Carta IEDI
Sinais positivos na indústria brasileira e mundial no final de 2023
O mais recente relatório trimestral publicado pela UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) mostra que a indústria mundial apresentou sinais de reaquecimento no fim de 2023, devido ao crescimento mais elevado da China e da melhora de quadro nos países de alta renda. Os ramos de maior intensidade tecnológica seguem puxando o setor.
No 4º trim/23, a produção manufatureira global registrou variação de +1,0% em relação ao trimestre anterior, já descontados os efeitos sazonais. Esse é o primeiro resultado positivo após uma fase de virtual estagnação que se estendeu desde final de 2022.
Em comparação com o mesmo período do ano anterior, por sua vez, o ritmo de expansão no 4º trim/23 dobrou em relação ao do 3º trim/23: +1,5% ante +0,7%, respectivamente. Com isso, a alta no acumulado do ano foi da ordem de +1,1%, isto é, cerca de 1/3 do resultado de 2022.
A principal mudança trazida pelo final do ano passado se deu no grupo de economias industrializadas de alta renda. Sua produção manufatureira passou de uma retração de -0,9% no 3º trim/23 para uma alta de +0,8% no 4º trim/23, em relação ao período anterior. Frente ao ano anterior, a intensidade da queda foi reduzida em 2/3, de -2,5% no 3º trim/23 para -0,9% no 4º trim/23.
Isso foi percebido sobretudo na Europa, cuja produção industrial saiu de um declínio de -2,0% no 3º trim/23 para uma alta de +1,2% no 4º trim/23. Tal evolução de curto prazo ainda não foi suficiente, entretanto, para levar a indústria europeia a um nível de produção superior ao do final de 2022. No 4º trim/23 ante o 4º trim/22 houve queda de -1,2%, isto é, pouca coisa mais branda do que no trimestre anterior (-1,3%).
O final de 2023 também foi marcado por outro fator: a manutenção do dinamismo superior da indústria chinesa, cujos resultados no 4º trim/23 apontaram para um reforço adicional, embora modesto. Frente ao período anterior, a manufatura chinesa cresceu +1,9% no 4º trim/23 e +1,7% no 3º trim/23. Em comparação com os mesmos trimestres de 2022, as altas foram de +4,9% e +4,3%, respectivamente.
Do ponto de vista regional, cabem ainda algumas observações. A primeira delas é que a indústria da América do Norte continuou no vermelho: -0,5% tanto em relação ao 3º trim/23 como frente ao 4º trim/22, com ajuste sazonal.
A segunda é que a América Latina e Caribe também perdeu produção industrial e foi a única região em que não houve melhora em nenhuma das comparações. Frente ao 3º trim/23 variou -0,4%, totalizando 5 trimestres seguidos sem crescimento, e ante o 4º trim/22 registrou -1,5%, o pior resultado trimestral do ano passado.
Diferentemente de Argentina e México, que contribuíram negativamente para o desempenho da indústria latino-americana, o Brasil se destacou por atenuar a situação regional. Nossa produção manufatureira não apresentou vigor no 4º trim/23, mas ao menos evitou o terreno negativo: +0,4% ante o 3º trim/23 e +0,1% frente ao 4º trim/22, sempre com ajuste sazonal.
Cabe notar que, mesmo com a melhora no final do ano, a indústria brasileira continuou bastante aquém da evolução do setor no mundo. Esta foi uma marca de 2023. No acumulado do ano, pode-se dizer que caminhamos em direção oposta à indústria global: -0,9% ante +1,1%, respectivamente, com ajuste sazonal.
Muito desta assimetria pode ser delegada ao perfil setorial do dinamismo do ano passado. Na indústria mundial, os dados da UNIDO mostram liderança da alta e média-alta tecnologia, cuja produção no 4º trim/23 avançou +3,9% frente o 4º trim/22, isto é, mais do que o dobro do resultado do setor como um todo. Já no Brasil estes ramos registram perda de -6,3%, segundo os dados do IBGE analisados pelo IEDI.
Com isso, no ranking da evolução da produção industrial que o IEDI constrói a partir de dados a UNIDO para 117 países, a posição brasileira melhorou no final de 2023, mas não deixou de ser intermediária. Isto é, estamos longe de figurarmos no 1/3 de países com melhor desempenho industrial.
