.
• Exportações totais: +25,5% em nov/18; +11,2% em dez/18 e +9,1% em jan/19;
• Exportações de manufaturados: +24,9%; -2,4% e +15,2%, respectivamente;
• Exportações de semimanufaturados: +4,4%; +1,3 e +11,1%;
• Exportações de básicos: +40,1%; +34,6% e +10,1%, respectivamente.
Vale observar que as exportações de produtos da cadeia automobilística permaneceram em declínio, assim como vinha ocorrendo desde final de 2018. Automóveis de passageiros, por exemplo, apresentaram queda de -48,3% ante jan/18; autopeças, -27% e veículos de carga, -6,5%. Em sentido oposto, a indústria aeronáutica registrou avanços significativos nas vendas externas de aviões (+125%) e de motores e turbinas para aviação (+173%).
Por sua vez, os semimanufaturados e os produtos básicos ampliaram suas vendas externas em ritmo bastante semelhantes: +11,1% e +10,1%, respectivamente. No primeiro caso, os destaques positivos foram celulose (+42,5% ante jan/18) e semimanufaturados de ferro/aço (+27,5%). No segundo caso, foram minério de ferro (+11,4%), soja (+37,1%) e milho (+56,6%).
Do lado das importações, os bens de capital avançaram sob influência da internalização contábil das plataformas de petróleo, registrando alta de 156% ante jan/18. Em seguida, em ritmo muito mais modesto estiveram as compras externas de bens intermediários: +3,6%.
Bens de consumo, por sua vez, apresentaram contração frente ao mesmo período do ano anterior, ficando 3,5% menores. A retração da importação de bens de consumo duráveis (-5,8%), notadamente em função de automóveis, foi duas vezes mais intensa do que a queda de bens de consumo semi e não duráveis (-2,9%).
Conforme os dados divulgados hoje pelo Ministério da Economia, no mês de janeiro de 2019 a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 2,192 bilhões, retração de 22,4% ao alcançado no mesmo mês do ano anterior, US$ 2,824 bilhões.
As exportações alcançaram a valor de US$ 18,579 bilhões, representando crescimento de 9,1% em relação a janeiro de 2017, tomando por base as médias diárias, que considera o número de dias úteis no mês. As importações totalizaram US$ 16,387 bilhões, o que significou um incremento de 15,4% na mesma base de comparação, considerando os dias úteis do mês.
Para o mês de janeiro de 2019, as médias diárias das exportações registram US$ 844,0 e importações registradas ficaram em US$ 745,0 milhões.
Exportações por fator agregado. A exportação de produtos básicos foi de US$ 8,314 bilhões no período, variação positiva de 10,1% em comparação a janeiro de 2018. Os produtos industrializados alcançaram o valor de US$ 10,262, expansão de 14,0% quando comparado a janeiro de 2018, os manufaturados aferiram US$ 7,341 bilhões, representando por sua vez incremento de 15,2% na mesma base de comparação anterior e os semimanufaturados somaram US$ 2,921 bilhões, aumento de 11,1% quando comparado a janeiro de 2018.
Levando em conta as médias diárias das exportações, na comparação com igual mês de 2018 registrou-se expansão em três dos quatro segmentos analisados: bens manufaturados (15,2%), produtos semimanufaturados (11,1%) e produtos básicos (10,1%). Por outro lado, houve retração no segmento de operações especiais (-99,3%).
Destaques exportações. No grupo dos básicos, quando comparado com janeiro de 2018, cresceram as vendas principalmente de milho em grãos (+56,6%, para US$ 734 milhões), algodão em bruto (+44,5%, para US$ 188 milhões), minério de cobre (+37,5%, para US$ 237 milhões), soja em grãos (+37,1%, para US$ 815 milhões), farelo de soja (+21,8%, para US$ 482 milhões), minério de ferro (+11,4%, para US$ 1,705 bilhão) e fumo em folhas (+2,9%, para US$ 166 milhões).
