Análise IEDI
Indústria paulista em alta neste início de ano
Os dados divulgados hoje pelo IBGE mostram que a queda de -1,6% na produção física do total da indústria brasileira na passagem de dez/23 para jan/24 foi provocada por recuos em seis dos quinze parques regionais do setor. Isto é, por uma parcela minoritária de 40% das localidades acompanhadas pelo IBGE.
Como o IEDI apontou na sua Análise de 06/03 “Por trás da queda”, o resultado negativo neste início do ano esconde alguns atenuantes importantes a serem destacados, como a maioria dos ramos industriais (68%) com crescimento, expansão em bens de capital (+5,2%), que vinham no vermelho, e alta mais robusta na comparação interanual, isto é, entre jan/24 e jan/23 (+3,6%).
O corte regional do desempenho industrial traz outros sinais mitigadores. O primeiro deles, como mencionado anteriormente, é que a queda não atingiu a maioria das localidades. Os piores casos, ficaram a cargo de estados onde o ramo extrativo tem grande peso: -6,3% no Espírito Santo e -4,9% no Pará, sempre em comparação com dez/23 e já corrigidos os efeitos sazonais.
Cabe lembrar que muito da queda de -1,6% do total Brasil decorreu do resultado de -6,3% da indústria extrativa. Por isso não surpreende que estes parques regionais especializados neste ramo tenham se saído pior.
O segundo aspecto favorável da pesquisa de hoje é que a indústria paulista, que é a maior e mais diversificada do país, conseguiu ampliar produção em jan/24, como mostram as variações com ajuste sazonal a seguir.
• Brasil: +0,6% em nov/23; +1,6% em dez/23 e -1,6% em jan/24;
• São Paulo: +2,6%; -1,6% e +0,8%, respectivamente;
• Rio de Janeiro: +6,9%; -6,3% e +0,8%;
• Rio Grande do Sul: -2,9%; +1,6% e -3,8%;
• Nordeste: -1,3%; +2,1% e +3,2%, respectivamente.
A alta em São Paulo foi de +0,8%, capaz de compensar apenas metade do recuo de dez/23. Ainda assim, manteve-se acima do patamar pré-pandemia (+0,4% ante fev/20), diferentemente do agregado da indústria nacional (-0,8%). Frente a jan/23, São Paulo cresceu +4,6%, após três meses seguidos de retração. Este foi o melhor resultado na comparação interanual desde nov/22 (+7,9%).
Além de São Paulo, outros 4 parques industriais saíram do vermelho em dez/23 e voltaram a crescer em jan/24: Rio de Janeiro (+0,8%, com ajuste sazonal) e Paraná (+1,9%), que não compensaram integralmente as perdas anteriores, Bahia (+2,1%), que fez frente ao retrocesso de dez/23, e Mato Grosso (+4,4%), após quatro meses de recuo.
Acompanharam Pará e Espírito Santo e perderam produção quatro outros parques industriais: Rio Grande do Sul (-3,8%) e Santa Catarina (-3,1%), fazendo do sul do país uma das travas à expansão industrial em jan/24, bem como Goiás (-3,3%) e Ceará (-0,2%).
Minas Gerais, Amazonas e a região Nordeste, sobretudo graças à Bahia, continuaram ampliando produção como nos meses anteriores, chegando a registrar algum reforço. A indústria mineira cresceu +0,5% em dez/23 e +1,0% em jan/24, enquanto no Amazonas os avanços foram de +11,7% e +16,7%, respectivamente. Já o Nordeste apresentou expansão de +2,1% em dez/23 e de +3,2% em jan/24.
Pernambuco, por sua vez, também ficou no azul em jan/24: +0,5%, corrigidos os efeitos sazonais, mas neste caso houve importante desaceleração, dado que em dez/23 havia crescido +11,5%. Importante notar a alta volatilidade da indústria pernambucana entre set/23 e dez/23.
Em janeiro de 2024, quando a produção industrial nacional registrou queda de 1,6% frente ao mês imediatamente anterior na série livre de influências sazonais, nove dos quinze locais pesquisados apresentaram expansão da produção: Amazonas (16,7%), Mato Grosso (4,4%), Região Nordeste (3,2%), Bahia (2,1%), Paraná (1,9%), Minas Gerais (1,0%), São Paulo (0,8%), Rio de Janeiro (0,8%) e Pernambuco (0,5%). Em sentido oposto, Espírito Santo (-6,3%), Pará (-4,9%), Rio Grande do Sul (-3,8%), Goiás (-3,3%), Santa Catarina (-3,1%) e Ceará (-0,2%) retraíram. Como Maranhão, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul ainda não têm série histórica longa o suficiente, não há dados com ajuste sazonal para estes estados.
Frente a janeiro de 2024, registrou-se acréscimo de 3,6% na produção da indústria nacional. Entre os dezoito locais pesquisados, dezesseis apresentaram expansão da produção, sendo as maiores observadas em: Rio Grande do Norte (30,6%), Amazonas (11,7%), Goiás (10,2%), Mato Grosso (9,5%) e Bahia (8,0%). Por outro lado, Maranhão (-6,6%) e Rio Grande do Sul (-4,5%) registraram recuo nessa base de comparação.
Analisando o acumulado nos últimos 12 meses, quando houve incremento de 0,4% na produção industrial brasileira, dez dos quinze locais pesquisados apresentaram acréscimo, sendo os mais expressivos: Rio Grande do Norte (17,4%), Espírito Santo (12,0%), Mato Grosso (7,0%) e Goiás (6,4%). Em sentido oposto, os cinco locais restantes apresentaram queda, com destaque para: Maranhão (-6,2%), Ceará (-4,7%), Rio Grande do Sul (-4,5%), Região Nordeste (-3,0%) e São Paulo (-1,1%).
São Paulo. Na comparação do mês de janeiro de 2024 com dezembro de 2023, a produção da indústria paulista registrou incremento de 0,8% a partir de dados dessazonalizados. Frente a janeiro de 2023, houve variação positiva de 4,6%. Os setores com maiores expansões nessa base de comparação foram: fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (35,3%), e fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (16,5%). Por outro lado, os setores que apresentaram as maiores retrações foram: Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-5,6%) e Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-15,6%).
Paraná. A partir de dados dessazonalizados, no mês janeiro de 2024 a produção da indústria paranaense cresceu 1,9% frente ao mês de dezembro de 2023. Já em relação a janeiro de 2023, houve variação positiva de 3,9%, com destaque para os setores: fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (55,8%) e fabricação de produtos de madeira (22,4%). Os maiores decréscimos nessa base de comparação foram: fabricação de produtos de minerais não metálicos (-12,5%) e Fabricação de máquinas e equipamentos (-15,0%).
Pernambuco. Em janeiro de 2024 frente a dezembro de 2023, a produção da indústria pernambucana apresentou um aumento de 0,5% na série com ajuste sazonal. Em relação a janeiro de 2023, houve crescimento de 1,0%. Os setores que registraram maiores expansões nessa comparação foram: fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (126,1%) e Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (50,6%). Em sentido oposto, as maiores quedas foram: Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-10,6%) e Metalurgia (-39,0%).