Carta IEDI
A Indústria em Julho de 2016: Virtual Estabilidade
O crescimento da produção industrial em julho de apenas 0,1% frente ao mês anterior corrobora o quadro de estabilização do setor. No atual momento, a indústria parece estar à espera de que fatores dinamizadores adicionais entrem em operação, para pavimentar sua trajetória de recuperação.
Muitos destes fatores dependem da estabilização da crise em outros setores, de forma a reverter, por exemplo, a piora do emprego e do rendimento das famílias ou a expressiva contração e encarecimento do crédito que temos visto já há algum tempo. Melhoras nesses campos ainda não estão à vista.
O governo também tem um papel importante a desempenhar, a despeito das restrições que o ajuste fiscal lhe impõe. É o caso do destravamento dos investimentos em infraestrutura, da redução dos juros, em acordo com a convergência das expectativas inflacionárias, do estancamento da valorização do câmbio e da restauração do Reintegra, para reduzir as distorções da estrutura tributária e ampliar a competitividade do produto nacional. Sinais nessas áreas dariam um estímulo a mais para a indústria nesse momento tão delicado em que o setor tenta se recuperar.
A virtual estabilidade da produção em julho foi acompanhada do declínio de alguns setores, inclusive daqueles que vinham crescendo seguidamente nos últimos meses, refletindo talvez algum ajuste fino de seus estoques. Mas também houve setores que deram novos sinais de redução de perdas.
Dentre os macrossetores, a produção de bens de capital apresentou a primeira retração do ano. –A queda de 2,7% frente a junho, com ajuste sazonal, ocorre depois de uma alta acumulada de 14,7% nos primeiros seis meses do ano. Antes de simbolizar o retorno da recessão no setor, é possível que a taxa adversa nesse caso seja apenas um resultado pontual, decorrente de uma acomodação conjuntural após a sucessão de variações positivas desde o início do ano. É preciso esperar para ver a direção do processo.
A produção de bens de consumo semi e não duráveis também recuou em julho: -1,9% frente ao mês anterior com ajuste, resultado bastante influenciado pelo recuo de setores que tinham obtido no mês anterior uma expansão considerável. São os casos de artigos de vestuário e acessório (+9,5% em junho e -2,4% em julho), couro, calçados e artigos de viagem (+10,6% em junho e -6,0% em julho) e produtos de limpeza, perfumaria e higiene pessoal (+5,3% em maio, +5,7% em junho e -2,8% em julho). Nestes ramos, as variações negativas em julho podem corresponder tão-somente a resultados isolados.
Apesar disso, o desempenho médio de bens semi e não duráveis nos últimos quatro meses não foi tão promissor quanto aquele da virada do ano. Entre abril e julho, as taxas negativas predominaram, em contraste com o que ocorreu no final de 2015 e início de 2016. A piora do emprego e da renda real das famílias, ainda em processo, contribuem para isso, bem como a valorização do câmbio dos últimos meses, já que muitos de seus setores são exportadores.
Já em bens de consumo duráveis, a produção voltou a ter mais um mês de expansão, o terceiro consecutivo: +6,0% em maio, +2,0 em junho e +3,3% em julho. Dado que as perdas nesse caso foram intensas em 2015, a trajetória recente é mais do que bem-vinda, embora nem de longe neutralize o colapso anterior da produção.
Bens intermediários, por sua vez, que vinham claudicando desde o início do ano, também cresceram em julho na série com ajuste sazonal: +1,6%. Esta foi a segunda alta consecutiva (+0,8% em jun/16), também consistindo em um bom sinal para a recuperação da indústria.
De maneira geral, o segundo semestre do ano se inicia com um desempenho que continua sugerindo uma fase menos dramática da crise industrial, mas ainda há muita perda a ser recuperada. Para se ter uma ideia, a evolução mais favorável da indústria como um todo nos sete meses de 2016 foi responsável por uma alta da produção de 1,6% no acumulado deste período, enquanto o recuo industrial chegou a 14,2% entre dez/13, início da deterioração mais acentuada da indústria, até dez/15, isto é, antes da etapa atual de moderação.
A permanência desse quadro de quedas menos acentuadas e de retorno ao crescimento de alguns setores é importante para garantir que as expectativas futuras dos empresários sigam a trajetória de melhora progressiva iniciada há pouco (desde junho, segundo a CNI). Sem que a evolução real do setor valide as expectativas, elas poderão ser corrigidas para baixo, prejudicando a recuperação do setor.
