Análise IEDI
Perda de Dinamismo
Último setor a sair da crise, os serviços vinham conseguindo evitar perdas de faturamento desde meados do ano passado. A expectativa era de que o setor pudesse finalmente recobrar seu crescimento em 2019, favorecendo a redução do desemprego e, consequentemente, aquecendo o mercado interno. Entretanto, pouco disto está ocorrendo.
Os sinais mais recentes podem estar indicando, na verdade, mais uma rodada de perda de dinamismo ou, no melhor dos casos, a mera continuidade de uma fase de estagnação. Isso porque nos raros meses em que as taxas de crescimento são positivas, elas têm sido tão baixas que é difícil considerar que o quadro geral do setor avança em direção à superação de sua crise.
Agora em abril de 2019, por exemplo, o resultado de +0,3% ante março, já com ajuste sazonal, além de modesto, foi a primeira variação positiva do ano, sendo incapaz de compensar integralmente o declínio dos meses anteriores. Assim, o nível de faturamento real dos serviços em abr/19 está 1,4% abaixo daquele de dez/18, descontados os efeitos sazonais.
Mas não é apenas em comparação com o final de 2018 que o setor de serviços gira em uma velocidade menor. Isso também ocorre em relação a exatamente um ano atrás, ou seja, em abr/19 frente a abr/18 houve queda de -0,7%, tal como ocorreu em mar/19, que registrou -2,3% em igual comparação. Desde o início da sua reativação que os serviços não apresentavam dois meses seguidos de queda interanual.
Com isso, o desempenho, que já era fraco, ficou ainda menor, como mostram abaixo as comparações frente ao mesmo período do ano anterior. Para o setor como um todo, o resultado de +0,8% no 3º quadrimestre de 2018 perdeu ¼ de sua força no 1º quadrimestre de 2019, que obteve variação de +0,6%.
• Serviços Total: -0,3% em mai-ago/18; +0,8% em set-dez/18 e +0,6% em jan-abr/19;
• Serviços prestados às famílias: -0,3%; +2,3% e +4,3%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: -0,2%; +2,0% e +3,0%;
• Serviços profissionais, administrativos e complementares: -2,2%; -1,8% e -0,7%;
• Transportes, seus auxiliares e correio: +0,7%; +1,0% e -2,5%;
• Outros serviços: +1,0%; +1,2% e +2,7%, respectivamente.
Ao menos, a desaceleração recente decorre de efeitos bastante concentrados em apenas um segmento de serviços: transportes, seus auxiliares e correio, cujo faturamento real recuou -2,5% em jan-abr/19. Este fator funciona, porém, apenas como um alento parcial. Isso porque a evolução do ramo de transporte reflete muito o nível de atividade da economia como um todo. Sua queda no 1º quadrimestre de 2019 consiste, então, em um sinal importante da fase adversa pela qual estamos passando novamente.
Além do transporte, cabe notar que os serviços profissionais, administrativos e complementares, que são demandados pelas empresas, continuam fora do jogo. Isto é, embora caindo menos, não têm contribuído em nada para a recuperação do total do setor de serviços. Seu resultado de -0,7% em jan-abr/19 sugere que o setor corporativo segue combalido.
Diferentemente destes dois ramos, todos os outros três identificados pelo IBGE apresentaram faturamento real não só em expansão como também em aceleração. É notoriamente o caso de serviços prestados às famílias, que teve o melhor desempenho no acumulado dos quatro primeiros meses de 2019 (+4,3%), em função de seus dois componentes: serviços de alojamento e alimentação (+4,5%) e outros serviços prestados às famílias (+2,8%).
É também o caso dos serviços de informação e comunicação, com a segunda maior alta em 2019 (+3,0%), devido ao seu componente de serviços de tecnologia da informação (+13,7%). Este segmento também foi o que melhor se saiu no mês de abril, qualquer que seja a comparação: +0,7% ante mar/19 com ajuste sazonal e +2,1% ante abr/18. Ou seja, não fosse isso abril teria sido mais um mês perdido.
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados hoje pelo IBGE para o mês de abril, o volume de serviços prestados registrou expansão de 0,3% frente a março de 2019, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior (abril/2018) aferiu-se decréscimo de 0,7%. No acumulado de 12 meses registrou-se incremento de 0,4% e para o acumulado do ano registrou-se variação positiva de 0,6%.
Na comparação com o mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, três dos cinco segmentos analisados registraram acréscimo: serviços de informação e comunicação (0,7%), serviços profissionais, administrativos e complementares (0,2%) e serviços prestados às famílias (0,1%). Em sentido oposto, os seguimentos restantes apresentaram retrações: outros serviços (-0,7%) e serviços de transportes, serviços auxiliares dos transportes e correios (-0,6%). Já para o segmento das atividades turísticas registrou-se queda de 1,5% na comparação com o mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Frente a abril de 2018, três dos cinco segmentos analisados registraram expansão: serviços prestados às famílias (3,6%), serviços de informação e comunicação (2,1%) e outros serviços (1,2%). Por outro lado, os demais segmentos apresentaram variação negativa: transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (-5,0%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (-0,8%). Ainda para esta base de comparação, as atividades turísticas apresentaram incremento de 1,2%, frente a abril de 2018.
Na análise para o acumulado do ano, três dos cinco segmentos analisados registraram crescimento: serviços prestados às famílias (2,1%), serviços de informação e comunicação (1,6%) e outros serviços (1,6%). De outra forma, os demais segmentos apresentaram decréscimos: serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,6%) e transportes, serviços, auxiliares dos transportes e correio (-0,2%). Para a mesma comparação, o segmento de atividades turísticas aferiu crescimento de 3,1%.
Na análise por unidade federativa, no mês de abril de 2019, comparado ao mesmo mês do ano anterior, 8 dos 27 estados apresentaram acréscimos, sendo os maiores: Amazonas (5,2%), Sergipe (3,0%), São Paulo (2,3%), Santa Catarina (2,2%), Maranhão (1,0%), Distrito Federal (0,2%) e Bahia (0,1%). Para as outras unidades federativas registraram-se decréscimos, com os mais expressivos em: Tocantins (-18,2%), Mato Grosso (-13,1%), Rondônia (-10,2%), Espírito Santo (-8,3%), Rio de Janeiro (-5,8%), Paraná (-5,0%) e Goiás (-4,7%).
Por fim, analisando o acumulado do ano, 10 dos 27 estados aferiram expansões, sendo as maiores em: São Paulo (4,0%), Amazonas (2,9%), Maranhão (2,5%), Distrito Federal (2,2%), Sergipe (1,4%), Pernambuco (0,5%) e Bahia (0,2%). Para os demais estados houve retração, com as mais expressivas no: Acre (-9,8%), Amapá (-9,3%), Rondônia (-7,8%), Mato Grosso (-6,5%), Ceará (-4,8%), Rio de Janeiro (-4,8%) e Piauí (-4,6%).