Carta IEDI
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica: A Retração Generalizada e A Árdua Retomada
No acumulado até setembro de 2012, a produção física da indústria de transformação recuou 3,6%. O desempenho é ainda pior caso se confronte os meses de setembro último e o de 2011: queda de 3,8%. Ambos os resultados contribuíram para a retração em doze meses, de 3,2%. Na passagem de agosto a setembro (série dessazonalizada), a indústria de transformação declinou 0,6%, após três meses de crescimento.
Adotando a classificação por intensidade tecnológica da indústria de transformação empregada pela OCDE, alguns pontos podem ser ressaltados. O primeiro é que a retração foi generalizada, isto é, todas as quatro faixas de intensidade - alta; média-alta; média-baixa; e baixa - sofreram retração no acumulado até o nono mês de 2012 frente ao mesmo período do ano anterior.
Em segundo lugar, a indústria de média-alta intensidade, que abarca a fabricação de material de transporte terrestre, produtos químicos (exceto farmacêuticos) e de bens de capital, além de outros equipamentos, foi a que mais se retraiu, com variação de 6,6%. Contrapondo os meses de setembro, sua produção recuou 6,4%. Tais taxas concorreram para a queda de 5,6% em doze meses. O saldo dos bens tipicamente produzidos por esta faixa registrou déficit recorde para janeiro-setembro. A produção da faixa de alta intensidade – complexo eletrônico, indústria aeronáutica e indústria farmacêutica – caiu 2,7% em janeiro-setembro. Isto apesar do incremento em na comparação entre meses de setembro, de 0,6%. Em doze meses, a queda foi de 5,6%.
Quanto à faixa de média-baixa intensidade, esta se retraiu em 0,8% na comparação entre acumulados no ano. A balança comercial de seus produtos presenciou déficit elevado em janeiro-setembro de 2012, embora cadente frente a seu equivalente de 2011. A fabricação de produtos de petróleo refinado, combustíveis e afins tanto contribuiu para reduzir o déficit quanto para mitigar a queda na produção física, com expansão de 3,6% em janeiro-setembro. Mas ironicamente é o resultado comercial dos bens desta atividade que tem gerado déficits expressivos. No setor de produtos metálicos, por sua vez, a produção foi 3,6% menor no acumulado dos nove meses iniciais de 2012, sendo justamente os bens por ela produzidos aqueles que mitigam o déficit comercial do segmento de média-baixa intensidade.
Finalmente, o segmento de baixa intensidade tecnológica experimentou recuo de 3,2% no acumulado do ano. Tal faixa se caracteriza pelos vultosos superávits comerciais, sendo que, em janeiro-setembro, o superávit e as exportações declinaram frente ao mesmo período de 2011. A indústria de alimentos, bebidas e fumo, principal responsável por este superávit, viu sua produção cair 3,1% vis-à-vis igual acumulado de 2011. Já as indústrias têxtil, de vestuário, calçados e couro experimentaram retração de 6,9% e aumento no déficit no primeiro trimestre.
O cenário externo, com as economias avançadas claudicando, e os notórios problemas estruturais brasileiros têm representado obstáculo de monta. Isto em especial ao se considerar as limitações dos instrumentos de estímulo à demanda, principalmente quando voltados à produção de bens de consumo duráveis. Apesar da depreciação do real perante o dólar em 2012, esta ainda não tem sido suficiente para reativar a economia. O largo período de real apreciado alterou a estrutura produtiva e a inserção brasileira em cadeias globais de valor, dificultando ou tornando mais lenta uma retomada. Acresça-se a tanto os problemas estruturais, como a escassez de mão-de-obra qualificada, infraestrutura portuária e viária insuficiente, sistema tributário complexo e burocracia. Há uma série de questões a serem atacadas, cuja resolução, porém, pode ser mais lenta do que o necessário para a retomada industrial.
