30 de Setembro de 2011 - nº 487

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O Preço Relativo do Investimento em 2009-2010
 

Um dos desafios da economia brasileira tem sido ampliar sua taxa de investimento. Para tanto, um menor custo de investir é crucial. É visando tal intuito que se deve atentar para o preço relativo do investimento em máquinas e equipamentos e em construção no País, pois quem imobiliza sua riqueza em construções, maquinaria e instalações espera aumentar seu poder de compra no futuro. Qual empreendedor investirá em capacidade produtiva se o custo de investir crescer mais do que o preço dos bens e serviços que ele almeja ter?

O preço relativo do investimento fixo vinha sendo favorecido desde 2006, já que o deflator implícito do investimento fixo crescia menos do que os deflatores implícitos dos bens de consumo final e do PIB, indicando barateamento relativo das inversões. Após uma interrupção no ano de 2008, nos dois últimos anos esta tendência foi renovada: em 2009, o deflator implícito do investimento fixo aumentou 3,8%, enquanto o de bens de consumo crescia 6,5% e o deflator implícito do PIB aumentava 5,7%; em 2010, tais variações foram de, respectivamente, 3,1%, 6,4% e 7,3%. Nesse processo, houve barateamento relativo especialmente dos investimentos em máquinas e equipamentos.

Esta recente melhora no preço relativo do investimento fixo - o que significa barateamento relativo dos investimentos - concorreu para a maior taxa de inversão fixa. Muito pouco dessa redução relativa dos preços dos bens de inversão derivou, segundo nosso ponto de vista, de melhoras no plano interno, ou seja, em redução de preços domésticos dos bens de investimento. Estes continuam sofrendo o impacto negativo de graves distorções que vêm se avolumando na economia brasileira: o elevado custo do insumo industrial, da tributação, da energia, da logística e do capital. Nosso setor produtor de bens de investimento poderia se beneficiar também de uma maior produtividade.

O menor preço relativo da formação bruta de capital fixo (FBCF) está claramente associado à apreciação cambial, o que facilitou e barateou a compra de máquinas e equipamentos importados. Neste sentido, a forte desvalorização do real ocorrida no último mês e uma possível oscilação mais pronunciada da taxa de câmbio podem mudar o quadro. É um equívoco achar que o investimento deva depender do real valorizado. Reduzir o custo de investir frente ao preço dos bens e serviços finais pressupõe esforços para baixar custos de matérias-primas e custos sistêmicos e, também, por esforços de caráter estratégico, a saber:

  • Melhor dotar o Brasil de recursos aptos a consubstanciar uma produção competitiva de bens de capital e materiais e serviços de construção, mediante mão-de-obra qualificada, como engenheiros e técnicos; oferta de estrutura e criação de expertise em medição e calibragem de equipamentos e de reparos; além de recursos típicos de P&D.
     
  • Incrementar a produtividade na fabricação de máquinas e equipamentos, na construção e na oferta de outros itens de relevo na formação bruta de capital fixo - plantio de florestas, erguimento de instalações etc.


Uma maior abundância dos fatores baratearia seus respectivos custos, estimulando a construção e a produção fabril de máquinas e equipamentos em bases competitivas. A maior produtividade também. Assim, o preço relativo da FBCF poderia declinar com consistência, não a mercê de aumento de preços nas commodities ou da apreciação do real por conta do diferencial internacional de taxa de juros.

Novas incertezas emergem no cenário externo, o que pode afetar a taxa de investimento na economia. Como cabe lembrar, os anos de 2007 e 2008 foram promissores para o investimento, mas em 2009, a taxa de inversão fixa como um todo e a de investimento em máquinas e equipamentos recuaram. Em 2010, a proporção da FBCF no PIB voltou a aumentar e atingiu 18,8% igualando o nível recorde até então de 1989, sinalizando retorno à trajetória interrompida em 2009. Os desdobramentos da crise internacional no presente ano assevera a premência de estímulo ao investimento em máquinas, equipamentos, instalações e em construção. Para esse objetivo é relevante reduzir o custo dos investimentos.

