Carta IEDI
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica: Retrocesso no Semestre e Melhoras à Vista
Na passagem de maio a junho último a indústria de transformação brasileira cresceu 1,3%, trazendo a perspectiva de uma fase melhor para o setor, muito embora, no primeiro semestre frente a igual período de 2015, a tenha ocorrido retração ainda intensa: -8,4%. Mesmo o mês de junho observou encolhimento da indústria de transformação, de -5,0%. O resultado do acumulado em 12 meses terminados em junho teve retração de 10,1%, levando ao menor patamar desde julho de 2004.
O retrocesso no semestre se fez acompanhar de uma redução no déficit dos bens típicos da indústria de transformação, que ficou em US$ 2,8 bilhões, contra um saldo negativo de US$ 23,5 bilhões no mesmo acumulado de 2015. Esse menor déficit, porém, decorreu sobremaneira da queda nas importações, visto que as exportações em dólares correntes retrocederam 1,2%.
A retração ainda expressiva da indústria de transformação pode ser ilustrada pela classificação adotada pela OCDE segundo a qual o setor se divide em quatro faixas de intensidade tecnológica: alta intensidade, média-alta, média-baixa e baixa intensidade tecnológica.
- A faixa de alta intensidade registrou declínio de 10,8% no semestre. Desde janeiro de 2015, a taxa tem sido negativa na comparação entre acumulado do ano e igual período do ano anterior. No contraponto entre meses de junho, o retrocesso foi de 0,9%. Em doze meses, a queda chegou a 15,6%. As atividades do complexo eletrônico têm concorrido bastante para tais contrações: como um todo teve declínio de 27,0% no semestre. Em contraste, a indústria farmacêutica cresceu 1,9%, puxada pelo incremento de 2,5% em abril-junho.
- O segmento de média-alta intensidade sofreu a retração mais aguda dentre as quatro faixas no acumulado do ano até junho, -13,5%, com a indústria automobilística puxando a queda. Retração, aliás, disseminada tem todos os ramos dessa faixa: da produção de bens de capital, máquinas e equipamentos à indústria de material de transporte terrestre passando pela indústria química. A queda mais aguda foi na indústria automobilística e afins, com retrocesso de 21,2%. Para a faixa de média-alta intensidade como um todo, no contraste entre meses de junho, a produção física caiu 1,8%, enquanto, em doze meses, 16,8%.
- A indústria de média-baixa recuou 10,2% quer na comparação entre primeiros semestres, quer entre meses de junho. Nas duas bases comparativas, o declínio foi generalizado. Em doze meses, a variação foi de -9,9%. A produção de bens metálicos, que inclui a siderurgia (declínio de 13,1%), e a de produtos de petróleo refinado, álcool e afins ditam o dinamismo dessa faixa, com ambos declinando (queda de 5,9%).
- A faixa de baixa intensidade experimentou recuos menos agudos, com declínio de 2,6% na comparação entre os primeiros seis meses e o mesmo acumulado do ano anterior. No confronto entre meses de junho, a queda foi de 3,2%. Em doze meses, essa faixa produziu 4,5% menos. Notar que a produção das indústrias alimentícias, de bebidas e fumo, a de maior peso na estrutura industrial devido ao ramo de alimentos industrializados, cresceu 1,0%. Porém a queda nos demais, em especial nos ramos mais intensivos em mão-de-obra (ramo têxtil, de vestuário, couro e calçados; e o de manufaturados não especificados noutras atividades), mais do que contrabalançou o resultado positivo da indústria de alimentos e bebidas. Mesmo as indústrias madeireira, de papel e celulose, de impressão e gráfica sofreram contração no semestre.
Em suma, verifica-se alguns sinais de melhora para a indústria de transformação no contraponto mês contra mês imediatamente anterior, mas em fase inicial. Ainda estão presentes as dificuldades para o retorno ao patamar de produção que já se alcançou na indústria brasileira e para fazer com que o investimento seja o motor do crescimento. Para tanto as exportações permanecem cruciais.
