Evolução Recente
dos Fluxos de IDE na Economia Mundial. De
acordo com a Cepal, os fluxos de IDE começaram
a se recuperar dos efeitos de crise financeira
e econômica internacional no último
trimestre de 2009. Durante 2010, os fluxos
globais de IDE mantiveram uma tendência
crescente, registrando expansão de
1%. Porém, ainda permanecem distantes
dos patamares recordes do período 2006-08.
Entre as regiões e grupos de países,
observa-se, todavia grande heterogeneidade
de desempenho. Em queda pelo terceiro ano
consecutivo, o volume de IDE dos países
desenvolvidos retraiu 7,0% frente a 2009 (-16%
em 2008 e -44% em 2009); para os países
em desenvolvimento ele aumentou 10% (queda
de 24% em 2009).
Em 2010, pela primeira vez, os fluxos de IDE
destinados aos países em desenvolvimento
e às economias em transição
representaram mais de 50% dos fluxos globais.
Em contraste, a participação
dos países desenvolvidos se reduziu
de 57% em 2008 para 47% em 2010 (51% em 2009).
Não obstante esse contexto de maior
relevância dos países em desenvolvimento,
o comportamento das diferentes regiões
em desenvolvimento está longe de ser
homogênea. Enquanto os fluxos de IDE
destinados a América Latina e Caribe
cresceram 40%, alcançando 10% do IDE
mundial, os fluxos destinados à Ásia
e Oceania aumentaram 10% e os destinados à
África caíram 15%.
Em 2010, no grupo dos países desenvolvidos,
os principais receptores de IDE foram: Estados
Unidos (onde o reinvestimento de lucros cresceu
43% frente a 2009), França, Bélgica
e Reino Unido. Já entre os países
em desenvolvimento, destacaram-se os países
do grupo dos Bric (Brasil, Rússia,
Índia e China), Hong Kong e Cingapura.
De acordo com o relatório, nos últimos
anos, as fusões e aquisições
transfronteiriças têm sido o
mecanismo mais dinâmico do IDE, permitindo
às empresas transnacionais incursionar
em novos mercados de modo a aproveitar as
capacidades e os conhecimentos das empresas
locais. Em 2010, os montantes globais desse
tipo de operação registraram
aumento da ordem de 37% em relação
a 2009, e os investimentos em novas plantas
(greenfield investments) prosseguiram
em trajetória de retração,
tanto em número como em valor. Embora
seja expressiva, essa taxa de expansão
das operações de fusões
e aquisições transfronteiriças
não foi suficiente para reverter a
forte contração verificada em
2008-2009, porém esse resultado sugere
a existência de uma tendência
positiva, que deve se fortalecer nos próximos
anos.
No que se refere à origem dos fluxos
de IDE, os países desenvolvidos respondem
pela grande maioria dos investimentos diretos.
Todavia, em consonância com a crescente
importância dos países em desenvolvimento
na economia mundial, tem igualmente aumentado
a participação desses países.
Tendo duplicado sua participação
na última década, os fluxos
de IDE provenientes de países em desenvolvimento
mantiveram em trajetória de crescimento
em 2010, atingindo 22% do volume global, segundo
dados ainda preliminares.
Na avaliação da Cepal, esse
avanço gradual, porém contínuo,
dos países em desenvolvimento será
uma das características centrais dos
fluxos de IDE nos próximos anos. Chama
atenção o desempenho recente
dos investimentos diretos provenientes da
China.
Até 2007, o IDE da China manteve-se
em 1% do IDE mundial. Contudo, a partir da
crise global de 2008, que afetou de forma
muito mais intensa as economias desenvolvidas,
inúmeras empresas chinesas aproveitaram
de sua maior capacidade financeira para realizar
projetos de investimento no exterior. Em consequência,
a China alcançou em 2009 o quinto lugar
no ranking mundial dos maiores países
investidores, respondendo por 4% do IDE global.
De acordo com o relatório, como várias
das grandes operações de IDE
anunciadas recentemente pela China ainda não
foram capturadas pelas estatísticas
oficiais de 2010 é bastante provável
que a participação do gigante
asiático nos fluxos globais de IDE
registre um considerável aumento em
2011 e nos anos seguintes.