Um possível ponto de ataque seria conferir foco, direcionando esforços e mecanismos de fomento à pesquisa e desenvolvimento científico, tecnológico e para inovação. Embora o Brasil tenha progredido no sentido de oferecer estímulos nesta direção, talvez esteja faltando as autoridades governamentais asseverarem ao setor privado “no que” envidar esforços mais do que “com o que (incentivos, mecanismos etc.)”.
Uma Visão Geral da Indústria de Transformação. Conforme o IBGE, a produção física da indústria de transformação declinou 3,6% no contraponto entre o acumulado dos nove primeiros meses de 2012 e de 2011. O recuo foi um pouco mais agudo para o contraponto entre meses de setembro, com variação de -3,8%. Já no comparativo entre o acumulado em doze meses terminados em setembro último frente ao acumulado equivalente de setembro de 2011, a taxa foi de -2,5%, num processo contínuo de declínio que vem ocorrendo desde novembro de 2010, após atingir ápice em outubro de 2010 e tornando-se negativa em janeiro de 2012. Quanto à comparação mês contra mês imediatamente anterior pela série livre de influências sazonais, o que parecia ser um processo de recuperação, com três meses consecutivos de expansão, cessou em setembro com queda de 0,6%.
Há de se observar que, em paralelo a tanto, a balança comercial dos bens tipicamente oriundos da indústria de transformação experimentou déficit ainda maior em janeiro-setembro do corrente ano do que em igual período de 2011, atingindo déficit de US$ 38,7 bilhões. Um saldo negativo maior por conta do próprio recuo das exportações.
O cenário externo, com as economias avançadas claudicando, e os notórios problemas estruturais brasileiros têm representado obstáculo de monta. Isto em especial ao se considerar as limitações dos instrumentos de estímulo à demanda, principalmente quando voltados à produção de bens de consumo duráveis. Apesar da depreciação do real perante o dólar em 2012, esta ainda não tem sido suficiente para reativar a economia. O largo período de real apreciado provocou mudanças na estrutura produtiva e na inserção brasileira em cadeias globais de valor, dificultando ou tornando mais lenta uma retomada. Acrescentando os problemas estruturais assaz conhecidos do País, como a escassez de mão-de-obra qualificada, infraestrutura portuária e viária insuficiente, sistema tributário complexo e burocracia, há uma série de questões a serem atacadas, mas cuja resolução pode ser mais lenta do que o necessário para os anseios de desenvolvimento.
Um possível ponto de ataque seria conferir foco, direcionamento aos esforços e mecanismos de fomento a pesquisa e desenvolvimento científico, tecnológico e para inovação. Embora o Brasil tenha progredido no sentido de oferecer estímulos nesta direção, talvez esteja faltando as autoridades governamentais asseverarem ao setor privado “no que” envidar esforços mais do que “com o que (incentivos, mecanismos etc.)”. Esta argumentação está em linha com artigo publicado por David Kupfer em 12/11/2012 no jornal Valor Econômico, no sentido de que o avanço na construção de mecanismos de fomento a P&D, à inovação é patente, mas qual rumo se deve tomar não é algo claro.
Um Panorama da Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica. Uma forma de se esmiuçar a produção física da indústria de transformação reside em decompô-la por intensidade tecnológica, partindo de classificação da OCDE. Esta divide a indústria de transformação em quatro faixas: de alta, média-alta, média-baixa e baixa intensidade tecnológica.
Considerando as quatro faixas na comparação entre acumulados até setembro de 2012 e de 2011, a indústria de média-alta intensidade foi a que mais se retraiu, com variação de 6,6%. Contrapondo os meses de setembro, sua produção recuou 6,4%. Ressalte-se que o saldo dos bens tipicamente produzidos por esta faixa registrou déficit recorde para janeiro-setembro.
O segmento mais intensivo em tecnologia, a seu turno, sofreu retração de 2,7% no acumulado do ano, o que foi acompanhado por um saldo negativo de US$ 22,6 bilhões. Ressalte-se que por concentrarem bens duráveis e bens de capital, os segmentos de alta intensidade e de média-alta enfrentam, de um lado, os limites de medidas calcadas na força do mercado doméstico e, de outro, questões de ordem mais estrutural.
