16 de Agosto de 2013 - nº 585

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Produtividade Industrial no Primeiro Semestre de 2013
 

Sumário

O crescimento de 2,8% da produtividade no semestre é um indício claro de que a indústria está recuperando sua trajetória de crescimento em 2013. Em 2012 a produtividade registrou queda de 0,7%, e como o comportamento da produtividade é pró-cíclico, o resultado no semestre acompanhou a recuperação de 1,9% na produção industrial que ocorreu com ligeira queda nas horas pagas (-0,9%)  e no emprego (- 0,7%). A recuperação da produtividade com estabilidade na evolução do emprego teve impacto de reduzir a pressão de custo da mão de obra, pois a variação da folha de pagamento real por trabalhador situou-se apenas 0,6% acima do crescimento da produtividade, mantendo o custo unitário da mão de obra relativamente estável.

A perspectiva, no curto-prazo, é de manutenção do aumento de produtividade, pois é pouco provável que ocorra um significativo crescimento do emprego e das horas pagas. Não está descartada também a hipótese de queda no emprego, dado que a taxa de desemprego parou de cair e está registrando um leve incremento. Portanto o crescimento da indústria, por menor que seja daqui para frente, tende a produzir aumento da produtividade. No médio e longo prazo, a continuidade de aumentos de produtividade dependerá do crescimento da produção e dos investimentos em ativos fixos e também em inovações.

Cabe notar ainda que o emprego só irá se elevar quando a indústria estiver numa trajetória mais sólida de crescimento. Esse comportamento decorre do fato do emprego reagir defasadamente em relação à produção, devido aos custo de admissão e demissão da mão de obra. Além disso há indicações de que a indústria está retendo trabalhadores, ou seja está com mais trabalhadores do que seria necessário, pois há dificuldade de reposição de trabalhadores com o grau de qualificação necessário, dado o contexto de um mercado de trabalho com relativa escassez de mão-de-obra, como atestam os baixos níveis de desemprego.

A recuperação da produtividade industrial foi registrada no segmento da Indústria de Transformação que apresentou crescimento de 3,4%, enquanto o segmento das Indústrias Extrativas apresentou queda de 8,2% no semestre, a segunda pior taxa dentre todos os setores. Em termos de evolução da produtividade da Indústria de Transformação, esta  apresentou tendência de crescimento desde o segundo semestre de 2012, apesar de oscilações. Esta recuperação na produtividade pode ser atribuída, em parte, a resposta favorável deste segmento às medidas de incentivo adotadas pelo governo desde 2012 com o intuito de melhorar a rentabilidade da indústria. Em termos da tendência de absorção de mão de obra observa-se que tem sido decrescente.

Em termos setoriais também predominou o comportamento pró-cíclico da produtividade. Assim, dos 11 setores com crescimento da produtividade, apenas os setores de Vestuário (2,6%) e Têxtil (0,7%) registraram contração na produção e contração mais forte nas horas pagas para obter resultado positivo da produtividade. Demais setores com crescimento positivo da produção e da produtividade foram: Calçados e Couro (13,2%); Fabricação de Meios de Transporte (12,8%); Madeira (10,1%); Coque, Refino de petróleo, Combustíveis Nucleares e Álcool (9,0%); Fabricação de Outros Produtos da Indústria de Transformação (7,9%); Máquinas e Equipamentos (7,5%%); Borracha e Plástico (3,2%); Máquinas e Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, de Precisão e de Comunicações (2,3%) e Minerais Não-Metálicos (1,6%). Os setores de Material de Transporte e de Máquinas e Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, de Precisão e de Comunicações merecem destaque, pois tinham fechado o ano de 2012 com decréscimo acentuado na produtividade, e apresentaram recuperação no primeiro semestre de 2013, com crescimento positivo da produção e das horas pagas. Em Material de Transporte verificou-se a segunda melhor taxa dentre todos os setores em 2013.

