Carta IEDI
Produção da Indústria de Transformação Mundial: O Brasil no Final da Fila
É com sinceros votos de próspero Ano Novo a todos que o IEDI publica sua última Carta de 2015, um ano que careceu de boas notícias. A crise da indústria brasileira foi aprofundada pelo colapso da confiança dos empresários e das famílias, diante dos conflitos políticos, dos escândalos de corrupção, do aumento da inflação e dos juros, dos cortes dos investimentos públicos e da queda do crédito, do emprego e da renda. Com isso, a produção industrial deve encolher algo como 8% no acumulado de 2015 e o PIB da indústria, em torno de 6%.
Que o quadro da indústria vai mal já sabemos, mas ele fica ainda mais negativo quando colocado em perspectiva internacional. É exatamente esse o objetivo da nossa Carta IEDI de hoje ao analisar os dados da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) sobre a produção da indústria de transformação mundial.
O relatório da UNIDO mostrou uma queda de 0,7% da produção da indústria mundial de transformação no terceiro trimestre de 2015, em relação ao trimestre imediatamente anterior, e um aumento de 2,7% frente ao mesmo período de 2014. O crescimento da indústria de transformação dos países desenvolvidos foi de 1,2% e a dos países emergentes e em desenvolvimento, de 5,0%, sempre em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
Nos países emergentes e em desenvolvimento o ritmo de expansão vem diminuindo progressivamente, sobretudo por conta da desaceleração chinesa. A China teve em julho-setembro de 2015 o menor incremento da produção desde 2005, mas ainda assim alcançou a significativa marca de 7,0%.
A indústria de transformação da América Latina, por sua vez, manteve tendência declinante, com queda de 3,2% no mesmo período. Quase todos os países assinalaram variação negativa, mas o destaque ficou a cargo do Brasil, com -11%. A retração brasileira se fez valer em todos os setores, mas especialmente em veículos automotivos e equipamentos de informática. Colômbia e Peru tiveram quedas de 0,3% e 3,2%, respectivamente, e a Argentina registrou variação nula. Somente Chile (0,3%) e México (2,9%) tiveram aumento da produção.
Ainda na comparação com igual trimestre do ano anterior, o crescimento da produção manufatureira dos países desenvolvidos teve aceleração, revertendo tendência descendente. Esse avanço deveu-se essencialmente a uma situação cambial mais favorável às exportações e ao menor preço do petróleo.
Em especial, deveu-se também ao crescimento da indústria dos Estados Unidos, liderada pela demanda interna. No terceiro trimestre de 2015 em relação ao mesmo período de 2014, a indústria manufatureira estadunidense assinalou expansão de 2,0% na produção. Já na Europa, a recuperação da indústria de transformação também tem se firmado, com expansão de 2,0%.
Setorialmente, o crescimento da indústria de transformação mundial foi relativamente disseminado. A grande maioria dos setores cresceu no terceiro trimestre de 2015 comparativamente a igual período de 2014, exceto três: produtos de tabaco (-1,5%), máquinas e equipamentos (-1,1%) e publicação e impressão (-0,8%). O setor com maior expansão foi rádio/TV/comunicações, sendo que as maiores variações se deram, entre os países emergentes e em desenvolvimento, no Egito e na Turquia, e entre as economias industrializadas, na Espanha e França.
Introdução: A Indústria de Transformação Mundial no Terceiro Trimestre de 2015. De acordo com o relatório trimestral da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) sobre a produção da indústria de transformação mundial no terceiro trimestre de 2015 houve aumento de 2,7% em relação ao mesmo período de 2014 e uma queda de 0,7% em relação ao trimestre imediatamente anterior, abril-junho de 2015.
Em relação ao mesmo trimestre de 2014, em julho-setembro de 2015 a indústria de transformação dos países desenvolvidos cresceu 1,2% e a dos países emergentes e em desenvolvimento 5,0%. Progressivamente, o ritmo de expansão desse segundo grupo vem diminuindo, essencialmente por conta da desaceleração chinesa. Ainda na comparação com igual período do ano anterior, cabe ressaltar que no terceiro trimestre de 2015 a elevação na taxa de variação da produção de manufaturados do grupo de países industrializados reverteu desaceleração.
Resultados dos Países Desenvolvidos. O avanço na produção manufatureira dos países desenvolvidos deveu-se essencialmente a uma situação cambial mais favorável às exportações e ao menor preço do petróleo. Em especial a indústria dos EUA seguiu crescendo, liderada pela demanda interna, assinalando um resultado de 2,0% no terceiro trimestre de 2015 em relação ao mesmo período de 2014.
Entre os países industrializados do Leste Asiático, contudo, o crescimento foi baixo (0,2%) em julho-setembro de 2015 em relação a igual trimestre de 2014 – após três trimestres consecutivos de taxas negativas. Contudo, a produção da indústria de transformação de Japão e Singapura apontou variação negativa nesse trimestre, respectivamente de -0,4% e -6,2%. Por outro lado, na Malásia houve expansão de 4,7% e na Coreia do Sul 2,5%.