Resultados da Indústria. A produção industrial teve em julho mais um mês de crescimento na série livre de efeitos sazonais, mas a uma taxa muito pequena: 0,1% ante 1,3% em junho e 0,4% em maio. Com isso, a evolução na margem da indústria em 2016 foi positiva em 6 dos 7 meses do ano, ainda que o resultado de julho aponte mais para uma estabilidade. A única exceção foi o mês de fevereiro, que apresentou queda de -2,7%. O ano de 2016 vai se firmando, então, como uma etapa de estancamento da crise industrial, uma vez que em 2015 ocorreram 11 meses seguidos de queda na série com ajuste sazonal.
Frente a julho de 2015, contudo, continuou havendo retração, de 6,6%. Esse resultado implicou uma aceleração da queda em comparação com o de junho (-5,7%), mas é preciso considerar que julho de 2016 (21 dias) teve dois dias úteis a menos do que igual mês do ano anterior. Com isso, houve decréscimo de 8,7% no acumulado dos primeiros sete meses do ano, em comparação com o mesmo período de 2015. O indicador acumulado nos últimos doze meses, por sua vez, apresentou variação negativa de 9,6% frente a igual período imediatamente anterior.
Em relação aos macrossetores, frente a junho com ajuste sazonal, houve crescimento da produção industrial em dois deles (bens intermediários e bens de consumo duráveis) e queda nos outros dois (bens de capital e bens de consumo semi e não duráveis).
A produção de bens de capital apresentou sua primeira taxa negativa no ano nesta comparação. Caiu 2,7% em julho, interrompendo um período de alta em que acumulou avanço de 14,7% da produção. Já a produção de bens de consumo semi e não duráveis decresceu 1,9%, compreendendo a 3ª taxa negativa dos últimos quatro meses (de abril a junho).
A produção de bens intermediários, que tem apresentado uma alternância de resultados positivos e negativos desde o começo do ano, voltou a apresentar alta em julho, com direito a aceleração. Depois de crescer 0,8% em junho, atingiu 1,6% em julho, sempre em relação ao mês anterior, com ajuste sazonal.
No caso de bens de consumo duráveis, um dos líderes da retração da produção em 2015, o desempenho recente foi ainda mais promissor. O mês de julho trouxe a terceira taxa positiva consecutiva: 3,3%, que se somou às altas de 6,0% em maio e 2,0% em junho.
Quando se observam os resultados de julho de 2016 frente a julho de 2015, lembramos de quão complicada ainda é a situação em que a indústria se encontra. Se o setor chegou no fundo do poço, é nítido que ele é profundo. Todos os macrossetores tiveram queda da produção nessa comparação, com perfil relativamente difundido entre os setores que os compõem. As maiores retrações ficaram a cargo de bens de consumo duráveis (-16,2%) e bens de capital (-11,9%), seguidos de bens de consumo semi e não duráveis (-6,4%) e bens intermediários (-5,1%).
Entretanto, as trajetórias em cada um desses macrossetores têm sido distintas. No caso de bens de capital, existe uma clara tendência de redução das perdas ao longo de todo o semestre, uma vez que apresentava variações em torno de -30% na segunda metade de 2015 e, agora, como foi visto, caiu 11,9%. Em bens de consumo duráveis, contudo, as quedas têm sido expressivas, superando -25% em vários meses entre outubro de 2015 e abril de 2016. A partir de maio de 2016, parece estar ocorrendo uma moderação de suas perdas: -17,4% em maio, -6,9% em junho e -16,2% em julho.
Em bens intermediários, o declínio de -5,1% parece corroborar a trajetória de relativa estabilização do ritmo de perdas do segundo trimestre do ano (-7,5%), nas comparações frente aos mesmos meses do ano anterior. Por fim, a produção de bens de consumo semi e não duráveis, que vinha melhorando, chegando a apresentar uma variação positiva em abr/16 contra abr/15 (+2,5%), desde em maio (-2,1%) voltou para o terreno negativo, com sinal de piora em julho (-6,4% contra jul/15).
O recuo de 11,9% em bens de capital decorreu principalmente do desempenho de bens de capital para fins industriais (-16,2%) e para equipamentos de transporte (-11,9%). As demais taxas negativas foram registradas por bens de capital de uso misto (-18,0%), agrícola (-6,6%) e para energia elétrica (-0,2%), enquanto bens de capital para construção (12,0%) foi o único resultado positivo em julho de 2016.