No recorte regional, a maior produtividade no primeiro semestre de 2013 foi determinada principalmente pelo bom desempenho de São Paulo (2,9%), pois Rio de Janeiro (1,1%) teve um desempenho abaixo da média nacional e Minas Gerais (-0,6%) uma variação negativa. Nas demais unidades da federação os destaques foram Bahia (11,8%), Rio Grande do Sul (8,2%) e Pernambuco (8,0%). No caso da Bahia foi expressivo tanto o aumento da produção (5,9%) quanto a queda das horas pagas (-5,3%). As maiores marcas negativas foram de Espírito Santo (-5,5%) e Santa Catarina (-1,0%). Na maioria dos locais houve incremento da produção acompanhado de diminuição ou baixo crescimento das horas pagas. Portanto o aumento da produtividade foi determinado sobretudo, pelo aumento de produção. Fogem a essa regra apenas Minas Gerais, Santa Catarina e Espírito Santo que registraram contração na produtividade.

 
 

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A Produtividade da Indústria. A produtividade da industrial cresceu 2,8% no semestre, num movimento lento de recuperação após ter fechado o ano de 2012 com queda de 0,7%. Como o comportamento da produtividade é pró-cíclico, o resultado no semestre acompanhou a recuperação de 1,9% na produção industrial que ocorreu com ligeira queda nas horas pagas de 0,9% e no emprego de 0,7%. A evolução das taxas mes a mes evidencia de forma mais nítida o caráter pró-cíclico da produtividade que ficou próxima das oscilações da produção industrial. As horas pagas e o emprego na evolução mes a mes registraram pouca variação, predominando taxas negativas. Registre-se que em 2012 o emprego industrial havia recuado em 1,4%. Outro indício de recuperação da produção e da produtividade no semestre é observado na comparação do resultado de junho com igual mes do ano anterior, onde a produção e a produtividade registraram, respectivamente, taxas de expansão 3,1% e 3,5%, com ligeiro recuo no emprego e horas pagas de 0,4%.

A estabilidade na evolução do emprego associado ao ganho de produtividade resultou menor ganho de salário real médio. Assim, a folha de pagamento real por trabalhador apresentou expansão menor no semestre, de 3,5%, em relação ao registrado em 2012 (5,8%), mantendo o custo unitário da mão de obra estável, com crescimento de apenas 0,6%.

 

 
A recuperação da produtividade industrial foi registrada apenas no segmento da Indústria de Transformação que apresentou crescimento de 3,4%, enquanto o segmento das Indústrias Extrativas apresentou queda na produtividade de 8,2% no semestre. Como a Indústria de Transformação tem maior peso na composição do indicador da indústria geral, este segue o comportamento da Indústria de Transformação. No entanto, vale a ressalva de que devido ao processo de mudança estrutural nas últimas décadas, com perda de peso da Indústria de Transformação no valor adicionado da economia, as Indústrias Extrativas vêem aumentando sua participação. Segundo as Contas Nacionais, o peso do valor adicionado a preços correntes da Indústria de Transformação passou de 94,9% em 1996 para 75,7% em 2012 no total das indústrias Extrativas e de Transformação.

Considerando a evolução do indicador de produtividade desde 2002 na comparação de média móvel de 12 meses, esta mostra que desde setembro de 2011 as taxas de crescimento das Indústrias Extrativas são negativas e crescentes, enquanto as taxas da Indústria de Transformação demonstravam recuperação a partir de fevereiro de 2013.

 

 
Considerando a evolução da produtividade pelos dois segmentos de indústria desde 2012, tendo por base de comparação o ano de 2011 quando a produtividade industrial esteve estagnada, observa-se que na Indústria de Transformação a produtividade apresentou taxas positivas em agosto, setembro e outubro de 2012 e a partir de janeiro de 2013. Como a produção evoluiu a taxas negativas na maioria dos meses, este movimento de recuperação da produtividade antes da produção foi devido a uma suave e contínua desaceleração nas horas pagas e no emprego, indicando que a recuperação da produtividade na Indústria de Transformação está ocorrendo com tendência menor de absorção de mão de obra.

