Análise IEDI
São Paulo em marcha lenta
Em maio de 2019, a produção da indústria encolheu -0,2% em relação ao mês anterior, já descontados os efeitos sazonais, devido a contribuições negativas em 70% de seus ramos. Os dados divulgados hoje pelo IBGE mostram que as quedas também foram preponderantes do ponto de vista regional, atingindo 53% das 15 localidades acompanhadas.
Entre os que não se saíram bem na passagem de abril para maio, estão estados de norte a sul do país, como a região Nordeste como um todo (-0,9%), Mato Grosso (-0,7%), Minas Gerais (-1,0%) e Rio Grande do Sul (-1,4%), mas a virtual estabilidade de São Paulo, que é o maior e mais completo parque industrial do país, é quem deu o tom ao agregado nacional da indústria. Sua produção variou apenas +0,1%, já descontados os efeitos sazonais.
De fato, São Paulo vem apresentando uma fase de baixo dinamismo depois de uma sequência de resultados negativos desde meados de 2018. Esta evolução, que foi decisiva para jogar o total Brasil em uma nova fase recessiva desde o final do ano passado, agora vem ajudando a amenizar suas perdas. Por enquanto, contudo, sua contribuição é mínima e não está sendo suficiente para restabelecer plenamente o crescimento da indústria nacional.
No acumulado de janeiro a maio de 2019, frente ao mesmo período do ano anterior, enquanto São Paulo registra +0,5% de aumento, o total Brasil ainda está com -0,7% de retração. A atual contribuição paulista se mostra bastante restringida, se comparada ao que ocorria nos primeiros cinco meses de 2018, como sugerem as variações interanuais abaixo.
• Brasil: +2% em jan-mai/8 e -0,7% em jan-mai/19;
• São Paulo: +4,8% e +0,5%, respectivamente;
• Rio de Janeiro:+4,1% e -1,5%;
• Minas Gerais: -2,8% e -4,3%;
• Nordeste: -1,5% e -1,5%;
• Rio Grande do Sul: +0,4% e +8,9%, respectivamente.
Ou seja, se São Paulo não é mais um obstáculo como já foi no passado recente, tampouco é uma fonte de dinamismo industrial. Estivesse a indústria paulista com um ritmo de crescimento superior, o total nacional do setor já poderia ter se restabelecido do período recessivo, mesmo que sua expansão viesse a ser bastante modesta.
A fraqueza de São Paulo se deve ao fato de que praticamente metade dos ramos da indústria paulista não vem conseguindo aumentar produção nestes cinco meses de 2019. As maiores perdas no acumulado jan-mai/19 cabem a produtos de limpeza, cosméticos e perfumaria (-5,4%), farmoquímicos e farmacêuticos (-4,1%), informática e eletroeletrônicos (-1,3%) e borracha e plástico (-1,3%). Todos estes ramos registraram taxas positivas em jan-mai/18.
Ao lado de São Paulo, os estados da região Sul também contribuem positivamente para o crescimento industrial. Neste caso, porém, a taxas bastante superiores. Em jan-mai/19, a alta chega a dois dígitos no Paraná (+10,4%), seguida por Rio Grande do Sul (+8,9%) e Santa Catarina (+6,1%). Estes estados são os que vêm apresentando trajetórias mais consistentes de crescimento.
Em contrapartida, a maioria das demais localidades permanece no vermelho, como o Nordeste como um todo, que não saiu do lugar em relação a um ano atrás, ao registrar -1,5% tanto em jan-mai/18 como em jan-mai/19, enquanto o Amazonas reverteu uma alta de +17,2% em uma retração de -1,8% neste mesmo período. Pará e Rio de Janeiro também cresciam em jan-mai/18 e agora perdem produção.
Em um quadro ainda mais grave, pois já estavam no vermelho no acumulado dos cinco primeiros meses do ano passado e aprofundaram ainda mais suas quedas em jan-mai/19, estão Minas Gerais, Espírito Santo e Mato Grosso.