Uma Visão Geral da Indústria de Transformação. Embora na passagem de maio para junho último a indústria de transformação brasileira tenha crescido 1,3%, as comparações frente ao ano anterior permanecem desfavoráveis: no contraponto entre meses de junho, queda de 5,0%, enquanto, no de segundos trimestres, recuo ainda maior, de 5,7%. No acumulado do ano, a produção física retrocedeu 8,4%. Já em 12 meses terminados em junho, a variação foi de -10,1%.
O retrocesso em janeiro-junho teve em paralelo uma redução no déficit da balança comercial dos bens típicos da indústria de transformação, que ficou em US$ 2,8 bilhões, contra um saldo negativo de US$ 23,5 bilhões no mesmo acumulado de 2015. Todavia a diminuição na grandeza do déficit ocorreu com recuo de 1,2% nas exportações em dólares correntes.
Diferentemente do comportamento da primeira metade dos anos 2000, quando a melhoria na balança comercial de bens típicos da indústria de transformação encontrava paralelo com o crescimento da produção física do setor, a recessão tem levado a uma melhora no saldo comercial com retrocesso produtivo.
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica. O desempenho da produção física da indústria de transformação pode ser apreendido agrupando suas atividades em quatro faixas de intensidade tecnológica, seguindo parâmetros da OCDE: alta intensidade, media-alta, média-baixa e baixa intensidade.
Cumpre frisar que, com os aprimoramentos metodológicos da PIM-PF, utilizou-se a indústria de transformação sem computar a atividade de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos. Esse ramo passou a ser discriminado na versão mais recente da Classificação Industrial Internacional Uniforme (CIIU) e, por conseguinte, na versão 2 da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). Abaixo encontram-se expostos resultados selecionados para as faixas de intensidade tecnológica, ressalvando-se de que os mesmos estão sujeitos a revisões.
Ainda que venha se observando alguma melhora na comparação entre mês e mês imediatamente anterior (série dessazonalizada), a recessão permanece, só que com menor intensidade, fazendo com que no acumulado do ano todos os quatro segmentos de intensidade tecnológica tenham se retraído. O de média-alta intensidade sofreu a maior queda no primeiro semestre. O de alta e o de média-baixa sofreram quedas na casa dos -10%. A faixa de baixa intensidade declinou menos acentuadamente.
A faixa de alta intensidade registrou declínio de 10,8% no semestre. Desde janeiro de 2015, a taxa tem sido negativa na comparação entre acumulado do ano e igual período do ano anterior. No contraponto entre meses de junho, o retrocesso foi de 0,9%. Em doze meses, a queda chegou a 15,6%. As atividades do complexo eletrônico têm concorrido bastante para tais contrações.
O segmento de média-alta intensidade também sofreu diminuição expressiva no acumulado do ano até junho, taxa de -13,5%, com a indústria automobilística puxando a queda. Retração, aliás, disseminada tem todos os ramos encampados por essa faixa: da produção de bens de capital, máquinas e equipamentos à indústria de material de transporte terrestre passando pela indústria química. No contraste entre meses de junho, a produção física caiu 1,8%. Em doze meses, 16,8%.
A indústria de média-baixa recuou 10,2% quer na comparação entre primeiros semestres, quer entre meses de junho. Nas duas bases comparativas, o declínio foi generalizado. Em doze meses, a variação foi de -9,9%. A produção de bens metálicos, que inclui a siderurgia, e a de produtos de petróleo refinado, álcool e afins ditam o dinamismo dessa faixa.
A faixa de baixa intensidade experimentou recuos menos agudos, com declínio de 2,6% na comparação entre os primeiros seis meses e o mesmo acumulado do ano anterior. No confronto entre meses de junho, a queda foi de 3,2%. Em doze meses, essa faixa produziu 4,5% menos. Notar que a produção das indústrias alimentícias, de bebidas e fumo, a de maior peso na estrutura industrial devido ao ramo de alimentos industrializados, cresceu 1,0% no semestre, com taxa positiva também na comparação entre segundos trimestres.