Já o declínio de 16,2%, também frente a junho de 2015, em bens de consumo duráveis foi particularmente influenciado pela menor fabricação de automóveis (-16,4%) e de eletrodomésticos da linha marrom (-17,3%), influenciados, em grande parte, por reduções de jornadas de trabalho e pela concessão de férias coletivas em várias unidades produtivas. Outros impactos negativos importantes vieram de motocicletas (-24,8%), de eletrodomésticos da linha branca (-2,9%) e de móveis (-16,6%), enquanto o principal resultado positivo foi observado no grupamento de outros eletrodomésticos (13,6%).
Por sua vez, a retração de 5,1%, frente a julho de 2015, na produção de bens intermediários, decorreu principalmente de recuos das indústrias extrativas (-9,9%), de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-16,1%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-12,2%), produtos de metal (-12,3%), produtos de minerais não-metálicos (-9,8%), máquinas e equipamentos (-15,7%), produtos de borracha e de material plástico (-3,0%), metalurgia (-1,4%), outros produtos químicos (-1,2%), celulose, papel e produtos de papel (-1,8%) e produtos têxteis (-1,8%). A única pressão positiva veio de produtos alimentícios (16,9%). Vale notar que, as reduções em insumos típicos para construção civil (-10,9%) continuam puxando para baixo o resultado deste macrossetor.
Por fim, a queda de 6,3% em bens de consumo semi e não-duráveis foi influenciada, em grande medida, pela retração do grupamento de não-duráveis (-11,0%), de alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (-5,3%) e de semiduráveis (-9,7%). O grupamento de carburantes (2,0%) apontou o único resultado positivo nessa categoria, impulsionado pela maior fabricação de álcool etílico e gasolina automotiva.
No acumulado dos sete primeiros meses de 2016, em relação ao mesmo período de 2015, os quatro macrossetores registraram resultados negativos: bens de consumo duráveis (-21,3%), bens de capital (-18,5%), bens intermediários (-8,3%) e bens de consumo semi e não-duráveis (-2,9%).
Por Dentro da Indústria de Transformação. O crescimento de 0,1% da produção industrial geral em julho decorreu da alta de 1,6% da indústria extrativa, frente a junho, com ajuste sazonal, já que a indústria de transformação teve queda de 0,1% na mesma comparação. Em relação a julho de 2015, o resultado da indústria de transformação foi de -6,2%, pior do que no mês passado (-4,8%), acumulado no ano declínio de -8,0%. Já no caso da indústria extrativa, houve queda de 9,9% frente a julho de 2015 e de 13,4% no acumulado do ano.
Frente a junho, com ajuste sazonal, o crescimento da indústria geral (0,1%) foi acompanhado por 11 dos 24 ramos da indústria acompanhados pelo IBGE. Os destaques positivos ficaram por conta de: indústrias extrativas (1,6%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (5,8%), metalurgia (1,6%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (0,4%) e produtos de borracha e de material plástico (1,3%).
Entre os treze ramos que reduziram a produção nesta comparação, os desempenhos de maior relevância vieram de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-2,8%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-7,3%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-1,7%), artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-6,0%), produtos do fumo (-15,1%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-2,4%) e outros produtos químicos (-3,2%). Essas atividades apontaram taxas positivas em junho, bem expressivas em alguns casos (5,7%, 2,9%, 8,4%, 10,6%, 1,3%, 9,5% e 5,0%, respectivamente).
Na comparação com igual mês do ano anterior, em que a indústria geral apresentou queda de 6,6%, variações negativas marcaram o desempenho de 22 dos 26 ramos, 57 dos 79 grupos e 66,2% dos 805 produtos pesquisados. Vale lembrar ainda que julho de 2016 (21 dias) teve dois dias úteis a menos do que igual mês do ano anterior. Entre as atividades, os principais destaques negativos nesta comparação ficaram a cargo de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-10,7%), indústrias extrativas (-9,9%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-13,8%), máquinas e equipamentos (-13,3%), produtos de metal (-13,4%), produtos de minerais não-metálicos (-9,7%), outros equipamentos de transporte (-22,1%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-10,7%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-10,4%), entre outros. Já entre as contribuições positivas produtos alimentícios (5,4%) exerceu a principal pressão positiva nesse mês, impulsionada pelos avanços na produção de açúcar cristal.