Na passagem de abril para maio de 2019, a produção industrial brasileira registrou retração de 0,2%, a partir dos dados dessazonalizados. Entre os 15 locais pesquisados, sete registraram incrementos: Pará (59,1%), Rio de Janeiro (8,8%), Goiás (1,6%), Amazonas (1,2%), Bahia (1,1%), Paraná (0,7%) e São Paulo (0,1%). De outro lado, as regiões que registraram retrações foram: Espírito Santo (-2,2%), Rio Grande do Sul (-1,4%), Santa Catarina (-1,3%), Minas Gerais (-1,0%), Nordeste (-0,9%), Ceará (-0,9%), Mato Grosso (-0,7%) e Pernambuco (-0,6%).
Analisando em relação maio de 2018, registrou-se expansão de 7,2% da indústria nacional, sendo que 12 dos 15 locais pesquisados registraram variações positivas: Paraná (27,8%), Rio Grande do Sul (19,9%), Santa Catarina (19,3%), Goiás (13,9%), Pernambuco (13,6%), Bahia (12,3%), São Paulo (11,7%), Ceará (11,4%), Nordeste (6,6%), Mato Grosso (5,7%), Rio de Janeiro (5,1%) e Amazonas (3,0%). Nas demais regiões observaram-se retrações: Espírito Santo (-17,4%), Minas Gerais (-2,4%) e Pará (-0,7%).
No acumulado do ano (janeiro a maio de 2019), aferiu-se decréscimo de 0,7% para a indústria nacional, sendo que oito dos 15 locais pesquisados registraram expansões: Paraná (10,4%), Rio Grande do Sul (8,8%), Santa Catarina (6,1%), Ceará (3,6%), Goiás (3,2%), São Paulo (0,5%), Pernambuco (1,5%) e Bahia (0,1%). Em sentido contrário, os demais estados apresentaram retrações: Espírito Santo (-11,8%), Pará (-6,2%), Minas Gerais (-4,3%), Mato Grosso (-2,7%), Amazonas (-1,8%), Rio de Janeiro (-1,5%) e Nordeste (-1,4%).
São Paulo. Na comparação com o mês de abril de 2019, a produção da indústria paulista registrou acréscimo de 0,1%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a maio de 2018, houve crescimento de 11,7%, e analisando os dados acumulados do ano, registrou-se incremento de 0,5%, com expansões nos seguintes setores: bebidas (12,1%), outros produtos químicos (6,9%), produtos de minerais não metálicos (5,3%), máquinas e equipamentos (3,0%) e confecção de artigos do vestuário e acessórios (1,7%). Por outro lado, os cinco setores que apresentaram decréscimos foram: outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-18,8%), sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene (-5,4%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-4,1%) e produtos de borracha e material plástico (-1,3%).
Paraná. Na comparação com o mês de abril de 2019, a produção da indústria paranaense registrou acréscimo de 0,7%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a maio de 2018, houve incremento de 27,8%. No acumulado do ano, aferiu-se expansão de 10,4% sendo que os setores com maiores contribuições positivas foram: veículos automotores, reboques e carrocerias (29,0%), máquinas e equipamentos (28,9%), produtos alimentícios (13,0%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (10,6%). Por outro lado, os setores com maiores retrações, foram: produtos de madeira (-5,3%), móveis (-4,0%) e bebidas (-0,5%).
Espírito Santo. Por fim, na comparação com o mês de abril de 2019, a produção da indústria capixaba apresentou retração de 2,2%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a maio de 2018, houve decréscimo de 17,4%. Já no acumulado do ano houve queda de 11,8%. Os setores que registraram os maiores acréscimos, para o acumulado do ano, foram: produtos de minerais não metálicos (12,2%) e produtos alimentícios (0,1%). Em sentido oposto, os maiores decréscimos se deram nos seguintes setores: celulose, papel e produtos de papel (-28,1%), indústrias extrativas (-18,3%), industrias de transformação (-5,0%) e metalurgia (-3,5%).