Segundo a Cepal, as tendências recentes
de ampliação do IDE chinês
respondem a uma série de fatores internos
e externos, dentre os quais destaca a política
do governo da China, claramente favorável
à internacionalização
de suas empresas. Desde 2004, o governo chinês
vem adotando medidas de estímulo ao
investimento no exterior, dentre as quais
a concessão de diversos benefícios
fiscais e o financiamento público a
projetos de investimento direto no exterior.
O governo chinês também concede
assistência oficial para a construção
de infraestrutura no exterior com participação
de empresas chinesas.
Embora a maior parte dos investimentos chineses
no exterior se concentre na busca de recursos
minerais e energéticos, quase sempre
por um grupo pequeno de empresas estatais,
o IDE chinês é muito mais variado.
Mais de 1.200 empresas chinesas tem investido
no exterior, mediante o estabelecimento de
filiais de distribuição, que
geram US$ 50,5 bilhões de exportações
em 2009, o que corresponde a um aumento de
59,8% frente a 2008.
Apesar desse crescimento expressivo no período
recente, o investimento direto chinês
acumulado no exterior ainda é pequeno.
O estoque de IDE chinês, que, de acordo
com o relatório, reflete a contribuição
das empresas chinesas à atividade econômica
nos países receptores, é menor
que o da Rússia e de vários
países desenvolvidos de economias de
tamanho médio como Austrália,
Suécia ou Suíça. A posição
da China como fonte de investimento direto
é igualmente muito mais modesta do
que ocupa o país como fonte de investimento
estrangeiro de portfólio.
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Panorama do IDE na América
Latina e Caribe. Em 2010, excluídos
os principais centros financeiros, a região
da América Latina e Caribe recebeu
US$ 112,63 bilhões de investimento
direto estrangeiro, montante 40% superior
ao volume de US$ 80,37 bilhões alcançado
em 2009. Ainda que os fluxos de IDE recebidos
em 2010 não superem o volume recorde
de 2008, o montante se manteve acima da média
anual da década e apresenta tendência
à elevação, refletindo
o bom posicionamento da região para
localização das atividades das
empresas transnacionais e destino dos investimentos
diretos estrangeiros, que se mostram durante
a crise como os mais estáveis entre
todas as modalidades dos fluxos internacionais
de capitais.
De acordo com o relatório, a recuperação
dos fluxos de IDE para América Latina
a partir do último trimestre de 2009
teve vários determinantes: a recuperação
das economias desenvolvidas; o dinamismo de
algumas das economias emergentes, notadamente
as asiáticas, cujo aumento da demanda
impulsionou certos setores - isto é
evidente, sobretudo, na área de recursos
naturais e alimentos, mas também na
indústria de transformação,
como o setor automotivo e produção
de circuito integrado, ou na área de
serviços, como desenvolvimento de software
e telecomunicações; o crescimento
da demanda interna em países como Brasil,
Chile, Colômbia, México e Peru,
que estimulou a busca de mercados por parte
de empresas transnacionais e de empresas translatinas;
e, finalmente, una maior terceirização
das empresas estrangeiras em resposta à
crise, com reflexo em alguns serviços
empresariais.
As sub-regiões - América do
Sul, América Central e México,
e o Caribe - apresentam, contudo, diferenças
nos ritmos de crescimento do IDE, em razão
dos seus distintos padrões de especialização.
Segundo a Cepal, na América do Sul
há uma tendência ao aumento do
peso dos setores primários nas exportações
e no IDE, e na América Central e no
México as manufaturas intensivas em
montagem e os serviços aprofundam a
trajetória de especialização
e vinculação com os Estados
Unidos, tornando essa sub-região mais
afetada pela crise e pela débil recuperação
da economia norte-americana.
Assim, a recuperação dos fluxos
de IDE foi mais intensa na América
do Sul, com crescimento da ordem de 56% em
2010 em comparação com 2009,
alcançando o volume de US$ 85,1 bilhões.
Nessa sub-região, quatro países
registraram os aumentos mais importantes:
Brasil (87%), Argentina (54%), Peru (31%)
e Chile (17%). Já os fluxos destinados
à Colômbia caíram 5%,
totalizando US$ 6,8 bilhões, e a Venezuela
continuou a registrar fluxos negativos, em
razão da nacionalização
de empresas estrangeiras.