 

 
Movimento oposto ocorreu no segmento das Indústrias Extrativas que, na mesma base de comparação, apresentou evolução do emprego e das horas pagas a taxas positivas e estáveis em relação a 2011 (em torno de 5%), a despeito da evolução da produção ocorrer a taxas negativas. Como consequencia, o crescimento da produtividade vem se dando abaixo da produção. Observando a série de indicadores acumulados de produção e horas pagas para o setor desde 2002, em 2012 foi a primeira vez que a produção apresentou resultado negativo (-0,4%) e as horas pagas expansão (3,9%), assim como o emprego (3,8%), tendência que se manteve no 1o. semestre de 2013 com acentuado recuo da produção (-6,4%) e crescimento menor, mas ainda positivo, das horas pagas (2,0%) e do emprego (1,9%). O primeiro ano da série de indicadores de produção que registrou queda na produção do segmento das Indústrias Extrativas (desde 1991) foi 2009, quando a produção do setor fechou o ano com queda de 8,8% acompanhado de um recuo de 2,4% nas horas pagas e de 2,2% no emprego. A comparação dos resultados de produção e horas pagas e emprego de 2009 e de 2012 e 2013 sinaliza que, a persistir o quadro externo de queda na demanda por commodities produzida pelo segmento das Indústrias Extrativas, o nível de emprego nesta indústria deverá fechar o ano com taxa negativa. 

 

 
Colocando o foco no 1o. semestre de 2013, o comportamento das taxas de crescimento da produção, produtividade e horas pagas das indústrias Extrativas e de Transformação é fortemente contrastante: enquanto a Indústria de Transformação sinalizou uma melhora nos tres indicadores, ainda que lenta, ao longo do semestre, o segmento das Indústrias Extrativas acumulou resultados negativos.

 

 
Como a evolução do custo da mão de obra é sensível ao resultado da produtividade, a pressão de custo tem sido menor no setor de Transformação cujo indicador apresentou taxas declinantes a partir do 2o. trimestre de 2013, na comparação do indicador de média móvel de 12 meses. Mesmo assim, em junho de 2013 a remuneração média real situou-se 2,9% acima da expansão da produtividade. As taxas de variação para o setor de Extrativa apresentaram tendência a alta no segundo trimestre do ano, com a remuneração média situando-se 11,0% acima da produtividade em junho.

 

 
No agregado para os dois segmentos da indústria, observa-se que em 2013 a tendência é de menor crescimento do custo real da mão-de-obra dada a desaceleração do incremento da folha de pagamento real por trabalhador e de incremento da produtividade, revertendo movimento verificado em 2012.

 

 
A sustentação de uma tendência de crescimento da produtividade depende do comportamento do investimento em formação de capital. As taxas de formação bruta de capital fixo, na comparação contra trimestre anterior mostraram uma evolução positiva a partir do 4o. trimestre de 2012, expandido em 4,6% no 1o. trimestre de 2013. A tendência da evolução da formação bruta de capital fixo, avaliada pela média móvel de 3 períodos, aponta reversão positiva a partir do 1o. trimestre de 2013.

 

 
Com os resultados observados até o final do 1o. semestre as perspectivas são de que a produtividade industrial continue se recuperando ao longo do ano seguindo a produção e com menor aumento no nível de emprego. É pouco provável que ocorra um significativo crescimento do emprego e das horas pagas. Não está descartada também a hipótese de queda no emprego, dado que a taxa de desemprego parou de cair e está registrando um leve incremento. Portanto o crescimento da indústria, por menor que venha a ser daqui por diante, tende a produzir aumento da produtividade. O emprego só irá se elevar quando a indústria estiver numa trajetória mais sólida de crescimento. Esse comportamento decorre do fato do emprego ter comportamento pró-cíclico porém com certa defasagem, devido aos custo de admissão e demissão. Além disso há indicações de que a indústria está retendo trabalhadores, ou seja está com mais trabalhadores do que seria necessário. A explicação para este comportamento está na dificuldade de repor o quadro de trabalhadores num contexto de um mercado de trabalho com relativa escassez de mão-de-obra como atestam os baixos níveis de desemprego.

