IEDI na Imprensa - Indústrias e Serviços Lideram as Compras
Indústrias e Serviços Lideram as Compras
DCI - 16/12/2004
André Lachini com Repórteres do DCI
As empresas de Indústria, Serviços e Comércio lideraram as compras em novembro. Das 288 empresas ouvidas na Pesquisa DCI no mês, 80,85% aumentaram suas compras, ante 72,37% em outubro. Na Indústria, mais empresas compraram em novembro. Do total de indústrias ouvidas, 82,35% afirmaram que compraram mais, ante 80% em outubro. O volume de compras das indústrias, porém, cresceu bem menos em novembro (8,35%) que em outubro, quando as fábricas haviam aumentado suas encomendas em 20,38%.
“A indústria desacelerou, mas não caiu. É uma expansão menor”, diz Júlio de Almeida, diretor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Segundo ele, a indústria continua a apostar em um bom início de 2005. “As indústrias estão dobrando as apostas. O quadro para 2005 ainda é bom”, diz Almeida.
No setor de Serviços/Finanças, 80% das empresas compraram a mais em novembro, ante 50% no mês anterior. No Comércio, o movimento pode ser explicado pela aposta do varejo no Natal. Em novembro, a média caiu um pouco, mas continuou alta: 81,82% das empresas compraram mais que no mês anterior.
O movimento parece indicar que a reposição de estoques da Indústria para 2005 continuou forte em novembro, mas perdeu intensidade. A explicação para o aumento das encomendas em Serviços pode estar nas compras das franquias para o Natal, e também em investimentos em logística — as empresas se preparam para acompanhar o crescimento da economia em 2005.
Nos Agronegócios, 66,67% das empresas ouvidas em novembro compraram a mais, ante 80% em outubro.
Quando a pesquisa analisa a quantidade comprada pelas empresas, ou seja, o volume de compras, nota-se uma desaceleração em todos os setores. Em novembro, uma proporção maior de empresas aumentou compras, mas em quantidade menor que haviam feito em outubro sobre setembro. Nos Agronegócios, houve forte desaceleração no volume de compras. Em outubro, as empresas haviam comprado 70% a mais que em setembro. Mas, em novembro, compraram só 18,33% a mais.
No Comércio, as empresas compraram 14,45% a mais em novembro que em outubro. Em outubro, haviam comprado 23,75% a mais. Isto se explica porque neste ano o comércio adiantou encomendas de Natal à indústria. A maior parte da compra foi feita em outubro. O movimento continuou em novembro, com menor intensidade.
Quando se analisam as compras por porte de empresas, verifica-se o seguinte: mais médias, pequenas e microempresas compraram em novembro. As compras continuaram fortes nas grandes empresas, com 81,25% comprando mais em novembro. As compras cresceram nas microempresas, com 79,07% afirmando ter comprado mais em novembro, ante 67,85% em outubro.
Alta dos Juros Pode Chegar ao Varejo em 2005
O aumento das compras no final de 2004, verificado em novembro, também tem um componente sazonal, diz Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). “Todo mundo está otimista. O comércio comprou mais porque aposta muito no Natal deste ano. A indústria também está otimista. Mas precisamos aguardar para ver se os aumentos da taxa básica de juros não vão afetar 2005”, diz Alfieri. O economista ressalta que “uma hora, o aumento dos juros sempre bate nas vendas do varejo”.
“Aparentemente, o efeito das altas anteriores na taxa básica de juros ainda não afetou a indústria. A indicação da pesquisa DCI, e de outras pesquisas, como a do IBGE, é que o crescimento industrial está mais geral, entre os estados do País e os setores fabris. Porém, com uma menor intensidade”, diz Júlio de Almeida, diretor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), comentando a pesquisa DCI de novembro.
Almeida diz que a desaceleração no volume de compras da indústria em novembro é “significativa”, mas lembra que, nos meses anteriores, setembro e começo de outubro, as indústrias haviam comprado bem mais em quantidade, já produzindo mercadorias para o Natal deste ano. Segundo a pesquisa, em setembro as indústrias haviam comprado 21,79% a mais em insumos e componentes que no mês anterior. Em outubro, a compra foi 20,38% maior que em setembro. “As compras estavam muito altas, é natural haver uma desaceleração”, diz. Almeida considera que a desaceleração verificada em novembro é saudável e indica um crescimento mais sustentado da produção industrial. As compras da indústria, a partir da segunda metade de outubro e novembro, são de insumos e componentes para mercadorias que serão vendidas ao comércio em 2005.
Alfieri diz que o Natal de 2004 será melhor que o de 2003, que não foi ruim, porque em dezembro do ano passado as vendas do comércio estavam em recuperação.
“O lojista tende a ser otimista perto do Natal. É o caso de várias redes, como da Casas Bahia , que fez um investimento maciço em propaganda para vender neste Natal. Mas eu não sei. Temos reparado que, sempre que sobe a taxa básica de juros, uma hora o comércio varejista é afetado, por mais ferramentas que as empresas tenham. Mas isto, só saberemos com certeza depois do Natal”, diz Alfieri.
Segundo ele, o movimento de compras, no comércio, perdeu um pouco de velocidade em novembro, mas continuou firme.
Já a forte desaceleração de compras das empresas de agronegócios, em novembro, tem uma explicação de fontes do setor: as empresas já haviam comprado a maior parte dos insumos, como sementes e fertilizantes, em setembro e outubro.