Para finalizar, cabe destacar que o preço relativo da FBCF em termos do consumo final registrou queda quase ininterrupta desde 2006. Em 2010 logrou seu patamar mais baixo desde 2000, para o qual contribuiu o recuo do deflator de máquinas e equipamentos. O preço relativo da FBCF em termos do PIB em 2010 obteve seu menor nível desde 1999. Não custa observar que o preço relativo da FBCF seja em termos do consumo final, seja frente ao PIB crescera de 1999 a 2004-2005. Em suma, a própria crise internacional barateou a aquisição de bens capital, até por queda na demanda global por "bens para produzir outros bens". Isto favoreceu, junto com a taxa de câmbio apreciado, o mencionado comportamento do preço relativo do investimento.

 
 

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Expansão da Economia e a Taxa de Investimento. A turbulência pela qual o mundo vem passando, principalmente devido às dificuldades econômicas dos EUA e da União Européia em se reerguerem após a eclosão da crise em 2008, tem posto à prova a capacidade de crescer das economias emergentes. Dentre estas, os holofotes têm se direcionado para o chamado BRIC - Brasil, Índia, Rússia e China (ou mesmo BRICS, na sigla em inglês, para incorporar a África do Sul ou ainda a inclusão mais um "I" para trazer ao grupo a Indonésia). Tais países, de dimensões continentais, populosos e com PIB de magnitude elevada, poderiam oferecer o contrapeso ao menor fôlego dos países avançados.

Obviamente, que o desempenho recente chinês, mesmo em meio à crise internacional e seus desdobramentos, tem se sobressaído por conta das altas taxas de expansão de seu produto interno. Processo este que tem se alicerçado em taxas de investimento fixo elevadas, condizente com sua estratégia nacional de se tornar a "fábrica do mundo".

O Brasil tem se destacado pelo aumento de sua classe média, conformando um mercado consumidor de monta. Ademais, em 2007 e 2008, o Brasil mostrou dinamismo alicerçado em investimento, o que foi interrompido pelo início da fase aguda da crise internacional no final de setembro de 2008. A inversão fixa viria a se recuperar em 2010. Porém, a recuperação no ano passado pode ser apenas pontual ou se converter em uma retomada de fato. O desafio que está se impondo ao País é de fazer com que prevaleça a segunda situação, de retomada expansiva calcada no investimento produtivo.

A economia do Brasil permite evidenciar a interação entre formação bruta de capital fixo e expansão do produto. O período de maior crescimento econômico do País desde 1947, de 1968 a 1973, com taxas médias de crescimento de 11,2% (PIB) e de 8,3% (PIB per capita) registrou a segundo maior taxa de investimento fixo média (medida a preços de 2000). E, se as correlações entre expansão econômica e taxa de FBCF desde meados do século XX no Brasil são evidentes, ganham maior contundência quando são enfocadas as taxas construídas a partir de um dos componentes da FBCF: o investimento fixo em máquinas e equipamentos. Pela segunda das tabelas logo abaixo, as correlações entre as taxas de variação do PIB do País, em termos absolutos e per capita, e a inversão fixa em máquinas e equipamentos ficaram em torno de 62%.

O biênio 2007-2008 marca o ápice recente da taxa de investimento. Em 2008, a razão FBCF/PIB, obtida a partir de valores de 2000, logrou a maior taxa (18,4%) desde 1989 (18,8%). Quanto à taxa de investimento fixo em máquinas e equipamentos, também calculada em valores de 2000, atingiu 9,7% em 2008. Foi o maior patamar alcançado desde 1981 (10,6%), às vésperas da crise da dívida externa de 1982.

Se até 2006, a preocupação era em como ampliar a taxa de investimento e, por conseguinte, conduzir a economia a uma trajetória ascendente mais sustentada, a crise internacional impôs novos condicionantes. Os anos de 2007 e 2008 foram promissores, mas em 2009, a taxa de inversão fixa e a taxa de investimento em máquinas e equipamentos recuaram para 16,6% e 8,5%, respectivamente. No ano subsequente, a proporção da FBCF no PIB atingiu 18,8% igualando o nível de 1989 - mais precisamente, foi a maior taxa desde 1988 (19,1%), pois a taxa de FBCF em 2010 foi de 18,80%, enquanto a de 1989, de 18,75%.