Nos países centro-americanos e no México,
onde, além de mercados internos, o
IED busca estabelecer plataformas de exportação
para aproveitar as vantagens salariais e de
localização, a lenta recuperação
dos Estados Unidos resultou em menor crescimento
dos fluxos de IDE. O volume de IDE destinado
ao México subiu 17% comparativamente
a 2009, enquanto os fluxos destinados aos
países da América Central cresceram
16%.
O relatório sublinha que os destinos
setoriais dos fluxos de IDE recebidos pela
América Latina variaram de acordo com
a sub-região receptora. Na América
do Sul, os setores que mais receberam IDE
em 2010 foram recursos naturais (43% dos fluxos
totais) e serviços (30%). Em comparação
com 2005-2009, verifica-se um aumento no peso
dos setores primários no IDE dessa
sub-região. Em contraste, nas demais
sub-regiões, a indústria de
transformação se manteve como
destino principal dos fluxos de IDE (54%),
seguido pelo setor de serviços (41%),
e o setor primário recebeu apenas 5%
do total dos fluxos.
Em termos da origem dos fluxos de IDE destinados
à América Latina, os Estados
Unidos se mantiveram como o principal país
investidor na região, respondendo por
17% do volume do IDE recebido em 2010, seguido
pela Holanda (13%), China (9%), Canadá,
Espanha e Reino Unido, todos os três
com participação de 4%.
A presença da China como o terceiro
maior investidor na região é
salientada no relatório. Embora, desde
2008, a China tenha se convertido em uma das
principais fontes de IDE no mundo, a América
Latina só começou a se tornar
um destino significativo em 2010, não
obstante o nível significativo das
relações comerciais da região
com a China.
Em 2009, os países latino-americanos
receberam apenas US$ 225 milhões de
IDE chinês, o que corresponde a 0,6%
do total do investimento direto chinês
no mundo e 0,3% dos fluxos de IDE na América
Latina. Em 2010, os fluxos de IDE provenientes
da China deram um salto, alcançando
um montante estimado em mais de US$ 15 bilhões.
De acordo com o relatório, a presença
das empresas chinesas na região é
ainda tão recente, que vários
dos seus principais projetos ainda não
foram inteiramente concretizados no início
de 2011 ou havia se tornado operacional muito
recentemente.
O IDE chinês se destina principalmente
ao Brasil, Argentina e Peru, países
que têm uma maior relação
comercial com China. Mesmo para algumas economias
pequenas, como Equador e Guiana, a China pode
ser uma fonte significativa de investimento
direto. Na sub-região da América
Central e México, os investimentos
chineses são praticamente irrelevantes,
à exceção de Costa Rica.
Quase a totalidade (s92%) dos investimentos
chineses confirmados foi realizada na extração
de recursos naturais, notadamente no setor
de petróleo e gás. Os 8% restante
tiveram como foco o mercado interno do Brasil,
principalmente na provisão de infraestruturas
e, em menor medida, na indústria de
transformação. Os investimentos
destinados à criação
de plataforma de exportação
para outros países foram bastante modestos
(0,3%). No que se refere aos investimentos
anunciados, porém ainda não
efetuados, destacam-se aqueles previstos para
o setor metalúrgico no Brasil e na
mineração no Peru.
O relatório destaca, ainda, que nos
últimos anos observa-se uma crescente
participação de países
da própria América Latina como
origem do IDE na região, seja sob a
forma de fusão e aquisição,
seja sob a forma de investimento em novas
plantas, o que mostra a maior importância
das empresas translatinas. O IDE proveniente
de América Latina que, no período
2006-2009, representava 8% do total, subiu
para 10% em 2010.
O Brasil foi o país
que recebeu, em 2010, o maior volume de IDE,
atingindo um novo recorde, com o montante
superior a US$ 48,0 bilhões, o que
corresponde a um incremento da ordem de 87%
em relação ao ano anterior.
Esse vigoroso aumento do IDE, notadamente
sobre a forma de novos aportes de capital,
foi impulsionado pelo crescimento da economia
brasileira, que alcançou 7,5% em 2010.
A forte apreciação do real (15%
em 2010) e a ampliação do consumo
interno têm favorecido, de acordo com
a Cepal, o ingresso de IDE associado a uma
estratégia de conquista de mercado.