No 4º trim/23, ficamos na 57ª colocação, subindo oito posições em comparação com o 3º trim/23 (65º) e nove posição frente ao 4º trim/22 (66º). O Brasil se posicionou melhor do que alguns de seus vizinhos latino-americanos, a exemplo do México (71º, com -0,8%), Argentina (100º, com -5,8%) e Colômbia (101º, com -6,0%).
Para o ano de 2023 como um todo, o resultado de -0,9% da indústria de transformação brasileira nos colocou na 64ª posição. Embora tenhamos continuado na metade inferior do ranking, cabe observar que foi a melhor colocação obtida pelo Brasil desde a pandemia. Em 2021 tínhamos ficado em 89º e em 2022 na 96ª posição.
Na América Latina, superamos o resultado industrial de Argentina (70º), Colômbia (97º) e Peru (104º), mas ficamos atrás de Equador (4º), México (45º), Bolívia (42º), Uruguai (51º) e Chile (52º).
Se tomarmos como parâmetro a performance industrial dos países do BRICS, o Brasil foi quem pior se saiu em 2023. A Rússia ficou em 11º lugar do ranking, com um crescimento de +7,1%, seguida pela Índia, em 17º lugar, com alta de +5,2%, e pela China, em 20º, com +4,7%. A África do Sul aparece mais próxima do Brasil, em 50º lugar e com um resultado de +0,4%.
A indústria de transformação mundial em 2023
Os dados divulgados pelo último relatório da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) com os dados do quarto trimestre de 2023 podem indicar que a indústria de transformação mundial está entrando em uma fase mais dinâmica, após a virtual estagnação que acompanhou o setor desde o segundo semestre de 2022.
De acordo com a UNIDO, vários desafios influenciaram fortemente o setor manufatureiro durante 2023, como a alta taxa de inflação global e a consequente elevação de taxas de juros em muitas economias, influenciando negativamente a demanda agregada; persistentes interrupções na cadeia de abastecimento; insuficiente mão de obra qualificada em alguns setores da indústria, desdobramentos de conflitos regionais e desastres naturais, cada vez mais frequentes.
No 4° trim/23, a produção industrial avançou +1,5% frente ao mesmo período do ano anterior. Foi uma alta duas vezes mais intensa do que no 3º trim/23 (+0,7% na mesma base de comparação).
Em comparação ao trimestre imediatamente anterior, corrigidos os efeitos sazonais, a produção manufatureira mundial avançou +1,0%, após ficar praticamente estável desde o final de 2022: +0,2% no 4º trim/22; 0,0% no 1º trim/23; +0,3% no 1º trim/23 e +0,2% no 1º trim/23.
Em termos regionais, a indústria de transformação registrou queda moderada na maior parte do globo na comparação com o trimestre imediatamente anterior. As duas exceções foram: Ásia e Oceania, com variação positiva de +1,5%, e Europa, que assinalou avanço de produção de +1,2% após três trimestres seguidos no vermelho e queda expressiva no 3º trim/23 (-2,0%).
Os resultados nas demais regiões, ainda em comparação com 3º trim/23 mantiveram o padrão anterior e ficaram em terreno negativo. Já corrigidos os efeitos sazonais, houve variação de -0,1% na África (-0,1%), de -0,4% na América Latina e Caribe e de -0,5% na América do Norte.
Na comparação do 4° trim/23 com o mesmo trimestre de 2022, Ásia e Oceania foi a única região a destacar-se positivamente, crescendo +3,4%, alcançando por mais um trimestre o melhor desempenho regional. Muito disso, deveu-se à China, cujo resultado chegou a +4,9%, significando uma moderada aceleração em relação ao desempenho do 3º trim/23 (+4,3%).
A indústria de transformação na Ásia e na Oceania também foi destaque positivo no contraste com o trimestre imediatamente anterior, ao registrar alta de +1,5%. Tal desempenho refletiu igualmente a evolução da indústria chinesa, cuja produção avançou quase duas vezes mais do que a indústria mundial: +1,9% ante o período anterior, com ajuste sazonal.
O desempenho industrial dos demais países com contribuição significativa para o setor na região foi bastante diverso no 4º trim/23 na comparação com mesmo trimestre de 2022: enquanto Índia (+5,0%), Indonésia (+4,2%) e Coréia do Sul (+5,8%) registraram expansões bem acima da média da região (+3,4%), Japão (-0,3%), Taiwan (-2,4%) e Tailândia (-4,7%) sofreram recuos significativos de produção.
