IEDI na Imprensa - Comércio Exterior Recua Após 5 Trimestres de Alta
Publicado em: 01/09/2016
Comércio Exterior Recua Após 5 Trimestres de Alta
O Estado de São Paulo - 01/09/2016
Desempenho ruim veio com o avanço mais forte das importações no 2º trimestre, estimulado pela valorização do real
Mariana Sallowicz
Após cinco resultados positivos consecutivos, o comércio exterior apresentou a primeira contribuição negativa para o Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre na comparação com os três primeiros meses do ano. O desempenho ruim veio com o aumento das importações em ritmo superior ao das exportações, em meio à valorização do real em relação ao dólar nos últimos meses.
As importações de bens e serviços aumentaram 4,5% no período, enquanto as vendas para outros países tiveram variação positiva de 0,4%, considerada estabilidade. Especialistas veem com preocupação essa mudança de cenário.
“O que vinha dinamizando o setor industrial eram as exportações, mas o câmbio que estava viabilizando isso já não é mais o mesmo. O resultado acende um sinal amarelo”, afirmou Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial.
A indústria de bens de consumo não duráveis é apontada como um dos setores que esboçaram reação puxados pelas vendas externas, mas devem sofrer o impacto da queda recente do dólar. Cagnin destaca alimentos, calçados e confecções. “Esses setores são muito sujeitos à dinâmica do emprego e da renda, que não devem melhorar tão cedo, mas estavam conseguindo se estabilizar ou mesmo crescer, no caso de alimentos e bebidas, com o aumento das vendas externas.” Para ele, ao se tirar a contribuição do setor externo, esses setores ficam sujeitos e vulneráveis à contração da demanda doméstica.
O IBGE estima que a valorização cambial no segundo trimestre ante o trimestre anterior foi de 10%. “A apreciação cambial deixou a exportação menos competitiva”, disse a gerente de Contas Trimestrais do IBGE, Claudia Dionisio.
Já o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, destaca que o segundo trimestre concentrou os embarques de soja. Sem esse elemento, nossa expectativa é de queda nas vendas externas no terceiro trimestre. A previsão de embarque da commodity para o ano é de 54 milhões de toneladas, sendo que até junho já tinham sido enviadas 38,5 milhões de toneladas.
Pesquisa da AEB mostra que o número de empresas exportadoras cresceu até junho na comparação anual. “Depois perdeu fôlego e, em agosto ou setembro, o sinal já deve ser invertido. O oposto ocorre na importação, que estava tendo uma queda muito forte. Em agosto ou setembro, deve voltar a crescer”, diz o presidente do AEB.
Peso do câmbio
“O que vinha dinamizando o setor industrial eram as exportações, mas o câmbio que estava viabilizando isso já não é o mesmo.
” Rafael Cagnin – ECONOMISTA DO IEDI