No grupo dos manufaturados, quando comparado com janeiro de 2018, cresceram as vendas principalmente de plataforma para extração de petróleo (para US$ 1,288 bilhão), partes de motores e turbinas para aviação (+172,6%, para US$ 220 milhões), aviões (+124,8%, para US$ 445 milhões), óleos combustíveis (+101,8%, para US$ 246 milhões), laminados planos de ferro/aço (+38,6%, para US$ 227 milhões), calçados (+23,0%, para US$ 99 milhões), papel/cartão p/escrita/impressão (+13,8%, para US$ 97 milhões), fio-máquina e barras de ferro/aço (+10,8%, para US$ 104 milhões).
No grupo dos semimanufaturados, quando comparado com janeiro de 2018, aumentaram as vendas principalmente de ferro fundido (+123,7%, para US$ 121 milhões), catodos de cobre (+48,8%, para US$ 53 milhões), celulose (+42,5%, para US$ 1,018 bilhão), semimanufaturados de ferro/aço (+27,5%, para US$ 530 milhões), madeira serrada ou fendida (+12,4%, para US$ 62 milhões) e ferro-ligas (+10,3%, para US$ 261 milhões).
Ao analisar os mercados compradores, ampliaram-se as vendas para os seguintes destinos: América Central e Caribe (+296,9%, por conta de plataforma para extração de petróleo, soja em grãos, óleos combustíveis, óleo de soja refinado, perfis e fios de ferro/aço, torneiras, válvulas e partes, cobre em barras, perfis, fios, etc., éteres alcoólicos e derivados, motores e geradores elétricos, laminados planos de ferro/aço), Oceania (+81,0%, por conta de óleos combustíveis, celulose, máquinas e aparelhos p/terraplanagem, ônibus e outros veículos p/ mais de 10 pessoas, tratores), Ásia (+25,5%, sendo que a China cresceu +20,8%, para US$ 4,0 bilhões, por conta de petróleo em bruto, soja em grãos, ferro-ligas, fumo em folhas, algodão em bruto, celulose, catodos de cobre, óleos combustíveis, hidrocarbonetos e derivados halogenados, papel/cartão p/escrita/impressão, madeira em estilhas, madeiras em bruto, minério de cobre), Oriente Médio (+11,2%, principalmente por aviões, motores e turbinas p/aviação, partes de motores e turbinas para aviação, farelo de soja, minério de ferro, cobre em barras, perfis, fios, etc., tubos de ferro fundido, minério de manganês, celulose) e Estados Unidos (+2,1%, por conta de gasolina, semimanufaturados de ferro/aço, partes de motores e turbinas para aviação, laminados planos de ferro/aço, ferro fundido, óleos combustíveis, celulose, óxidos e hidróxidos de alumínio, máquinas e aparelhos p/terraplanagem, polímeros plásticos, alumínio em barras, perfis, etc). Por outro lado, diminuíram as vendas para o Mercosul (-31,7%, sendo que para a Argentina diminuíram 43,7%, por conta de automóveis de passageiros, veículos de carga, tratores, autopeças, máquinas e aparelhos p/terraplanagem, máquinas e aparelhos p/uso agrícola, motocicletas, chassis com motor p/automóveis, óleos combustíveis, polímeros plásticos), África (-8,6%, em decorrência de açúcar em bruto, açúcar refinado, chassis com motor p/automóveis, tubos de ferro fundido, óxidos e hidróxidos de alumínio, arroz em grãos, alumínio em barras, perfis, etc., máquinas e aparelhos p/terraplanagem, ferro-ligas), União Europeia (-5,6%, por conta de petróleo em bruto, tubos flexíveis de ferro/aço, torneiras, válvulas e partes, ouro em formas semimanufaturadas, máquinas e aparelhos p/terraplanagem, café em grãos, soja em grãos, tubos de ferro fundido, fumo em folhas, ferro-ligas).
Importações por categoria de uso. Dos US$ 16,387 bilhões importados em janeiro, US$ 8,812 bilhões foram de bens intermediários, US$ 2,066 bilhões de bens de consumo, US$ 1,854 bilhão foram de combustíveis e lubrificantes e US$ 3,640 bilhões de bens de capital.