No acumulado dos primeiros sete meses de 2016, frente a igual período do ano anterior, a queda de 8,7% da indústria geral foi acompanhada de variações negativas em 24 dos 26 ramos, 62 dos 79 grupos e 74,3% dos 805 produtos pesquisados. Entre as atividades, exerceram as maiores influências negativas: indústrias extrativas (-13,4%); veículos automotores, reboques e carrocerias (-20,2%); coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-6,7%); máquinas e equipamentos (-15,6%); metalurgia (-10,3%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-25,7%), entre outros. Já as principais contribuições positivas ficaram a cargo de: produtos alimentícios (2,6%), impulsionada pelo avanço na fabricação de açúcar cristal e celulose, papel e produtos de papel (1,8%), devido ao item pastas químicas de madeira (celulose).
Exportação. Segundo os dados da Funcex, divulgados pelo IBGE conjuntamente com os resultados da produção industrial, o quantum das exportações de manufaturados no mês de julho voltou a crescer (+8,0%) frente ao mesmo mês do ano passado, compensando a queda (-7,5%) verificada em junho. Com disso, o resultado acumulado entre janeiro e julho de 2016 continua positivo e em um patamar bastante confortável: +10,2%. Esse desempenho continua muito superior àquele do acumulado de janeiro a dezembro de 2015 (2,3%), denotando a relevância da taxa de câmbio mais competitiva para a reativação das vendas externas da indústria nacional.
Se a taxa de câmbio, que em termos nominais já se valorizou 20% no primeiro semestre de 2016, continuar competitiva de forma a permitir o avanço das exportações de manufaturados, é provável que, em breve, se torne um relevante mecanismo de compensação da contração da demanda interna. À medida que a indústria e a economia como um todo se estabilizem e voltem a crescer, a contração das importações deve ser convertida em expansão, fazendo do crescimento das exportações peça-chave para a continuidade do ajustamento externo.
Em julho, as importações em quantum de matérias-primas cresceram pela primeira vez no ano: +14,5%, depois de ter caído mais de 20% no primeiro trimestre de 2016. No acumulado entre janeiro e julho, continua havendo retração, de 18,2% patamar que se aproxima daquele de 2015 (-15,7%). É provável que parte desse desempenho esteja relacionada à revalorização da taxa de câmbio nos meses mais recentes, mas também pode refletir a fase um pouco menos adversa por que passa a produção industrial.
Utilização de Capacidade. O nível de utilização da capacidade instalada da indústria de transformação, de acordo com a série da FGV com ajustes sazonais, foi de 74,3% em julho de 2016, 0,4 p.p. superior ao patamar registrado em junho. Esse grau de utilização, entretanto, continua muito inferior à média histórica do próprio indicador (80%, considerando-se os últimos 60 meses).
O indicador da CNI também aponta para um nível historicamente baixo da utilização da capacidade: 76,9%, em julho de 2016, contra 80,9% na média dos últimos 60 meses. Em relação a junho (77,2%), na série com ajuste sazonal, houve queda de 0,3 p.p. do indicador.
A permanência da utilização da capacidade em níveis tão baixos não é um bom indício para a evolução futura do investimento, isso porque máquinas e equipamentos atualmente ociosos deverão ser postos em funcionamento antes de os empresários pensarem em ampliar sua capacidade de produção. Em contrapartida, a existência de capacidade ociosa significa que existem plenas condições de oferta para garantir uma recuperação da atividade econômica sem pressões inflacionárias.
Estoques. De acordo com os dados da Sondagem Industrial da CNI, os estoques de produtos finais da indústria em julho de 2016 assinalaram índice de 48,9 pontos, voltando à marca dos meses de março a maio, depois de ter apresentado queda em junho (47,8 pontos). Apesar do aumento no último mês, o patamar do indicador permaneceu abaixo dos 50 pontos, sugerindo redução dos estoques. Continua em curso, então, um processo de redução dos estoques, o que incentiva a estabilização ou retomada da produção. Assim, neste ano têm-se uma dinâmica de estoques diferente daquela de 2015, quando o índice esteve acima dos 50 pontos na maior parte dos meses, numa indicação de sistemático aumento de estoques.
Este resultado em julho de 2016 se deve unicamente à indústria de transformação, cujo indicador de estoques avançou de 47,9 para 49 pontos entre junho e julho, consistindo em uma evolução mais próxima da estabilidade do que da redução dos estoques. No caso da indústria extrativa, houve queda do indicador, de 46,5 para 44,8 pontos.