Os fluxos de IDE têm auxiliado, de maneira
significativa, o financiamento do crescente
déficit em transações
correntes do Brasil, que alcançou 45,0
bilhões em 2010.
Os fluxos de investimento destinados ao Brasil
se concentraram nos setores de recursos naturais
e indústria de transformação,
respectivamente, com participação
de 39% e de 37% do total, e o setor de serviços
recebeu 24% do total do IDE. Em recursos naturais,
destacam-se petróleo e gás (22%
do total de IDE) e extração
de minerais metálicos (14%). Na indústria
de transformação, os setores
mais dinâmicos foram: alimentos (9%),
metalurgia (9%), produtos químicos
(7%) e derivados de petróleo (3%).
O Brasil se consolidou, igualmente, como um
pólo de atração regional
para os investimentos com maior conteúdo
tecnológico e produção
associados à pesquisa e desenvolvimento.
Em relação à origem do
IDE recebido pelo Brasil, a China foi o principal
investidor em 2010, respondendo por 15% do
IDE total, com montante de US$ 7,5 bilhões.
Na sequência, aparecem a Suíça
e os Estados Unidos, com participação
de 13% e 11% no total, respectivamente.
O México permanece
como o segundo maior receptor de IDE na região
latino-americana. Em 2010, o país absorveu
investimentos estrangeiros da ordem de US$
15,2 bilhões. Todavia, não obstante
a significativa recuperação
dos IDE em 2010, os montantes ainda não
alcançaram a média anual da
última década (US$ 21 bilhões).
Os fluxos de IDE destinados à economia
mexicana são constituídos majoritariamente
por novos investimentos (65% do total do IDE
em 2010), seguidos pelos empréstimos
entre filiais (20%). A indústria manufatureira
e os serviços foram os setores que
receberam os maiores volumes de investimento.
Na indústria, que captou 60% do IDE,
os principais beneficiários foram os
produtos alimentícios, as bebidas e
fumo, que absorveram 67% do IDE destinado
ao setor industrial, e as indústrias
do complexo metal-mecânico (24% dos
fluxos destinados ao setor). No setor de serviço,
que recebeu 37% do IDE total, destacam-se
o comércio e os serviços financeiros
(14% do total do IED em ambos os casos). Já
o setor extrativo continuou com uma participação
diminuta nos fluxos de IDE (3% em 2010).
De acordo com o relatório, em 2010,
ocorreu uma alteração importante
em termos da origem dos fluxos líquidos
de IDE destinados ao México. Nesse
ano, a maior participação foi
a da Holanda (49%), seguida pelos Estados
Unidos (28%), que até então
ocupava o posto de maior investidor, e Espanha
(7%).
No Chile, o IDE apresentou
uma alta de 17% em 2010, alcançando
US$ 15 bilhões, liderado por novos
aportes de capital das empresas transnacionais.
Segundo o relatório, nesse país,
considerando um período de tempo mais
amplo, o IDE não foi particularmente
afetado durante a crise global. Em comparação
com o primeiro quinquênio da década,
os montantes de IDE apresentam uma tendência
de elevação. No período
2000-2005, a média de ingresso de IDE
foi de US$ 5 bilhões por ano, volume
que superou US$ 12 bilhões anuais a
partir de 2007.
Historicamente, os principais países
investidores na economia chilena têm
sido os Estados Unidos, o Canadá e
a Espanha, os quais, em conjunto, responderam
por quase 60% do IDE entre 2001e 2010. Em
2010, o principal investidor foi os Estados
Unidos (19%), seguido do Reino Unido (12%),
Canadá (11%) e Espanha (8%).
Em relação ao destino setorial
do IDE no Chile, as estatísticas mostram
que os mais importantes em 2010 foram os serviços
(53%) e a mineração (41% do
total), enquanto a indústria de transformação
recebeu apenas 2% dos fluxos totais de IDE.
De acordo com a Cepal, essa distribuição
confirma o posicionamento histórico
de fluxos de IDE no país, concentrados
na mineração e no setor de serviços.
Entre os anúncios importantes de fusões
e aquisições se destaca o da
LAN Chile e TAM Airlines (Brasil), que deverá
criar o maior grupo aéreo da América
Latina.
O Peru foi o quarto país
latino-americano que mais recebeu IDE em 2010.
