Análise IEDI
Mês de alta para manufaturados
Os dados divulgados hoje pelo Ministério da Economia mostram que maio de 2019 foi um bom mês para as exportações de manufaturados, as quais contribuíram muito para que o total das vendas externas do país atingissem US$ 21,4 bilhões neste mês. Dado que as importações somaram US$ 14,9 bilhões, o saldo total da balança comercial no quinto mês do ano foi de US$ 6,4 bilhões, o melhor resultado mensal de 2019.
Frente ao mesmo período do ano anterior, a média por dia útil da exportação de manufaturados registrou uma alta de 29,5%. Isso abre a possibilidade de as exportações contribuírem um pouco mais para colocar a indústria novamente nos trilhos da recuperação. No acumulado dos cinco meses de 2019, porém, o resultado ainda é negativo: -1,5%.
Vale considerar, contudo, dois fatores que relativizam este desempenho. O primeiro deles é a baixa base de comparação, pois as exportações de maio de 2018 foram afetadas negativamente pela greve dos caminhoneiros nas últimas semanas do mês.
O segundo fator é que o resultado de manufaturados se deu muito em função da forte ampliação das vendas externas de aviões, que dobraram em relação a maio do ano passado, ao passarem de US$ 319 milhões para US$ 695 milhões. Muitas vezes, o embarque destes produtos apresenta concentração em um determinado período, não se renovando posteriormente na mesma intensidade.
Outros destaques positivos em manufaturados foram laminados planos de ferro/aço, óleos combustíveis, gasolina e máquinas e aparelhos para terraplanagem, entre outros. Veículos de passageiros e de carga, a seu turno, não conseguiram evitar perdas expressivas nem com a ajuda do efeito base de comparação.
O ímpeto exportador do país em maio se completa, como mostram abaixo as variações interanuais por dia útil, com uma expansão considerável em semimanufaturados e retração de produtos básicos, algo que não ocorria desde junho de 2018. Nos básicos, foi determinante a queda tanto do preço como da quantidade de soja exportada em grão ou farelo.
• Exportação total: -0,6% em mar/19; 0% em abr/19 e +5,6% em mai/19;
• Exportação de básicos: +8,4%; +2,1% e -3,9%, respectivamente;
• Exportação de semimanufaturados: -0,5%; +7,1% e +15,4%;
• Exportação de manufaturados: -6,5%; +0,8% e +29,5%, respectivamente.
Do lado das importações, além de combustíveis (+27,5%), chama atenção o crescimento em bens de capital, cuja média por dia útil registrou alta de 16,4% frente a maio de 2018. Equipamentos de transporte foram os que mais contribuíram para este avanço, notadamente veículos a diesel para carga, aviões, helicópteros e automóveis a diesel para transportar mais de dez pessoas, além de outros produtos.
Bens intermediários, que compreendem insumos para um grande número de atividades econômicas, também conseguiram crescer mais em maio do que em outros meses de 2019. A alta foi de +6,4% na média diária, mas isso representa somente cerca de metade do ritmo de crescimento que registrava em 2018 (+11,6% no acumulado de jan-dez).
Por fim, bens de consumo, refletindo o fraco dinamismo do mercado doméstico foi o único grupo de bens importados que caiu em maio: -6,6% frente ao mesmo período do ano anterior, isto é, na mesma intensidade de abril (-6,5%). Com isso, já acumula retração de -5,2% no acumulado de janeiro-maio de 2019.
Conforme os dados divulgados pelo Ministério da Economia, no mês de maio de 2019 a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 6,422 bilhões, incremento de 2,8% ao valor alcançado no mesmo período do ano anterior, de US$ 6,073 bilhões, tomando por base as médias diárias, que considera o número de dias úteis no mês.
As exportações registraram valor de US$ 21,394 bilhões, representando acréscimo de 6,2% em relação a maio de 2018, pelas médias diárias. As importações totalizaram US$ 14,972 bilhões, o que significou crescimento de 7,8% na mesma base de comparação, considerando os dias úteis do mês.
No mês de maio de 2019, as médias diárias das exportações alcançaram US$ 973,0 e as das importações registradas ficaram em US$ 681,0 milhões.
