IEDI na Imprensa - País Também Precisa de Programas Setoriais
País Também Precisa de Programas Setoriais
O Estado de São Paulo - 25/12/2004
Renée Pereira
O diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Sérgio Gomes de Almeida, acredita que a criação da política industrial brasileira não exclui a necessidade de programas temporários para desenvolver outros setores da economia. "Não podemos deixar de admitir que muitos setores precisam da ação do governo."
Segundo ele, é possível criar políticas menores, com prazos definidos, e beneficiar boa parte da indústria. No setor de móveis, diz Almeida, seria muito bem-vindo um programa para o desenvolvimento do designer. Um exemplo desse tipo de medida é o programa da Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex) para divulgar a cachaça brasileira no mercado internacional e que tem dado retorno bastante positivo.
Mas Almeida também defende a criação da política industrial como medida de longo prazo. Na avaliação dele, a escolha de alguns setores significa uma aposta do País para o futuro. Uma alternativa adotada em vários lugares do mundo e que deram bons resultados, destaca o executivo. "Não há um modelo mundial. Cada um tem sua fórmula para perseguir o crescimento."
Segundo Almeida, um exemplo de sucesso é a própria internet: "Ela surgiu pela estratégia dos Estados Unidos de popularizar a informática." Na Índia, continua ele, a indústria de software é o resultado de esforços de mais de 15 anos de especialização da mão-de-obra e benefícios fiscais. Já na China, o grande sucesso das exportações de manufaturados tem a ver com a política de atração de investimento estrangeiro, completa Almeida.
Mas o executivo alerta que, se não for bem estruturada, a política industrial pode provocar distribuição de dinheiro e incentivos desiguais.