Estas últimas salientam a maior sensibilidade das atividades de ambas as faixas à falta de recursos humanos especializados, bem como aos efeitos da apreciação cambial de anos anteriores, que dificultaram a inserção internacional e mesmo sua competitividade dentro das fronteiras nacionais. Todavia isto evidencia também a premência em se melhor dotar o País de infraestrutura: a maior oferta desta e a de recursos humanos especializados os tornariam mais baratos. Desta forma, abria-se espaço para ampliação da produtividade empresarial a partir das condições engendradas pelo País.
Como as demais, as atividades menos intensivas em tecnologia também produziram menos na comparação entre acumulados até setembro. A faixa de indústrias de média-baixa intensidade viu sua produção física cair 0,8%. Os produtos típicos deste segmento presenciaram déficit comercial pela terceira vez seguida. Aliás, para o período de janeiro a setembro, foram os três únicos anos na série iniciada em 1989 a experimentar déficit.
Passando para o segmento baixa intensidade tecnológica, este produziu 3,2% menos no acumulado em questão de 2012 frente a igual período de 2011. Os bens típicos das atividades de baixa intensidade, embora tenham logrado significativo superávit comercial, como é costumeiro, viram este saldo recuar.
Alta Intensidade Tecnológica. O grupo de atividades de alta intensidade tecnológica tem sido caracterizado pelo incremento ou queda da produção física acompanhado de aumento ou redução no déficit comercial. Até então tal padrão só não vigorou em 2003, quando a produção declinou, mas o saldo se deteriorou. Tal comportamento, observado em praticamente todo o período coberto, foi mantido em janeiro-setembro último: a produção física caiu 2,7%, enquanto o saldo comercial aumentou (houve uma redução no déficit).
Excetuando-se a indústria farmacêutica, as atividades da presente faixa de intensidade tecnológica produzem sobretudo bens montados ou complexos, como aviões, equipamentos médico-hospitalares, relógios, computadores, equipamentos de escritório, aparelhos de áudio & vídeo (aparelhos de TV, de som, DVD-players etc.), equipamentos de comunicação, celulares, equipamentos receptores e transmissores de radiodifusão, dentre outros. Produtos montados ou complexos são aqueles mais afeitos à decomposição internacional dos processos produtivos em nível global.
A indústria aeronáutica brasileira cresceu 16,0% no contraponto entre janeiro-setembro de 2012 e o mesmo período de 2011. Ao se compararem meses de setembro, o incremento foi ainda mais expressivo: 24,2%. Tal desempenho contribuiu para que sua produção física expandisse 11,8% em doze meses. Parte substantiva do que esta indústria fabrica se destina ao exterior. Daí ter sido o único grupo de produtos da faixa de alta intensidade a lograr superávit, ainda que diminuto, de US$ 113 milhões.
Diferentemente da indústria aeronáutica, a produção das atividades do complexo eletrônico se destina proeminentemente ao mercado doméstico. Das três atividades ligadas ao complexo eletrônico, duas sofreram retração em janeiro-setembro de 2012 frente ao mesmo período de 2011: a fabricação de equipamentos de áudio & vídeo, telecomunicações e componentes eletrônicos, queda de 16,3%, enquanto a produção de material de informática e de escritório, declínio de 13,0%. Na comparação de setembro frente a agosto pela série dessazonalizada, a fabricação de áudio & vídeo e telequipamentos cresceu 2,2%, depois de crescer 5,9% no mês anterior. A fabricação de material de informática e escritório, a seu turno, retrocedeu 1,7%, exatamente compensando o crescimento de agosto. Os produtos da atividade de fabricação de áudio, vídeo, equipamentos de telefonia e componentes eletrônicos detêm a maior parte do déficit do segmento de alta intensidade, respondendo por US$ 8,6 bilhões de déficit em janeiro-setembro de 2012.