Na comparação frente ao mesmo período de 2018, considerando a média diária, houve crescimento em dois dos quatro segmentos analisados das importações: bens de capital (156,2%) e bens intermediários (3,5%). Por outro lado, os outros dois segmentos apresentaram retração: combustíveis e lubrificantes (-12,5%) e bens de consumo (-3,5%).
Destaques importações. Com relação ao grupo dos combustíveis e lubrificantes a queda ocorreu principalmente pela diminuição de óleo diesel, gás natural no estado gasoso, hulhas, propanos liquefeitos, energia elétrica.
No segmento bens intermediários, cresceram as aquisições de ureia, cloretos de potássio, tubos flexíveis de ferro ou aço, partes de turborreatores ou de turbopropulsores, glifosato, adubos ou fertilizantes, diidrogeno-ortofosfato de amônio, malte não torrado, válvulas tipo gaveta, torneiras e outros dispositivos para canalizações.
No segmento de bens de capital, cresceram, principalmente, plataforma para extração de petróleo, veículos de carga, helicópteros, máquinas de impressão, equipamentos terminais ou repetidores, colheitadeiras de algodão, aparelhos de eletrodiagnóstico, moldes para borracha/ plástico, escavadoras, aviões a turbojato.
No grupo dos bens de consumo, as principais reduções foram observadas nas importações de automóveis de passageiros, anticorpos monoclonais, produtos imunológicos, medicamento contendo outras enzimas em doses, medicamentos contendo hormônios, fungicida a base de mancozeb/maneb, calçados de matéria têxtil, sola de borracha/plástico, preparações de batatas, frações do sangue, preparadas como medicamentos, lâmpadas fluorescentes.
Por fim, observando as importações por mercados fornecedores, na comparação janeiro 2019/2018, aumentaram as compras originárias dos mercados da Ásia (+45,2%, sendo que a China cresceu 81,0%, por conta de plataformas para extração de petróleo, compostos organo-inorgânicos, motores e geradores elétricos, fios de fibras têxteis sintéticas ou artificiais, laminados planos de ferro/aço, inseticidas, formicidas, herbicidas, etc., compostos heterocíclicos, circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos, sulfato de amônio), África (+24,5%, por conta de petróleo em bruto, ureia mesmo em solução aquosa, alumínio em bruto, paládio em formas brutas ou semimanufaturadas em pó), Mercosul (+7,6%, sendo que da Argentina cresceu 9,5%, por conta de veículos de carga, trigo em grãos, gás propano liquefeito, leite e creme de leite, feijão preto em grãos, pneumáticos, aceleradores de reação, álcoois acíclicos e derivados, farinha de trigo, celulose, aquecedores, secadores e partes, ligas de alumínio em bruto, manteiga), e Oceania (+1,4%, por conta de hulhas, produtos constituídos do leite, ácidos carboxílicos). Por outro lado, diminuíram as compras originárias dos mercados da América Central e Caribe (-12,9%, por conta de gás natural liquefeito, instrumentos e aparelhos médicos, medicamentos p/medicina humana e veterinária, artigos e aparelhos de próteses ortopédicas, circuitos integrados), Oriente Médio (-10,8%, por conta de petróleo em bruto, gás natural liquefeito, querosene de aviação, superfosfatos (adubos/fertilizantes), polímeros plásticos, chumbo em formas brutas, desperdícios e resíduos de cobre, ligas de alumínio em bruto, desperdícios e resíduos de cobre), Estados Unidos (-5,2%, por conta de óleos combustíveis, autopeças, gás propano liquefeito, partes e peças de aeronaves, soda cáustica, veículos e materiais p/vias férreas, enxofre, compostos de funções nitrogenadas, veículos de carga, instrumentos e aparelhos de medida e aferição, máquinas e aparelhos p/terraplanagem, etanol) e União Europeia (-5,1%, por conta de óleos combustíveis, medicamentos p/ medicina humana e veterinária, laminados planos de ferro/aço, construções e partes de ferro/aço, autopeças, gasolina, prensas p/ fabricação de painéis de madeira, motores p/ veículos e partes, instrumentos e aparelhos de medidas e aferição, máquinas de movimentação de carga, máquinas e aparelhos p/ fabricação de celulose/papel, aquecedores, secadores e partes).