Carta IEDI
Exportações da indústria: crescimento na maioria das faixas por intensidade tecnológica
No acumulado até setembro de 2016, a balança comercial registrou superávit de US$ 36,2 bilhões, bem acima do saldo positivo em igual acumulado de 2015, de US$ 10,2 bilhões. Vale lembrar que 2013 e 2014 foram anos de déficit. No caso dos bens tipicamente produzidos pela indústria de transformação, seu déficit retrocedeu sobremaneira, ficando em US$ 3,6 bilhões, o menor déficit para esse período desde 2008. Tais produtos experimentaram resultado positivo em janeiro-setembro até 1994 e nos anos de 2002 a 2007, considerada a série completa, iniciada em 1989.
Foi essa redução da magnitude do déficit em bens típicos da indústria de transformação que proporcionou a melhora na balança como um todo, uma vez que o superávit em bens primários – agropecuários, minerais etc. – declinou. As exportações de produtos da indústria de transformação finalmente tiveram resultado positivo, com crescimento de 0,7% no acumulado do ano frente ao mesmo período de 2015, chegando a US$ 89,6 bilhões. Em contrapartida as exportações dos demais produtos declinaram 10,3%, levando as exportações totais a caírem 3,5%. Logo, o incremento no superávit comercial foi proporcionado principalmente pelo declínio das importações.
Na comparação entre acumulados até setembro, e utilizando a classificação da indústria de transformação por intensidade tecnológica da OCDE, aspectos relevantes do comércio exterior brasileiro podem ser observados:
• O intercâmbio de bens produzidos por atividades de alta intensidade tecnológica teve déficit de US$ 13,5 bilhões em janeiro-setembro, grandeza menor do que a observada em igual acumulado dos seis anos anteriores. Aliás, logrou exportações superiores às do período equivalente de 2015, incremento de 9,2%. As vendas externas, assim, chegaram a US$ 7,6 bilhões. Apesar do acréscimo, ainda é a faixa de intensidade tecnológica que menos exporta. Os produtos farmacêuticos tiveram déficit maior do que em 2015, enquanto os bens do complexo eletrônico continuam com déficits expressivos, porém menores. Já os produtos da indústria aeronáutica permanecem como os únicos dessa faixa com superávit, tendo também conseguido ampliar as vendas para o exterior.
• O segmento de média-alta intensidade apresentou o maior déficit dentre as quatro faixas, de US$ 22,7 bilhões, mas com grandeza menor do que a experimentada em igual acumulado dos últimos seis anos. Tal resultado ocorreu com aumento de 1,3% na exportação, perfazendo US$ 23,2 bilhões. Mas o que contribuiu mesmo para o déficit menor foi o retrocesso nas importações. Tal faixa comporta os materiais de transporte terrestre, parte expressiva dos bens de capital, além de produtos químicos. Nela, cresceram as exportações de bens da indústria de máquinas e equipamentos mecânicos e não especificados noutros segmentos, da indústria automotiva e do segmento de material ferroviários e outros de transporte cresceram. No caso do ramo automotivo, veículos automotores, reboques e semi-reboques, a balança comercial voltou a registrar superávit para acumulado até setembro, o que não ocorria desde 2008.
• Quanto aos produtos tipicamente originários da indústria de média-baixa intensidade tecnológica, estes presenciaram superávit, de US$ 3,2 bilhões, após seis anos com saldo negativo no acumulado até setembro. Tal melhora, contudo, foi acompanhada de queda de 7,3% nas exportações. As importações retrocederam 28,2%. Esses números refletem o comportamento nos fluxos comerciais dos dois principais tipos de bens desta faixa: derivados do petróleo, combustíveis e afins; e produtos metálicos, com destaque para commodities industriais.
• Quanto ao conjunto dos bens típicos das atividades de baixa intensidade tecnológica, logrou o maior superávit dentre as quatro faixas, de US$ 29,3 bilhões. Mas, para janeiro-setembro, já foi maior em anos anteriores. Suas exportações cresceram, 3,3% em relação a igual período de 2015, com as importações recuando 22,9%. Tal conjunto de bens encampa grosso modo dois tipos de bens: aqueles cujos processos produtivos empregam intensivamente recursos naturais abundantes no País; e bens cuja produção são intensivas em recursos humanos e com mercados mais sujeitos à diferenciação de produto (caso de têxteis, artigos de vestuários, calçados etc.). As vendas externas de alimentos, bebidas e fumo – principal item da balança da indústria de transformação do País – cresceram ligeiramente, enquanto as de produtos madeireiros, de papel e celulose e produtos gráficos recuaram também de modo discreto. Em ambos os casos, o superávit cresceu devido ao recuo das importações.