Ainda dentro do complexo eletrônico, a fabricação de instrumentos e aparelhos médico-hospitalares e de precisão se distingue pelo dinamismo: no acumulado do ano cresceu 3,2%. Porém experimentou forte queda no contraponto entre meses de setembro, de 12,9%, assim como registrou declínio de 2,5% na passagem de agosto a setembro (dados livres de sazonalidade). Ademais, ao longo da série iniciada em 1989, para o acumulado até o nono mês, a balança comercial das mercadorias típicas deste ramo tem registrado déficit, alcançando nível recorde em janeiro-setembro de 2012.
Quanto à indústria farmacêutica, sua produção física ficou estável em janeiro-setembro. Em setembro, comparado ao mesmo mês do ano anterior, a produção cresceu 13,7%. Pela série livre de efeitos sazonais, a atividade cresceu 6,0% (comparação entre mês e mês imediatamente anterior), segundo aumento seguido. O comércio internacional de produtos farmacêuticos alcançou déficit de US$ 4,4 bilhões, magnitude inferior àquela dos déficits de janeiro a setembro de 2010 e de 2011.
Média-alta Intensidade Tecnológica. Para o acumulado até setembro e tomando-se desde 2002, observa-se que o saldo comercial dos bens tipicamente produzidos por indústrias de média-alta intensidade tecnológica melhoraram até 2005. Tal redução no déficit ocorreu acompanhada de incremento da produção física. Porém tal comportamento cessou a partir de então, considerando-se o período de janeiro a setembro. No acumulado até o nono mês de 2012, tanto a produção caiu, taxa de 6,6%, quanto o déficit comercial em questão aumentou, alcançando déficit sem igual na série (saldo negativo de US$ 39,3 bilhões).
Pode-se tratar do segmento de média-alta intensidade em três grupos de atividades. Um deles é a indústria química (exclusive farmacêutica), que abriga diversos produtos intermediários. Já as atividades que produzem material de transporte fabricam e exportam predominantemente bens finais. Por fim, tem-se o agrupamento formado por duas atividades cujo destaque é a fabricação de bens de capital.
A produção física da indústria química cresceu 4,2% no acumulado do ano, sendo a única atividade da faixa de média-alta intensidade a crescer nessa base de comparação. Contudo, a performance de setembro arrefeceu tal vigor. No confronto entre meses de setembro de 2012 e de 2011, a produção de bens químicos declinou 1,7%. Pela comparação entre mês e mês imediatamente anterior (série dessazonalizada), a produção de sabões, bens de higiene decresceu 10,0%, tendo declinado também em agosto. Já a fabricação de outros químicos sofreu recuo de 3,2%, após dois meses de expansão. O intercâmbio dos produtos químicos registrou seu maior déficit para janeiro-setembro, ainda que o Brasil tenha exportado US$ 8 bilhões, o segundo maior patamar exportado.
A produção física da indústria automobilística caiu 15,4% no acumulado do ano, em 2012. Em setembro, o recuo fora de 7,2% ante o mesmo mês de 2011. Logo, não há como estranhar a retração de 12,4% em doze meses. Na comparação mês contra mês imediatamente anterior (série dessazonalizada), o recuo foi de 0,7%, depois de três meses experimentando acréscimos. Este comportamento mês a mês deve-se ao desconto no IPI, medida adotada em 21/05, válida inicialmente até agosto. Assim, os consumidores decidiram gastar ou até antecipar a aquisição de carros para aproveitar o incentivo. Resta saber acerca do desdobramento da ampliação do prazo deste estímulo para até o fim do ano. Retornando ao acumulado até setembro, as vendas externas de veículos e afins declinaram, concorrendo para o déficit recorde no período. Quanto à produção de equipamentos ferroviários e de outros de transporte – motocicletas etc. – declinou 16,7% no acumulado até setembro de 2012. No contraponto entre meses de setembro, o recuo foi de 22,3%. Em doze meses, a queda atingiu 11,5%. A retração no acumulado até setembro foi acompanhado de maior déficit e retração das exportações.
