Análise IEDI
Prenúncio nada favorável
Os dados divulgados hoje pelo IBGE permitem traçar o perfil regional da desaceleração industrial de 2018. Como vimos na semana passada, o resultado foi de apenas +1,1% contra +2,5% em 2017, com o agravante de que a indústria voltou à recessão no último trimestre do ano. Quais parques industriais foram mais afetados por este movimento que decepcionou as expectativas do setor? Quais foram os menos atingidos? É isso que esta Análise pretende responder.
Antes de tudo, porém, é preciso salientar a elevada disseminação geográfica desta perda de atividade. De todas as 15 localidades identificadas pelo IBGE, 10 se saíram pior em 2018 do que em 2017. Isto é, os resultados minguaram em 2/3 dos parques regionais, muito embora a maioria deles tenham conseguido crescer no acumulado do ano: 11 das 15 localidades. Em 2017, o saldo havia sido melhor: 13 localidades em alta e todas com aceleração frente a 2016.
Não bastasse, o quarto trimestre de 2018 foi negativo para metade dos parques regionais, ao atingir 7 das 15 localidades acompanhadas pelo IBGE. Com isso, o total Brasil registrou -1,1% neste período, sendo este o capítulo mais grave de uma trajetória de perda de ímpeto ao longo de todo ano de 2018. Somados, estes resultados são um prenúncio nada favorável para a indústria neste início de 2019.
Foram os estados do Sudeste que capitanearam o retrocesso industrial, ainda que não tenham sido os únicos. Preocupa o fato de que a involução é particularmente evidente para São Paulo, que possui o parque mais diversificado e moderno do país, com dois trimestres seguidos de queda que se aprofundou rapidamente, passando de -1% no 3º trim/18 para -3,7% no 4º trim/18, como mostram as variações interanuais abaixo. Vale lembrar que no 4º trim/17 São Paulo avançava +8%. Ou seja, este estado tem sofrido uma notável deterioração.
• Brasil total: +2,8% no 1º trim/18; +1,8% no 2º trim/18; +1,2% no 3º trim/18 e -1,1% no 4º trim/18;
• São Paulo: +5,2%; +4,0%; -1,0% e -3,7%, respectivamente;
• Rio de Janeiro: +2,9%; +4,7%; +3,0% e -3,1%;
• Minas Gerais: -3,0%; -0,8%; -1,2% e +1,0%;
• Nordeste: -0,3%; -0,1%; +3,0% e -1,6%;
• Amazonas: +24%; +6,5%; -5,5% e -1,3%;
• Rio Grande do Sul: +0,7%; +0,3%; +12,2% e +8,6%, respectivamente.
Com isso, a indústria paulista vem puxando para baixo o resultado do total Brasil e só evitou o terreno negativo no acumulado de 2018 devido aos primeiros meses do ano. Ainda assim, aproximou-se muito da estagnação, ao registrar variação de apenas +0,8% frente a 2017.
É verdade que boa parte das dificuldades da indústria paulista deve-se ao ramo alimentício, sobretudo, ao sucroalcooleiro, em função de fatores climáticos desfavoráveis e de problemas financeiros das empresas, mas a piora em São Paulo é mais difundida do que isso: 61% dos ramos presentes no estado perderam ímpeto e 44% acumularam queda em 2018, incluindo confecção, têxteis, higiene e limpeza, informática e eletrônicos, além de alimentos e outros mais.
Parques importantes onde a recuperação industrial também regrediu incluem: Rio de Janeiro (de +4,3% em 2017 para +1,8% em 2018), devido ao mau desempenho em 57% de seus ramos, que ficaram estáveis ou no vermelho; Minas Gerais (de +1,2% para -1,0%, respectivamente), em que 54% de seus ramos registraram queda; Paraná (de +4,5% para +1,8%) em função de perdas concentradas em alimentos e borracha e plástico. Vieram na mesma toada Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás e Ceará.
Em sentido oposto, isto é, localidades que apresentaram reforço em seu nível de atividade encontram-se alguns poucos casos, especialmente Rio Grande do Sul (de +0,6% em 2017 para +5,5% em 2018), alavancado por papel celulose e veículos; Amazonas (+4% para +5,2%), graças apenas à primeira metade de 2018; e a região Nordeste como um todo (de -0,3% para +0,2%), devido a alimentos, veículos e produtos de metal.
É importante notar, contudo, que, à exceção do Rio Grande do Sul, as demais localidades que tiveram avanço em 2018 como um todo trouxeram uma sinalização negativa no último trimestre. A indústria do Amazonas caiu -1,3% e a do Nordeste -1,6% frente ao 4º trim/17.