Os fluxos destinados ao país cresceram
31% na comparação com 2009,
totalizando um montante recorde de US$ 7,3
bilhões, o equivalente a 9% do total
da América do Sul. De acordo com o
relatório, este crescimento se explica
fundamentalmente pelos níveis elevados
de reinvestimentos de lucros realizados pelas
empresas transnacionais, que alcançaram
US$ 5,7 bilhões, enquanto os aportes
de capital foram de US$ 1,5 bilhão
e os empréstimos líquidos com
as matrizes não ultrapassaram US$ 64
milhões.
As informações disponíveis
sobre a distribuição setorial
do IDE destinado ao Peru, que ainda são
parciais, revelam que o IDE se dirige especialmente
aos setores de serviços e de recursos
naturais. Mesmo o escasso investimento no
setor industrial manufatureiro se dirige às
atividades estreitamente associadas aos recursos
naturais, como a agroindústria ou o
refino de petróleo. O setor peruano
de mineração conta com ampla
presença de grupos estrangeiros, entre
os quais se destacam: Grupo México,
BHP Billiton (Austrália), Freeport
Mcmoran Copper & Golds (Estados Unidos),
Xstrata (Suíça), Newmont (Estados
Unidos) e Barrick (Canadá). Nos últimos
dois anos, grandes grupos chineses adquiriram
projetos ainda em desenvolvimento, quase todos
na área de mineração
do cobre, por essa razão espera-se
que uma parte importante do IDE em mineração
na próxima década seja proveniente
da China.
Na Colômbia, os fluxos
de IDE caíram em 5% em 2010, se reduzindo
para US$ 6,8 bilhões, o que levou esse
país a passar do quarto para o quinto
lugar de destino do IED na região (quarta
posição na sub-região).
Não obstante essa perda de participação
relativa, os montantes de IDE recebidos pela
Colômbia na segunda metade da década
os (superiores a US$ 6,5 bilhões em
todos os anos) foram muito superiores aos
recebidos na primeira metade, quando registraram
média anual de US$ 3,6 bilhões.
Os setores econômicos colombianos que
lideraram o ingresso de fluxos líquidos
de IDE em 2010, dos quais 34% corresponderam
a reivestimento de lucros, são os de
recursos naturais, com cerca d 74% do total
- 42% na área de extração
de petróleo, 30% em mineração
e 2% em agricultura, silvicultura, caça
e pesca -, seguido pelo de serviços,
com 18%, e indústria manufatureira,
com 9% do IDE total. No setor de mineração,
o relatório ressalta a aquisição
da Frontino Gold Mines pela empresa canadense
Medoro Resources por US$ 198 milhões.
No setor de serviços, as atividades
que mais atraíram fluxos de IDE foram
o setor financeiro (14%) e o comércio
(7%). Em términos de origem do IDE,
as informações sobre novos investimentos
indicam que o principal país investido
em 2010 foi o Panamá (51% de total),
seguido pelo Reino Unido (16%) e Canadá
(14%).
Na Argentina, os fluxos de
IDE cresceram 54% em 2010, alcançando
US$ 6,2 bilhões. Não obstante
esse expressivo aumento, tal volume se encontra
ainda longe do pico da década atingindo
em 2008, quando os fluxos superaram US$ 9,0
bilhões. Entre as aquisições
recentes mais importantes, destacam-se, no
setor de recursos naturais, a compra da empresa
Bridas pela china CNOOC por US$ 3,1 bilhões
e a compra de uma participação
minoritária na YPF por um grupo norte-americano,
por US$ 499 milhões. Na indústria
de transformação, o destaque
foi a compra do laboratório Phoenix
pela empresa britânica GlaxoSmithKline
por US$ 253 milhões.
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Investimentos Diretos na América
Latina por Intensidade Tecnológica.
O relatório da Cepal também
analisa os fluxos de IDE para a América
Latina sob a perspectiva da intensidade tecnológica
das atividades das empresas dos setores receptores
do investimento estrangeiro. Com esse propósito,
os projetos de IDE são classificados
em quatro categorias: alta tecnologia, média-alta
tecnologia, média-baixa tecnologia
e baixa tecnologia.