Quanto às indústrias de máquinas e equipamentos, as duas atividades que lhes compõem também tiveram queda na produção física no acumulado do ano. A fabricação de máquinas e equipamentos elétricos declinou 7,5% nesta base de comparação, registrando também recuo no confronto entre meses de setembro, variação de -2,2%. Em doze meses, o declínio é ainda maior: taxa de -8,2%. Ao menos, pelos dados dessazonalizados, o segmento cresceu 1,9% vis-à-vis agosto. Já a produção de máquinas e equipamentos não especificados em outras atividades, ao se compararem os acumulados dos anos de 2012 e de 2011, o declínio foi de 4,1%, com queda ainda mais forte no contraponto entre meses de setembro, variando -11,2%. Segundo a série dessazonalizada, de agosto a setembro, a produção decresceu 4,8%, o segundo declínio seguido. Cumpre expor que as exportações dos produtos típicos destas duas atividades cresceram na comparação entre acumulados no ano, atingindo nos dois casos níveis sem iguais, mas isto não foi o suficiente para aplacar os déficits vultosos (recorde no caso de máquinas e equipamentos mecânicos e não especificados em outras atividades).
Média-baixa Intensidade Tecnológica. O segmento de média-baixa intensidade tecnológica também sofreu retração no acumulado dos nove primeiros meses, de 0,8%, embora tenha sofrido a menor das retrações entre os quatro segmentos. A menor produção ocorreu junto a um déficit de US$ 5,5 bilhões, menor do que o observado em igual período de 2011. Até 2009, esta faixa era superavitária para o período de janeiro a setembro.
Devido ao peso no perfil produtivo brasileiro, este segmento se comporta, quer em termos de produção física, quer de comércio internacional, de acordo com o ritmo da fabricação de bens metálicos (siderurgia básica e fabricação de produtos de metal) e a de produtos de petróleo refinado, álcool e afins.
A produção de produtos de petróleo refinado, de outros combustíveis e afins aumentou 4,3% nos nove primeiros meses de 2012 frente a seu equivalente de 2011. Na comparação entre meses de setembro, o Brasil produziu 6,3% a mais. Estes aumentos contribuíram para o incremento de 2,9% em doze meses. No contraponto mês contra mês imediatamente anterior (série dessazonalizada), o acréscimo foi de 0,8%, completando uma sequência de três altas. Assim, a atividade em questão tem mitigado a retração do segmento de média-alta intensidade. Ademais, o recuo do déficit dos produtos derivados de petróleo refinado e afins também concorreu para reduzir o saldo negativo. Todavia são justamente tais produtos que explicam o déficit da faixa de média-baixa intensidade.
Quanto à produção de bens metálicos, esta recuou 3,6% no acumulado do ano. Na comparação entre meses de setembro, o decréscimo foi de 3,3%. Decorre destes números, a queda de 3,0% em doze meses. Como alento, pela série livre de sazonalidade, tanto a metalurgia básica quanto a fabricação de outros produtos de metal cresceram na comparação com agosto, depois de alguns meses de retração. Registre-se que tanto as exportações quanto o superávit de produtos metálicos recuraram na comparação entre janeiro-setembro de 2012 e 2011. Ainda assim, o superávit das mercadorias em questão permanece vultoso, porém sem mais a magnitude suficiente para fazer frente ao déficit de derivados de petróleo refinado e afins.
A fabricação de produtos de minerais não-metálicos, por sua vez, recuou 0,8% no acumulado até setembro de 2012. No confronto entre meses de setembro, a retração foi ainda mais aguda, de 4,1%. Na passagem de agosto a setembro (série dessazonalizada), a retração foi de 1,4%, após dois meses de incremento. O comércio externo dos produtos em questão presenciou pela segunda vez seguida déficit para o período de janeiro a setembro em toda a série iniciada em 1989. Aliás foram os dois únicos anos da série que registraram resultado negativo.
Passando para a produção de borracha e plásticos, esta recuou 3,2% em janeiro-setembro frente a igual acumulado de 2011. A indústria naval, por sua vez, apresentou o melhor desempenho dentre as atividades de média-baixa intensidade tecnológica nesta base de comparação: 10,5%.
