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As Tendências do Investimento
Estrangeiro Direto Mundial e a Posição
do Brasil
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Sumário
O relatório anual de investimentos (World Investment Report) deste ano da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) mostra que em 2014 os fluxos mundiais de investimento estrangeiro direto (IED) despencaram 16% em relação a 2013, passando de US$ 1,47 trilhão para US$ 1,23 trilhão.
Desde a crise de 2008 o IED vem oscilando bastante, com variações positivas apenas em 2010, 2011 e 2013. O movimento dos investimentos estrangeiros é particularmente negativo e instável já que outras variáveis macroeconômicas mostram uma trajetória regular (e fraca) entre 2008 e 2014. Por exemplo, considerando somente a passagem de 2013 para o 2014, em termos mundiais houve aumento do PIB de 2,6%, do comércio de 3,4%, da formação bruta de capital fixo de 2,9% e do emprego de 1,3%.
A grande novidade de 2014 foi o fato de a China ter se tornado a principal receptora de fluxos de IED, seguida por Hong Kong. Além do notório crescimento dos países, o que explica esse novo ranking foi a brutal queda de 60% da entrada de IED nos EUA. Por esse motivo também houve uma expressiva redução no ingresso de IED nos países desenvolvidos (-28%), que no pós-crise deixaram de ser os principais receptores em benefício dos países em desenvolvimento (55% do total em 2014). A Rússia também assinalou uma queda brutal, da ordem de 70% em 2014 em relação a 2013. Canadá, Irlanda, Bélgica, França e Espanha também tiveram reduções expressivas. Por outro lado, houve crescimento no Reino Unido (mais de 50%), Suíça e Finlândia.
De modo geral, as economias em desenvolvimento tiveram maior ingresso de IED em 2014 (2%), puxadas pelo incremento de investimentos na Ásia em desenvolvimento (9%) – com destaque da Índia (22%) e China (4%), tendo em vista que caiu na África (-5% no Norte e -5% na sub-sahariana) e na América Latina (-14,4%).
A variação negativa na América Latina se deu após quatro anos consecutivos de alta, sendo que a maior parte dos países da região experimentou retração no ingresso de IED, com exceção do Chile. O Mercosul permaneceu com uma fatia de 6% dos ingressos de IED mundiais, porém assinalou queda de US$ 83 bilhões em 2013 para US$ 73 bilhões em 2014. O Brasil teve pequena queda de 2,3%, já que a reversão nos investimentos do setor primário compensou o maior fluxo destinado aos setores de indústria de transformação e serviços. O país passou da 7ª para a 6ª posição no ranking de entrada de IED e continua sendo o maior receptor da região (US$ 62,5 bilhões), seguido por Chile (US$ 22,9 bilhões), México (US$ 22,8 bilhões), Colômbia (US$ 16,1 bilhões) e Peru (US$ 7,6 bilhões).
Do lado das saídas dos fluxos de IED, as empresas dos países em desenvolvimento aumentaram seus investimentos no exterior em 23% em relação a 2013, somando US$ 468 bilhões. De 2007 a 2014 sua participação nas saídas de IED cresceu de 13% para 35%, tanto via investimentos greenfield, quanto por meio de fusões e aquisições. Dos US$ 468 milhões em IED vindos de países em desenvolvimento, US$ 432 milhões provêm da Ásia,
No ranking dos países em termos de saída de IED, diferentemente do de entrada, predominam os países desenvolvidos e a liderança continua sendo dos EUA. Destaca-se também a ascensão de Hong Kong como segundo maior país de origem dos fluxos de IED, ocupando a posição anterior do Japão, que caiu para a 4ª colocação. Alemanha e França também angariaram posições.
A América Latina excluindo-se os centros financeiros offshore, em 2014 diminuiu em 23% suas saídas de IED, totalizando US$ 23 bilhões. A queda foi puxada pelo México, Colômbia e Brasil. As saídas de IED do Brasil caem a quatro anos consecutivos.
Na análise de setores, a tendência principal é a crescente importância do setor de serviços. Em termos de estoques totais do mundo, em 2012 (ano mais recente disponível) serviços equivaliam a 63% do total, a indústria de transformação 26% e o setor primário 7%. Em 1990 os serviços representavam 49% e a expansão foi praticamente toda em termos da participação da indústria. Essa nova composição é paralela à da produção mundial, porém mais exagerada tendo em vista a crescente liberalização do setor e a “servitização” das cadeias globais de valor.
A indústria de transformação registrou 14% de crescimento dos investimentos greenfield, sendo que os gêneros que mais expandiram foram coque, produtos do petróleo e combustíveis nucleares (60%), máquinas e equipamentos (29%) e outros transporte (32%). Tal expansão foi liderada essencialmente pelos países em desenvolvimento.
No Brasil, em termos totais houve transformações consideráveis na composição do IED: os projetos em greenfield em valor diminuíram de US$ 28,3 bilhões em 2013 para US$ 18,7 bilhões em 2014, enquanto F&A cresceu de cerca de US$10 bilhões para US$ 14,2 bilhões no mesmo período.
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O Panorama em 2014.
De acordo com o relatório sobre investimentos
mundiais 2015 da Conferência das Nações
Unidas para o Comércio e Desenvolvimento
(UNCTAD), em 2014 houve uma queda de 16% nos
fluxos globais de entrada de Investimento
Estrangeiro Direto (IED), passando de US$
1,47 trilhão em 2013 para US$ 1,23
trilhão em 2014.
Desde a crise de 2008 o IED apenas registrou
variações positivas em 2010,
2011 e 2013, quando havia sido assinalada
elevação de 4,6%. Segundo a
organização, as principais razões
para a forte reversão no fluxo de IED
em 2014 foi a fragilidade da economia global
e a correspondente elevação
dos riscos e incerteza. Entretanto o movimento
dos investimentos estrangeiros é particularmente
negativo e instável já que outras
variáveis macroeconômicas mostram
uma trajetória regular e baixa entre
2008 e 2014, sendo que na passagem de 2013
para o 2014 houve aumento do PIB (2,6%), do
comércio (3,4%), da formação
bruta de capital fixo (2,9%) e do emprego
(1,3%) mundiais.