Por fim, há o reduzido grupo dos resistentes, isto é, localidades que mantiveram um patamar semelhante de dinamismo tanto em 2017 como em 2018. Foi o caso de Santa Catarina (+4,5% e +4,0%, respectivamente) e do Pará (+10,2% e +9,6%).
Na passagem de novembro para dezembro de 2018, a produção industrial brasileira registrou incremento de 0,2%, a partir dos dados dessazonalizados. Entre os 15 locais pesquisados, sete registraram crescimento: Goiás (10,5%), Rio de Janeiro (4,3%), Amazonas (4,0%), Mato Grosso (1,9%), São Paulo (1,4%), Minas Gerais (0,7%) e Paraná (0,2%). De outro lado, as regiões que registraram decréscimos foram: Pernambuco (-5,1%), Nordeste (-4,9%), Rio Grande do Sul (-3,6%), Santa Catarina (-2,7%), Espírito Santo (-1,7%), Pará (-1,5%), Ceará (-1,4%) e Bahia (-1,2%).
Analisando em relação a dezembro de 2017, registrou-se decréscimo de 3,6% da indústria nacional, sendo que 6 dos 15 locais pesquisados registraram expansões : Pará (6,1%), Espírito Santo (3,4%), Minas Gerais (1,8%), Bahia (1,3%), Goiás (1,1%) e Paraná (0,6%). Para as demais regiões observaram-se retrações em: Pernambuco (-7,6%), Nordeste (-6,0%), São Paulo (-5,2%), Amazonas (-5,0%), Ceará (-3,0%), Rio Grande do Sul (-2,5%), Mato Grosso (-2,3%), Santa Catarina (-1,3%) e Rio de Janeiro (-0,6%).
No acumulado do ano (janeiro a dezembro de 2018) frente a igual período do ano anterior, observou-se incremento de 1,1% em termos nacionais, com crescimentos da produção em 11 dos 15 estados pesquisados: Pará (9,6%), Rio Grande do Sul (5,5%), Amazonas (5,2%), Pernambuco (4,1%), Santa Catarina (4,0%), Rio de Janeiro (1,8%), Paraná (1,8%), São Paulo (0,8%), Bahia (0,8%), Ceará (0,4%) e Nordeste (0,2%). Por outro lado, as regiões que registraram decréscimos foram: Goiás (-4,5%), Minas Gerais (-1,0%), Espírito Santo (-0,9%) e Mato Grosso (-0,1%).
São Paulo. Na comparação com o mês de novembro de 2018, a produção da indústria paulista registrou crescimento de 1,4%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a dezembro de 2017, houve queda de 5,2%. No entanto, analisando os dados acumulados de janeiro a dezembro de 2018, registrou-se aumento de 0,8% e aferiu-se expansões nos seguintes setores: produtos farmoquímicos e farmacêuticos (12,2%), veículos automotores, reboques e carrocerias (10,7%), máquinas e equipamentos (8,6%), metalurgia (7,7%) e produtos de borracha e material plástico (3,0%). Por outro lado, os cinco setores que apresentaram retrações foram: outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-10,4%), produtos alimentícios (-10,1%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-8,7%) e sabões, detergentes e produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene (-1,6%).
Amazonas. Na comparação com o mês de novembro de 2018, a produção da indústria Amazonense registrou incremento de 4,0%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a dezembro de 2017, houve retração de 5,0%. No acumulado do ano, aferiu-se crescimento de 5,2%, sendo que os setores com maiores contribuições positivas foram: outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (17,8%), bebidas (14,2%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (8,7%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (7,3%) e Indústrias de transformação (5,4%). Por outro lado, os cinco demais setores que apresentaram decréscimos foram: Impressão e reprodução de gravações (-22,0%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-17,3%), produtos de borracha e de material plástico (-16,2%), máquinas e equipamentos (-11,6%) e coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-4,6%).
Goiás. Na comparação com o mês de novembro de 2018, a produção da indústria goiana houve expansão de 10,5%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a dezembro de 2017, houve incremento de 1,1%. No entanto, e por fim, no acumulado do ano (janeiro a dezembro de 2018) houve retração de 4,5%. O setor que registrou o maior acréscimo, para o acumulado do ano, foi: produtos de minerais não-metálicos (23,1%). Por fim, as maiores retrações se deram nos seguintes setores: veículos automotores, reboques e carrocerias (-29,2%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-10,9%), coque e produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-7,9%) e indústria de transformação (-4,6%).