2 de Março de 2012 - nº 509

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A Estagnação da Produtividade Industrial em 2011
 

Sumário

A produtividade industrial em 2011 ficou estagnada (-0,2%), após ter registrado expansão de 6,1%  em 2010. O resultado de 2011 foi o segundo pior nos últimos 10 anos, só superado pela queda de 2,2% em 2009. Como o emprego industrial cresceu 1,0%, acompanhado de expansão na remuneração média real, observou-se aumento no custo da mão de obra acima da produtividade.

Pelo menos dois fatores conjunturais explicam o resultado da produtividade em  2011. Por um lado, a base de comparação com 2010 é muita elevada. Dificilmente no atual contexto da economia brasileira e internacional seria possível a produção e as horas pagas crescerem  mais do que foram os resultados verificados em  2010. Assim, uma desaceleração do crescimento da produtividade em 2011 já era esperada. Por outro lado, como reação do setor industrial à redução do crédito, aumento de juros e concorrência dos importados observou-se desaceleração na produção industrial nos últimos 4 meses do ano, resultando em fechamento do ano sem crescimento na produtividade.

Dois argumentos adicionais ajudam a explicar a estagnação da produtividade industrial em 2011. De um lado, há um componente demográfico, associado à tendência de menor crescimento da população em idade ativa, devido à queda da taxa de natalidade. Este fenômeno de observação recente pode estar induzindo as empresas a serem mais cautelosas na dispensa de mão de obra, pois faz pouco sentido demitir para contratar depois, possivelmente com mais dificuldade. Assim, pode-se observar taxas de desemprego relativamente baixas com baixo dinamismo econômico, enquanto expectativas não se deterioram de forma mais acentuada. A escassez relativa de mão-de-obra também contribui para pressionar por aumento de salários, que em um contexto de produtividade estagnada ou declinante pressiona o custo das empresas, diminuindo sua competitividade.

O segundo fator estrutural a pressionar a produtividade industrial é a tendência à sobrevalorização do câmbio. A contribuição negativa do câmbio tendencialmente sobrevalorizado para a produtividade industrial se dá pelo fato de tornar menos competitiva a produção doméstica, estimulando a penetração de importações industriais, principalmente de produtos chineses. Além disso, o câmbio sobrevalorizado coloca uma barreira às exportações, mesmo de setores eficientes do ponto de vista microeconômico. A combinação de salários relativamente mais elevados com taxa de câmbio valorizada direciona a demanda crescente de bens de consumo para importações, desistimulando a produção doméstica, em particular de produtos industriais. O setor da indústria de transformação é o que tem sido mais penalizado pela tendência a sobrevalorização da moeda, e, neste contexto, a perda de dinamismo da produtividade industrial está em grande medida associada a um processo de desindustrialização precoce da economia brasileira.

Do ponto de vista setorial a queda na produtividade industrial em 2011 foi observada em 12 dos 18 setores industriais, resultado que contrasta com o obtido em 2010, quando apenas dois setores apresentaram contração na produtividade. No geral, o desempenho setorial da produtividade apresentou taxas de variação mais dispersas em relação a 2010. Com exceção do setor de Fumo, maior expansão setorial (22,3%), os demais com desempenho positivo da produtividade em 2011 também apresentaram crescimento em 2010, porém, ou com forte retração nas horas pagas e emprego, como em Papel e gráfica e Madeira, ou com pequena variação nas horas pagas, como em Minerais não metálicos, Produtos de metal e Coque, refino petróleo, combustíveis nucleares e Álcool.

Dos setores com resultado negativo em 2011, Têxtil foi o maior destaque (-13,4%), sendo que também já havia retraído a produtividade em 2010, indicando que este ramo de atividade vem perdendo participação dentro da indústria. O setor de  Máquinas e parelhos elétricos, eletrônicos, de precisão e de comunicações, a segunda maior queda na produtividade em 2011 (-6,1%), em 2010 expandiu sua produtividade em apenas 1,0%, indicando também perda de dinamismo na estrutura industrial, apesar de ter apresentado a segunda melhor taxa de crescimento do emprego (6,1%) em 2011.

