Análise IEDI
Região Sul: um centro dinâmico
Os dados das indústrias regionais divulgados hoje pelo IBGE mostram que, salvo poucas exceções, apenas os estados do Sul do país vêm registrando uma evolução positiva e consistente de meados do ano passado até o primeiro bimestre de 2019. As maiores dificuldades estão concentradas nas regiões Sudeste, sobretudo em São Paulo, que é o coração industrial do país, mas também no Nordeste e em parte do Norte e do Centro-Oeste.
Em fevereiro de 2019 frente a janeiro, o crescimento de +0,7% da produção industrial para o total do Brasil, já descontados os efeitos sazonais, foi acompanhado de variações positivas em 9 das 15 localidades acompanhadas pelo IBGE e foi puxado principalmente pelos resultados de Nordeste (+6,2%), São Paulo (+2,6%) e Amazonas (+1,5%).
O desempenho mais favorável nestes parques regionais é muito bem-vindo, dada a sua evolução decepcionante nos meses anteriores. Na comparação com fev/18, enquanto o total Brasil registou +2%, a indústria de São Paulo avançou +5,3% e interrompeu uma sequência de cinco quedas consecutivas. O Amazonas cresceu +7,1%, depois de três meses no vermelho, e o e o Nordeste parou de cair (0%).
Assim, podemos dizer que fevereiro ajudou quem mais precisava, sobretudo São Paulo, que possui o maior parque industrial do país. A ajuda, porém, ainda não foi suficiente para reverter completamente o quadro que vinha se desenhando desde meados do ano passado.
A indústria paulista, ao menos, conseguiu atingir a estabilidade no 1º bimestre de 2019 frente ao mesmo período do ano anterior, como mostram as variações abaixo, graças a melhoras em setores como alimentos, bebidas, têxteis e confecção. Há chances, então, de São Paulo evitar mais um trimestre no vermelho, se março não trouxer nenhuma deterioração adicional.
• Brasil: +1,2% no 3º trim/18; -1,2% no 4º trim/18 e -0,2% no 1º bim/19;
• São Paulo: -1,0%; -4,0% e 0%, respectivamente;
• Nordeste: +3,0%; -1,6% e -3,0%;
• Amazonas: -5,6%; -3,1% e -2,0%;
• Paraná: +4,6%; +0,7% e +10,3%;
• Santa Catarina: +4,2%; +4,6% e +2,7%;
• Rio Grande do Sul: +12,2%; +8,6% e +6,7%, respectivamente.
Ao lado de São Paulo, Minas Gerais também ficou estável no 1º bimestre de 2019, sob influência do desastre de Brumadinho; mas não só, pois o 4º trim/18 também havia sido muito fraco. A estagnação das indústrias paulista e mineira e a retração de Rio de Janeiro (-1,1%) e Espírito Santo (-6,2%) fizeram do Sudeste uma das regiões com pior desempenho neste início de 2019.
O Nordeste, por sua vez, não ficou atrás e registrou declínio de -3,0% em jan-fev/19 frente a igual período do ano passado, devido a ramos como extrativo, alimentos, outros produtos químicos, veículos etc. Isso porque, em 2018, a região registrou crescimento em apenas um único trimestre: +3% em julho-setembro. A Bahia e Pernambuco cabem os destaques negativos do 1º bimestre de 2019.
As indústrias do Norte e Centro-Oeste estão em uma posição intermediária. No primeiro caso, Amazonas perde produção desde a segunda metade de 2018, registrando -2% em jan-fev/19 ante mesmo período do ano anterior. Já o Pará permanece no azul (+5,2%). No segundo caso, é o Mato Grosso quem recua (-2%), enquanto Goiás avança (+5,8%).
Ficam, então, por conta da região Sul as trajetórias positivas e mais consistentes dos últimos meses, embora possa haver alguns sinais de desaceleração. Paraná teve alta de +10,3% em jan-fev/19 ante jan-fev/18, em função de produtos alimentícios e coque e derivados de petróleo. A indústria do Rio Grande do Sul cresceu +6,7%, puxada por máquinas e equipamentos, produtos de metal e veículos. Já Santa Catarina registrou aumento de +2,7%, sob influência positiva de metalurgia, produtos de metal, máquinas e equipamentos e máquinas e aparelhos elétricos.