Baixa Intensidade Tecnológica. A produção física do conjunto de atividades de baixa intensidade tecnológica também se retraiu em 3,2% no acumulado dos nove primeiros meses de 2012, frente a igual período de 2011. Na comparação entre meses de setembro, a produção declinou ainda mais: taxa de -5,6%. O segmento de baixa intensidade abarca a produção de gêneros de expressão na pauta de exportação brasileira. Tem se caracterizado em boa medida pelo aumento da produção física acompanhado de melhora no intercâmbio comercial dos bens típicos dela. Seguindo tal comportamento, mas em sentido inverso, o superávit recuou em janeiro-setembro, ficando em US$ 28,1 bilhões (mesmo assim assaz expressivo), em linha com o fato do País ter produzido menos.
Há no segmento de baixa intensidade atividades com características marcadamente diferenciadas. As indústrias de alimentos, bebidas e fumo, em especial a de alimentos, dita o ritmo da faixa menos intensiva em tecnologia por conta de seu peso no perfil produtivo do País. Sua produção declinou 3,1% no confronto entre primeiros nove meses. Na comparação entre meses de setembro, a queda foi de 7,2%. No confronto mês a mês conforme a série dessazonalizada, a produção física de alimentos diminuiu 1,9%, após acréscimos nos dois meses anteriores. A fabricação de bebidas experimentou recuo maior: variação de -2,2%. As exportações de alimentos, bebidas e fumo declinaram no contraponto entre acumulados de 2011 e de 2012, fazendo com que o superávit de janeiro-junho/ 2012 ficasse abaixo de seu equivalente do ano anterior. Ainda assim, é o que torna esta faixa de intensidade superavitária: o saldo dos gêneros alimentícios industrializados, bebidas e fumo atingiu per se US$ 26,8 bilhões.
Quanto às indústrias de produtos madeireiros, de mobiliário, papel, celulose e impressão, registraram uma produção física 0,9% menor no acumulado do ano. A queda foi mais acentuada na comparação entre meses de setembro: variação de -1,8%. As exportações dos bens típicos destas atividades recuaram ligeiramente no acumulado do ano, concorrendo para um superávit de US$ 4,4 bilhões, ficando aquém de seu equivalente em 2011.
As atividades logo acima citadas se caracterizam por ser intensivas em recursos naturais. Já o grupo das indústrias de têxteis, produtos de vestuário, couro e calçados e a fabricação de bens manufaturados não constante das demais atividades (mobiliário, instrumentos musicais, brinquedos etc.), são mais intensivos em mão-de-obra. A produção dos demais manufaturados sofreu forte diminuição no acumulado até setembro, queda de 12,4%. Retração quase igual se registrou no contraponto entre o nono mês de 2012 e o de 2011, de 12,2%. O intercâmbio externo dos bens em questão percebeu déficit de US$ 718 milhões em janeiro-setembro de 2012. Aliás, ao se tomar a série iniciada em 1989 para o acumulado em causa, a balança de tais produtos só veio a acusar déficit em 2010, para então chegar ao déficit recorde do acumulado até setembro de 2012.
Quanto às indústrias têxteis, de vestuário, calçados e couro, no acumulado até o nono mês frente a igual período do ano anterior, sua produção declinou 6,9%. Na comparação entre meses de setembro, a retração foi de 7,2%. Tais resultados concorreram para que tal conjunto de atividades registrasse retração de 8,8% em doze meses. Pela série dessazonalizada, na passagem de agosto a setembro, a produção de têxteis declinou 1,7%, quase que compensando o acréscimo do mês anterior. A de vestuário cresceu 0,5%, segunda alta seguida. A produção de artigos de couro e calçados declinou 1,6%, sendo o terceiro mês consecutivo de retração. A balança comercial dos produtos têxteis, de vestuário, couro e calçados registraram seu segundo – e seguido – déficit comercial para o acumulado de janeiro a setembro, déficit de US$ 1,8 bilhão, o pior resultado em toda a série iniciada em9189. Desde o acumulado até setembro de 2006, o resultado comercial tem se deteriorado na comparação entre acumulados até o nono mês de um ano frente a seu equivalente do ano anterior.