Carta IEDI
Desempenhos Positivos da Produção e Emprego Industrial no Início do Segundo Semestre
Começam a aparecer sinais de que o segundo semestre deste ano poderá ser melhor para a indústria brasileira. De fato, a produção industrial voltou a crescer em julho (0,3%), após crescimento de 0,2% em junho. Já o emprego industrial e as horas pagas na indústria, que vinham de quatro recuos sucessivos, apresentaram variações positivas no mês de julho: aumentos de, respectivamente, 0,2% e 0,3% – todas essas taxas calculadas com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
No entanto, a cautela quanto ao andamento das atividades industriais permanece. Ao desagregar a produção, observa–se que apenas cinco das catorze localidades pesquisadas pelo IBGE apresentaram aumento da produção na passagem de junho para julho. Portanto, o crescimento de julho ainda não representa um movimento mais generalizado de retomada da produção. E mais: pode–se observar também que os níveis de produção vêm oscilando bastante ao longo deste ano nas diferentes localidades do País.
Além disso, uma tendência de crescimento mais sustentado da produção industrial fica difícil de verificar, sobretudo quando estados com participação importante na indústria nacional não conseguem “firmar” um ritmo de atividade produtiva. São os casos de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
No estado de São Paulo, a produção voltou a cair em julho (–0,7%), assim como ocorreu em Minas (–0,2%). No Rio de Janeiro, ainda que a produção industrial tenha subido 4,6% em julho, isso não representou senão uma recuperação parcial da queda de 5,1% registrada para o estado fluminense em junho (todas as taxas calculadas com relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal).
A preocupação com o desempenho da indústria neste ano fica mais clara ao se observar que, no acumulado dos sete primeiros meses, a produção apresenta forte retração em São Paulo (–5,9%) e no Rio (–6,6%); em Minas, também há recuo da produção, ainda que em menor medida (–1,2%). Vale lembrar que esses estados representam mais de 60% produção do País.
Com relação ao emprego industrial, os números de julho são muito tímidos e, mantido esse ritmo, eles dificilmente levarão o emprego industrial a obter resultados mais robustos neste ano, já que, nos sete primeiros meses do ano, o índice do número de ocupados na indústria acumula queda de 1,3% em relação a igual período do ano passado.
A evolução do emprego nos próximos meses não está definida e é provável que o número de ocupados apresente um comportamento oscilatório, de recuos e avanços, mas numa trajetória ascendente. Ademais, do ponto de vista setorial, as indicações são de que o resultado positivo de julho para o emprego na indústria foi muito influenciado pelo desempenho favorável em alimentos e bebidas. Outros ramos tiveram performance “menos ruim” (têxtil, papel e gráfica, borracha e plástico, metalurgia e máquinas e equipamentos), mas em segmentos relevantes para o emprego – como vestuário, calçados e produtos de madeira – nenhuma melhora parece ter ocorrido, o mesmo valendo para setores incentivados pela política econômica (como meios de transporte).
O momento adverso pelo qual passa o emprego na indústria fica claro em outras comparações. Ao se comparar julho deste ano com igual mês do ano passado, por exemplo, houve queda do emprego industrial em doze das catorze regiões pesquisadas pelo IBGE. Portanto, um comportamento negativo generalizado. Destacaram-se, nessa comparação, os recuos do pessoal ocupado na indústria em São Paulo (–3,1%), na Região Nordeste (–2,0%), no Rio Grande do Sul (–2,3%), na Região Norte e Centro–Oeste (–1,2%), em Santa Catarina (–1,2%) e em Pernambuco (–2,8%).
De qualquer forma, espera-se que a indústria se valha no segundo semestre do quadro mais favorável da economia brasileira como um todo e que as medidas do governo voltadas para o setor industrial possam surtir efeitos mais visíveis nos últimos meses do ano. Ou ainda, dadas as condições atuais (as quais não são nada favoráveis), as expectativas de que a indústria brasileira começará uma trajetória para uma retomada positiva de crescimento estão mantidas, mas, como os dados sugerem, a travessia para essa retomada está para ser construída e está sujeita ainda a resultados adversos.