Dos dez locais pesquisados, cinco apresentaram decréscimos de produtividade, quatro aumento e um registrou estabilidade. As maiores quedas foram em Estados do Nordeste: Ceará (-9,2%), Bahia (-5,8%) e Pernambuco (-5,2%). Fora dessa região houve evolução negativa apenas em Santa Catarina (-4,7%), Minas Gerais (-2,5%) e Rio de Janeiro (-0,7%). Os resultados de Ceará e Bahia foram os piores dos últimos dez anos, e o de Pernambuco é o segundo pior. No Ceará e na Bahia o resultado foi terminado pela queda na produção – de 11,7% e 4,4% respectivamente. Em Pernambuco como a produção permaneceu estagnada (0,0%) e o aumento das horas pagas foi de 5,5%, essa última variável foi a que determinou o resultado.

Os maiores acréscimos de produtividade foram nas indústrias do Espírito Santo (6,3%), Paraná (4,0%) e São Paulo (2,0%), ficando estável a produtividade no Rio Grande do Sul (0,3%). Pelo segundo ano consecutivo Espírito Santo alcançou a maior taxa de produtividade entre os locais pesquisados e bem acima da média nacional (27,1%). No acumulado nos últimos 10 anos a indústria capixaba é a de maior variação positiva (78,1%). Novamente em 2011 o destaque foram as Indústrias extrativas com aumento de 25,4% na produtividade. Na indústria do Paraná, como na de Espírito Santo, o aumento da produtividade foi determinado pelo forte incremento na produção física – 7,0% no Paraná e 6,8% no Espírito Santo. Em São Paulo, no entanto o padrão muda, sendo a queda nas horas pagas (-1,7%) num contexto de estabilidade na produção (0,2%) o determinante da variação positiva da produtividade. No Rio Grande do Sul a variação da produção industrial (2,0%) e das horas pagas (1,6%) foi muito próxima, portanto praticamente não houve variação da produtividade (0,3%).

 
 

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A Produtividade Industrial em 2011. Em 2011 a produtividade industrial ficou estagnada (-0,2%), além de registrar o segundo pior resultado dos últimos 10 anos, só superado pela queda de 2,2% em 2009. Esse resultado contrasta fortemente com o crescimento de 6,1% em 2010, variação igual a verificada em 2004, ano que marcou o início da breve retomada de crescimento da economia brasileira nos anos 2000. Esta retomada foi caracterizada pela recuperação do emprego industrial a partir de 2004, que com a manutenção de taxas positivas de aumento da produtividade, não representou, na média do período 2004-2008, pressão de custos de salário para as empresas.
 
O fraco resultado da produtividade em 2011 pode ser explicado pela comparação com um resultado muito elevado em 2010. Dificilmente no atual contexto da economia brasileira e internacional, seria possível a produção e as horas pagas crescerem, respectivamente, mais de 10,4% e 4,1% que foram os resultados de 2010. Uma desaceleração do crescimento em 2011 já era esperada, dado que o processo de recuperação da crise, iniciado com pouco fôlego em 2009, se esgotou já no início de 2011. Uma expansão da produtividade em 2011 poderia ocorrer com uma nova retomada do crescimento da economia brasileira, o que não se verificou.

A desaceleração da produção industrial (0,3%) e das horas pagas (0,5%) não foi acompanhada de movimento em igual proporção na variação no emprego, que terminou o ano com crescimento de 1,0%. Em momentos de perda de dinamismo da economia o impacto é sempre maior sobre o nível de produção do que sobre o de emprego e horas trabalhadas. Devido aos custos de demissão e contratação, empresários só dispensam mão-de-obra se a perspectiva for de agravamento da situação econômica, que não parece ter sido o caso da economia brasileira.

Porém, manter ou expandir o nível de emprego com queda na produtividade implica aumento no custo médio da mão de obra. Em 2011, a folha de pagamento média real apresentou expansão de 3,2%, percentual próximo ao observado em 2010 (3,3%), resultando aumento no custo do trabalho de 3,4%. Uma peculiaridade no comportamento da produtividade em 2011, portanto, está no mercado de trabalho, que tem registrado taxas de desemprego relativamente baixas em um cenário de baixo dinamismo econômico, exercendo pressão salarial sobre os custos industriais.

