Análise IEDI
Reação dos serviços, bons ventos para o emprego
A expansão do setor de serviços foi retomada em mai/22, segundo os dados divulgados hoje pelo IBGE. Descontados os efeitos sazonais, seu faturamento real avançou +0,9% frente a abr/22. Ante o mesmo período do ano anterior, a fase de crescimento já soma quinze meses (+9,2% em mai/22). É o setor que melhor tem se saído, na esteira da normalização de suas atividades após ampla cobertura vacinal contra a Covid-19.
Como se trata de um setor muito intensivo em mão de obra, não é por acaso que, ao lado da sua evolução positiva, a taxa de desemprego do país tenha assumido uma tendência de redução mais expressiva recentemente. Tanto é que um dos ramos de serviços que mais crescem são aqueles prestados às famílias, que é bastante empregador e ainda tem o que se recuperar do choque da Covid-19 (-7,0% ante fev/20).
A dúvida que resta é se, passada a fase de reativação em função do controle da pandemia, o dinamismo dos serviços irá se manter em um quadro de corrosão do poder de compra da população pela inflação. Ações contracíclicas, como a nova liberação do FGTS e mais uma antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas tendem a ser insuficientes.
Voltando a mai/22, entre as altas mais fortes estão os serviços prestados às famílias, com +1,9% frente a abr/22, seu terceiro mês consecutivo de expansão, e outros serviços, ramo que reúne um conjunto diversificado de atividades, como serviços financeiros, urbanos, imobiliários etc., com variação de +3,1% na série com ajuste sazonal.
Como mostram os resultados a seguir, todos os demais ramos também ficaram no azul na passagem de abr/22 para mai/22:
• Serviços – total: +2,0% em mar/22; -0,1% em abr/22 e +0,9% em mai/22;
• Serviços prestados às famílias: +3,4%; +2,6% e +1,9%, respectivamente;
• Informação e comunicação: +1,7%; +0,8% e +0,9%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: +1,9%; -0,5% e +1,0%;
• Transportes e seus auxiliares: +3,4%; -2,5% e +0,9%;
• Outros serviços: +1,4%; -3,0% e +3,1%, respectivamente.
Serviços de informação e comunicação, assim como o ramo daqueles prestados às famílias, acumulam altas seguidas nos últimos meses. Frente a abril, seu faturamento variou +0,9%, puxado sobretudo pelo segmento de serviços de tecnologia da informação (+2,4% ante abr/22), cujo mercado responde ao desenvolvimento das atividades virtuais.
Os demais ramos comportaram-se como o ramo de outros serviços que, em mai/22, compensaram o recuo do mês anterior. Os serviços profissionais, administrativos e complementares sobrepujaram a queda de abr/22 ao variarem +1,0%, sob influência de seus dois componentes: +1,1% dos serviços técnico-profissionais e +1,0% dos serviços administrativos e complementares, que geralmente reúnem funções de melhor qualificação terceirizadas pelas empresas.
Já transportes e seus auxiliarem compensaram em mai/22 (+0,9% com ajuste) apenas parcialmente o recuo de abr/22 (-2,5%). Foi o transporte de passageiros (-0,3%) que freou o resultado do último mês em tela, refletindo muito provavelmente o aumento dos preços dos combustíveis e de passagens. Isso afetou principalmente o transporte aéreo (-6,4%). O transporte de mercadorias cresceu +1,8%.
No acumulado dos cinco primeiros meses de 2022, isto é, entre janeiro e maio, os serviços registram expansão de +9,4%, um quadro bastante diferente daquele da indústria, cuja perda chega a -2,6% e se espalha por todos os seus macrossetores, sobretudo a indústria de bens de consumo duráveis (-14,1%), embora esta siga muito aquém dos patamares pré-pandemia (-25%).
Já nos serviços, ocorre o oposto: o dinamismo que vem apresentando o setor como um todo em 2022 se apoia, em boa medida, nos seus ramos que mais perderam na pandemia e que agora reagem com mais força, é o caso dos serviços prestados às famílias, com +37,8% em jan-mai/22 e o ramo de transportes e seus auxiliares, com +14,9%.
Conforme os dados para o mês de maio de 2022 da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados hoje pelo IBGE, o volume de serviços prestados apresentou aumento de 0,9% frente a abril, na série com ajuste sazonal. Em comparação ao mesmo mês do ano anterior (maio/2021), aferiu-se incremento de 9,2%. No acumulado no ano houve variação de 9,4% e no acumulado em 12 meses registrou-se acréscimo de 11,7%.
Na comparação do mês de maio de 2022 com o mês imediatamente anterior (abril/2022), na série dessazonalizada, os cinco segmentos analisados apresentaram incremento no volume de serviços prestados: outros serviços (3,1%), serviços prestados às famílias (1,9%), serviços profissionais, administrativos e complementares (1,0%), transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (0,9%) e informação e comunicação (0,9%). Já o segmento das atividades turísticas registrou crescimento de 2,6% na comparação com o mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Frente a maio de 2021, o volume de serviços prestados aumentou em quatro dos cinco segmentos analisados: serviços prestados às famílias (39,0%), transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (12,5%), serviços profissionais, administrativos e complementares (9,5%) e informação e comunicação (4,0%). A categoria outros serviços variou -4,0%. No segmento de atividades turísticas houve expansão de 45,5% nessa base de comparação.
Na análise do acumulado nos últimos 12 meses, quatro dos cinco segmentos analisados apresentaram expansão do volume de serviços prestados: serviços prestados às famílias (37,2%), transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (16,1%), serviços profissionais, administrativos e complementares (9,4%) e serviços de informação e comunicação (7,7%). A categoria outros serviços ficou estagnada no período. Para a mesma base de comparação, o segmento de atividades turísticas aferiu variação positiva de 47,1%.
Na análise por unidade federativa, no mês de maio de 2022 frente ao mesmo mês do ano anterior (maio/2021), aferiu-se incremento do volume de serviços prestados em 26 das 27 unidades federativas, sendo os maiores: Ceará (24,1%), Alagoas (18,6%), Tocantins (17,9%), Paraíba (16,9%), Amapá (16,8%), Minas Gerais (15,0%), Amazonas (14,8%) e Rio Grande do Sul (14,8%). Por outro lado, o Distrito Federal apresentou retração de -4,3% nessa base de comparação.
Considerando a análise do acumulado no ano, 26 das 27 unidades federativas apresentaram variação positiva, sendo as mais expressivas: Alagoas (25,7%), Ceará (18,1%), Amapá (16,4%), Roraima (16,4%), Rio Grande do Sul (15,5%), Pernambuco (14,3%), Sergipe (12,2%) e Bahia (12,2%). Em sentido oposto, Rondônia registrou variação negativa de -1,0% no período.
Por fim, na análise do acumulado nos últimos 12 meses aferiu-se que os 27 estados apresentaram incremento no volume de serviços prestados, sendo os maiores observados em: Alagoas (27,3%), Roraima (20,9%), Ceará (19,3%), Rio Grande do Sul (16,3%), Pernambuco (15,5%), Sergipe (14,5%), Tocantins (14,2%) e Acre (13,9%).