Produção Industrial Regional. De acordo com os dados da Pesquisa Industrial Mensal – Regional do IBGE, na passagem de junho para julho, com ajuste sazonal, a produção industrial caiu em nove dos catorze locais pesquisados. Os recuos mais acentuados foram registrados nos estados de Goiás (– 6,3%), Amazonas (– 5,9%) e Pará (– 3,2%). Paraná (– 1,1%), São Paulo (–0,7%), Rio Grande do Sul (– 0,7%), Espírito Santo (–0,6%), Pernambuco (–0,6%) e Minas Gerais (–0,2%) também registraram alta na produção industrial. Por outro lado, Rio de Janeiro (4,6%) recuperou parte da perda de 5,1% assinalada no mês anterior. Região Nordeste (0,9%), Bahia (0,4%), Ceará (0,4%) e Santa Catarina (0,2%) apontaram recuos menos intensos.
Na base de comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, nove dos 14 mostraram queda na produção em julho. As perdas mais intensas podem ser observadas nos estados do Amazonas (–14,9%) e Goiás (–11,5%). As demais taxas negativas foram observadas nos estados do Paraná (–7,8%), Espírito Santo (–6,9%), Pará (–6,4%), Rio Grande do Sul (–6,4%), São Paulo (–5,6%) e Rio de Janeiro (–4,1%) também assinalaram recuo na produção acima da média nacional (–2,9%). Santa Catarina (–0,2%) e Minas Gerais (0,3%). Por outro lado, Pernambuco (3,3%), Região Nordeste (2,8%), Bahia (2,7%) e Ceará (2,5%), apontaram variações positivas.
A produção industrial acumulada nos sete meses doa no apresentou queda em oito das quatorze localidades. Quatro locais recuaram acima da média nacional (–3,7%): Amazonas (–7,6%), Rio de Janeiro (–6,6%), Espírito Santo (–6,0%) e São Paulo (–5,9%). As demais taxas negativas foram: Rio Grande do Sul (–2,9%), Santa Catarina (–2,9%), Ceará (–1,4%) e Minas Gerais (–1,2%). Nesses locais, o menor dinamismo foi influenciado por fatores relacionados à redução na fabricação de bens de consumo duráveis (automóveis, motos, aparelhos de ar condicionado, celulares e relógios) e de bens de capital (especialmente os caminhões), além da menor produção dos setores extrativos (minérios de ferro), têxtil, vestuário e metalurgia básica. Por outro lado, Goiás (5,7%), Pernambuco (4,1%), Bahia (2,9%), Região Nordeste (2,1%) e Paraná (1,8%) assinalaram os resultados positivos no índice acumulado no ano, enquanto Pará (0,0%) ficou estável frente a igual período do ano anterior.
Amazonas. Em julho, frente junho, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial amazonense apresentou queda de 5,9%. No confronto com julho de 2011, constatou–se recuo de 14,9%, taxa influenciada pelos setores: equipamentos de transporte (–52,5%), material eletro^nico, aparelhos e equipamentos de comunicações (–16,6%) e refino de petróleo e produção de álcool (–73,7%). Já as duas únicas contribuições positivas foram observadas pelos setores de alimentos e bebidas (10,0%) e máquinas e equipamentos (14,7%). No acumulado no ano de 2012 a produção industrial recuou (7,6%), com destaque para a queda de crescimento no setor de outros equipamentos de transporte (–16,6%), eletrônico, aparelhos e equipamentos de comunicações (–7,0%). As únicas contribuições positivas provieram dos setores de alimentos e bebidas (4,1%) e produtos químicos (24,9%).
Goiás. Em julho, a indústria paranaense apresentou queda de (6,3%), com dados livres de efeitos sazonais. Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou queda de 11,5%, taxa impulsionada pelos setores de: produtos químicos (–36,8%) e minerais não metálicos (–14,6%). Por outro lado, as contribuições positivas podem ser observadas pelos setores de: alimentos e bebidas (4,6%), metalurgia básica (7,4%) e indústrias extrativas (2,9%). No acumulado no ano de 2012 a produção industrial avançou (5,7%), com destaque para a alta nos setores de: produtos químicos (20,9%), metalurgia básica (10,6%), minerais não metálicos (6,2%) e indústrias extrativas (0,8%).