Todas as demais regiões assinalaram decréscimo de produção na comparação interanual: América do Norte (-0,5%), África (-0,7%), Europa (-1,3%) e América Latina e Caribe, com o recuo mais intenso de -1,5%. A indústria latino-americana também foi a única a não apresentar sinal de amenização das perdas em relação ao resultado do 3º trim/23. Na comparação com o período anterior, descontada a sazonalidade, à exceção da Europa, as outras região ficaram igualmente no negativo.
A produção industrial dos países europeus recuou -1,3% no 4º trim/23 frente ao 4º trim/22, mas teve alta de +1,2% na comparação com o trimestre anterior. Dentre os países desta região a UNIDO destaca Alemanha (-3,8% ante o 4º trim/22), Itália (-2,4%) e Suíça (-2,1%), em queda, e Dinamarca (+10,0%), Grécia (+5,6%) e Reino Unido (+1,6%), em alta.
Tanto na América Latina e Caribe como na América do Norte, a indústria desacelerou sistematicamente ao longo dos últimos trimestres na comparação interanual e assinalou quedas de -1,5% e -0,5%, respectivamente no último trimestre de 2023 frente a período de out-dez/22. Em comparação ao trimestre anterior, as duas regiões assinalaram variações negativas semelhantes, sendo que a produção da América Latina e Caribe recuou -0,4% e a da América do Norte, -0,5%.
Entre as maiores economias latino-americanas, a produção na Argentina e no México diminuíram -5,8% e -0,8%, respectivamente. A produção industrial brasileira, por sua vez, ficou virtualmente estagnada (+0,1%) no confronto entre 4º trim/23 e 4º trim/22.
Na América do Norte, ainda na comparação interanual, foi observada uma contração de -0,5% nos Estados Unidos e quase estabilidade no Canadá (-0,1%). Cabe destacar que nesses dois países, essa foi a quarta variação negativa consecutiva, levando ao recuo acumulado em 2023 de -0,7% e -0,6%, respectivamente.
Os dados disponíveis para as economias africanas revelam outro trimestre de redução da produção industrial no 4º trim/23 tanto na comparação com o mesmo período do ano anterior (-0,7%), como no contraste com o trimestre imediatamente anterior (-0,1%), embora neste caso o quadro tenha se aproximado mais da estabilidade.
Na comparação interanual, Nigéria (+1,5%) e África do Sul (+1,7%) permaneceram em território positivo, enquanto Senegal (-5,5%) e Tunísia (-0,6%) registraram reduções na produção.
O desempenho das economias industrializadas
Após um crescimento moderado de +0,4% da produção industrial no 3° trim/23 na comparação interanual, o ritmo do setor manufatureiro das economias industriais acelerou novamente no 4° trim/23, com expansão de +1,4%.
Cabe lembrar que a UNIDO classifica como industrializados os seguintes países: Argentina, Austrália, Áustria, Bielorrússia, Bélgica, Brasil, Brunei, Bulgária Canada, China, Taiwan Colômbia, Costa Rica, Croácia, Rep. Tcheca, Rep. Dominicana, Egito, El Salvador, Estônia, Finlândia, França, Alemanha, Hungria, Indonésia, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Jordânia, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malásia, Malta, Ilhas Maurício, México, Holanda, Nova Zelândia, Peru, Filipinas, Coreia, Polônia, Romênia, Rússia, Servia, Singapura, Eslováquia, Eslovênia, África do Sul, Espanha, Sri Lanka, Suécia, Suíça, Tailândia, Trinidad e Tobago, Turquia, Reino Unido, EUA e Uruguai.
Tomando o trimestre imediatamente anterior como ponto de referência, este grupo de países cresceu +1,0%, após vários trimestres com produção paralisada (+0,2% no 3º e 2º trim/23; -0,1% no 1º trim/23 e +0,1% no 4º trim/22).
No desagregado regional, os destaques positivos ficaram a cargo de Bielorrússia (+7,5%), Costa Rica (+7,5%), Rússia (+8,0%) e Sri Lanka (+7,5%), que ultrapassaram a marca dos +7,0%. Por outro lado, a produção industrial na Colômbia (-6,0%), Israel (-5,2%), Holanda (-8,0%) e Vietnã (-7,4%) sofreram perdas significativas. Todas as variações referem-se à comparação com o 4° trim/22.