Enquanto for possível expandir a produção em proporção maior que a absorção de mão de obra, a produtividade apresentará resultado positivo, melhorando a competitividade da indústria, pois com a recuperação da produtividade, a pressão de custo pelo lado da mão de obra é menor. A este resultado deve-se somar impactos positivos da recente tendência à desvalorização cambial e das medidas de incentivo ao setor adotadas pelo governo com vistas a contribuir para melhorar a rentabilidade da indústria. Impactos negativos sobre a produção e a produtividade podem advir do aumento na taxa de juros e a ainda elevada volatilidade das expectativas dadas as incertezas ainda presentes no cenário externo. O balanço destes impactos irá se refletir no segundo semestre no volume de recursos a serem comprometidos com investimento em capital fixo, o que terá efeito a médio prazo sobre a produtividade e a competitividade do setor.

A Evolução Setorial da Produtividade. O resultado da produtividade industrial no 1o. semestre de 2013 pode em parte ser atribuído a reação positiva das empresas do setor às medidas de incentivo adotadas em 2012 com objetivo de recuperar a rentabilidade da indústria, prejudicada pela valorização crônica do câmbio. Dos 18 setores industriais, em 11 a produtividade apresentou expansão: Calçados e Couro (13,2%); Fabricação de Meios de Transporte (12,8%); Madeira (10,1%); Coque, Refino de petróleo, Combustíveis Nucleares e Álcool (9,0%); Fabricação de Outros Produtos da Indústria de Transformação (7,9%); Máquinas e Equipamentos (7,5%%); Borracha e Plástico (3,2%); Vestuário (2,6%); Máquinas e Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, de Precisão e de Comunicações (2,3%); Minerais Não-Metálicos (1,6%) e Têxtil (0,7%). Desta lista, destacam-se os setores de Máquinas e Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, de Precisão e de Comunicações e o de Fabricação de Meios de Transporte, que registraram as piores taxas em 2012 (-7,8% e -7,6%, respectivamente) e recuperaram-se ao longo do 1o. semestre de 2013 com expansão na produção e nas horas pagas, despontando como os que mais se beneficiaram das medidas de incentivo à indústria adotadas pelo governo. O setor de Máquinas e Equipamentos e de Fabricação de Outros Produtos da Indústria de Transformação também apresentaram recuperação da produtividade no primeiro semestre de 2013 em relação ao ano de 2012, porém com decréscimo nas horas pagas em 2013. Setores que pioraram seu desempenho em relação a 2012 foram os de Produtos Químicos, Papel e Gráfica, Produtos de Metal e Metalurgia Básica.

A maior taxa de crescimento da produtividade no semestre foi registrada no setor de Calçados e Couro (13,2%), que obteve este resultado com as maiores taxas de contração da mão de obra (-5,4%) e das horas pagas (-7,5%), dentre todos os ramos industriais. Este setor vem apresentando taxas negativas de expansão do emprego desde 2002 (primeiro ano da série histórica), com exceção do ano de 2010.

Setores com crescimento expressivo da produtividade e que também apresentaram forte retração na mão de obra foram os de Madeira, com a terceira melhor taxa de crescimento da produtividade (10,1%) e a segunda maior queda nas horas pagas (-5,8%) e no emprego (-5,1%), e o de Fabricação de Outros Produtos da Indústria de Transformação, com a quinta melhor taxa de crescimento da produtividade (7,9%) e a terceira maior contração nas horas pagas (-5,0%) e no emprego (-4,3%). Vale registrar que no caso de Madeira, a contração no emprego vem ocorrendo desde o início da série histórica do indicador de pessoal ocupado, com exceção do ano de 2004 quando a taxa foi ligeiramente positiva.

Apenas dois setores apresentaram crescimento da produtividade acima da média da indústria e expansão nas horas pagas: Fabricação de Meios de Transporte (12,8%) e Borracha e Plástico (3,2%). O primeiro setor, com a segunda melhor taxa de crescimento da produtividade, foi também o que mais expandiu a produção no semestre (13,2%), com taxa de crescimento das horas pagas (0,3%) e pequena queda no emprego (-0,4%). O setor de Borracha e Plástico foi o que apresentou comportamento 'virtuoso', pois apresentou expansão da produção (5,7%) - a terceira melhor taxa no semestre - e expansão no emprego (2,8%) e nas horas pagas (2,4%), em ambos os casos as segundas melhores taxas, respectivamente.