Alta Intensidade Tecnológica. O segmento tecnologicamente mais intensivo nos termos da OCDE sofreu retração de 10,8% no primeiro semestre de 2016. Em junho a taxa foi de -0,9%, queda menor que a observada no segundo trimestre como um todo: queda de 5,9% frente a igual trimestre de 2015. Em doze meses, a variação ficou em -15,5%. Aliás, tomando-se o acumulado em doze meses, desde agosto de 2005, a produção física não ficava tão baixa. Quanto ao déficit comercial dos produtos tipicamente oriundos desse segmento no primeiro semestre, de US$ 8,9 bilhões, significou o menor déficit para esse período desde 2009. A redução nas importações contribui muito para tanto, mas as exportações cresceram, puxadas pelas vendas externas da indústria aeronáutica. A maior parte das atividades da faixa de alta intensidade produz bens complexos com várias etapas e inseridos em extensas cadeias globais de valor, como os da própria aeronáutica e os do complexo eletrônico.
A indústria farmacêutica se distingue das demais dessa faixa por não produzir bens montados. E, diferente da faixa como um todo, apresentou expansão de 1,9% em janeiro-junho, com colaboração do mês de junho, incremento de 2,1%, próximo ao logrado em abril-junho: 2,5%. Tais números não foram o suficiente para uma taxa positiva em doze meses, declínio de 4,0%. No primeiro semestre, o déficit comercial de bens tipicamente produzidos por esse ramo chegou a US$ 3,1 bilhões. As importações caíram 2,5%, enquanto as vendas para o exterior caíram 12,9%.
Quanto ao complexo eletrônico, sua expressiva retração de 27,0% em janeiro-junho decorreu do desempenho de seus três ramos. Todos declinaram bastante. O maior dos três no País é a fabricação de equipamentos de rádio, TV e comunicação, que abarca também partes e componentes eletrônicos usados não só nela, mas em uma miríade cada vez mais ampla de atividades. Sua retração foi de 27,2%, com abril-junho tendo recuado de 15,7% vis-à-vis o mesmo trimestre de 2015. Confrontando meses de junho, a produção caiu 5,0%. Em doze meses, o recuo foi de 28,4%. O menor consumo do País contribuiu ainda para um déficit menor nos bens desse ramo ante o ano passado. Porém, mesmo caindo, o saldo ficou negativo em US$ 3,3 bilhões, com as exportações tendo declinado 21,3%.
A produção de equipamentos de informática e de escritório retrocedeu 32,8% na primeira metade de 2016, com queda de 24,8% na comparação entre segundos trimestres e 8,9% entre meses de junho de 2016 e de 2015. Em doze meses, a variação foi ainda pior: -42,5%. Similarmente à fabricação de aparelhos de áudio, vídeo e de comunicações, a retração do mercado doméstico culminou em menor déficit em janeiro-junho, ficando em US$ 1,6 bilhão, com exportações em dólares correntes maiores, mas em patamar muito baixo.
Já a produção de equipamentos médico-hospitalares, instrumentos de precisão e material ótico e fotográfico teve retração também expressiva: declínio de 13,3% no primeiro semestre. Abril-junho apresentou recuo de 12,8%, puxada pela queda de 20,8% no contraponto entre meses de junho de 2016 e de 2015. Em doze meses, o declínio foi de 12,2%. Em janeiro-junho, o déficit em produtos típicos da atividade chegou a US$ 2,1 bilhões, com exportações cadentes.
Média-alta Intensidade Tecnológica. A faixa de média-alta sofreu declínio de 13,5% no acumulado até junho frente ao mesmo período de 2015. Abril-junho teve queda de 7,9% frente igual trimestre do ano anterior. Junho registrou decréscimo de 1,8%. Em doze meses, a produção diminuiu 16,8%. Nesse começo de ano, o déficit dos produtos típicos desse segmento ficou em US$ 14,4 bilhões, menos que a metade do déficit observado em janeiro-junho do ano passado. As exportações em dólares correntes recuaram 12,8%. A redução do déficit não impediu que esse conjunto de bens mantivesse a posição de maior déficit dentre as quatro faixas de intensidade tecnológica.
A produção da indústria química diminuiu 1,9% no primeiro semestre. Apesar da retração, foi o ramo da faixa de média-alta cuja produção menos caiu. Aliás, o segmento químico logrou incremento de 2,9% na comparação entre meses de junho. Confrontando o segundo trimestre com igual período de 2015, a variação foi de -0,8%. Em doze meses, a taxa foi de -4,2%. Em janeiro-junho, o saldo comercial dos produtos químicos (exclusive farmacêuticos) registrou o maior déficit dentre todos os grupos de bens das quatro faixas de intensidade tecnológica, de US$ 8,4 bilhões. Porém a magnitude do déficit declinou. As exportações em dólares correntes recuaram 4,4%.