Dados desagregados por renda mostram queda da atividade manufatureira em países industrializados de alta renda, com uma diminuição de -0,9% no 4º trim/23 frente ao 4º trim/22, porém de menor magnitude que nos trimestres anteriores de 2023 (-1,6% no 1° trim/23, -1,5% no 2 trim/23 e -2,5% no 3° trim/23).
Ao mesmo tempo, o grupo das economias industrializadas de rendimento médio (incluindo a China) observou um aumento da produção de +3,7%. Este grupo segue muito influenciado pela trajetória da manufatura chinesa, dada a grande participação deste país.
Quando excluimos a China do grupo de países industrializados de renda média, o crescimento é bem mais tímido: +0,3% na comparação interanual. Alguns países cresceram a um ritmo dinâmico, como Costa Rica e Sri Lanka, ambos registando aumento de +7,5%, enquanto outros assinalaram contração da manufatura a uma taxa significativa, como Bulgária (-8,4%), Jordânia (-3,7%), Peru (-8,2%) e Tailândia (-4,7%).
Desempenho das outras economias em industrialização
Este grupo de 55 países, que responde por uma parcela pequena da produção global, é extremamente heterogêneo, incluindo, por exemplo, Chile, Hong Kong, Dinamarca, Taiwan, Grécia, Portugal, entre outros.
No 4º trim/23, esses países apresentaram um crescimento agregado de +2,6% frente ao 4º trim/22, variação significativamente superior ao alcançado pelo grupo de economias industriais (+1,4%). Frente ao trimestre anterior, entretanto, a variação foi de apenas +0,3%.
Os países de renda alta desse grupo continuam a registar crescimento na comparação interanual (+2,1%), porém mantendo trajetória de desaceleração em 2023 (+8,8% no 1° trim/23; +5,8% no 2°trim/23 e +2,9% no 3° trim/23). Cabe destacar que a produção desses países cresceu em média +10,0% em 2022, caindo para +5,0% em 2023.
A produção nas economias em industrialização de renda média cresceu +2,7%, enquanto a produção nas economias de baixa renda aumentou +7,0%, após vários trimestres de produção estagnada ou até mesmo decrescente.
Desempenho das Economias Emergentes
O grupo das economias industriais emergentes, de acordo com a definição da UNIDO, inclui países de baixa e média renda, cujos setores industriais demonstraram significativo dinamismo em anos recentes. O grupo também inclui economias em estágios anteriores de desenvolvimento industrial, mas que igualmente apresentaram forte crescimento.
Este grupo de economias vem registrando desempenho positivo na produção industrial, superando a média mundial, assim como a média das economias industriais. No 4º trim/23, a produção manufatureira desses países expandiu +4,6%, seguindo um crescimento de +4,2% no trimestre anterior.
Dentre os destaques positivos ficaram os setores industriais da China, Índia e Indonésia, que registaram aumentos internauais superiores a +4,0%, enquanto Malásia (-0,2%) e Ruanda (-1,6%) registraram recuo frente ao 4° trim/22.
O setor industrial do Vietnã (-7,4%), por sua vez, sofreu outra perda, o que pode indicar uma normalização após o crescimento excepcionalmente elevado registado em 2022, com uma média anual de quase 20,0%. Ao longo dos trimestres de 2023, essa economia registrou quedas de -16,4% (1º trimestre), -18,4% (2º trimestre) e -14,4% (3º trimestre).
Análise setorial
De acordo com a UNIDO, os dados do 4° trim/23 revelam que as indústrias de conteúdo tecnológico mais elevado recuperaram-se rapidamente das perturbações provocadas pela pandemia de Covid-19 e permaneceram com desempenho robusto em meio de muitos desafios.
Em média, as indústrias classificadas como de média-alta e alta tecnologia superaram o agregado da manufatura e cresceram à taxa interanual de +3,9%. Ao mesmo tempo, os outros setores industriais permenceram praticamente estagnados na mesma comparação, variando +0,1% no 4° trim/23.
O desempenho das indústrias de alta tecnologia foi beneficiado pela recuperação nos setores automotivo (+9,0%) e outros equipamentos de transporte (+6,7%), bem como a produção de computadores e eletrônicos (+6,6%).
Por outro lado, a produção de produtos farmacêuticos caiu -2,0%, após uma trajetória volátil observada desde o início de 2022. Além disso, a produção de máquinas e equipamentos caiu -2,5% no 4° trim/23 frente ao mesmo trimestre de 2022, um declínio de magnitude semelhante ao resultado do trimestre anterior (-3,0%).
