Análise IEDI
A recessão industrial
A entrada de 2019 deu continuidade à recessão industrial iniciada no final do ano passado. Segundo os dados divulgados hoje pelo IBGE, em janeiro último, a indústria recuou -0,8% na série com ajuste sazonal e -2,6% ante jan/18. Este foi o terceiro mês consecutivo sem recuperação industrial.
Ao invés de progredirmos, estamos nitidamente regredindo nos últimos meses. Em jan/19, a produção industrial ainda está 17% abaixo do último pico histórico, atingido em mai/11. Em jun/18 esta diferença era menor, de 14%. Precisaríamos justamente do oposto do que está ocorrendo. O problema desta trajetória é que, mesmo que o setor volte ao positivo nos próximos meses, a descontinuidade do processo de crescimento retira qualidade da reativação do setor, tornando-a menos autossustentada.
Neste início de ano, ainda que alguns ramos tenham contribuído mais para a queda registrada, como a indústria farmacêutica e de máquina e equipamentos, a difusão de variações negativas foi expressiva, qualquer que seja a comparação. Frente a dez/18, já descontados os efeitos sazonais, houve perda em 13 dos 26 ramos pesquisados pelo IBGE, enquanto na comparação frente a jan/18 o saldo foi ainda pior: 18 dos 26 ficaram no vermelho.
Os macrossetores industriais também registraram majoritariamente resultados negativos: apenas bens de consumo duráveis fugiram à regra e cresceram frente a dez/18, com ajuste, e todos os quatro macrossetores recuaram em relação a jan/18, como mostram as variações interanuais a seguir.
• Indústria geral: -1,0% em nov/18; -3,6% em dez/18 e -2,6% em jan/19;
• Bens de capital: +3,0%; -4,1% e -7,7%, respectivamente;
• Bens de intermediários: -1,4%; -2,7% e -1,3%;
• Bens de consumo duráveis: -2,8%; -13,6% e -5,5%;
• Bens de consumo semi e não duráveis: -0,7%; -2,1% e -2,9%, respectivamente.
Com a recente sequência de resultados adversos, a indústria geral apresentou retração de 2,3% no trimestre móvel findo em jan/19 frente ao mesmo período do ano anterior, o que chegou a -3,3% no caso apenas da indústria de transformação.
Do ponto de vista de intensidade, o caso de maior retrocesso coube a bens de consumo duráveis, que acumularam perda de -7,0% no trimestre em questão (nov/18-jan/19), muito concentrada no mês de dezembro último (-13,6%). Mesmo assim, a queda de jan/19 não deve ser desprezada, ao atingir -5,5%, ensejada principalmente por automóveis e eletrodomésticos da “linha marrom”.
Não tanto pela intensidade, mas sobretudo pela sequência de cinco meses de resultados negativos, outro macrossetor a preocupar é o de bens intermediários. Isso porque, como se sabe, representam o núcleo duro do sistema industrial por produzir insumos às demais atividades da própria indústria e a outros setores econômicos. No trimestre findo em jan/19, sua produção caiu -1,8% ante igual período do ano passado. Só em janeiro último, o resultado foi de -1,3%.
Bens de capital, por sua vez, acumularam retração de -2,7% no trimestre nov/18-jan/19, mas a magnitude de sua perda neste início de ano foi muito além disso: -7,7%, o pior resultado dentre os macrossetores. Contribuíram para isso principalmente os bens de capital para a própria indústria (-9,5%), acenando para um quadro desfavorável para o investimento do setor. Outras contribuições negativas importantes vieram de bens de capital para transporte (-6,9%) e para agricultura (-6,9%).
Por fim, bens de consumo semi e não duráveis contam com o seguinte saldo nos últimos meses: 5 quedas e 1 mês de virtual estabilidade (+0,1% em out/18). Ou seja, um semestre sem recuperação. O resultado no trimestre nov/18-jan/19 é de -1,8%, derivado de quedas mensais que só se aprofundaram até chegar a -2,9% em jan/19, devido aos ramos têxtil, de vestuário e farmacêutico.
A partir dos dados da Pesquisa Industrial Mensal do mês de janeiro divulgados hoje pelo IBGE, para dados livres de influência sazonal, a produção industrial nacional aferiu retração de 0,8% frente ao mês de dezembro de 2018. Para o acumulado de doze meses registrou-se incremento de 0,5% e em comparação a janeiro de 2018 registrou-se decréscimo de 2,6%.
Categorias de uso. Na comparação com o mês anterior, para dados sem influência sazonal, dos cinco segmentos analisados apenas bens duráveis (0,5%) apresentou variação positiva. Os demais segmentos apresentaram decréscimos: bens de capital (-3,0%), bens semiduráveis e não duráveis (-0,4%), bens de consumo (-0,3%) e bens intermediários (-0,1%).
Frente ao mês de janeiro de 2018, todos os seguimentos analisados apresentaram retração, sendo eles, em ordem decrescente: bens de capital (-7,7%), bens duráveis (-5,5%), bens de consumo (-3,4%), bens semiduráveis e não duráveis (-2,9%) e bens intermediários (-1,3%). Para o índice acumulado em doze meses, registrou-se variações positivas em três dos cinco segmentos analisados: bens de consumo duráveis (5,8%), bens de capital (5,5%) e bens de consumo (0,8%). Para os demais segmentos registraram-se retrações: bens semiduráveis e não duráveis (-0,5%) e bens intermediários (-0,1%).
Setores. Na comparação com janeiro de 2018, houve expansão no nível de produção em 7 dos 26 ramos pesquisados: produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (6,7%), fabricação de produtos diversos (6,0%), fabricações de sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria (2,8%), coque, produtos derivados de petróleo e biocombustível (1,2%), fabricação de bebidas (0,7%), fabricação de produtos de minerais não-metálicos (0,3%) e fabricação de outros produtos químicos (0,3%). De outro lado, os seguintes segmentos apresentaram retrações, sendo as maiores em: fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-22,6%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-14,2%), fabricação de máquinas e equipamentos (-10,3%), fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-10,2%), fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-8,8%), fabricação de produtos madeira (-8,2%), fabricação de produtos têxteis (-5,4%), fabricação de produtos de fumo (-4,9%), fabricação de celulose, papel e produtos de papel (-3,9%) e fabricação de produtos alimentícios (-3,9%).
Por fim, na comparação com janeiro de 2018, a produção industrial apresentou expansão em 7 dos 26 ramos: produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (6,8%), fabricação de produtos diversos (6,1%), fabricações de sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria (2,6%), coque, produtos derivados de petróleo e biocombustível (1,1%), fabricação de bebidas (0,8%), fabricação de outros produtos químicos (0,4%) e fabricação de produtos de minerais não-metálicos (0,2%). De outro lado, os demais segmentos apresentaram decréscimos, sendo os maiores em: fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-22,5%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-14,2%), fabricação de máquinas e equipamentos (-10,3%), fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-10,2%), fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-8,7%), fabricação de produtos madeira (-8,2%), fabricação de produtos têxteis (-5,5%), fabricação de produtos de fumo (-5,1%), fabricação de produtos alimentícios (-4,0%) e fabricação de celulose, papel e produtos de papel (-3,9%).