Na passagem de janeiro para fevereiro de 2019, a produção industrial brasileira registrou expansão de 0,7%, a partir dos dados dessazonalizados. Entre os 15 locais pesquisados nove registraram crescimento: Bahia (6,5%), Nordeste (6,2%), Pernambuco (5,9%), São Paulo (2,6%), Mato Grosso (1,7%), Amazonas (1,5%), Ceará (1,1%), Paraná (1,1%) e Santa Catarina (0,5%). De outro lado, as regiões que registraram decréscimos foram: Espírito Santo (-9,7%), Minas Gerais (-4,7%), Goiás (-2,6%), Rio de Janeiro (-2,1%), Rio de Janeiro (-2,1%) e Pará (-0,1%).
Analisando em relação a fevereiro de 2018, registrou-se incremento de 2,0% da indústria nacional, sendo que 10 dos 15 locais pesquisados registraram variação positiva: Pará (12,7%), Paraná (10,8%), Ceará (8,2%), Rio Grande do Sul (7,2%), Amazonas (7,1%), Goiás (5,7%), São Paulo (5,3%), Santa Catarina (3,5%), Bahia (2,5%) e Pernambuco (2,2%). Para as demais regiões observaram-se retrações: Amazonas (-10,5%), Mato Grosso (-9,2%), Nordeste (-5,7%), Bahia (-5,5%), São Paulo (-5,3%), Pernambuco (-5,0%), Rio de Janeiro (-1,5%), Ceará (-1,4%) e Espírito Santo (-1,1%).
Analisando para o acumulado do ano (janeiro a fevereiro de 2019) frente a igual período do ano anterior, aferiu-se retração de 0,2% para a indústria nacional, sendo que dos 15 locais pesquisados, 6 registraram acréscimos: Paraná (10,3%), Rio Grande do Sul (6,7%), Goiás (5,8%), Pará (5,2%), Ceará (3,2%) e Santa Catarina (2,7%). Em sentido oposto, os demais estados apresentaram retrações: Espírito Santo (-6,2%), Nordeste (-3,0%), Amazonas (-2,0%), Mato Grosso (-2,0%), Bahia (-1,8%), Pernambuco (-1,5%) e Rio de Janeiro (-1,1%).
São Paulo. Na comparação com o mês de janeiro de 2019, a produção da indústria paulista registrou expansão de 2,6%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a fevereiro de 2018, houve incremento de 5,3%. Analisando os dados acumulados do ano, registrou-se estabilidade, no entanto com expansões nos seguintes setores: bebidas (13,3%), veículos automotores, reboques e carrocerias (12,3%), produtos têxteis (7,2%), máquinas e equipamentos (7,0%). Por outro lado, os cinco setores que apresentaram retrações foram: outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-7,0%), metalurgia (-5,4%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-4,5%), sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene (-3,6%) e produtos de borracha e de material plástico (-2,5%).
Rio Grande do Sul. Na comparação com o mês de janeiro de 2019, a produção da indústria gaúcha registrou retração de 1,4%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a fevereiro de 2018, houve expansão de 7,2%. No acumulado do ano, aferiu-se incremento de 6,7%, sendo que os setores com maiores contribuições positivas foram: veículos automotores, reboques e carrocerias (42,4%), coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (23,6%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (20,5%), metalurgia (14,1%) e móveis (9,7%). Por outro lado, os cinco demais setores que apresentaram decréscimos foram: celulose, papel e produtos de papel (-15,4%), produtos de borracha e de material plástico (-6,8%), outros produtos químicos (-5,1%), produtos alimentícios (-4,3%), produtos de minerais não metálicos (-1,6%).
Espírito Santo. Na comparação com o mês de janeiro de 2019, a produção da indústria capixaba apresentou retração de 9,7%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a fevereiro de 2018, houve decréscimo de 11,7%. No acumulado do ano houve retração de 6,2%. Os setores que registraram os maiores crescimentos, nessa base de comparação, foram: produtos alimentícios (8,4%) e produtos de minerais não metálicos (2,7%). Por fim, os maiores decréscimos se deram nos seguintes setores: celulose, papel e produtos de papel (-25,3%), industrias extrativas (-8,3%), indústria de transformação (-3,8%) e metalurgia (-2,6%).