Análise IEDI
Serviços corporativos: obstáculo à recuperação
Em janeiro de 2019, o setor de serviços compensou parcialmente o avanço obtido em dezembro do ano passado, ao recuar -0,3% ante o mês anterior, já descontados os efeitos sazonais. Esta foi a primeira taxa negativa depois de três meses no azul. Mais do que uma reversão de trajetória, porém, este resultado na entrada de 2019 indica a continuidade da fase de estancamento da crise pela qual o setor vinha passando até pouco tempo atrás.
Como os sinais de melhora são ainda muito recentes, as bases de comparação de um ano atrás são baixas e ajudam na obtenção de resultados positivos na comparação interanual. De fato, o faturamento real dos serviços cresce sistematicamente desde agosto de 2018. Agora em janeiro de 2019, a alta de +2,1% ante jan/18 foi a mais expressiva desta sequência.
Há, contudo, um dado ainda muito preocupante na evolução recente do setor. Trata-se da ausência quase absoluta de recuperação para o segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares, isto é, aqueles geralmente demandados pelas empresas. Como o IEDI vem afirmando há algum tempo, este segmento permanece um obstáculo para a melhora dos serviços como um todo e, ademais, é um sintoma de que o quadro das empresas no país ainda é bastante adverso, trazendo perspectivas pouco favoráveis para o emprego de melhor qualidade.
Neste primeiro mês de 2019, este segmento dos serviços até conseguiu crescer frente a dez/18, registrando +1,7%, já com ajuste sazonal. Este resultado, entretanto, apenas repõe a perda de -1,6% verificada no mês anterior. Em outros termos, estes serviços corporativos, cujo faturamento ainda se encontra 20% abaixo do pico pré-crise (jun/13), não saíram do lugar nos últimos meses.
Frente ao mesmo mês do ano anterior, o faturamento real dos serviços profissionais, administrativos regrediu mais uma vez. A queda de -0,5% foi a quinta taxa negativa consecutiva. A interpretação mais otimista que se pode tirar deste dado é que foi menos intenso que o recuo do último trimestre de 2018, como mostram as variações interanuais abaixo. Ou seja, pode-se estar abrindo a possibilidade para seu retorno à faixa positiva em breve.
• Serviços total: +0,9% no 4º trim/18 e +2,1% em jan/19;
• Serviços prestados às famílias: +2,8% e +4,5%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: +1,8% e +3,4%;
• Serviços profissionais, adm. E complementares: -1,7% e -0,5%;
• Transporte, seus auxiliares, correios e armazenagem: +1,0% e +0,9%;
• Outros serviços: +2,9% e +5,8%, respectivamente.
A despeito da retração continuada dos serviços profissionais, administrativos e complementares, a indicação de jan/19 para o movimento geral do setor de serviços é de um reforço de seus resultados. O avanço de +2,1%, como mencionado anteriormente, representa o dobro do ritmo de crescimento do 4º trim/18 (+0,9%). A maioria dos segmentos do setor seguem na mesma direção.
É o caso dos serviços prestados às famílias, devido principalmente ao seu componente alojamento e alimentação, cujo faturamento real em jan/19 aumentou +5,1% ante jan/18. São também os casos de outros serviços, que congregam um número diversificado de atividades, e do segmento de informação e comunicação, dada a alta, em jan/19, de +1,2% de telecomunicações e de +13% de serviços de tecnologia da informação. Este último segmento tem se tornado um serviço essencial para famílias e empresas.
Já os serviços de transporte, correios e armazenagem apresentaram estabilidade do ritmo de crescimento. Variaram +1% no 4º trim/18 e +0,9% em jan/19. Seu componente de maior peso, o transporte terrestre, que costuma refletir com maior proximidade o nível geral de atividade econômica, cresceu mais fortemente em jan/19: +1,8% ante jan/18. Este resultado, porém, já foi muito melhor em meses atrás, como no 3º trim/18 (+4,6%).
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados hoje pelo IBGE para o mês de janeiro, o volume de serviços prestados registrou retração de 0,3% frente a dezembro de 2018, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior (janeiro/2018) registrou-se0020acréscimo de 2,1% e no acumulado de 12 meses aferiu-se crescimento de 0,3%.
Para a comparação com o mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, três dos cinco segmentos analisados registraram variação positiva em relação ao mês imediatamente anterior: outros serviços (4,8%), serviços profissionais, administrativos e complementares (1,7%) e serviços prestados às famílias (1,1%). De outro lado, os demais seguimentos apresentaram decréscimos: transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (-0,6%) e serviços de informação comunicação (-0,2%). Para o segmento das atividades turísticas registrou-se crescimento de 3,2% na comparação com o mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Na comparação com janeiro de 2018, quatro dos cinco segmentos analisados registraram acréscimos: outros serviços (5,8%), serviços prestados às famílias (4,5%), serviços de informação e comunicação (3,4%) e transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (0,9%). Por outro lado, o segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares apresentou decréscimo de 0,5%. Ainda para esta comparação, as atividades turísticas não apresentaram variação.
Por fim, na análise por unidade federativa, no mês de janeiro de 2018, comparado ao mesmo mês do ano anterior, 16 dos 27 estados apresentaram crescimento, sendo os maiores: Roraima (10,2%), Distrito Federal (7,4%), Maranhão (5,7%), São Paulo (4,7%), Mato Grosso (4,5%), Pará (3,7%), Santa Catarina (3,2%), Sergipe (1,9%), Minas Gerais (1,8%) e Mato Grosso do Sul (1,7%). Para as outras unidades federativas registraram-se retrações, com as maiores no: Acre (-11,6%), Amapá (-10,8%), Bahia (-3,0%), Ceará (-6,8%), Piauí (-4,2%), Paraíba (-3,1%) e Bahia (-3,0%).