Mas os desdobramentos da crise internacional sentidos em 2011 e a preocupação com o aquecimento doméstico entre meados de 2010 e início de 2011 assevera a premência de estímulo ao investimento em máquinas, equipamentos, instalações e construção em bases distintas: já não basta o mercado doméstico. Além da premência de se verter em prática o discurso de melhoria no ambiente para o investimento e a produção, cumpre reforçar o papel de formar engenheiros e técnicos e estruturas de apoio e de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Tornar mais abundante tais recursos vai torná-los menos caros dentro das fronteiras do País, criando condições mais propícias aos investimentos. Ademais, não se pode perder a oportunidade propiciada pela situação delicada no plano internacional para a redução da taxa de juros.

 

 

 

 

 
Investimento e os Reflexos da Turbulência Internacional.
Enquanto processo, a ascensão da taxa de investimento fixo teve início em 2004, com a FBCF representando 15,0% do PIB, ante 14,5% do PIB em 2003 (considerando valores reais de 2000). Tal movimento ascendente ficou contínuo de 2006, atingindo 15,5% (também a partir de valores constantes de 2000; em 2005 foi de 14,8%), até 2008. Em se tratando da taxa de inversão em máquinas e equipamentos, esse processo teve início também desde 2004 e se manteve contínuo desde então até 2008.

Essa ascensão permitiu que, em 2006, o montante de investimento fixo, de R$ 221 bilhões, a preços de 2000, ultrapassasse a FBCF de 1980 (R$ 209 bilhões), a maior marca conseguida no período de 1947 a 2008. A título de ilustração, em 1997-1998, ápice do mini-ciclo de investimento de 1995-1998, a inversão fixa alcançou R$ 206 bilhões em valores de 2000. Se, para ultrapassar tal montante, a economia brasileira levou quase uma década, 2007 e 2008 lograram patamares superiores, configurando um incremento ininterrupto desde 2003 e que culminou, em 2008, em investimento fixo de R$ 289 bilhões em valores de 2000. Mas, em 2009, a FBCF recuou para R$ 259 bilhões no rastro da crise. Em 2010, como reflexo das medidas anticíclicas e de estímulo calcadas no mercado doméstico, a inversão fixa não só se recuperou como ultrapassou o patamar de dois anos antes, alcançando R$ 316 bilhões.

No entanto, em termos per capita, a FBCF de 2010, de R$ 1,6 mil per capita em valores de 2000, ainda continua aquém do ápice de 1980, quando chegou a R$ 1,8 mil per capita deflacionado para 2000. De qualquer modo, o ano de 2010 registrou o segundo maior resultado da história por esse indicador.

 

 

 
Investimento Fixo, Seu Preço Relativo e Deflatores.
Simplificadamente, para que um empreendedor em potencial se arrisque a imobilizar sua renda ou riqueza em máquinas, equipamentos e instalações, faz-se mister que o mesmo possa vislumbrar retornos futuros capazes de ampliar seu poder aquisitivo amanhã frente ao que tem hoje, isto é, capacidade para adquirir futuramente mais bens e serviços do que no presente.

Emerge de tanto a relevância de se monitorar como tem evoluído o preço de instalações, máquinas e equipamentos vis-à-vis o preço dos demais bens e serviços da economia. Nesta direção, optou-se por empregar duas medidas de preço relativo da inversão fixa: a primeira consistindo na razão entre o deflator da FBCF e o deflator do PIB, e a outra, a relação entre aquele e o deflator do consumo final, i.e., o consumo das famílias mais o consumo do governo. Procedimento equivalente foi adotado para o preço relativo do investimento fixo em máquinas e equipamentos. Em todos os casos, o ano de 1970 foi usado como base, de sorte que, em 1970, cada uma destas relações seja igual à unidade.

Considerando o exposto e aceitando a hipótese de certa superestimação na evolução dos preços relativos do investimento fixo no final dos anos 1980, o preço relativo da FBCF não mais retornou aos patamares da metade inicial dos anos 1970, período de altas taxas de expansão econômica. Porém, em períodos de crescimento da economia e aumento da taxa de inversão no passado próximo, tal conjunção teve em paralelo a queda no preço relativo do investimento fixo.