 

 
A comparação dos indicadores de média móvel de 12 meses de emprego, produtividade e custo do trabalho ao longo dos anos 2000 revela que a tendência dos salários exercerem pressão sobre o custo das empresas ocorreu apenas no último trimestre de 2008 até fevereiro de 2010, período em que a produtividade do trabalho se desacelerou, acompanhando a desaceleração na produção física. Neste intervalo, a pressão de custos se manifestou mesmo com queda no nível de emprego. A recuperação da produtividade e do emprego a partir de 2010 foi acompanhada de queda no custo do trabalho, tendência que se inverteu em março de 2011 com queda na produtividade sem queda no emprego e consequentemente aumento da pressão de custo de salário.

 

 
A dinâmica do comportamento da produção, horas pagas, produtividade, emprego e custo do trabalho ao longo do ano de 2011 mostra no primeiro semestre um comportamento oscilante da produção industrial, alternando taxas positivas e negativas a cada bimestre, e taxas decrescentes de crescimento nas horas pagas e no emprego a partir de fevereiro. O desempenho no segundo semestre foi marcado por um cenário macroeconômico de maior contenção da demanda agregada e piora nas expectativas, resultando em queda na produção, horas pagas e emprego a partir de setembro com retração na produtividade, esta sendo interrompida em dezembro. A pressão de custo de salário foi mantida ao longo de todo o ano, à exceção do mes de fevereiro. A desaceleração na produção industrial nos últimos 4 meses do ano foi atribuída a uma reação do setor à redução do crédito, aumento de juros e concorrência dos importados.

Dois argumentos adicionais podem ajudar a explicar a estagnação da produtividade industrial em 2011, além dos fatores conjunturais mencionados - esgotamento da retomada do crescimento de 2010 e contração da demanda doméstica em 2011. De um lado, há um componente demográfico, de observação recente, associado à tendência de menor crescimento da população em idade ativa, devido à queda da taxa de natalidade. Assim, um aquecimento maior da economia, como o verificado em 2010, tende a criar uma situação de escassez  relativa de mão-de-obra com a demanda por força de trabalho aumentando acima da oferta. Nesta situação é mais difícil selecionar os melhores trabalhadores na hora da contratação e a tendência é contratar trabalhadores menos qualificados que, em princípio, seriam menos produtivos. Se uma mudança no cenário macroeconômico não indica uma deterioração forte nas expectativas, a relativa escassez de mão de obra devido a fatores estruturais, induz as empresas a serem mais cautelosas na dispensa de mão de obra, pois faz pouco sentido demitir para contratar depois, possivelmente com mais dificuldade. Assim, pode-se observar taxas de desemprego relativamente baixas com baixo dinamismo econômico, enquanto expectativas não se deterioram de forma mais acentuada. A escassez relativa de mão-de-obra também contribui para pressionar por aumento de salários, que em um contexto de produtividade estagnada ou declinante pressiona o custo das empresas, diminuindo sua competitividade.

 

 
O segundo fator estrutural a pressionar a produtividade industrial é a tendência à sobrevalorização do câmbio que se observa  desde da segunda metade dos anos 1990, e de forma mais acentuada a partir de meados dos anos 2000 a partir do boom no preço das commodities. A contribuição negativa do câmbio tendencialmente sobrevalorizado para a produtividade industrial se dá pelo fato de tornar menos competitiva a produção doméstica, estimulando a penetração de importações industriais, principalmente de produtos chineses. Além disso, o câmbio sobrevalorizado coloca uma barreira às exportações, mesmo de setores eficientes do ponto de vista microeconômico. A combinação de salários relativamente mais elevados com taxa de câmbio valorizada direciona a demanda crescente de bens de consumo para importações, desistimulando a produção doméstica, em particular de produtos industriais. O setor da indústria de transformação é o que tem sido mais penalizado pela tendência a sobrevalorização da moeda, e, neste contexto, a perda de dinamismo da produtividade industrial está em grande medida associada a um processo de desindustrialização precoce da economia brasileira. Este processo traz consequencias negativas para a expansão da produtividade da economia como um todo, tendo em vista que é no setor manufatureiro onde se observa economias de escala crescentes, com impactos positivos sobre demais setores de atividade.