Países em Desenvolvimento
e Países Desenvolvidos. Observando
por grupo de países, a composição
das entradas de IED no mundo continua mais
favorável aos países em desenvolvimento
(55% do total em 2014). Verifica-se uma expressiva
redução na entrada de IED nos
países desenvolvidos (-28%), em particular
nos EUA, de 60% – pressionados principalmente
pelo desinvestimento da Vodafone na Verizon
(maior operadora de telefonia celular naquele
país). Outros países desenvolvidos
que receberam menores fluxos de IED em 2014
em relação a 2013 foram Canadá,
Irlanda, Bélgica, França e Espanha.
Por outro lado houve crescimento no Reino
Unido (mais de 50%), Suíça e
Finlândia.
A redução da entrada de IED
no grupo de países em transição
foi alta (52%) basicamente por conta da diminuição
de 70% na Rússia, por razões
geopolíticas e pelo ajustamento da
transação Rosneft-BP em 2013
(principal indústria de petróleo
russa). De modo geral, as economias em desenvolvimento
tiveram maior ingresso de IED em 2014 (2%),
por conta do incremento de investimentos na
Ásia em desenvolvimento (9%), pois
caiu na África (-5% no Norte e -5%
na sub-sahariana) e América Latina
(14%).
A América Latina registrou variação
negativa de 14,4% após quatro anos
consecutivos de alta, devido essencialmente
à queda de quase 80% nas fusões
e aquisições na América
Central e Caribe. A maior parte dos países
latino-americanos experimentou retração
no ingresso de IED, com exceção
do Chile. O Mercosul permaneceu com uma fatia
de 6% dos ingressos de IED mundiais, porém
assinalou queda de US$ 83 bilhões em
2013 para US$ 73 bilhões em 2014. O
Brasil teve pequena queda de 2,3%, já
que a reversão nos investimentos do
setor primário compensou ao maior fluxo
destinado aos setores de indústria
de transformação e serviços.
O país continua sendo o maior receptor
de IED da região (US$ 62,5 bilhões),
seguido por Chile (US$ 22,9), México
(US$ 22,8), Colômbia (US$ 16,1) e Peru
(US$ 7,6).
Na Ásia em desenvolvimento, destacam-se
a elevação da entrada de IED
na Índia (22%) e o crescimento estável
dirigido principalmente ao setor de serviços
na China (4%). A China passou a ser o principal
destino dos fluxos de investimentos estrangeiros
mundiais. A Associação das Nações
do Sudeste Asiático (ASEAN) aumentou
sua participação nos fluxos
de IED mundiais de 9% em 2013 para 11% em
2014, ou US$ 126 bilhões para US$ 133
bilhões.