O ajuste na balança comercial impressiona, principalmente ao se focar nos bens da indústria de transformação. Todavia, mesmo com melhores números nas comparações entre mês e mesmo mês do ano anterior ou usando a média por dia útil, parte expressiva desse processo ainda reside na redução das importações. Daí a importância do incremento exportador não só para a continuidade do ajustamento externo, mas também para a dinamização da economia, a despeito da pouca atenção dada pelas autoridades econômicas brasileiras à apreciação recente do câmbio.
Pelos segmentos de intensidade tecnológica dos bens da indústria de transformação, as exportações têm se recuperado de modo pontual. Aeronaves; veículos automotivos e afins; e de máquinas mecânicas ou não especificadas noutras atividades ilustram o movimento. Só que tais de itens tendem a ser mais sensíveis à taxa de câmbio do que os produtos das indústrias de média-baixa e baixa intensidade. Diante de uma apreciação da taxa de câmbio, o crescimento dessas exportações pode não se manter.
Isso se soma à perspectiva de desaceleração da queda das importações, que podem inclusive voltar a crescer em alguns casos, à medida que a economia brasileira se estabilize e comece finalmente a se recuperar. Por isso, é preocupante a trajetória recente do câmbio, que tem se tornado progressivamente menos competitiva desde o início do ano, na manutenção do ajustamento externo por que a economia brasileira tem passado.
Bens típicos da indústria de transformação e a balança comercial
No acumulado até o nono mês de 2016, a balança comercial logrou superávit de US$ 36,2 bilhões, após saldo positivo de US$ 10,2 bilhões em igual acumulado de 2015. Vale lembrar que 2013 e 2014 foram anos de déficit. No caso do saldo dos bens tipicamente produzidos pela indústria de transformação, seu déficit, que foi de US$ 30,0 bilhões em janeiro-setembro do ano passado, ficou em US$ 3,6 bilhões. A última vez na qual os produtos típicos da indústria de transformação registraram superávit nesse período do ano foi em 2007.
A se salientar também o fato de que, após quatro anos com exportações (em dólares correntes) cadentes para os três primeiros trimestres, finalmente, as exportações de bens da indústria de transformação cresceram. Porém ainda se está longe de poder comemorar: as vendas externas de US$ 89,6 bilhões estão bem aquém do registrado em igual período de 2008, 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014. Ademais o incremento foi de somente 0,7%. As importações responderam mais pela melhora nesse saldo, uma vez que retrocederam 21,6%.
Em termos dos nove meses iniciais, o aumento no superávit comercial teve a contribuição do resultado positivo dos demais bens, mormente agrícolas e minerais, de US$ 39,8 bilhões. Todavia tal resultado positivo ficou abaixo do observado em igual período de 2015.
A balança por intensidade tecnológica
Considerando a classificação adotada pela OCDE para a indústria de transformação por intensidade tecnológica, é possível tratar mais detidamente os fluxos comerciais do Brasil. São quatro faixas da indústria de transformação: de alta intensidade, de média-alta, média-baixa e de baixa intensidade tecnológica. A tabulação seguinte especifica melhor as mesmas.
O intercâmbio externo de bens produzidos por atividades tidas pela OCDE como de alta intensidade tecnológica teve déficit de US$ 13,5 bilhões até setembro de 2016, um déficit de grandeza menor do que o experimentado em igual acumulado dos seis anos anteriores. Aliás, logrou exportações superiores às do período equivalente de 2015, incremento de 9,2%. As vendas externas, assim, chegaram a US$ 7,6 bilhões. Isto é, apesar do acréscimo, ainda é a faixa de intensidade tecnológica que menos exporta. Os produtos da indústria aeronáutica continuam sendo os únicos superavitários dessa faixa, tendo também conseguido maior venda para o exterior.