Detendo-se de partida nos deflatores da FBCF, pode-se tomar o mini-ciclo de investimentos de 1995 a 1998. Este período registrou, na média, um acréscimo no deflator abaixo daquele observado em todos os anos que se seguiram a 1998, justamente o ano derradeiro deste triênio de ligeira recuperação dos investimentos. Tal registro é válido seja para o deflator do investimento fixo quanto para o deflator específico da inversão em maquinaria.

Até 2003, o deflator de máquinas e equipamentos cresceu a taxa de dois dígitos, caindo desde 2004, até 2007, quando o deflator ficou em 2,4%. O deflator do investimento fixo em geral declinou continuamente de 2003 a 2007, quando variou em 3,5%. Ambos os indicadores de preço cresceram em 2008, 10,7% em maquinaria, 9,9% em inversão fixa. Como decorrência da crise internacional, os preços de máquinas e equipamentos declinaram em 5,9% em 2009, contribuindo para que o preço da FBCF não crescesse tanto e ficasse em 3,8%, mesmo com o aquecimento do mercado doméstico e incremento dos preços na construção civil. Em 2010, o deflator da FBCF cresceu 3,1%, menos da metade da variação dos preços do consumo final, de 6,4%. O deflator implícito do PIB ficou em 7,3%.

 

 
Preço Relativo do Investimento Fixo.
Passando para o preço relativo da FBCF, tendo 1970 como ano-base, percebe-se claramente seu incremento quase interrupto desde 1999, quando preço relativo da FBCF era de 1,14, até 2005, ano em que tal razão chegou a 1,31. Quanto à relação entre os deflatores da FBCF e do Consumo Final, o comportamento pouco se diferenciou, com o cume, a partir de 1999, sendo 2004, permanecendo praticamente estável no ano seguinte (1,24, ante 1,05 em 1999 e 1,04 em 1998). Implica afirmar que, de 1999 a 2005, investir produtivamente foi se tornando relativamente mais caro do que gastar em bens e serviços finais.

Se a lógica de quem investe em instalações e maquinaria reside em lograr um fluxo futuro de recursos para fazer crescer sua cesta de consumo, a pergunta decorrente seria porque investir, posto que o intento de uma cesta maior ou qualitativamente melhor estaria se tornando mais difícil. À época, o contexto teve como agravante a opção dos títulos da dívida pública, cujas remunerações cresceram por conta das altas taxas de juros. Não custa rememorar que 1999 marca o começo do regime de metas inflacionárias. As taxas de juros elevadas permitiam e ainda tem possibilitado ganhos a seus detentores com menor risco do que o incorrido por quem se aventurava a imobilizar sua riqueza para produzir.

Contudo, o comportamento mudou favoravelmente em 2006-2007. A relação entre deflator da FBCF e deflator do PIB recuou de 1,31 em 2005 para 1,29 em 2006, ficando em 1,25 em 2007. Na relação entre deflatores da FBCF e do consumo final, o preço relativo saiu de 1,24 em 2004-2005 para 1,17 em 2007. Com o estopim da crise no final do terceiro trimestre do ano seguinte, ambos os indicadores experimentaram ligeiro sobressalto em 2008: o preço relativo da inversão fixa total subiu para 1,27, enquanto o preço relativo da FBCF em termos do Consumo Final cresceu para 1,20.

O solavanco de 2008 foi seguido de retomada da queda no preço relativo da FBCF em 2009 e em 2010, situando-se em 1,19 (em relação ao PIB) e em 1,14 (em relação ao consumo final). Não por menos o crescimento de 7,5% da economia brasileira em 2010 teve no investimento fixo um componente-chave para tanto.

 


Preço Relativo do Investimento Fixo em Máquinas e Equipamentos. Embora para a inversão fixa em maquinaria não se disponha de dados para 2010, pode-se fazer uma breve descrição até 2009, balizando melhor os dados do preço relativo da FBCF como um todo.

