IEDI na Imprensa - PIB Decepciona e Cresce 1,3% no 3º Trimestre
PIB Decepciona e Cresce 1,3% no 3º Trimestre
DCI - 11/12/2009
Fernanda Bompan
A divulgação, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre deste ano, que registrou crescimento de 1,3% em comparação com o período anterior (chegando a R$ 797 bilhões), surpreendeu negativamente o mercado, que deverá revisar as projeções para 2009.
De acordo com o IBGE, o maior destaque foi para a indústria, que teve alta de 2,9%, seguida pelos serviços (1,6%). No sentido oposto, a agropecuária apresentou retração de 2,5%. Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, a indústria registrou queda de 6,9%, o setor agropecuário caiu 9%, enquanto o setor de serviços teve crescimento de 2,1%.
Com relação ao terceiro trimestre de 2008, o PIB deste ano registrou queda de 1,2%. O PIB acumulado nos quatro trimestres recuou 1% em relação aos quatro trimestres anteriores.
O IBGE fez uma alteração dos parâmetros de aferição do PIB, que está na base da mudança do quarto trimestre de 2008, os quais mudaram o resultado de recuo de 3,4% para retração de 2,9%. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a mudança melhorou a situação do último trimestre do ano passado e do primeiro trimestre deste, que era negativo 1% para recuo de 0,9%.
Repercussão
Para o ministro, o resultado do PIB indica que o mercado vai ter que revisar projeções. "A média esperada para fechar neste ano era de 1,95%. Agora, a previsão ficou comprometida. Arrisco que fechará positiva", disse ontem. Para 2010, ele mantém a expectativa de aumento do PIB em 5%.
Mantega destacou que os fatores positivos do resultado do PIB no terceiro trimestre foram a alta da indústria e o crescimento de 6,5% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), em comparação com o mesmo período do ano passado (ver texto ao lado). "O resultado confirma que o Brasil saiu da crise. A recuperação da indústria é muito relevante porque o setor é grande gerador de emprego, de valor agregado e tecnologia", comentou Mantega.
Sobre a agropecuária, Mantega disse que, como no mesmo período de 2008 a safra bateu recorde, é difícil superar o aumento.
Outro ponto de destaque foi o crescimento das despesas da administração pública abaixo do PIB, isto é, 0,5%. "Isso mostra que as análises de que o governo gasta muito não procedem", diz.
Sobre os gastos públicos, o economista e diretor presidente do Instituto de Pesquisas Fractal, Celso Grisi, afirma que não é plenamente verdadeira a afirmação do ministro. "A posição dele é política e, claro, ele deve dizer isso. Mas os gastos devem ser mais contidos, porque no futuro pode impactar a inflação", analisa.
Segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), o resultado do IBGE, ainda que não seja de um valor expressivo, mostra que a economia brasileira ganhou consistência. "A economia do Brasil entrou, de fato, em um novo processo no terceiro trimestre deste ano, marcado, sobretudo, pela recuperação do dinamismo da indústria e dos investimentos, seja em termos de crescimento da produção física ou mesmo de expansão do emprego", diz.
Para o Instituto, vale chamar a atenção, porém, para o comportamento do setor externo da economia brasileira. "Sabe-se que o comércio de bens e serviços com o exterior ainda tem muito para se recuperar. Os resultados de ontem mostram, infelizmente, um retrocesso. O fato é que as exportações, após crescerem 7,1% no segundo trimestre deste ano, contra um aumento de 4,4% das importações, apresentaram crescimento de 0,5% no terceiro trimestre, ante uma expansão de 1,8% das importações."
Revisões
O economista Celso Grisi comenta que o PIB registrado no terceiro trimestre revela que a economia está em franca expansão. "Mesmo não sendo um dado excepcional, ele não decepciona", diz. "O aumento do consumo das famílias (3,9%) e a alta da indústria, que sofreu muito com a crise refletem avanços para o Brasil". Ele projeta para este ano um crescimento do PIB superior ao analisado antes, passando de 0,5% para 1,02%. Para 2010, acredita que a economia crescerá 5%.
Já para o analista e economista da WinTrade, José Góes, o resultado foi puxado pelo baixo desempenho do consumo e do setor agropecuário. "Além da questão do câmbio, em que o Real ganhou força frente ao dólar, o clima não favoreceu as safras", explica. Ele ainda diz que o mercado não deve ser muito influenciado pelo indicador, já que está mais preocupado com o aumento da aversão ao risco, ocasionado pelos recentes alardes das agências classificadoras de risco. "De qualquer maneira, se o PIB brasileiro mantiver esse ritmo, em 2010 poderemos ter um crescimento de 6%", pontua.
De acordo com o professor de economia da Trevisan Escola de Negócios, Pedro Vartanian, o acumulado de 12 meses de 2009 vai ser melhor do que do ano anterior. "Eu acredito que o ano deva fechar próximo ao zero", avalia.
Para a analista da Tendências Consultoria, Ariadine Vitoriano, o PIB do ano poderá ter um crescimento negativo. "Mas, agora, vamos ter que revisar nossas projeções", ressalta.