Carta IEDI
Comércio Exterior de Bens da Indústria de Transformação: Exportando Menos, Importando Bem Mais
Embora, em 2013, o País tenha exportado 1,3% mais bens tipicamente produzidos pela indústria de transformação do que no ano anterior, a balança comercial dessas mercadorias atingiu déficit recorde, de US$ 59,7 bilhões. O aumento ainda maior nas importações, de 5,6%, respondeu por tal deterioração. Desde 2006, o intercâmbio desses produtos têm se deteriorado, isto é, após 2005, quando seu saldo atingiu o maior superávit da história: US$ 31,1 bilhões, o declínio no saldo tem sido ininterrupto.
Mesmo o saldo positivo de US$ 62,3 bilhões dos demais bens, basicamente da extração mineral e agropecuária, não foi o suficiente para tornar a balança comercial do País positiva. Aliás, apesar de sua expressão, tal saldo ficou aquém do atingido em 2012 e 2011. Esse recuo decorreu, além dos problemas na produção e exportação de petróleo, da menor exportação destes demais bens em relação aos dois anos anteriores: do recorde de US$ 78,6 bilhões em 2011 para US$ 62,3 bilhões em 2013. Daí a balança comercial como um todo ter registrado superávit de US$ 2,6 bilhões, seu pior saldo desde 2000, quando experimentou déficit US$ 732 milhões.
Já pelo intercâmbio de produtos da indústria de transformação pela classificação por intensidade tecnológica, a saber, alta, média-alta, média-baixa e baixa, há pontos relevantes a destacar:
- Somente a faixa de baixa intensidade registrou superávit em 2013, de US$ 40,8 bilhões, e mesmo assim abaixo do observado em 2012 e 2011. Suas exportações sofreram ligeira queda, de 0,1%, ficando em US$ 59,7 bilhões, enquanto as importações cresceram 0,5%. Tal grupamento abarca grosso modo dois tipos de mercadorias: aquelas cujos processos de produção são intensivos em recursos naturais abundantes no Brasil, como alimentos, bebidas, produtos madeireiros, papel, celulose etc.; e bens cuja fabricação emprega intensivamente recursos humanos, a exemplo de produtos têxteis, de vestuário, calçados, dentre outros. Respondem pelo superávit o primeiro agrupamento, em especial devido aos gêneros alimentares. Já o segundo tem registrado saldo negativo.
- Dentre os quatro segmentos, só o conjunto dos bens da faixa de média-baixa logrou melhora no saldo, o que não a impediu de apresentar déficit, de US$ 7,1 bilhões, o quarto déficit seguido. Reflexo do comportamento dos dois principais tipos de bens desta segmentação: produtos derivados do petróleo, combustíveis e afins, com déficit de US$ 15,4 bilhões; e bens metálicos, com superávit de US$ 5 bilhões, mas experimentando novo recuo nas exportações, que ficaram em US$ 19,2 bilhões. O superávit dos produtos metálicos pela primeira vez não foi o maior dentre os bens dessa faixa: os da indústria naval tiveram saldo positivo de US$ 7,3 bilhões, com exportações de US$ 7,9 bilhões. Mas tais cifras se devem em larga medida a vendas externas de navios-plataforma para petroleiras no exterior que os arrendam para operações da Petrobras no Brasil, no âmbito do programa Repetro.
- A faixa de média-alta intensidade apresentou o maior déficit em 2013, de US$ 61,4 bilhões. O Brasil exportou US$ 40,0 bilhões em mercadorias tipicamente produzidas por atividades de média-alta intensidade. As importações desses bens chegaram a impressionantes US$ 101,3 bilhões. Tal grandeza ficou abaixo daquelas observadas em 2012, 2011 e 2008. Este segmento abarca os materiais de transporte terrestre, parte expressiva dos bens de capital, além de produtos químicos, que abrangem ampla gama de bens intermediários.