Nesse sentido, na avaliação dos empresários, os estoques efetivos têm se encontrado em níveis muito próximos do planejado em 2016, com índice de satisfação de 49,8 pontos na indústria geral em julho de 2016, sendo que o índice de satisfação em 50 pontos representa uma situação em que os estoques efetivos coincidem com os planejados. No caso do setor extrativo, os estoques continuaram abaixo do planejado (44,3 pontos) em julho, enquanto no caso da indústria de transformação seu planejamento foi mais acurado, voltando a atingir o nível de 50 pontos, depois de 5 meses ligeiramente abaixo desta marca.
Neste último grupo industrial, segundo os empresários, 20 dos 27 ramos tiveram estoques iguais ou menores do que o planejado (50 pontos), como em impressão e reprodução (40,5 pontos), produtos de metal (42,4 pontos), limpeza e perfumaria (42,5 pontos), outros equipamentos de transporte (43,1 pontos) e máquinas e materiais elétricos (43,8 pontos). Em junho, igual número de setores tinha ficado abaixo da marca dos 50 pontos. Em contraste, constataram estoques efetivos acima do planejado os setores de calçados (52,6 pontos), couro (52,2 pontos), bebidas (52,2 pontos) e móveis (52 pontos), entre outros.
Confiança e Expectativas. A confiança dos empresários industriais encontra-se em melhor estado neste início de segundo semestre em 2016 do que no final do ano passado. Contudo, os indicadores da FGV e da CNI mostram alguma dissonância de sua evolução recente, refletindo, muito provavelmente, o momento delicado de inflexão pelo qual o setor passa.
O Índice de Confiança da Indústria de Transformação da FGV ficou em 87,1 pontos em julho e retrocedeu para 86,1 pontos em agosto, ainda indicando insatisfação dos empresários com seus negócios, já que permanece abaixo da marca dos 100 pontos, a partir da qual a avaliação torna-se positiva. O mês de agosto estancou um período de cinco meses consecutivos de melhora da confiança.
No indicador da CNI (ICEI), contudo, a confiança dos empresários da indústria teve melhora substancial em agosto, ultrapassando a marca de 50 pontos. Isto é, o ICEI registrou em agosto empresários confiantes, o que não acontecia desde março de 2014. Em julho, o indicador encontrava-se em 48 pontos para a indústria de transformação, passando para 51,8 pontos em agosto (+7,9%). O indicador vem aumentando desde janeiro, à exceção de abril, e tem se acelerado a partir de maio.
Essa evolução da confiança tem sido influenciada principalmente pelas expectativas em relação ao futuro. O Índice de Expectativas da FGV para a indústria de transformação sofreu deterioração entre julho e agosto, passando de 89,0 pontos para 87,3 pontos, na série livre de efeitos sazonais. Continuou abaixo de 100 pontos e apontou reversão da trajetória de avanço recorrente.
Segundo o indicador da CNI, em junho foi rompida a barreira dos 50 pontos, indicando que os empresários da indústria de transformação tornaram-se otimistas em relação ao futuro (próximos seis meses). Em julho e em agosto, o indicador permaneceu acima dos 50 pontos. Entre maio e agosto, o indicador avançou de 47,0 para 51,2 pontos, 52,9 pontos e, então, para 56,4 pontos.
Outro indicador frequentemente utilizado para se avaliar a perspectiva do dinamismo da indústria é o Purchasing Managers’ Index – PMI Manufacturing, calculado pela consultoria Markit Financial Information Services. O PMI-M do Brasil, depois de dois meses seguidos de melhora, apontou para uma leve retração frente a julho (46 pontos) das condições dos negócios industriais segundo o levantamento realizado em agosto último (45,7 pontos). A permanência do indicador abaixo dos 50 pontos ainda indica um quadro complicado para o setor industrial.
Em síntese, as sondagens junto às empresas industriais mostram que o pessimismo pode estar perdendo força, dando espaço para a recuperação da confiança. Entretanto, a evolução mais recente tem sido captada de maneira diferente pelos indicadores disponíveis. Essa dissonância sugere, talvez, o momento delicado por que passa o setor industrial. Como a melhora da confiança dos últimos meses está muito associada às expectativas mais favoráveis para o futuro, é preciso que a evolução efetiva dos diferentes setores industriais venha a validar sucessivamente tais expectativas, de maneira a fazê-las avançar ainda mais. Caso contrário, isto é, se a evolução efetiva da indústria vier a frustrar as expectativas, a confiança dos empresários poderá cair novamente, em função da correção de sua visão para o futuro.
Anexo Estatístico
Mais Informações
Tabela: Produção Física - Subsetores Industriais
Variação % em Relação ao Mesmo Mês do Ano Anterior (clique aqui)