Conclui a lista dos setores com desempenho da produtividade acima da média da indústria o de Coque, Refino de petróleo, Combustíveis Nucleares e Álcool (9,0%), com queda no emprego (-2,3%) e pequena retração nas horas pagas (-0,3%) e o de Máquinas e Equipamentos (7,5%) com queda no emprego (-1,6%) e nas horas pagas (-2,6%).

 

 
Do conjunto de setores com taxa de crescimento da produtividade abaixo da média porém positivas - Vestuário (2,6%), Máquinas e Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, de Precisão e de Comunicações (2,3%), Minerais Não-Metálicos (1,6%) e Têxtil (0,7%) - todos apresentaram contração no emprego e nas horas pagas, com exceção de Máquinas e Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, de Precisão e de Comunicações que expandiu as horas pagas em 1,2%. A taxa de retração do emprego (-4,1%) e das horas pagas (-4,8%) no setor de Vestuário foi a quarta dentre todos os setores da indústria. Vale observar que a contração no número de empregados neste setor tem sido constante desde o início da séries de indicadores de pessoal ocupado. O setor de Têxtil registrou a quinta pior taxa de crescimento do emprego (-3,8%)  e das horas pagas (-4,5%) e a terceira maior queda na produção ( -3,9%) dentre todos os setores no semestre.

Dos setores com crescimento negativo da produtividade - Produtos Químicos (-0,4%), Papel e Gráfica (-1,5%), Produtos de Metal (-1,7%), Alimentos e Bebidas (-2,8%), Metalurgia Básica (-3,8%), Indústrias Extrativas (-8,2%) e Fumo (-11,6%) - o de Fumo foi o de pior desempenho também em 2012 (-9,7%) e com maior expansão nas horas pagas (7,4%) e no emprego (5,4%) no semestre. A queda de produtividade da Indústrias Extrativas, a segunda dentre todos os setores, acompanhou a retração na produção (-6,4%), a maior dentre os setores industriais no semestre, com expansão positiva nas horas pagas (2,0%) e no emprego (1,9%).

Dos setores com retração da produtividade, dois apresentaram crescimento nas horas pagas e no emprego - Produtos Químicos (0,7% e 0,7% respectivamente), e Alimentos e Bebidas (2,2% e 1,9%, respecitvamente) e pequena variação na produção. Os setores de Produtos de Metal e de Metalurgia Básica apresentaram pequenas variações nas horas pagas (-0,6% e 0%, respectivamente) e no emprego (0,5% e -0,1% respectivamente), sendo o desempenho da produtividade explicado pela variação na produção (-2,3% e -3,8%, repectivamente). O setor de Papel e Gráfica foi o único a apreentar decréscimo na produtividade com retração na produção (-3,0%), nas horas pagas (-1,5%) e no emprego (-0,9%).

Em suma, o desempenho da produtividade no período mostrou um comportamento pró-cíclico para a maioria dos setores. Exceções a esta regra foram os setores de Têxtil e Vestuário com a contração na produção sendo compensada por forte contração nas horas pagas e no emprego para manter crescimento positivo da produtividade. Em Produtos Químicos observa-se pequena contração na produtividade (-0,4%) com pequena expansão da produção (0,4%). Destaques no semestre foram os setores de Material de Transporte e de Máquinas e Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, de Precisão e de Comunicações, que tinham fechado o ano de 2012 com queda na produtividade e apresentaram resultado positivo no semestre, com crescimento da produção e das horas pagas, sendo o de Material de Transporte com a segunda melhor taxa dentre todos os setores. Calçados e Couro; Madeira; Coque, Refino de petróleo, Combustíveis Nucleares e Álcool; Fabricação de Outros Produtos da Indústria de Transformação e Máquinas e Equipamentos registraram crescimento da produtividade acima da média da indústria, porém com retração na taxa de crescimento das horas pagas e no emprego. Borracha e Plástico, também com crescimento da produtividade acima da média, expandiu produção, horas pagas e emprego.