Já a fabricação de veículos automotores registrou a maior retração em janeiro-junho dentro dessa faixa de intensidade tecnológica, variação de -21,2%. A queda para doze meses foi ainda maior, recuo de 26,8%. Em abril-junho, a produção automotiva diminuiu 14,0% frente igual período de 2015. Em março, o encolhimento foi de 4,3%. A contração do mercado doméstico responde por esses números. Esse fator também explica a mudança de sinal do saldo comercial de veículos no primeiro semestre do ano, superávit de US$ 349 milhões.
Quanto aos ramos mais associados à indústria de bens de capital – fabricação de máquinas e equipamentos elétricos; e fabricação de máquinas e equipamentos mecânicos e não especificados em outras atividades, estes produziram bem menos em janeiro-junho, com retrações de 13,2% e 16,0%, respectivamente. No contraponto entre meses de junho, as taxas foram de 0,0% e de -2,9, melhores do que as logradas no comparativo entre segundos trimestres: -5,5% e -7,3%, respectivamente. Em doze meses, as variações foram próximas, de -16,0% e de -17,1%, respectivamente. Voltando ao acumulado do ano, o comércio exterior de máquinas e equipamentos elétricos registrou déficit de US$ 2,2 bilhões, menor grandeza para primeiro semestre desde 2009. Todavia suas vendas para o exterior em dólares correntes caíram 9,6% no período. Já máquinas mecânicas ou não especificadas, sua balança ficou com déficit de US$ 4,0 bilhões, o menor patamar para primeiro semestre desde 2008, com as exportações crescendo 5,3%.
Média-baixa Intensidade Tecnológica. A produção física do segmento de média-baixa intensidade também experimentou declínio de dois dígitos em janeiro-junho de 2016: -10,2% vis-à-vis igual acumulado de 2015. Tal resultado foi igual ao da comparação entre meses de junho. No contraponto entre abril-junho e mesmo período do ano anterior, queda de 10,4%. Em doze meses, o Brasil produziu 9,9% menos dos produtos dessa indústria. Já a balança comercial dos bens típicos da faixa voltou a apresentar superávit para janeiro-março após seis anos de déficit no primeiro semestre: US$ 1,9 bilhão. Mas essa virada ocorreu com exportações em dólares correntes encolhendo 9,7%. A produção de bens metálicos, que abrange a siderurgia, e a de derivados do refino de petróleo, álcool e afins têm sido as indústrias que ditam em larga medida o comportamento tanto dos fluxos comerciais dos bens típicos desse segmento, quanto da produção física.
A indústria de bens de petróleo refinado, álcool e outros combustíveis produziu 5,9% menos no primeiro semestre do que em igual período de 2015. Março teve variação de -13,2%, concorrendo tanto para a queda no semestre, quanto para o recuo de 9,8% no segundo trimestre. Em doze meses, a taxa foi de -6,1%. O intercâmbio externo dos produtos em tela experimentou déficit de US$ 3,1 bilhões em janeiro-junho, elevado, mas de grandeza inferior à registrada nos seis anos anteriores para esse período do ano. Suas exportações em dólares correntes diminuíram 34,6%, concorrendo para a retração da produção física.
Quanto à fabricação de produtos metálicos, a queda na produção física no semestre inicial do ano passado foi mais contundente: taxa de -13,1%. O País produziu 7,1% menos no contraponto entre meses de junho e 11,3% menos no confronto entre segundos trimestres. Em doze meses, a queda atingiu 12,7%. Em janeiro-junho último, o superávit atingiu US$ 5,2 bilhões, o maior saldo para esse período desde 2008. No entanto as vendas externas de produtos metálicos retrocederam 10,1%.