- O intercâmbio dos bens oriundos de atividades de alta intensidade tecnológica registrou déficit de US$ 40,0 bilhões no ano passado. As exportações caíram para US$ 9,7 bilhões, montante também abaixo do observado em 2007 e 2008. As importações cresceram para o patamar recorde de US$ 41,7 bilhões. A maior parte desse grupo de bens são produtos montados com extensa cadeia produtiva global, a exemplo da indústria aeronáutica e das atividades do complexo eletrônico. Os bens do complexo eletrônico e os produtos farmacêuticos experimentaram déficit, sobressaindo o saldo negativo de eletrônicos. Os equipamentos aeronáuticos e espaciais obtiveram o único superávit dessa faixa.
Segundo o BIS, a taxa de câmbio real efetiva brasileira se depreciou em 2012 e em 2013. Tal depreciação parece ainda não ter reverberado a contento nas relações comerciais do País. A piora do saldo e principalmente das exportações está associada à queda nos preços de itens relevantes exportados pelo Brasil, como as commodities sejam as agrícolas, sejam as industriais. Tal fato assevera a urgência na intensificação de negociações com parceiros comerciais para (re)inserção do Brasil nas cadeias globais de valor, processo este que deve ser casado com a ideia de reindustrialização. E o ponto de partida deve considerar que o processo de apreciação cambial que precedeu o último biênio também afetou os encadeamentos domésticos, com perda de etapas das aludidas cadeias. Em paralelo, a melhor coordenação do governo junto à iniciativa privada é essencial para revigorar o investimento.
O Comércio Exterior de Bens Típicos da Indústria de Transformação. Em 2013, as exportações de produtos tipicamente oriundos pela indústria de transformação se recuperaram frente a 2012, crescendo 1,3%. Assim, o País exportou US$ 146,2 bilhões no ano passado. Apesar desse incremento, tais exportações ficaram aquém do montante logrado em 2011, US$ 148,0 bilhões.
A pequena recuperação exportadora, porém, pouco fez frente à expansão das importações de produtos típicos da indústria de transformação. Estas atingiram US$ 205,9 bilhões, patamar recorde medindo-se pelo dólar em valor corrente, equivalendo a um acréscimo de 5,6% nas importações. Por conseguinte, o saldo comercial dos bens em questão também experimentou déficit sem igual: resultado negativo de US$ 59,7 bilhões. Essa magnitude significou um aumento de 17,8% no déficit, cerca de US$ 9,0 bilhões a mais. Acresça-se que o declínio na balança comercial das mercadorias em pauta tem acontecido desde 2006, depois de se ter chegado ao superávit recorde em 2005, de US$ 31,1 bilhões. Em 2008, o saldo deixou de ser superavitário.
Em 2013, tal qual em 2012 e diferentemente de anos anteriores (desde 2001), a balança dos demais bens, sobretudo oriundos das indústrias extrativas e da agropecuária, não contrabalançaram a deterioração nos fluxos comerciais de bens industriais. Registrou ainda superávit superlativo, de US$ 62,3 bilhões, mas abaixo do observado em 2012 e 2011, ano de superávit recorde, de US$ 78,6 bilhões. O recuo nas exportações, de 2,4%, e a ampliação das importações, de 19,3%, concorreram para a piora no resultado do intercâmbio dos demais bens.
Desse modo, a balança comercial registrou seu pior saldo desde 2000, quando experimentou déficit pela última vez, de US$ 732 milhões. Dez anos atrás, em 2003, a balança apresentou superávit de US$ 24,9 bilhões. Em 1993, o superávit fora de US$ 13,3 bilhões.
Segundo o BIS (Bank of International Settlements), a taxa de câmbio real efetiva brasileira se depreciou em 2012 e em 2013. Tal depreciação parece ainda não ter reverberado a contento nas relações comerciais do País. Até porque ainda se encontra mais apreciada do que em todos os anos de 1999 a 2009. Vale notar que os melhores resultados para a balança dos bens da indústria de transformação vieram justamente no período de taxa de câmbio real efetiva mais depreciada.