O segmento de média-alta intensidade apresentou o maior déficit dentre as quatro faixas, de US$ 22,7 bilhões, mas com grandeza menor do que a experimentada em igual acumulado dos últimos seis anos. Tal resultado ocorreu com aumento de 1,3% na exportação, perfazendo US$ 23,2 bilhões. Contribuiu também para o déficit menor o retrocesso nas importações. Esta faixa comporta os materiais de transporte terrestre, parte expressiva dos bens de capital, além de produtos químicos. Nela, as exportações de bens da indústria de máquinas e equipamentos mecânicos e não especificados noutros segmentos, da indústria automotiva e do segmento de material ferroviários e outros de transporte cresceram. No caso do ramo automotivo, veículos automotores, reboques e semi-reboques, a balança comercial voltou a registrar superávit para acumulado até setembro, o que não ocorria desde 2008.
Quanto aos produtos tipicamente originários da indústria de média-baixa intensidade tecnológica, estes presenciaram superávit, de US$ 3,2 bilhões, após seis anos com saldo negativo no acumulado até setembro. Tal melhora, contudo, foi acompanhada de queda de 7,3% nas exportações. As importações retrocederam 28,2%. Esses números refletem o comportamento nos fluxos comerciais dos dois principais tipos de bens desta faixa: derivados do petróleo, combustíveis e afins; e produtos metálicos, com destaque para commodities industriais.
Passando os bens típicos das atividades de baixa intensidade tecnológica, este grupo obteve o maior superávit dentre as quatro faixas, de US$ 29,3 bilhões. Mas já logrou em anos anteriores superávits maiores em dólares correntes para janeiro-setembro. Suas exportações cresceram, 3,3% em relação a igual período de 2015, com as importações recuando de modo mais acentuado, queda de 22,9%. Tal conjunto de bens encampa grosso modo dois tipos de mercadorias: aquelas cujos processos produtivos utiliza intensivamente recursos naturais abundantes no Brasil; e bens cuja produção são intensivas em recursos humanos e com mercados mais sujeitos à diferenciação de produto (caso de têxteis, artigos de vestuários, calçados etc.). As vendas externas de alimentos, bebidas e fumo – principal item da balança indústria do País – cresceram ligeiramente, enquanto as de produtos madeireiros, de papel e celulose e produtos gráficos recuaram também de modo discreto. Em ambos os casos, o superávit cresceu devido ao recuo das importações.
Bens de alta intensidade tecnológica
O conjunto de bens produzidos pelas atividades intensivas em tecnologia teve déficit de US$ 13,5 bilhões em janeiro-setembro de 2016, abaixo do observado nos seis anos anteriores. Ademais as vendas para fora do País conseguiram crescer 9,2%, atingindo em US$ 7,6 bilhões. Mesmo obtendo a maior taxa de incremento, permanece como a menos expressiva em vendas externas. Já as importações ficaram em US$ 21,2 bilhões, com queda de 18,1%.
Os equipamentos aeronáuticos e aeroespaciais conformaram o único grupo dessa faixa a obter superávit, de US$ 2,0 bilhões, com exportações aumentando 21,4%, alcançando US$ 5,3 bilhões. As importações, a seu turno, declinaram 9,8%.
Os três ramos de bens típicos do complexo eletrônico, como tem sido a tônica, concorreram sobremaneira para o déficit dos produtos da indústria de alta intensidade tecnológica. Dos três só o de material de informática e escritório teve aumento em suas exportações, de 10,6%, mas ficando em irrisórios US$ 208 milhões. Quanto aos equipamentos de áudio, vídeo e telecomunicações (inclusive componentes eletrônicos) viram suas vendas externas caírem 27,1%, significando que o Brasil exportou apenas US$ 378 milhões, sendo que em janeiro-setembro de 2006 chegou a exportar US$ 2,7 bilhões. Mesmo com queda de 26,3% nas importações, manteve-se como o agrupamento de maior déficit da faixa de alta intensidade, déficit de US$ 5,3 bilhões. Já o terceiro segmento do complexo eletrônico, de equipamentos e instrumentos médico-hospitalares, ótico e de precisão, suas exportações declinaram 2,5% e suas importações retrocederam 17,4%. Isso não impediu um déficit de monta, de US$ 3,2 bilhões, mas de menor expressão do que o registrado no mesmo acumulado dos oito anos anteriores.