Exportações por fator agregado. A exportação de produtos básicos foi de US$ 11,144 bilhões no período, variação positiva de 0,7% em comparação a maio de 2018. Os produtos industrializados alcançaram valor de US$ 10,250, incremento de 31,1% quando comparado a maio de 2018, os manufaturados registraram US$ 7,348 bilhões, representando por sua vez crescimento de 35,6% na mesma base de comparação anterior e os semimanufaturados somaram US$ 2,902 bilhões, incremento de 20,9%, ainda na comparação com maio de 2018.
Levando em conta as médias diárias das exportações, na comparação com maio de 2018 registrou-se expansão em dois dos quatro segmentos analisados: produtos manufaturados (29,5%) e produtos semimanufaturados (15,4%). Por outro lado, os segmentos restantes registraram retrações: operações especiais (-99,9%) e básicos (-3,9%).
Destaques exportações. No grupo dos básicos, quando comparado com maio de 2018, caíram as vendas principalmente de minério de cobre (-32,3%), soja em grão (-30,3%) e farelo de soja (-21,0%).
No grupo dos manufaturados, frente a maio de 2018 aumentaram as vendas principalmente de gasolina (para US$ 123 milhões), óleos combustíveis (+197,3%), laminados planos de ferro/aço (+168,0%), partes de motores e turbinas para aviação (+151,8%), aviões (+107,6%), motores e turbinas para aviação (+75,6%), pneumáticos (+47,3%), motores e geradores elétricos (+42,3%) e máquinas e aparelhos para terraplanagem (+36,2%).
No grupo dos semimanufaturados, quando comparado com maio de 2018, cresceram as vendas principalmente de ferro fundido (+92,3%), semimanufaturados de ferro ou aço (+73,0%), óleo de soja em bruto (+68,6%), ouro em formas semimanufaturadas (+23,5%) e zinco em bruto (+23,3%).
Ao analisar os mercados compradores, cresceram as vendas para os seguintes destinos: Oriente Médio (+86,8%, principalmente por conta de aviões, açúcar em bruto, minério de ferro, milho em grãos, carne de frango, farelo de soja, carne bovina, bovinos vivos, motores e turbinas para aviação); Oceania (+64,5%, por conta de óleos combustíveis, celulose, pneumáticos, café em grãos, gelatinas e colas para uso industrial, calçados, ônibus e outros veículos para mais de 10 pessoas, máquinas e aparelhos para tratamento de pedras, chassis com motor para automóveis); Estados Unidos (+60,1%, por conta de petróleo em bruto, semimanufaturados de ferro/aço, aviões, gasolina, partes de motores e turbinas para aviação, celulose, ferro fundido, máquinas e aparelhos para terraplanagem, açúcar refinado, laminados planos de ferro/aço, café em grãos); União Europeia (+10,1%, por conta de petróleo em bruto, soja em grãos, café em grãos, tubos flexíveis de ferro/aço, aviões, fumo em folhas, milho em grãos, motores para veículos e partes, partes de motores e turbinas para aviação).
Por outro lado, diminuíram as vendas para a América Central e Caribe (-32,7%, por conta de aviões, petróleo em bruto, motores e turbinas para aviação, celulose, papel/cartão para escrita/impressão, semimanufaturados de ferro/aço, arroz em grãos); Ásia (-7,8%, sendo que China, Hong Kong e Macau decresceu 17,3%, para US$ 6,0 bilhões, por conta de soja em grãos, polímeros plásticos, ferro fundido, minério de cromo, minério de alumínio, desperdícios e resíduos de cobre, suco de laranja congelado, máquinas e aparelhos para terraplanagem); Mercosul (-9,8%, sendo que para a Argentina diminuiu 19,3%, por conta de automóveis de passageiros, veículos de carga, tratores, óleos combustíveis, máquinas e aparelhos para uso agrícola, chassis com motor para automóveis, soja em grãos, máquinas e aparelhos para terraplanagem, ônibus e outros veículos para mais de 10 pessoas) e África (-1,9%, em decorrência de açúcar em bruto, minério de ferro, bovinos vivos, ônibus e outros veículos para mais de 10 pessoas, máquinas e aparelhos para terraplanagem, arroz em grãos, polímeros plásticos, café em grãos).