Comparativamente aos países asiáticos,
notadamente os Tigres - Cingapura, Coreia
do Sul, Hong Kong e Taiwan - e a China, os
países latino-americanos atraem muito
mais projetos de IDE de média-baixa
e baixa tecnologia. Embora, esse percentual
tenha caído para 66% no período
2008-2010 ante 79% no período 2003-05,
a participação da América
Latina no IDE com maior potencial tecnológico
ainda é bem menor do que é verificado
nos Tigres Asiáticos (81% de IDE em
setores de alta e média-alta tecnologia
no período 2008-10) e na China (80%
de IDE em setores de alta e média-alta
tecnologia no período 2008-10).
Em relação aos principais destinos
na América Latina, o Brasil se destaca
como maior receptor absoluto nas quatro categorias
tecnológicas. Em 2010, o Brasil recebeu
55% e 49%, respectivamente, do total do IDE
direcionado aos setores de alta e média-alta
tecnologia. Já o México, que,
em 2009, havia sido o principal destino do
IDE nos setores de alta tecnologia recebeu
31% dos investimentos tanto em alta como em
média-alta tecnologia. Dos investimentos
diretos destinados aos setores de alta tecnologia
participaram também a Argentina (5%)
e a Costa Rica (3%), e nos fluxos de IDE direcionado
aos setores de média-alta tecnologia
estão presentes Argentina (7%), Peru
(4%), Venezuela (3%) e Colômbia (3%).
Nos setores de baixa e média-baixa
tecnologia, a distribuição dos
investimentos é muito mais fragmentada
entre países. Em média-baixa
tecnologia, o Brasil é maior receptor
(43%). Porém, outros países
detêm participação importante,
casos do Peru (17%), Paraguai (16%) e Chile
(12%). Nos setores de baixa tecnologia, o
Brasil lidera (44%), seguido pelo México
(19%), Argentina (12%), Peru (9%) e Colômbia
(3%).
O relatório também apresenta
informações sobre a composição
dos projetos de IDE destinados a América
Latina e Caribe e aos principais países
receptores da região em 2010. O principal
destino do investimento estrangeiro foram
os setores de média-baixa tecnologia,
que absorveram 55% do IDE total. Já
os setores de média-alta tecnologia
ampliaram sua participação para
28% (16% em 2009), e os setores de baixa e
de alta tecnologia registraram participação,
respectivamente, de 11% e 5%. Já a
análise da distribuição
por intensidade tecnológica dos projetos
de IDE na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia,
México e Peru, que em conjunto absorveram
90% do total do IED da região em 2010,
revela alguns padrões bem distintos
do investimento regional.
No Brasil, por exemplo, os fluxos líquidos
de investimento direto estrangeiro se concentraram
em 2010 nos setores de média-baixa
tecnologia (52%). Os setores de média-alta
tecnologia receberam por sua vez 30% do total,
e os setores de baixa e de alta tecnologia
foram os que registraram menor participação:
11% e 6%, respectivamente. O relatório
ressalta que, embora represente apenas 6%
do IDE total destinado ao Brasil, os investimentos
diretos em alta tecnologia efetuados no país
representam 55% do total desse tipo de investimento
destinado a toda região.
Já no caso do México, observa-se
uma marcada preponderância de projetos
de IDE nos setores de média-alta tecnologia
(56%), como indústria automotiva, máquinas
e equipamentos e produtos químicos.
Com menor participação, encontram-se
os setores de média-baixa tecnologia
(21%), baixa (14%) e alta (10%).
O Chile é o país que apresenta
a maior concentração do IDE
em uma única categoria de intensidade
tecnológica: 95% dos projetos de IDE
em 2010 se destinaram aos setores de média-baixa
tecnologia. A quase totalidade dos projetos
de investimento está associado às
industrias metálicas e extração
de produtos minerais não metálicos.
Na Colômbia, a distribuição
dos novos investimentos é bastante
similar a distribuição regional.
Os setores de média-baixa tecnologia
receberam 54% do IDE, e os setores de média-alta
e baixa receberam, respectivamente, 30% e
13%. Com uma participação muito
baixa, os setores de alta tecnologia receberam
apenas 2% do IDE total destinado ao país.
Na Argentina, os setores de média-alta
tecnologia ficaram com a maior parcela dos
novos investimentos (45%), e os setores de
baixa tecnologia, como os de alimentos, têxtil,
madeira e papel, absorveram 31%. Os setores
de média-baixa e de alta tecnologia
registram a menor participação,
com 18% e 6%, respectivamente.
