Instituto Propõe Maior Agregação de Valor
Instituto Propõe Maior Agregação de Valor
Diário do Comércio e da Indústria - 17/11/2002
Além de terem respondido muito bem ao estímulo cambial, as empresas nacionais podem reagir positivamente em direção à diversificação da pauta exportadora, incluindo produtos considerados de elevado conteúdo tecnológico, como é o caso dos aviões da Embraer. Por isso, segundo estudo divulgado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), “é de se supor que tenham bons resultados as políticas que visem a apoiar a agregação de valor dos produtos de exportação”.
Outras políticas recomendadas são investimento para exportação, ampliação do financiamento da exportação e do capital de giro para a produção para exportação, a internacionalização das empresas nacionais, a remoção de barreiras protecionistas aos produtos brasileiros, a promoção comercial e a preservação de uma taxa de câmbio que, sem as oscilações dos últimos anos, assegure rentabilidade à atividade exportadora.
A desvalorização cambial afetou de modo desigual as exportações dos setores industriais, de acordo com o estudo do IEDI. Entre 1997 e 2000, a despeito da desvalorização cambial, muitos registraram queda, com destaque para extração de minerais metálicos e metalurgia básica, setores com grande participação no total das exportações.
O crescimento foi concentrado no setor de celulose e papel e, principalmente, em outros equipamentos de transporte, com destaque para a produção de aviões, responsável pela maior exportação do conjunto de empresas nacionais no período.
Excluindo esse segmento, as exportações das nacionais registraria queda de 0,9% ao ano, e não aumento de 7%. Ainda assim, o declínio das exportações das empresas nacionais seria menor do que o declínio das vendas ao exterior das empresas estrangeiras (2,8% ao ano), de acordo com o estudo.
As empresas dos setores de produtos têxteis, artigos do vestuário e equipamentos de telecomunicações registraram taxas de crescimento bastante superiores à média das empresas selecionadas. Mas tiveram reduzida contribuição no crescimento total. O setor químico também apresentou crescimento no período, um desempenho condicionado pelo segmento de química orgânica.
O estudo selecionou empresas que foram desnacionalizadas para averiguar se a mudança da propriedade do capital alterou o comportamento das empresas adquiridas. A investigação ainda é preliminar, ressalva o estudo, mas os dados reunidos não indicam que a transferência do controle para o capital estrangeiro tenha afetado os fluxos de comércio dessas empresas.
O estudo analisou o comércio exterior de 165 grandes firmas industriais, entre elas 80 nacionais e 85 estrangeiras, com participação relevante na estrutura industrial brasileira, para os anos de 1989, 1997 e 2000.
As empresas selecionadas foram responsáveis, no ano 2000, por um terço do valor da produção industrial e das exportações brasileiras e por 20% das importações.
O estudo conclui pela necessidade de uma política de investimento estrangeiro de maneira integrada às políticas industrial e de comércio exterior.
Os dados apresentados confirmam que os padrões de comércio das grandes empresas estrangeiras são bastante diversos dos apresentados pelas grandes empresas nacionais. Conclui que isso deve ser levado em conta ao se traçar qualquer política associada ao investimento direto estrangeiro ou políticas de comércio direcionadas para setores onde essas empresas são predominantes.
As grandes empresas nacionais, segundo o estudo, demonstraram elevada resistência a fatores adversos sobre suas exportações, como a sobrevalorização cambial, e mostraram reação positiva diante do estímulo cambial.
A crise do Mercosul, segundo o estudo, foi contornada com maior exportação para os mercados do Nafta e da União Européia, principalmente pelas empresas empresas estrangeiras.