Os produtos farmacêuticos experimentaram saldo negativo de US$ 4,7 bilhões, sendo o único segmento de alta intensidade cujo resultado comercial piorou frente ao mesmo período do ano anterior. Suas exportações recuaram de 12,4%, com o Brasil vendendo somente US$ 1,1 bilhão para outros países. As importações, por sua vez, recuaram somente 0,6%.
Bens de média-alta intensidade tecnológica
As vendas externas de produtos das atividades de média-alta intensidade tecnológica cresceram 1,3% em janeiro-setembro de 2016 frente a igual período do ano passado, situando-se em US$ 23,0 bilhões. Para acumulado até setembro, o resultado quebrou uma sequência de quatro anos consecutivos de declínio nas exportações. As importações, a seu turno, declinaram 20,3%. Isso permitiu que o déficit diminuísse de US$ 34,3 bilhões para US$ 22,7 bilhões, mas permanecesse ainda como o pior resultado dentre as quatro faixas de intensidade tecnológica.
Os produtos químicos (exclusive farmacêuticos) experimentaram variações negativas quer para as exportações – queda de 6,3% – quer para as importações – diminuição de 14,3%. Esses bens continuam tanto com o maior déficit comercial, de US$ 13,8 bilhões, quanto com o maior montante importado, US$ 19,9 bilhões, dentre todos os grupamentos de mercadorias tipicamente produzidos pela indústria de transformação. As exportações ficaram em US$ 6,0 bilhões.
Os equipamentos de transporte fabricados por indústrias de média-alta intensidade tecnológica totalizaram discreto superávit. Os produtos automobilísticos foram os principais responsáveis por essa mudança de sinal frente a igual acumulado de 2015. As exportações de produtos automobilísticos aumentaram 7,2%, ficando em US$ 8,7 bilhões, enquanto as importações retrocederam 30,5%. Quanto ao grupo dos equipamentos ferroviários e outros de transporte (motocicletas, entre outros), suas exportações cresceram 42,5%, com as importações caindo 45,9%, mas sem que o saldo deixasse de ser deficitário de US$ 375 milhões.
A balança comercial de máquinas e equipamentos mecânicos ou não especificados noutros segmentos e a de máquinas elétricas registraram déficits menores do que em janeiro-setembro de 2015, situando-se em US$ 5,6 bilhões e US$ 3,4 bilhões, respectivamente. Atendo-se às máquinas e equipamentos mecânicos e não especificados noutros segmentos, suas exportações cresceram 4,7%, chegando a US$ 6,1 bilhões, com suas importações declinando 19,2%. Quanto às máquinas elétricas, suas vendas externas retrocederam 11,1% em janeiro-setembro do ano, ficando em US$ 1,9 bilhão, enquanto suas importações recuaram 20,8%.
Bens de média-baixa intensidade tecnológica
As exportações de gêneros típicos da indústria de média-baixa intensidade tecnológica declinaram 7,3% no acumulado dos três primeiros trimestres de 2016 vis-à-vis igual período de 2015, ficando em US$ 19,9 bilhões. Já as importações, também em dólares correntes, declinaram 28,2%. A superlativa queda das aquisições externas concorreu sobremaneira para a reversão do sinal da balança, tornando-se superavitária, US$ 3,2 bilhões, após seis anos no qual janeiro-setembro registrava déficit. Vale lembrar que, para tal período do ano, até 2009, essas mercadorias apresentavam saldo positivo pela série iniciada em 1989.
O intercâmbio dos bens típicos das indústrias de média-baixa intensidade tecnológica é assaz afetado por dois conjuntos de mercadorias: produtos metálicos, destacando-se a siderurgia; e bens derivados de petróleo refinado, outros combustíveis e afins.
As vendas para o exterior de US$ 1,0 bilhão em produtos de petróleo refinado e afins significaram um retrocesso de 36,9%. Quanto às importações, declinaram 20,8%. Em que pese a queda menor nas importações, ainda assim o déficit caiu de US$ 6,4 bilhões em janeiro-setembro de 2015 para US$ 5,3 bilhões em igual período do ano corrente.