Variável importante para explicar a melhoria na produtividade é o investimento. A comparação do desempenho entre as taxas de crescimento da formação bruta de capital fixo e da produtividade mostra que a partir de 2004 a taxa de crescimento do investimento da economia se recupera até 2008, sendo acompanhada de crescimento positivo da produtividade industrial. O ano de 2009 é de recessão, com queda no investimento e na produtividade, e de 2010 de recuperação, com expansão em ambas as taxas. Em 2011, observa-se que a taxa de crescimento positiva do investimento não se refletiu em aumento de produtividade na indústria, o que pode ser um indicativo de perda de importância do setor industrial na estrutura produtiva do país. 

Em suma, poucas vezes na história da indústria foi tão importante, e talvez tão difícil, um incremento de produtividade. Com o aumento da produtividade seria possível absorver a pressão de custos pelo lado dos salários, como observado no período 2004-2008, e aumentar a competitividade das empresas, quesito fundamental para enfrentar o desafio colocado pelas importações de produtos industriais chineses. Se isso não ocorrer, não há dúvida de que o processo de desindustrialização – entendido como perda de participação da indústria no PIB e de importância de setores de maior dinamismo tecnológico dentro da indústria- vai se acelerar.


 
Produtividade por Setores de Atividade.
A queda na produtividade industrial em 2011 foi observada em 12 dos 18 setores industriais, resultado que contrasta com o obtido em 2010, quando apenas dois setores apresentaram contração na produtividade. Dos setores com crescimento positivo em 2011, o maior destaque foi para o de Fumo com expansão de 22,3%, resultado de expansão de 13,4% na produção física, a maior dentre todos os setores, e queda de 7,3% nas horas pagas. O emprego se contraiu em 4,7%. Este setor foi o que apresentou pior resultado da produtividade em 2010 (queda de 3,6%).

A segunda melhor taxa de expansão da produtividade no ano foi observada no setor de Papel e gráfica (10,3%) com crescimento de 1,4% na produção física e queda de 8,1% nas horas pagas e contração de 7,5% no emprego. A melhor taxa de expansão da produtividade no ano de 2010 foi observada no setor de Madeira, que em 2011 ocupou a terceira posição, com o percentual de 9,6%. Este resultado porém foi alcançado com uma pequena retração na produção física (-0,9%) e queda acentuada nas horas pagas (-9,5%) e no emprego (-9,3%), sendo as quedas nestas duas taxas as maiores observadas em 2011.

Os setores seguintes com expansão positiva da produtividade – Minerais não metálicos (2,9%) e Produtos de metal (1,7%) obtiveram esses resultados com expansão na produção física (3,2% e 2,6%, respectivamente) e mantiveram estáveis as horas pagas (0,3% e 0,9%, respectivamente). O setor de Coque, Refino de petróleo, Combustíveis Nucleares e Álcool, o último a apresentar resultado positivo da produtividade (1,2%), registrou  pequena retração nas horas pagas (- 0,7%) em relação à produção física (0,5%).

Dos  setores com decréscimo na produtividade – Produtos químicos (-0,6%), Vestuário (-0,9%), Borracha e plástico (-1,2%), Calçados e couro (-4,7%) e Têxtil (-13,4%) – apresentaram contração na produção física (-1,3%; -4,4%; -1,3%, -10,4% e -14,9%, respectivamente) e nas horas pagas (-0,7%; -3,5%; -0,1%; -6,0% e -1,7%, respectivamente). Nos setores de Têxtil e de Calçados e couro foram registradas as maiores quedas na produção física em 2011.