Já na Europa, a recuperação da indústria de transformação tem se firmado com expansão de 2,0% em julho-setembro de 2015 em relação a igual trimestre de 2014. A maior parte dos países registrou avanço, exceto Noruega, Estônia, Reino Unido, Finlândia e Rússia – com declínio de 6,4% devido à queda do preço do petróleo e às sanções sofridas. As variações positivas mais intensas foram verificadas em Malta (7,0%), Hungria (6,8%), República Tcheca (6,7%) e Eslováquia (6,2%).
Resultados dos Países em Desenvolvimento e Emergentes. Nos países emergentes e em desenvolvimento a expansão mais lenta de 5,0% da indústria de transformação no terceiro trimestre de 2015 em relação ao mesmo período de 2014, como dito, foi liderada pela China. O país segue desacelerando, tendo assinalado em julho-setembro o menor incremento da produção desde 2005 – ainda assim é muito significativo: 7,0%.
A América Latina também está em tendência declinante, tendo registrado um decrescimento de 3,2% no mesmo período. Quase todos os países assinalaram variação negativa, em especial o Brasil, cuja produção da indústria de transformação caiu 11% em julho-setembro de 2015 em relação ao mesmo trimestre de 2014. Tal queda se fez valer em todos os setores, mas especialmente veículos automotivos e equipamentos de informática. Peru teve queda de 0,3%, Colômbia -3,2% e a Argentina registrou variação nula. Somente Chile (0,3%) e México (2,9%) tiveram aumento da produção.
Por outro lado, a indústria de transformação dos países em desenvolvimento da Ásia e do Pacífico acelerou o ritmo de expansão, com crescimento de 6,6% no terceiro trimestre de 2015 em relação a igual período de 2014. Destacam-se os resultados de Paquistão (12,9%), Vietnã (12,5%), Índia (4,6%) e Indonésia (4,2%). No Paquistão e Índia, o motor da expansão foi o setor de têxteis, enquanto na Indonésia foi o de máquinas e equipamentos.
Finalmente, na África, a produção manufatureira teve aumento de apenas 0,1% em julho-setembro de 2015, no confronto com julho-setembro de 2014. Mas vale ressaltar que a produção caiu no Egito (-3,1%), Senegal (-1,3%) e Tunísia (-0,2%), enquanto cresceu na África do Sul (1,6%) e Marrocos (1,5%).
Análise Setorial. A indústria de transformação mundial, no terceiro trimestre de 2015, comparativamente a igual período de 2014, contou com o crescimento da maior parte dos setores exceto três: produtos de tabaco (-1,5%), máquinas e equipamentos (-1,1%) e publicação e impressão (-0,8%). Nos três casos, a queda foi liderada pelos resultados das economias industrializadas. Além destes, também assinalaram queda no grupo de países industrializados sete outros setores, em especial produtos de couro e calçados (-4,3%) e metais básicos (-3,6%). Em contraste, ainda nesse grupo de economias, destaca-se o significativo crescimento de vestuário/confecções (5,0%), rádio/TV/comunicações (5,0%), químicos (4,2%) e veículos automotores (4,0%).
Já nos países emergentes e em desenvolvimento, também na comparação entre julho-setembro de 2015 e 2014, somente produtos de tabaco tiveram queda na produção. Os setores industriais que mais cresceram foram rádio/TV/comunicações (9,3%), móveis (9,0%), equipamentos eletrônicos (8,4%), produto de borracha e plástico (6,6%), químicos (6,4%) e metais básicos (6,3%).
O relatório da UNIDO provê, ainda, alguns destaques. Por exemplo, afirma que no setor de rádio/TV/comunicações, cuja produção foi a que mais expandiu no período, as maiores variações se deram, entre ao países emergentes e em desenvolvimento, no Egito e na Turquia, e nas economias industrializadas, na Espanha e França. Em vestuário, os países que apontaram as maiores taxas de crescimento no terceiro trimestre de 2015 foram Reino Unido, Egito e Malásia, sendo que as maiores retrações foram na Indonésia e no Brasil. No setor de alimentos e bebidas, as expansões mais fortes foram na Índia, Argentina e México, tendo sido a maior queda no Brasil. Em veículos automotores, a Itália assinalou a maior expansão no terceiro trimestre de 2015, comparativamente a julho-setembro de 2014, considerando todos os países avaliados. Finalmente, em químicos, destaca-se o crescimento na Irlanda e Japão, entre as economias industrializadas, e na Bulgária e Senegal, entre os países em desenvolvimento e emergentes. Mais além, esse foi um dos poucos setores que assinalou expansão na Rússia nesse trimestre.