Já no Peru, à semelhança
do Chile, os setores de média-baixa
tecnologia concentram a grande maioria dos
novos projetos de IDE (81%), seguido por média-alta
intensidade (10%) e baixa tecnologia (9%).
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Investimento Direto no Exterior
das Empresas Latino-americanas.
Os fluxos de IED com origem em países
da América Latina e Caribe alcançaram
um novo recorde histórico de US$ 43,1
bilhões em 2010, quando praticamente
se quadruplicaram na comparação
com 2009. Este expressivo aumento permitiu
a região manter uma relevância
crescente como investidora no exterior, com
elevação da participação
dos investimentos latino-americanos e caribenhos
diretos no exterior no total dos fluxos procedentes
de países em desenvolvimento de 6%
em 2000 a 17% em 2010.
De acordo com o relatório, esse forte
aumento dos investimentos no exterior das
empresas translatinas se deu em um marco da
ampliação da importância
das economias emergentes na economia mundial.
Além da relevância crescente
das empresas transnacionais de países
em desenvolvimento nos fluxos mundiais de
IDE, essa expansão se dá em
um contexto de acirramento da concorrência
e da consolidação em âmbito
global. Esse processo está ocorrendo
não só em indústrias
orientadas ao consumo final, mas também
em algumas indústrias provedoras
Na última década, as empresas
que mais se internacionalizaram foram as do
Brasil, Chile, México e, mais recentemente,
as da Colômbia. Esse processo tem ocorrido,
sobretudo, nas indústrias básicas
(extração de petróleo
e gás, mineração, cimento,
celulose e papel, siderurgia), indústria
produtoras de bens de consumo de massa (alimentos
e bebidas) e alguns serviços (energia,
telecomunicações, transporte
aéreo, comércio varejista).
Esse aumento do IDE proveniente da América
Latina em 2010 se explica pelos maiores investimentos
realizados no exterior por empresas do México,
Brasil, Chile e Colômbia, as quais,
em conjunto, representam mais de 90% dos fluxos
em 2010. Para o México, Chile e Colômbia,
os montantes de investimento direto no exterior
atingiram máximos históricos.
Uma das principais características
do IDE originário da América
Latina reside no fato de que a maior parte
dos fluxos se destina aos países vizinhos.
De acordo com a Cepal, 47% das fusões
e aquisições realizadas por
empresas latino-americanas em 2010 tiveram
como destino a própria região.
Os investimentos das empresas translatinas
em novas plantas também foram direcionadas,
de maneira importante, à região:
59% do total em 2010. Esses dados confirmam
a importância das translatinas como
agentes da integração regional
e como meio de compartilhamento de práticas
e conhecimentos associados aos seus processos
produtivos.
O México foi o país cujas empresas
realizaram os maiores investimento no exterior
em 2010, aumentando 81% em relação
ao ano anterior, com montante recorde de US$
12,7 bilhões. Em 2010, o setor de serviço
tornou-se um destino importante dos principais
investimentos mexicanos no exterior, até
então bastante concentrado na indústria
manufatureira. Em 2010, em particular, o IDE
mexicano foi liderado por grandes aquisições
nos setores de mídias, telecomunicações
e alimentos.
Os investimentos diretos no exterior procedente
do Brasil atingiram US$ 11,5 bilhões
em 2010, recuperando-se expressivamente da
retração de 2009. Durante o
ano de 2010, os novos investimentos se dirigiram
a diversos setores. Na área de recursos
naturais, a atividade mais relevante foi a
extração de minerais metálicos
(6%); no setor industrial destacaram-se os
investimentos em alimentos (15%) e metalurgia
(7%), e no de serviço, destacaram-se
os serviços financeiro (47%).
O relatório salienta a importância
do apoio governamental recebido pelas empresas
brasileiras em seu processo de internacionalização.
Embora a política pública de
incentivo à expansão das empresas-líderes
não seja recente, houve um considerável
reforço desse tipo de iniciativa com
a Política de Desenvolvimento Produtivo
iniciada em 2008. O estudo destaca o suporte
financeiro concedido pelo BNDES às
empresas Magrif e JBS Friboi para aquisições
de empresas americanas do setor de alimentos.