 

 
Os setores de Indústrias extrativas (-1,3%), Fabricação de meios de transporte (-2,6%), Máquinas e equipamentos (-3,2%) e Fabricação de outros produtos da indústria de transformação (-3,3%) apresentaram expansão na produção física (2,1%; 3,4%, 0,5% e 1,1%, respectivamente) e também nas horas pagas (3,5%; 6,2%; 3,7% e 4,5%, respectivamente). O setor de Fabricação de meios de transporte registrou a maior expansão no emprego (6,9%) e também nas horas pagas. Deste grupo de setores, com queda na produtividade e expansão na produção física e nas horas pagas, vale destacar o de Máquinas e equipamentos, que em 2010 apresentou a segunda melhor taxa de crescimento da produtividade (13,2%) e em 2011 ficou na 15ª. posição no ranking das taxas.

Por fim, os setores de Alimentos e bebidas (-2,2%), Metalurgia básica (-2,7%) e de Máquinas e parelhos elétricos, eletrônicos, de precisão e de comunicações (-6,1%) tiveram a queda na produtividade como resultado de ligeira retração na produção física (-0,2%; -0,4%; -0,6%, respectivamente) e expansão nas horas pagas (2,0%; 2,3% e 5,9%, respectivamente). O setor de Máquinas e parelhos elétricos, eletrônicos, de precisão e de comunicações registrou a maior expansão nas horas pagas em 2011 e a segunda maior taxa de expansão no nível de emprego (6,1%).

Em suma, o desempenho setorial da produtividade em 2011 apresentou taxas de variação mais dispersas em relação a 2010, quando a maioria dos setores registrou expansão na produtividade. Com exceção do setor de Fumo, os demais com desempenho positivo da produtividade em 2011 também apresentaram crescimento em 2010, porém, ou com forte retração nas horas pagas e emprego, como em Papel e gráfica e Madeira, ou com pequena variação nas horas pagas. Dos setores com resultado negativo em 2011, Têxtil foi o maior destaque, sendo que também já havia retraído a produtividade em 2010, indicando que este ramo de atividade vem perdendo participação dentro da indústria. O setor de  Máquinas e parelhos elétricos, eletrônicos, de precisão e de comunicações, a segunda maior queda na produtividade em 2011, em 2010 expandiu sua produtividade em apenas 1,0%, indicando também perda de dinamismo na estrutura industrial, apesar de ter apresentado a segunda melhor taxa de crescimento do emprego.

Em termos de remuneração do trabalho, em 2011 em todos os setores, com exceção de Papel e gráfica, observou-se ganho de salário médio real. Comparando o desempenho da produtividade com a remuneração média da mão de obra,observa-se que o crescimento da produtividade supera o da remuneração média real apenas nos setores de Fumo, Papel e gráfica, Madeira e Produtos de metal. Este resultado contrasta bastante com o observado em 2010, quando na maioria dos setores a expansão da produtividae superou o crescimento do salário médio. Esta indicação reforça a característica do ano de 2011, onde a desaceleração na produtividade vem acompanhada de perda de competitividade do setor industrial pelo aumento relativo no custo do trabalho, além da tendência mais estrutural de perda de competitividade pela sobrevalorização do câmbio.


 
Produtividade por Unidades da Federação e Setores de Atividade em 2011.
Dos dez locais pesquisados, cinco apresentaram decréscimos de produtividade, quatro aumento e um registrou estabilidade. As maiores quedas foram em Estados do Nordeste: Ceará (-9,2%), Bahia (-5,8%) e Pernambuco (-5,2%). Fora dessa região houve evolução negativa apenas em Santa Catarina (-4,7%), Minas Gerais (-2,5%) e Rio de Janeiro (-0,7%). Os resultados de Ceará e Bahia foram os piores dos últimos dez ano, e o de Pernambuco é o segundo pior. No Ceará e na Bahia o resultado foi terminado pela queda na produção – de -11,7% e -4,4% respectivamente. Em Pernambuco como a produção permaneceu estagnada (0,0%) e o aumento das horas pagas foi de 5,5%, essa última variável foi a que determinou o resultado.