A piora do saldo e principalmente das exportações no último biênio está associada à queda nos preços de itens relevantes exportados pelo Brasil, como as commodities sejam as agrícolas, sejam as industriais. Esta queda ainda não foi compensada pelo aumento no quantum e por uma retomada das exportações industriais. Tal fato assevera a urgência na intensificação de negociações com parceiros comerciais para (re)inserção do Brasil nas cadeias globais de valor, processo este que deve ser casado com a ideia de reindustrialização. E o ponto de partida deve considerar que o processo de apreciação cambial que precedeu o último biênio também afetou os encadeamentos domésticos, com perda de etapas das aludidas cadeias. Em paralelo, a melhor coordenação do governo junto à iniciativa privada é essencial para a retomada do investimento.
A Balança por Intensidade Tecnológica. Tomando a classificação da indústria de transformação por intensidade tecnológica, usada pela OCDE, pode-se abordar a balança comercial de outra maneira, estabelecendo quatro segmentos: de alta intensidade, de média-alta, média-baixa e de baixa intensidade tecnológica. Essa segmentação se encontra na tabela a seguir.
O comércio dos bens produzidos por atividades tidas pela OCDE como de alta intensidade tecnológica percebeu déficit de US$ 32,0 bilhões em 2013, o maior já registrado na série para tal grupo de produtos. As exportações caíram de US$ 10,0 bilhões para US$ 9,7 bilhões. As importações cresceram para US$ 41,7 bilhões, magnitude sem igual para o acumulado em tela. Parcela expressiva desse conjunto de bens é montada em extensas cadeias produtivas globais.
Entretanto foi o segmento de média-alta intensidade aquele a apresentar o maior déficit, de US$ 61,4 bilhões, sem paralelo na história. O Brasil vendeu para o exterior US$ 40,0 bilhões em mercadorias tipicamente produzidas por atividades de média-alta intensidade, 1,6% menos do que no ano anterior, sendo a segunda queda seguida nas exportações. Não alcançou também o patamar logrado em 2008. Esta faixa abrange os materiais de transporte terrestre, porção significativa dos bens de capital, além de produtos químicos, que englobam amplo leque de bens intermediários.
Passando para as mercadorias tipicamente provenientes de atividades de média-baixa intensidade tecnológica, estas experimentaram déficit pela quarta vez seguida, déficit de US$ 7,1 bilhões. Esses números refletem modificações nos dois principais tipos de bens desta segmentação: produtos derivados do petróleo, combustíveis e afins; e bens metálicos, com destaque para commodities industriais.
Quanto ao grupo produtos típicos da indústria de baixa intensidade tecnológica, como de costume, registrou o único superávit dentre as quatro faixas, resultado positivo de US$ 40,8 bilhões. As exportações sofreram ligeiro declínio, de 0,1%, ficando em US$ 59,7 bilhões, enquanto as importações cresceram 0,5%. Daí o superávit menor do que o observado em 2012 e 2011 Tal grupamento comporta grosso modo dois tipos de mercadorias: aquelas cujos processos de produção são intensivos em recursos naturais abundantes no Brasil; e bens cuja fabricação emprega intensivamente recursos humanos.
Bens de Alta Intensidade Tecnológica. No ano passado, o agrupamento de bens fabricados por indústrias intensivas em tecnologia sofreu déficit como de costume. Dos cinco subgrupos, apenas os bens da indústria aeronáutica registraram foram superavitários. O Brasil exportou menos destes produtos do que em 2012, caindo de US$ 10,0 bilhões para US$ 9,7 bilhões, montante inferior ao registrado também nos anos de 2007 e 2008, este ano no qual o País mais exportou. As importações atingiram a US$ 41,7 bilhões, valor sem igual na série.