Entre as fusões e aquisições
transfronteiriças realizadas por empresas
brasileiras em 2010, destacam-se os investimentos
da Vale na Guiné, mediante a compra
de ações da britânica
BSG Resources; da Metalúrgica Gerdau
no Canadá; a participação
da Camargo Corrêa na Cimpor Cimentos
de Portugal e a aquisição de
americana Keystone Foods pela Marfrig Alimentos.
Todos estes investimentos envolveram montantes
superiores a US$ 1,0 bilhão. Igualmente,
países da própria América
Latina, como Argentina, Chile, Colômbia
e Peru estão atraindo importantes investimentos
brasileiros. A empresa Vale, por exemplo,
iniciou atividades de exploração
de minas de cobre no Chile, fosfatos no Peru
e de carvão na Colômbia. Também
a Natura, empresa de cosméticos com
atividades na Argentina, Chile e Peru, planeja
iniciar em 2011 operações na
Colômbia e no México.
No Chile, as empresas aumentaram em 8% seus
investimentos diretos no exterior em 2010,
alcançando o volume recorde de US$
8,8 bilhões. O principal destino dos
investimentos foram os países da região
(58% do total), em particular Brasil (20%),
seguido do Peru (13%), Argentina (11%) e Uruguai
(6%). Os investimentos chilenos se concentraram
em serviços financeiros, empresas e
outros (45% do total) e comércio varejista
(21%), e, em menor grau, na indústria
de transformação (10%).
Entre as empresas comerciais, o estudo destaca
a rede de supermercados Cencosud, que anunciou
investimentos na Argentina, Brasil, Colômbia
e Peru, a loja de departamento Falabella,
que também anunciou investimentos na
Argentina e no Peru.
Entre outras operações importantes
realizadas em 2010 por empresas chilenas,
o relatório destaca a da empresa Cementos
Bío Bío no Peru (em conjunto
com a empresa brasileira Votorantim); os investimentos
da empresa de serviços de software
e de tecnologias de informação
Sonda na Argentina, Brasil e México
em montantes que, em conjunto, superam US$
90 milhões de dólares, e a aquisição
da empresa Eitzen Bulk Shipping da Dinamarca
pela empresa de navegação Ultragas
por US$ 93 milhões. A fusão
da empresa LAN Airlines com a brasileira TAM
Airlines ainda depende da aprovação
dos órgãos chilenos de regulação.
No caso da Colômbia, os montantes de
investimentos diretos no exterior praticamente
dobraram entre 2009 e 2010, atingindo US$
6,5 bilhões. Esse aumento foi liderado
pelo setor de mineração, que
respondeu por 70% dos fluxos de IDE. Os principais
investimentos foram realizados pela ECOPETRO
nos Estados Unidos, Brasil e Peru, que ainda
devem continuar sendo executados ao longo
de 2011. Também foram particularmente
dinâmicas em 2010 algumas empresas de
serviços, como o Grupo Aval Acciones
y Valores, que comprou a BAC Credomatic na
América Central por US$ 1,9 bilhão,
a Empresas Públicas de Medellín,
empresa estatal de distribuição
de energia, que adquiriu a empresa Distribución
Eléctrica Centroamericana II por US$
605 milhões, e a empresa estatal Interconexión
Eléctrica, que investiu US$ 499 milhões
na Cintra Concesiones de Infraestructuras
de Transporte de Chile. O relatório
destaca ainda os investimentos da empresa
Cementos Argos nos Estados Unidos, Haiti,
Panamá e na República Dominicana.
Os fluxos líquidos de investimentos
diretos no exterior originários da
Venezuela totalizaram US$ 2,4 bilhões
em 2010, o que corresponde a um aumento de
30% na comparação com o ano
anterior. A maior parte dos investimentos
foi realizada pela empresa estatal PDVSA e
se destinaram ao setor petroleiro. Todavia,
também ocorreram investimentos diretos
no exterior do setor financeiro, com a compra
pelo grupo Fondo de Desarrollo Nacional de
participação acionária
importante no Banco AKB Yevrofinans Mosnarbank
da Rússia, e do setor de comércio
e serviços, mediante os investimentos
da empresa Becoblohm Valencia na Costa Rica
e o da empresa de serviços informáticos
Sidif no Chile, Nicarágua e Peru.
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