A expansão da produtividade em 11 setores implicou queda no custo da mão de obra em 7 deles: Fabricação de Meios de Transporte (-9,4%); Calçados e Couro (-6,7%); Madeira (-6,0%); Máquinas e Equipamentos (-4,0%); Fabricação de Outros Produtos da Indústria de Transformação (-2,4%); Borracha e Plástico (-1,9%) e Vestuário (-0,4%). Na média, a variação da remuneração média real situou-se 0,6% acima da variação da produtividade no semestre. Os setores de Máquinas e Aparelhos Elétricos, Eletrônicos, de Precisão e de Comunicações (4,2%); Têxtil (2,3% e de Minerais Não-Metálicos (1,1%), também com produtividade positiva no semestre, registraram aumento no custo da mão de obra, e o setor de Coque, Refino de petróleo, Combustíveis Nucleares e Álcool apresentou variação nula nos custos com mão de obra.  Os maiores aumentos no semestre foram registrados na Indústrias Extrativas (17,4%) e no setor de Fumo (12,4%), ambos com as piores marcas em relação à produtividade.

 

 
Produtividade Regional.
O incremento da produtividade de 2,8% no primeiro semestre de 2013, frente a igual período no ano anterior, no recorte regional foi determinado principalmente pelo bom desempenho de São Paulo (2,9%), pois Rio de Janeiro (1,1%) teve um desempenho abaixo da média nacional e Minas Gerais (-0,6%) uma variação negativa. Nas demais unidades da federação os destaques foram Bahia (11,8%), Rio Grande do Sul (8,2%) e Pernambuco (8,0%). No caso da Bahia foi expressivo tanto o aumento da produção (5,9%) quanto a queda das horas pagas (-5,3%). As maiores marcas negativas foram de Espírito Santo (-5,5%) e Santa Catarina (-1,0%). Cabe destacar a forte recuperação da indústria do Rio Grande do Sul, que fechou o ano de 2012 com uma queda de produtividade de -2,0% e em junho desse ano registrou a segunda maior taxa dos locais pesquisados (8,2%).

Na maioria dos locais houve incremento da produção acompanhado de diminuição ou baixo crescimento das horas pagas. Portanto o aumento da produtividade foi determinado sobretudo pelo aumento de produção. Fogem a essa regra apenas Minas Gerais, Santa Catarina e Espírito Santo que registraram contração na produtividade.

Na série de primeiros semestres os destaques foram Rio Grande do Sul e Pernambuco, ambos com a segunda melhor marca desde 2002.

A indústria da Bahia registrou o maior aumento de produtividade (11,8%) dentre os locais pesquisados. Esse resultado é fruto, sobretudo do desempenho do setor de Coque, Refino de petróleo, Combustíveis nucleares e Álcool (27,8%), segmento de grande peso no parque industrial local. Obtiveram também taxas elevadas a Metalurgia Básica (19,0%) e Borracha e Plástico (13,0%). Nos três setores citados, o incremento da produtividade foi determinado pelo acréscimo da produção, que chegou a atingir a marca de 22,3% na Metalurgia Básica e 17,1% em Coque, Refino de petróleo, Combustíveis nucleares e Álcool.

A indústria do Rio Grande do Sul (8,2%) apontou o segundo maior crescimento de produtividade dentre as unidades da federação pesquisadas. Essa performance foi fortemente influenciada pelas elevadas taxa obtidas por Coque, Refino de petróleo, Combustíveis nucleares e Álcool (27,5%), Borracha e Plástico (17,2%) e Calçados e Couro (7,7%). Dos dois primeiros setores citados o acréscimo foi determinado sobretudo pela produção, cujas taxas foram 21,6% e 11,5% respectivamente. No caso de Calçados e Couro, o que mais influenciou foi a contração nas horas pagas (-10,8%).