Assim, para o preço relativo dos investimentos fixos específicos em maquinaria, os pontos de inflexão em torno de seu comportamento são praticamente os mesmos do preço relativo da FBCF como um todo: após declinar até 1998 (1,47), em 1999 registrou alta (preço relativo de 1,53), continuando até 2005 (1,99). Notar que os patamares do preço relativo da FBCF em maquinaria ficaram em nível bem acima dos patamares dos anos 1990. Comparando o preço relativo da inversão em máquinas e equipamentos com o preço relativo da FBCF como um todo no ano de 2005, enquanto o primeiro chegou 1,99, a segundo medida ficou em 1,31.

No biênio seguinte, o preço relativo da FBCF em maquinaria declinou até 1,88 em 2007. Subiu para 1,92 no ano seguinte. Mas, no rastro da apreciação cambial, o indicador declinou em 2009, para 1,71, sua menor grandeza desde 1999.

Considerando o preço relativo do investimento em maquinaria em termos do consumo final, a alta iniciada em 1999 cessou em 2004, quando atingiu 1,88. Passou a declinar até 2007, quando se situou em 1,76. Em 2008, voltou a crescer, ficando em 1,82, igual ao patamar de 2006. O novo recuo em 2009, fez com que o preço relativo em questão recuasse até 1,61, sua menor magnitude desde 2000 (1,59).

Neste sentido, a crise internacional barateou os bens capital, até por queda na demanda global por "bens para produzir outros bens". Isto favoreceu o comportamento mais recente não apenas do preço relativo do investimento em máquinas e equipamentos, mas também do preço relativo da FBCF como um todo.

O que se observa nitidamente é o caráter favorável da apreciação da taxa de câmbio do real ao preço relativo da FBCF em máquinas e equipamentos. O equívoco que pode se cometer a partir daí é achar que, para se estimular o investimento, o País necessita do real valorizado. O caminho correto reside em fomentar uma maior dotação no Brasil de recursos aptos a consubstanciar uma produção de bens de capital: mão-de-obra qualificada, como engenheiros e técnicos, oferta de estrutura de medição e recursos típicos de P&D. Uma maior abundância destes fatores baratearia seus respectivos custos, estimulando a produção fabril de máquinas e equipamentos em bases competitivas. A carência na oferta de engenheiros mostra claramente este quadro desfavorável e conducente a que o investimento sujeite às flutuações cambiais em demasia.

 

 
Projetando e Comparando.
Na mais recente edição de sua publicação Worl Economic Outlook, de setembro último, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu para baixo o incremento brasileiro em 2011. Segundo o Fundo, o Brasil deverá crescer 3,8% em 2011 e 3,6% em 2012. Menos mal que as projeções para os anos de 2013 a 2016 são de expansão anual de 4,2%. Pari passu, as taxas maiores de 2013-2016 estão atreladas a uma elevação na taxa de investimento total projetada (proporção da soma da FBCF com a variação de estoque no PIB; não sendo portanto uma medida igual à taxa de investimento fixo usada anteriormente, com base nos dados do IBGE). O FMI projetou uma taxa de investimento total de 19,8% em 2011, que deverá subir continuamente até 22,3% em 2016.

Notar que as taxas maiores projetadas para 2013-2016, embora maiores do que as projetadas para as economias avançadas que estão no olho do furacão, estão notavelmente aquém daquelas dos integrantes asiáticos dos BRIICS, China, Índia e Indonésia. Na América Latina, Chile, Colômbia e Peru deverão presenciar expansão maior, conforme tais projeções.

O que se nota também é o elevado patamar das taxas de inversão total das economias asiáticas, mesmo as mais avançadas como Coréia do Sul e Cingapura, cujas taxas de expansão não deverão ultrapassar a brasileira em 2013-2016.

Assim, se as projeções asseveram o papel do investimento para o crescimento econômico sustentado, o barateamento das máquinas e equipamentos como decorrência da crise global e, no caso brasileiro, de 2006 a 2010, da apreciação do real, podem significar uma oportunidade. Mas os alicerces de fato residem no esforço estratégico de melhor dotar o País de recursos aptos a produzirem competitivamente os bens de capital e as estruturas para o investimento fixo. Assim, o preço relativo da FBCF poderia declinar com consistência, não a mercê de aumento de preços nas commodities ou da apreciação do real por conta do diferencial internacional de taxa de juros.