Os equipamentos aeronáuticos e aeroespaciais terminaram o ano com superávit de US$ 621 milhões, de pouca expressão. Cabe lembrar que no acumulado até setembro o resultado era negativo. Suas exportações quase se equipararam às do ano anterior, chegando a US$ 5,6 bilhões. Foi o terceiro ano em exportação ficando aquém também de 2008, quando o Brasil mais exportou esses produtos. As importações, a seu turno, alcançaram em 2013 o maior valor da série, US$ 5,0 bilhões.
Os três segmentos de bens produzidos por indústrias do complexo eletrônico contribuíram sobremaneira para o saldo negativo das mercadorias da indústria de alta intensidade tecnológica. Destes, dois presenciaram déficit e montante importado sem equivalentes na série: equipamentos de áudio, vídeo e telecomunicações (inclusive componentes eletrônicos), cujo déficit de US$ 12,4 bilhões foi o maior dentro da faixa de alta intensidade; e equipamentos e instrumentos médico-hospitalares, ótico e de precisão, com déficit de US$ 6,8 bilhões. Nos dois casos, as vendas externas declinaram, ficando em US$ 862 milhões (A&V e telecomunicações) e US$ 948 milhões (equipamentos e instrumentos médico-hospitalares, ótico e de precisão). No caso de A&V e telequipamentos, as exportações vêm recuando desde 2009.
Continuando no complexo eletrônico, os equipamentos de escritório e informática experimentaram déficit menor no confronto entre 2013 e 2012, saindo de um déficit de US$ 7,0 bilhões para um de US$ 6,7 bilhões. De qualquer modo, trata-se do segundo maior déficit em toda a série. Ainda assim suas exportações recuaram, de ficando em meros US$ 383 milhões, representando o quarto recuo consecutivo.
Os produtos farmacêuticos perceberam resultado negativo de US$ 6,6 bilhões, novo recorde. As exportações, de US$ 1,9 bilhão, ficaram aquém dos montantes do período equivalente de 2012 e de 2011. Ademais, o Brasil nunca importou tanto destes bens, US$ 8,5 bilhões.
Bens de Média-alta Intensidade Tecnológica. Em 2013, as exportações de bens das atividades de média-alta intensidade tecnológica, de US$ 39,9 bilhões, não atingiram o montante galgado nos dois anos anteriores e em 2008. Isso concorreu para o déficit de US$ 61,4 bilhões, recorde para a balança comercial dos produtos em pauta. Chama atenção a persistência desta deterioração: ano a ano, a magnitude do déficit tem crescido desde 2006, com uma pontual interrupção no atípico ano de 2009. As importações romperam o patamar dos US$ 100 bilhões, totalizando US$ 75,8 bilhões, quarto ano seguido de alta na comparação com o ano anterior. Quase todos os grupos de bens do segmento de média-alta intensidade viram seus déficits crescerem nessa base comparativa.
Os produtos químicos (exclusive farmacêuticos) sustentaram o status de maior déficit não só dentre os grupos de bens desta faixa, mas dentre todos os quatro segmentos por intensidade tecnológica: resultado negativo de US$ 27,1 bilhões, patamar recorde. As importações cresceram, chegando a US$ 37,2 bilhões também nível recorde. As exportações ficaram em US$ 10,2 bilhões, inferior ao que o Brasil exportou em 2012 e 2011, este ano em que o País mais vendeu desses bens para o exterior.
Os equipamentos de transporte fabricados por indústrias de médio-alta intensidade tecnológica somaram déficit de US$ 9,2 bilhões no ano passado. Os produtos automobilísticos responderam por si só por um déficit de US$ 8,3 bilhões. Isso mesmo com as exportações de carros, veículos de reboque e afins crescendo frente a 2012, somando US$ 15,8 bilhões. Quanto ao grupo dos equipamentos ferroviários e outros de transporte (motocicletas, entre outros), este teve resultado negativo de US$ 932 milhões, déficit menor do que o experimentado nos três anos anteriores.