Os maiores acréscimos de produtividade foram nas indústrias do Espírito Santo (6,3%), Paraná (4,0%) e São Paulo (2,0%), ficando estável a produtividade no Rio Grande do Sul (0,3%). Pelo segundo ano consecutivo Espírito Santo alcança a maior taxa de produtividade entre os locais pesquisados e bem acima da média nacional (27,1%). No acumulado nos últimos 10 anos a indústria capixaba é a de maior variação positiva (78,1%). Novamente em 2011 o destaque foram as Indústrias extrativas com aumento de 25,4% na produtividade. Na indústria do Paraná, como na de Espírito Santo, o aumento da produtividade foi determinado pelo forte incremento na produção física – 7,0% no Paraná e 6,8% no Espírito Santo. Em São Paulo, no entanto o padrão muda, sendo a queda nas horas pagas (-1,7%) num contexto de estabilidade na produção (0,2%) o determinante da variação positiva da produtividade. No Rio Grande do Sul a variação da produção industrial (2,0%) e das horas pagas (1,6%) foi muito próxima, portanto praticamente não houve variação da produtividade (0,3%).

A comparação entre quanto o trabalhador rende (produtividade) em relação a quanto o mesmo custa oferece uma indicação de competitividade industrial. Se o aumento do custo salarial não é compensado por maior produtividade deve haver perda de competitividade. Os custos salariais tendem a acompanhar evolução da folha de pagamento real por trabalhador. Observa-se que em 2011 houve perda de competitividade na indústria brasileira (-0,2 de produtividade ante 3,2% da folha média real) e em todos os locais, exceto no Espírito Santo (6,3% de produtividade contra 3,3% da folha média real) e no Paraná, onde a evolução da produtividade e da folha de pagamento média real foram próximas, não havendo ganho ou perda. No acumulado dos últimos dez anos há ganhos para Brasil, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo e perdas para Minas Gerais, Pernambuco, Bahia, Ceará e Santa Catarina. O maior aumento tanto de produtividade como de folha média real, no período 2002-2011 foi no Espírito Santo (78,1% e 67,8% respectivamente), por conta disso esse não foi o local de maior ganho de competitividade e sim o Paraná, onde o acréscimo da produtividade (43,9%) foi mais do dobro dos custos salariais (21,0%). A maior perda de competitividade foi da indústria de Minas Gerais com acréscimo de 16,6% da produtividade contra crescimento de 57,6% da folha média real seguido do Ceará (3,2% e 43,7% respectivamente).

A indústria do Espírito Santo alcançou em 2001 uma variação de 6,3% na produtividade industrial, a maior marca dentre os locais pesquisados. Esse local vem registrando elevadas taxas de produtividade, sendo a deste ano apenas a sexta maior da série, inferior, no período recente a de 2010 (14,8%) e 2008 (6,6%). O resultado foi determinado pelo incremento da produção física (6,8%) dado que as horas pagas apresentaram estabilidade (0,4%). Novamente o maior aumento da produtividade foi verificado nas Indústrias extrativas (25,4%) devido ao seu expressivo acréscimo de produção (29,6%). Cabe destacar a forte queda da produtividade na Metalúrgica básica (-25,9%), devido à queda na produção (-27,0%).

A indústria do Paraná atingiu esse ano a segunda maior taxa de incremento da produtividade dentre os locais pesquisados (4,0%). Esse incremento, no entanto, é a pior marca dos últimos quatro anos e bem inferior ao alcançado no ano passado (10,1%). Esse resultado foi muito influenciado pelo desempenho positivo de Coque, refino de petróleo, combustíveis nucleares e álcool (34,7%) e em menor medida dos setores de Madeira (18,6%) e Borracha e plástico (6,3%).

A indústria de São Paulo apresentou um acréscimo de produtividade de apenas 2,0%, o menor incremento dos últimos cinco anos. A taxa obtida é fruto de uma combinação de estabilidade na produção (0,2%) com queda nas horas pagas (-1,7%). As maiores variações positivas ocorreram nas indústrias de Produtos de metal, exclusive máquinas e equipamentos (7,6%) e Coque, refino de petróleo, combustíveis nucleares e álcool (7,0%). Metalúrgica básica e Veículos automotores registraram queda de produção – de 3,2% e 3,0 % respectivamente – que não devem ter sido acompanhados de diminuição proporcional nas horas pagas, por serem segmentos pouco intensivos em mão-de-obra e, portanto, possivelmente contribuíram negativamente para o resultado global.