As empresas multinacionais dos países
em desenvolvimento aumentaram seus investimentos
no exterior em 23% em relação
a 2013, somando US$ 468 bilhões. De
2007 a 2014 sua participação
nas saídas de IED cresceu de 13% para
35%, tanto via investimentos greenfield,
quanto por meio de fusões e aquisições.
Dos US$ 468 milhões em IED vindos de
países em desenvolvimento, US$ 432
provêm da Ásia, de cujos fluxos
de saída cresceram 29% entre 2013 e
2014. Neste ano a região tornou-se
a maior origem de investimentos, na comparação
geográfica. Destaca-se o papel de Hong
Kong (China), que passou a ser o segundo maior
no ranking dos países origem
de IED, especialmente por causa da atividade
de fusões e aquisições
na região asiática.
A América Latina, por sua vez, excluindo-se
os centros financeiros offshore,
em 2014 diminuíram em 23% suas saídas
de IED, que em 2014 foram de US$ 23 bilhões.
A queda foi puxada pelo México, Colômbia
e Brasil. As saídas de IED do Brasil
caem há quatro anos consecutivos.
O IED das empresas com base nos países
desenvolvidos permanece representando a maior
fatia mundial, totalizando US$ 823 bilhões.
Em 2014, aumentaram as saídas de IED
dos EUA, Alemanha e França. Por outro
lado, houve queda do IED com origem no Japão,
Reino Unido e Luxemburgo. Em termos de composição,
em 2014 o IED das empresas de países
desenvolvidos trataram-se essencialmente de
reinvestimento (81%), enquanto o das empresas
dos países em desenvolvimento foram
35% em reinvestimento e 55% em participação
acionária (equity).

Considerando essas transformações
nos fluxos de entrada e saída de IED,
algumas movimentações importantes
aconteceram nos rankings dos top20.
No caso da entrada de IED em 2014, China e
Hong Kong ultrapassam os EUA, líder
histórico. O Brasil subiu da 7ª
para a 6ª posição, por
conta da queda da Rússia (da 5ª
posição em 2013 para 16ª).
Cabe notar a melhor colocação
de alguns países desenvolvidos, como
Reino Unido e Holanda, e a ascensão
considerável da Índia, Chile
e Indonésia - dentre os países
em desenvolvimento.
Do ponto de vista da saída de capitais,
há poucos países em desenvolvimento
no ranking, que permanece liderado
pelos EUA. Destaca-se, como dito anteriormente,
a ascensão de Hong Kong como segundo
maior país dos fluxos de saída
de IED, ocupando a posição anterior
do Japão, que cai para a 4ª colocação.
Vale notar, também a recuperação
da Alemanha e da França no ranking.


A Análise Setorial e a
Posição da Indústria.
Na análise de setores,
percebe-se crescente importância do
setor de serviços. Em termos de estoques
totais do mundo, em 2012 (ano mais recente
disponível) serviços equivaliam
a 63% do total, a indústria de transformação
26% e o setor primário 7%. Em 1990
os serviços representavam 49% e o crescimento
foi praticamente todo em termos da participação
da indústria. Essa nova composição
é paralela à recomposição
da produção mundial, porém
mais exagerada tendo em vista a crescente
liberalização do setor e a “servitização”
das cadeias globais de valor.
A variação do valor dos projetos
greenfield no setor primário
de 2013 para 2014 foi de 42%, enquanto em
termos de fusões e aquisições
houve queda de 2%. O movimento deve-se essencialmente
ao investimento em capacidade produtiva na
indústria extrativa em países
em desenvolvimento, a maioria na África.
Em serviços houve o contrário,
os projetos greenfield diminuíram
15% e os de F&A cresceram 37% globalmente.
A indústria de transformação
registrou 14% de o crescimento dos investimentos
greenfield, sendo que os gêneros
que mais expandiram foram coque, produtos
do petróleo e combustíveis nucleares
(60%), máquinas e equipamentos (29%)
e outros transporte (32%). Tal expansão
foi liderada essencialmente pelos países
em desenvolvimento.
No Brasil, como dito antes, de 2013 para 2014
houve uma queda de 2% na entrada de IED, correspondente
a cerca de US$ 1,4 bilhões. Porém
houve transformações consideráveis
na composição do IED: os projetos
em greenfield em valor diminuíram
de US$ 28,3 bilhões em 2013 para US$
18,7 em 2014, enquanto F&A cresceu de
cerca de US$10 bilhões para US$ 14,2
no mesmo período.

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