Já as máquinas e equipamentos mecânicos ou não especificados noutros segmentos e as máquinas elétricas, seus respectivos déficits foram de US$ 17,4 bilhões e de US$ 7,7 bilhões. Ambos os patamares sem equivalência na série. O Brasil nunca importou um montante tão alto de máquinas e equipamentos mecânicos ou não especificados, US$ 27,2 bilhões. Já suas vendas para fora do País caíram para US$ 9,8 bilhões. Fenômeno similar ocorreu com as máquinas e equipamentos elétricos: suas exportações, de US$ 3,7 bilhões, ficaram abaixo do que se vendeu em 2012; e as importações foram recorde, US$ 11,4 bilhões.
Os dois agrupamentos de máquinas e equipamentos acima abrangem largo leque de bens de capital, apesar de não se restringir a estes. A produção doméstica de bens de capital se retraiu em 2012 devido à postergação de investimentos previstos e até cancelamentos, quer pelo pouco investimento público, quer pelo contexto adverso. Em 2013, quando a fabricação de bens de capital parecia deslanchar, a retração na confiança do empresário acendeu o sinal de alerta. Mas quer os dados de importação acima, quer a produção física doméstica continuam registrando incremento frente a 2012. Neste caso, as importações ascendentes não implicam necessariamente em menor espaço da indústria. Contudo a fabricação interna de bens de capital poderia ser mais beneficiada não só por maior qualificação dos recursos humanos e oferta de serviços especializados para a produção, mas também por uma melhor coordenação, sinalização das autoridades governamentais.
Bens de Média-baixa Intensidade Tecnológica. As exportações de bens típicos de ramos de média-baixa intensidade tecnológica se recuperaram em 2013, atingindo seu maior montante em toda a série, US$ 37,0 bilhões. Pari passu, o Brasil importou mais dos bens em questão do que em qualquer outro ano: US$ 44,0 bilhões.
Com isso, o déficit ficou US$ 7,1 bilhões, menor do que os déficits observados nos três anos anteriores. Até 2009, esse conjunto de produtos registrava superávit. Após o superávit recorde logrado em 2006, de US$ 10,6 bilhões, o intercâmbio se deteriorou até que passou a ser deficitário em 2010, piorando no ano seguinte.
A faixa de média-baixa intensidade tecnológica possui intercâmbio ditado sobremaneira por dois conjuntos de bens: produtos metálicos, destacando-se a siderurgia; e bens derivados de petróleo refinado, outros combustíveis e afins.
Os produtos de petróleo refinado e afins experimentaram resultado negativo de US$ 15,4 bilhões, o maior da série. As vendas externas do País destes itens retrocederam bastante na comparação com o ano anterior, saindo de US$ 5,6 bilhões neste ano para US$ 4,8 bilhões naquele. E o Brasil nunca importou tanto produtos de petróleo refinado, outros combustíveis e afins: US$ 20,2 bilhões.
As grandezas dos déficits em produtos de petróleo refinado e afins costumavam ser mais do que contrabalançadas pelos superávits de produtos metálicos, mormente da siderurgia. Situação que mudou em 2010. Em 2013, o superávit dos produtos metálicos e da siderurgia, ficou em US$ 5,0 bilhões, queda de US$ 2,6 bilhões frente a 2012. Suas exportações alcançaram US$ 19,2 bilhões, exportando, portanto, menos do que em 2012, 2011 e 2008. As importações ficaram ligeiramente menores do que no ano anterior, US$ 14,1 bilhões.
Passando para os grupos de bens de menor expressão, os produtos de minerais não-metálicos tiveram novo déficit, de US$ 367 milhões, o terceiro déficit seguido, sendo 2011, 2012 e 2013 os três únicos a registrarem déficit em toda a série iniciada em 1989. As exportações até se recuperaram, atingindo US$ 2,0 bilhões, mas ainda aquém do que já se exportou em 2006, 2007 e 2008.