Importações por categoria de uso. Dos US$ 14,972 bilhões importados em maio, US$ 8,902 bilhões foram de bens intermediários, US$ 2,175 bilhões de bens de consumo, US$ 2,112 bilhões de combustíveis e lubrificantes e US$ 1,778 bilhões de bens de capital.
Na comparação com o mesmo período de 2018, considerando-se as médias diárias, houve expansão das importações em três dos quatro segmentos analisados: combustíveis e lubrificantes (27,5%), bens de capital (16,3%) e bens intermediários (6,4%). Por outro lado, o segmento de bens de consumo apresentou decréscimo de 6,6%.
Destaques importações. Com relação ao grupo dos combustíveis e lubrificantes, o crescimento ocorreu principalmente pelo aumento de óleo diesel, gasolinas (exceto para aviação), petróleo em bruto, propanos liquefeitos, hulha betuminosa não aglomerada, querosenes de aviação.
No segmento de bens intermediários aumentaram as aquisições de outros grupos eletrogêneos, cloretos de potássio, didrogeno-ortofosfato de amônio, tubos flexíveis de ferro ou aço, sulfetos de minério de cobre, álcool etílico, torneiras e dispositivos para canalizações, compostos heterocíclicos.
No segmento de bens de capital cresceram, principalmente, caldeiras aquatubulares, veículos automóveis a diesel para carga, aviões, aparelhos para filtrar ou depurar água, tratores, máquinas para estirar têxteis, helicópteros, veículos automóveis para transportar pessoas com motor a diesel.
No grupo dos bens de consumo, as principais quedas foram observadas nas importações de automóveis de até 6 passageiros, anticorpos monoclonais, medicamentos, outras frações do sangue preparadas como medicamentos, terminais de telefonia celular.
Por fim, observando as importações por mercados fornecedores, na comparação com maio de 2018 cresceram as compras originárias dos seguintes mercados: África (+58,0%, por conta de petróleo em bruto, adubos e fertilizantes, gás natural liquefeito, hulhas, mesmo em pó, mas não aglomeradas, ácido fosfórico); Estados Unidos (+25,1%, por conta de motores e geradores elétricos, gasolina, óleos combustíveis, gás propano liquefeito, petróleo em bruto, inseticidas, formicidas, herbicidas, etc., querosene de aviação, etanol, compostos organo-inorgânicos, tratores); Mercosul (+12,2%, sendo que da Argentina cresceu 6,8%, por conta de veículos de carga, ônibus e outros veículos para mais de 10 pessoas, autopeças, produtos hortícolas preparados, malte inteiro ou partido não torrado, milho em grãos, óleo de girassol em bruto, garrafas e frascos de vidro, pneumáticos); Ásia (+6,7%, sendo que China, Hong Kong e Macau cresceu 12,4%, por conta de circuitos impressos para telefonia, motores e geradores elétricos, inseticidas, formicidas, herbicidas, etc., circuitos integrados e micro conjuntos eletrônicos, aparelhos transmissores ou receptores, tecidos de fibras têxteis, compostos heterocíclicos, laminados planos de ferro/aço, barras, perfis e chapas de alumínio) e Oceania (+5,2%, por conta de coques e semicoques de carvão, artigos e aparelhos de prótese de ortopedia, máquinas de movimentação de carga, ácidos carboxílicos, quadros e painéis de distribuição de energia, ligas de alumínio em bruto).
Em sentido oposto, diminuíram as compras originárias dos seguintes mercados: América Central e Caribe (-48,8%, por conta de medicamentos para medicina humana e veterinária, álcoois acíclicos e derivados, gás natural liquefeito, semimanufaturados de ferro/aço, instrumentos e aparelhos médicos, compostos de funções nitrogenadas, amônia); União Europeia (-7,4%, por conta de medicamentos para medicina humana e veterinária, autopeças, automóveis de passageiros, óleos combustíveis, máquinas automáticas para processamento de dados, aviões, laminados planos de ferro/aço, hormônios naturais) e Oriente Médio (-0,7%, por conta de ureia, petróleo em bruto, polímeros plásticos, álcoois acíclicos e derivados halogenados, compostos heterocíclicos, alumínio em bruto, ácido fosfórico).