Pernambuco. Em julho, frente junho, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial amazonense apresentou recuo de 0,6%. No confronto com julho de 2011, constatou–se avanço de 3,3%, taxa influenciada principalmente pelos setores: metalurgia básica (10,5%), produtos de metal (26,1%) e borracha e plástico (10,3%). Em sentido oposto, os setores a apresentar recuo foram: produtos químicos (–6,9%) e produtos têxteis (–35,2%). No acumulado no ano de 2012, a produção industrial obteve alta de 4,1%. O único setor a apresentar alta foi: produtos têxteis (–16,3%).
Emprego Industrial. Na passagem de junho para julho, com dados dessazonalizados, o emprego industrial apresentou variação positiva de 0,2%, após quatro meses de quedas consecutivas. No confronto com o mesmo mês de 2011 verifica–se recuo de 1,6%, décimo resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto. No acumulado entre janeiro e julho, em relação ao mesmo período do ano anterior, também se verificou decréscimo (–1,3%). Nos últimos 12 meses, o emprego apresentou variação acumulada de –0,7%.
Regionalmente, na comparação mensal (mês/mesmo mês do ano anterior), houve queda em 12 regiões contempladas pela pesquisa, com destaque especial para o estado de São Paulo (–3,1%), pressionado pelas taxas negativas dos setores de produtos de metal (–12,4%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–10,6%), metalurgia básica (–17,3%), meios de transporte (–4,6%), vestuário (–9,1%), têxtil (–7,0%) e calçados e couro (–12,4%).Também foram destaques negativos: Região Nordeste (–2,0%), Rio Grande do Sul (–2,3%), Região Norte e Centro–Oeste (–1,2%), Santa Catarina (–1,2%), e Pernambuco (–2,8%). Por outro lado, Paraná (1,5%) e Minas Gerais (1,0%) apontaram as contribuições positivas sobre o emprego industrial do país.
No índice acumulado nos sete primeiros meses de 2012, o emprego industrial registrou queda em nove dos quatorze locais com São Paulo (–3,2%) sendo o principal impacto negativo, seguido pela Região Nordeste (–2,0%), Santa Catarina (–1,5%), Ceará (–3,0%), Bahia (–2,7%) e Rio Grande do Sul (–0,8%). Por outro lado, Paraná (3,0%) e Minas Gerais (1,2%) exerceram as maiores pressões positivas.
Setorialmente, o emprego industrial em catorze dos dezoito setores pesquisados assinalou recuo em julho com relação ao mesmo mês de 2011. Os principais impactos sobre a média nacional foram: vestuário (–8,7%), calçados e couro (–6,0%), têxtil (–5,4%), papel e gráfica (–3,9%), meios de transporte (–2,4%), madeira (–8,3%), outros produtos da indústria de transformação (–3,5%), metalurgia básica (–4,0%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (–2,2%) e produtos de metal (–1,9%). Por outro lado, o principal impacto positivo sobre a média da indústria foi observado no setor de alimentos e bebidas (3,8%).
No acumulado do ano até julho, treze dos dezoito setores investigados pelo IBGE assinalaram diminuição do contingente de trabalhadores industriais: vestuário (–7,7%), calçados e couro (–6,4%), produtos de metal (–4,7%), têxtil (–5,3%), madeira (–9,0%), papel e gráfica (–4,0%) e borracha e plástico (–3,3%), enquanto os setores de alimentos e bebidas (3,8%), máquinas e equipamentos (2,0%) e indústrias extrativas (4,2%) responderam pelas principais influências positivas.
Folha de Pagamento Real. Em julho, a folha de pagamento real do setor industrial apresentou queda de 1,0% frente ao mês anterior, na série livre de efeitos sazonais. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a folha de pagamento real apresentou aumento de 2,5%, apoiada pelos resultados positivos em doze localidades pesquisadas e dez setores. No ano, a variação acumulada foi positiva de 3,7%, graças ao resultado regional de Minas Gerais (7,9%) e Paraná (9,9%).
Número de Horas Pagas. O número de horas pagas, indicador de futuras contratações de mão–de–obra na indústria, assinalou pequeno acréscimo de 0,2% na passagem de junho de 2012 para julho, já descontados os efeitos sazonais. Esta variação positiva ocorreu após quatro quedas consecutivas. Contra julho de 2011, o número de horas pagas decresceu 2,5%. No acumulado de 2012 até julho, a queda das horas pagas na indústria chegou a 2,0%.