Com tal queda na magnitude do déficit em produtos de petróleo refinado e afins, estes voltaram a ser mais do que contrabalançados pelo superávit em produtos metálicos, mormente da siderurgia. De 2010 a 2015, o acumulado até setembro teve saldos negativos em bens das atividades de média-baixa intensidade, mas, em janeiro-setembro de 2016, o superávit dos produtos metálicos e da siderurgia atingiu US$ 8,1 bilhões, tornando o segmento de média-baixa intensidade novamente superavitário. Porém suas exportações recuaram 9,4%, ficando em US$ 13,8 bilhões, menor do que em igual acumulado dos cinco anos anteriores. Assim, o acréscimo em seu saldo se deve à queda de 35,7% nas importações.
Passando para os de bens de menor expressão, os produtos de minerais não-metálicos lograram superávit de US$ 687 milhões. Suas exportações caíram 4,0%, situando-se em US$ 1,5 bilhão, interrompendo a paulatina recuperação das vendas externas pela comparação entre janeiro-setembro e equivalente acumulado do ano anterior. As importações de tais bens caíram 33,6%, possibilitando mais um ano de superávit no primeiro trimestre.
Os produtos plásticos e de borracha, por sua vez, viram suas exportações diminuírem 4,7% no acumulado em questão, enquanto as importações recuaram 25,2%. Tais variações concorreram para que o saldo desses itens ficasse negativo em US$ 1,1 bilhão, o menor déficit desde igual período de 2009.
O intercâmbio de embarcações, navios etc. registrou superávit de US$ 894 milhões em janeiro-setembro de 2016, revertendo o sinal apresentado em igual período do ano passado. Suas exportações cresceram 51,6%, enquanto suas importações recuaram 26,2%.
Bens de baixa intensidade tecnológica
Nos nove primeiros meses de 2016, o País exportou 3,3% mais bens tipicamente oriundos de ramos de baixa intensidade tecnológica, vendendo para o exterior, portanto, US$ 39,0 bilhões. Quanto às importações, declinaram 22,9%. Assim, logrou superávit de US$ 29,3 bilhões, superior aos de igual acumulado de 2014 e de 2015. Mesmo com esse superávit maior e o retorno dos bens típicos de indústria de média-baixa intensidade à condição superavitária, a balança comercial dos produtos típicos da indústria de transformação ainda não voltou a ficar positiva.
O saldo positivo do grupamento de bens em questão decorre sobretudo da balança dos produtos industriais de alimentação, bebidas e fumo, cujo superávit atingiu US$ 23,4 bilhões. Todavia, tal superávit ficou aquém do observado em janeiro-setembro de 2008, 2010, 2011, 2012, de 2013 e de 2014. Mas a recuperação diante do ano anterior é notória, com suas vendas externas crescendo 5,9%, galgando US$ 27,8 bilhões. Pari passu as importações caíram 2,9%.
O intercâmbio de produtos do segmento madeireiro, de papel e celulose, impressão gráfica e afins teve superávit de US$ 6,3 bilhões nos nove meses iniciais de 2016, sendo o melhor resultado da série iniciada em 1989 para acumulado até setembro. As exportações, no entanto, experimentaram ligeira queda de 0,4%, ficando em US$ 7,3 bilhões. Quanto às importações, estas declinaram 25,0%.
Os dois outros grupamentos de produtos típicos da indústria de baixa intensidade se distinguem dos anteriores por serem em geral mais intensivos em mão-de-obra ou sujeitos a diferenciação de produtos. Já os bens das indústrias de alimentos, bebidas, madeireiras, por sua vez, em seus processos produtivos utilizam de modo intensivo recursos naturais, nos quais o Brasil é notadamente abundante.
Em ambos os casos, houve retrocesso nas exportações, embora seus saldos tenham terminado o semestre com sinais diferentes. No caso das mercadorias das indústrias têxtil, de vestuário, couro e calçados, tiveram um encolhimento nas vendas externas de 8,0%, ficando em US$ 3,1 bilhões, e recuo nas importações de 37,6%. A queda nas importações possibilitou um declínio expressivo do déficit, mas completando seis anos seguidos de saldo negativo para janeiro-setembro. Quanto às exportações de produtos diversos ou reciclados, retrocederam 1,0%, enquanto as aquisições do exterior recuaram 31,5%. Esse ramo ficou com déficit de US$ 275 milhões.