O setor automotivo alcançou taxas de crescimento interanuais positivas por seis trimestres seguidos. No entanto, no 4° trim/23, a produção variou -0,3% em comparação com o trimestre anterior, o que pode ser um sinal de enfraquecimento da trajetória deste setor.
Analisando os dados de produção a nível nacional, os principais fabricantes de automóveis continuaram a registrar aumento da produção, porém com grande variedade de magnitude. A transição para o uso de carros elétricos e outras tecnologias emergentes, juntamente com a gradual redução dos níveis de emissões constituem desafios globais consideráveis e a superação frente a essas mudanças determinarão as tendências do futuro próximo neste setor.
O desempenho das indústrias por conteúdo tecnológico diferiu entre os grupos de países. No geral, as economias industrializadas registaram taxas de crescimento elevadas na produção dos setores de alta tecnologia, com poucas exceções, mas sofreram perdas de produção nos setores de baixa tecnologia.
Outras economias em industrialização, por sua vez, mostraram melhor desempenho na produção do setor farmacêutico, altas de dois dígitos e expansão desde o início de 2023, atingindo variação de +13,2% no 4º trim/23 frente a igual periodo do ano anterior e +7,2% frente ao trimestre anterior.
Além deste setor, as outras economias em industrialização também registraram impulsos na fabricação de veículos automotores (+8,4%), outros equipamentos de transporte (+16,4%) e equipamentos elétricos (+4,2%), todas variações em comparação ao 4° trim/22.
Ranking Indústria de Transformação Mundial
A partir da base de dados da UNIDO, o IEDI elaborou rankings internacionais de crescimento da produção da indústria de transformação com 117 países para o acumulado de 2023 e para o 4º trim/23, em particular.
Cabe observar que as séries empregadas pela UNIDO possuem ajuste sazonal, embora usualmente o IBGE use dados sem ajuste nas comparações frente ao mesmo período do ano anterior. Por esta razão, pode haver pequena alteração em relação aos resultados divulgados pelo IBGE.
No ano de 2023, o desempenho divulgado pela UNIDO com ajuste sazonal para a indústria de transformação do Brasil aponta para uma variação negativa de -0,9% frente a 2022. As variações trimestrais (trimestre contra igual trimestre do ano anterior) ao longo de 2023 assinalam resultado de negativo, com indicativo de melhora marginal a partir do 3° trimestre: -1,2% no 1ºtrim/23, -1,5% no 2º trim/23, -0,8% no 3° trim/23 e de +0,1% no 4° trim/23.
No 4ºtrim/23, a indústria brasileira assinalou estagnação (+0,1%) após diversos resultados negativos, como dito anteriormente, ficando bem abaixo do resultado para o agregado do setor no mundo, que, como vimos, foi de +1,5% nesta comparação. Em comparação com o trimestre anterior, o setor manufatureiro brasileiro também cresceu abaixo do ritmo mundial, variando +0,4%, enquanto a indústria mundial cresceu +1,0%.
Dentre os 117 países da amostra da UNIDO, considerado apenas o desempenho do 4º trim/23 frente ao 4º trim/22, o Brasil apresentou melhora em relação ao resultado do trimestre anterior: aparecemos na 57ª colocação (+0,1%), após termos ficado na 65ª posição no 3º trim/23 (-0,8%).
Considerado ainda o desempenho trimestral frente ao mesmo período do ano anterior, o Brasil também apresentou melhora em relação à posição ocupada no 4º trim/22, subindo 9 posições nestes últimos doze meses.
Dessa forma, a indústria de transformação no Brasil ficou na 64ª posição no ranking em 2023, ficando na metade inferior da amostra e registrando pequena melhora em relação ao resultado do acumulado até 3º trimestre, quando atingiu a 66ª posição. Apesar desse resultado, nosso desempenho superou países como Japão (-1,2%), Itália (-2,2%) e Coréia do Sul (-4,0%).
Entre as primeiras posições ficaram Macau, Trinidad e Tobago e Cabo Verde. A Rússia destacou-se com crescimento da indústria de +7,1%, a despeito dos embargos ocidentais, e ocupou a 11ª posição no ranking. Entre as últimas posições encontram-se, Vietnã, Chade e Mauritânia.