A indústria do Pernambuco registrou um aumento de 8,0% na produtividade. Os destaques foram as elevadas variações positivas de Borracha e Plástico (40,5%), Calçados e Couro (12,5%) e Alimentos e Bebidas (11,2%), este último, segmento de grande peso no parque local. Apresentaram diminuições os segmentos de Coque, Refino de petróleo, Combustíveis nucleares e Álcool (-23,4%), Têxtil (-12,0%) e Metalurgia Básica (-2,6%).

A indústria do Ceará assinalou aumento de 3,4% na produtividade. As maiores acréscimos foram os de Coque, Refino de petróleo, Combustíveis nucleares e Álcool (21,0%), Calçados e Couro (18,0%) e Têxtil (16,2%). Os resultados negativos ficaram com Produtos de Metal (-1,9%) e Metalurgia Básica (-1,6%), ambos com performance a-típica. O primeiro setor apresentou queda na produção (-9,3%) e nas horas pagas (-7,5%) e o segundo um aumento de horas pagas (10,1%) superior ao da produção (8,3%).

A indústria de São Paulo registrou crescimento de produtividade de 2,9%, muito próximo à média nacional (2,8%). Nenhum setor apontou incremento de produtividade na faixa de dois dígitos. As melhores performances foram as de Têxtil (7,8%), - determinada pela contração nas horas pagas (-7,7%) – seguido por Coque, Refino de petróleo, Combustíveis nucleares e Álcool (4,4%) – fruto do acréscimo de 6,8% na produção física. Metalurgia Básica (3,8%) teve aumento de produção (3,3%) com uma leve contração nas horas pagas (-0,5%). A diminuição na produtividade se verificou em Vestuário (-15,4%), que combinou, de forma pouco comum, diminuição da produção (-14,2%) com aumento das horas pagas (1,4%).

A indústria do Rio de Janeiro apontou crescimento de produtividade de 1,1%, bem abaixo da média nacional (2,8%). O resultado positivo foi sustentado principalmente pelo desempenho de Coque, Refino de petróleo, Combustíveis nucleares e Álcool (3,4%), setor de muito peso na indústria local. A maior taxa positiva, no entanto, foi de Minerais não-metálicos (6,8%). Dois segmentos importantes tiveram queda de produtividade: Indústrias Extrativas (-16,7%) e Metalúrgica Básica (-15,9%).

A indústria do Paraná registrou um aumento de produtividade de apenas 0,6%. Muito influenciaram para esse resultado positivo o bom desempenho de Madeira (6,8%) e Minerais não-metálicos (6,7%). Coque, Refino de petróleo, Combustíveis nucleares e Álcool (0,3%), e Borracha e Plástico (0,3%) ficaram próximos da estabilidade, enquanto Produtos de Metal apontou decréscimo (-6,2%).

A indústria de Minas Gerais apresentou uma queda de 0,6% na produtividade. Só dois segmentos tiveram aumento de produtividade Coque, Refino de petróleo, Combustíveis nucleares e Álcool (15,9%). e Têxtil (13,4%). Fumo apontou uma expressiva contração (-31,0%), combinando atipicamente forte queda na produção (-21,6%) e aumento das horas pagas (13,7%). Outras quedas importantes foram as de Minerais não-metálicos (-11,3%) e Indústrias Extrativas (-6,0%), este último um setor de grande peso no parque local.

A indústria de Santa Catarina assinalou diminuição de 1,0% na produtividade. Esse desempenho foi muito influenciado pela contração na Têxtil (-11,0%) e Borracha e Plástico (-10,1%). As principais variações positivas foram as de Metalurgia Básica (16,5%) e Vestuário (13,5%).

A indústria do Espírito Santo apontou decréscimo de 5,5% na produtividade, sendo, portanto o pior desempenho dentre os locais pesquisados. Os principais setores da indústria local tiveram queda de produtividade: Metalurgia Básica (-38,2%), Alimentos e Bebidas (-24,2%) e Indústrias Extrativas (-6,8%). Nos três setores o resultado foi influenciado principalmente pela queda na produção que foi nos dois primeiros segmentos citados  de -38,3% e -24,5% respectivamente.