Seguindo para as demais atividades da faixa de média-baixa intensidade, a produção de outros produtos minerais não-metálicos retrocedeu 11,9% na primeira metade do ano. No segundo trimestre e em junho, as reduções foram um pouco mais brandas, taxas de -10,4% e -9,9%, respectivamente. Em doze meses, o recuo foi de 11,3%. As exportações desses bens em dólares correntes, por sua vez, recuaram 2,5% no primeiro semestre frente a igual período de 2015. Mas, ainda com isso, o saldo comercial registrou superávit. Já a fabricação de borracha e produtos plásticos registrou recuo de 11,1% em sua produção física em janeiro-junho. Suas vendas externas em dólares correntes de borracha e produtos plásticos diminuíram 5,1% no primeiro semestre, com agravante de ter sido o quarto ano seguido de queda nesse período do ano. O saldo comercial desses itens observou déficit de US$ 660 milhões.
Baixa Intensidade Tecnológica. A produção da indústria de baixa intensidade tecnológica diminuiu 2,6% no primeiro semestre vis-à-vis igual acumulado de 2015. Com tal queda, o patamar em que ficou foi o pior registrado para janeiro-junho desde 2003. No sexto mês, a queda foi de 3,2%, concorrendo para a variação negativa não só no semestre quanto no segundo trimestre (taxa de -0,3%). Em doze meses, a variação atingiu -4,5%. O saldo das mercadorias tipicamente produzidas por atividades dessa faixa, de US$ 18,6 bilhões, no primeiro semestre continua como o único superavitário dentre os quatro segmentos por intensidade tecnológica. Foi o maior superávit para janeiro-junho desde 2013, com as exportações em dólares correntes crescendo 0,8%.
O agrupamento de ramos dessa faixa de maior porte, as indústrias de alimentos, bebidas e de fumo cresceu 1,0% no primeiro semestre frente a igual acumulado do ano anterior. O segundo trimestre concorreu bastante para tanto, com incremento de 3,3% contra o mesmo período de 2015, a despeito da queda de 3,9% na comparação entre meses de junho. Em doze meses, ainda registra diminuição de 0,5%. Suas mercadorias têm sido as principais responsáveis pelo resultado comercial positivo dos bens típicos da faixa de baixa intensidade tecnológica, com superávit de US$ 14,6 bilhões na primeira metade de 2016. Entretanto tal resultado positivo ficou aquém do logrado em igual acumulado dos anos de 2011, 2012, 2013 e de 2014. Menos mal que as exportações desses bens em dólares correntes cresceram 2,2% em janeiro-junho ante o mesmo acumulado de 2015.
Outro conjunto de indústrias cujos produtos típicos têm obtido superávits é o formado por bens oriundos dos ramos madeireiro, de papel e celulose, gráficas e afins. Este logrou superávit de US$ 4,2 bilhões em janeiro-junho, recorde para primeiro semestre. Para tanto, colaborou o acréscimo de 1,5% nas exportações em dólares correntes. Tal número contrasta com a queda de 3,3% na produção física na metade inicial do ano. A queda na comparação entre meses de junho foi de 2,0%, concorrendo para o recuo de 1,9% no semestre. Em doze meses, o declínio foi de 6,6%.
Os outros dois ramos são caracterizados por serem mais intensivos em força de trabalho que os demais de baixa intensidade. As atividades de fabricação de manufaturados não especificados noutras indústrias e de produtos reciclados registraram saldo comercial negativo de US$ 130 milhões em janeiro-junho. Mais do que o déficit, também chama a atenção o recuo de 2,8% das exportações. Sua produção física declinou 13,4% na metade inicial de 2016 frente o mesmo acumulado de 2015. No segundo trimestre – comparação com igual trimestre de 2015 – a queda foi de 12,8%, sendo que, no confronto entre meses de junho, a queda chegou a 7,0%.
O conjunto das indústrias têxtil, de vestuário, calçados e artigos de couro sofreu queda na produção física de 8,4% na comparação entre acumulados do ano até junho. No contraponto entre abril-junho e igual trimestre do ano passado, a produção declinou 5,4%, mas com o mês de junho logrando ligeiro incremento, de 0,4%. Em doze meses, o retrocesso permanece na casa dos dois dígitos: queda de 11,5%. Pari passu, o saldo comercial mudou de sinal após cinco anos com déficit em seus produtos típicos no acumulado até junho, ficando com o diminuto superávit de US$ 24 milhões. Infelizmente tal melhora não decorreu das exportações em dólares correntes, estas declinaram 10,1% em janeiro-junho, queda que concorreu para a retração da produção.