Os produtos plásticos e de borracha, por sua vez, experimentaram déficit de US$ 3,6 bilhões, o maior em toda a série iniciada em 1989. Tal fato se deveu ao acréscimo das importações, atingindo seu recorde, de US$ 6,7 bilhões. O Brasil exportou US$ 3,0 bilhões, abaixo do que vendeu para fora em 2012 e 2011.
O intercâmbio de embarcações, navios etc. registrou superávit de US$ 7,3 bilhões, o maior da história. Assim, pelo menos desde 1989, o superávit dos produtos metálicos pela primeira vez não foi o maior dentre os bens dessa faixa. Mas tais cifras se devem em larga medida a vendas externas de navios-plataforma para petroleiras no exterior que os arrendam para operações da Petrobras no Brasil, no âmbito do programa Repetro. Desse modo, o Brasil “exportou” mais desses bens do que em qualquer outro ano, alcançando US$ 7,9 bilhões. As importações atingiram também nível recorde, mas sua grandeza foi bem menor, de US$ 635 milhões.
Bens de Baixa Intensidade Tecnológica. O comércio dos bens típicos das atividades da faixa menos intensiva em tecnologia logrou o único superávit dentre os quatro segmentos dessa classificação: US$ 40,8 bilhões. Todavia tal saldo deixou a desejar frente a 2012 e a 2011, quando experimentou seu maior superávit, US$ 42,9 bilhões. Aliás, as exportações de tal conjunto de bens, que somaram US$ 56,7 bilhões, ligeiramente aquém do montante de 2012. Em 2011, as vendas externas alcançaram seu maior nível, US$ 61,4 bilhões.
O ainda expressivo superávit dessa faixa em 2013 se deveu aos produtos industriais de alimentação, bebidas e fumo, que atingiram isoladamente US$ 37,3 bilhões. No entanto, esses bens também perceberam saldo e exportações menores do que em 2012 e em 2011. Aliás, o mesmo ocorreu com as importações, que ficaram em US$ 7,0 bilhões.
O intercâmbio de produtos do segmento madeireiro, de papel e celulose, impressão gráfica e afins teve superávit de US$ 6,8 bilhões, logrando um novo recorde. As exportações também foram sem iguais, chegando a US$ 9,2 bilhões.
Os outros grupos de bens típicos de segmentos de baixa intensidade têm apresentado situação distinta. Os produtos diversos ou reciclados registraram déficit pela quinta oportunidade consecutiva, de US$ 1,1 bilhão, o maior déficit da série, representando o nono ano seguido com deterioração no resultado comercial desses bens. Os produtos das indústrias têxtil, de vestuário, couro e calçados, por sua vez, experimentaram déficit de US$ 2,2 bilhões, quase igual à magnitude do saldo negativo observado em 2012. Há quatro anos esse grupo de bens vem registrando déficit. De 2005 a 2012, a piora no saldo foi contínua. Em 2013, em que pese o déficit de monta, a deterioração parou, acompanhada de ligeiro acréscimo nas exportações, alcançando, US$ 5,0 bilhões, patamar ainda inferior àqueles logrados nos anos de 2005 a 2008.
Ambos os conjuntos de bens logo acima e aqueles que vêm logrando superávits têm importantes diferenças entre si. Os produtos têxteis, vestuário, calçados e artigos de couro, são intensivos em mão-de-obra, apesar de parte deles ser sujeita a estratégias de diferenciação de produtos. Tais bens sentiram mais os efeitos do câmbio apreciado do passado recente, a ponto da depreciação frente ao dólar não significar uma automática recuperação. Os gêneros das indústrias de alimentos, bebidas, madeireiras, por sua vez, empregam intensivamente recursos naturais, nos quais o Brasil é abundante.