A indústria do Rio Grande do Sul apontou estabilidade na produtividade (0,3%), com a variação da produção (2,0%) ficando muito próxima a das horas pagas (1,6%). Dos segmentos onde é possível estimar a produtividade apenas dois – Fumo (19,8%), que tem pouco peso, e Calçados e couro (4,4%) - apontaram acréscimos. Houve decréscimo expressivo em Coque, refino de petróleo, combustíveis nucleares e álcool (-9,0%) e Borracha e plástico (-9,0%).

A indústria do Rio de Janeiro registrou pequena queda na produtividade industrial (-0,7%) fruto da combinação de estabilidade na produção (0,3%) com aumento nas horas pagas (1,1%). A maior queda de produtividade se verificou nas Indústrias extrativas (-14,0%). Em sete dos últimos dez anos esse setor teve queda de produtividade, sendo a de 2011, a segunda maior desse período. Houve contração da produtividade também em Têxtil (-10,0%), Metalúrgica básica (-3,5%) e Coque, refino de petróleo, combustíveis nucleares e álcool (-3,3%). O acréscimo mais expressivo foi de Borracha e plástico (4,0%).

A indústria de Minas Gerais alcançou a pior marca da região sudeste (-2,5%). Nos últimos quatro anos, apenas em 2010 esse local teve aumento de produtividade. Em contraste, nos seis anos anteriores, de 2002 a 2007, só foram registradas variações positivas de produtividade. É visível, portanto, a perda de dinamismo e competitividade da indústria da região. As maiores contrações se verificaram em Coque, refino de petróleo, combustíveis nucleares e álcool (-8,8%), Têxtil (-8,5%) e Metalúrgica básica (-5,0%). O maior aumento de produtividade foi em Produtos de metal, exclusive máquinas e equipamentos (13,5%).

A indústria de Santa Catarina foi a única da região sul a ter um decréscimo de produtividade (-4,7%). Esse resultado negativo foi o maior dos últimos oito anos. Esse resultado foi influenciado pelas contrações em Têxtil (-12,4%), Metalúrgica básica (-9,0%). Houve avanços na produtividade em Madeira (9,1%) e Vestuário (6,7%).

A indústria de Pernambuco apontou um decréscimo de 5,2%. Esse resultado foi atípico pois, foi a primeira contração da produtividade no local desde 2002 (-7,9%). Setores de peso na indústria da região tiveram quedas de produtividade: Alimentos e bebidas (-9,7%) e Coque, refino de petróleo, combustíveis nucleares e álcool (-8,8%) assim como Metalúrgica básica (-7,1%). Só três setores apontaram resultados positivos: Produtos e metal, exclusive máquinas e equipamentos (14,0%), Calçados e couro (8,1%) e Borracha e plástico (2,2%).

A indústria da Bahia apresentou diminuição de 5,8% na produtividade. Esse foi seu pior resultado dos últimos dez anos. Coque, refino de petróleo, combustíveis nucleares e álcool, setor de grande peso na indústria local, registrou queda de 6,7%. A maior contração, no entanto, foi a da Metalúrgica básica (-8,8%). Houve acréscimos em Minerais não metálicos (3,1%) e Alimentos e bebidas (1,0%).

A indústria do Ceará, com decréscimo de 9,2%, obteve o pior resultado dentre os locais pesquisados e também de toda a série. Quatro setores apresentaram contrações expressivas: Têxtil (-24,3%), Vestuário (-15,2%), Produtos de metal, exclusive máquinas e equipamentos (-14,5%) e Calçados e couro (-14,1%). Só dois segmentos registraram aumento: Coque , refino de petróleo, combustíveis nucleares e álcool (11,9%) e Alimentos e bebidas (2,1%).