Carta IEDI
A indústria em setembro de 2016: Redução das quedas ainda presente
Em setembro, a produção industrial cresceu 0,5% em relação com agosto sem efeitos sazonais, graças à evolução de poucos setores, compensando muito parcialmente o declínio verificado nos dois meses anteriores. Dessa maneira, o trimestre de julho a setembro não escapou de fechar no vermelho. O declínio foi de 1,1% frente ao trimestre anterior, também com ajuste sazonal. Com isso, a indústria retomou, na margem, um ritmo de queda equivalente ao do final de 2015, após um melhor resultado nos dois primeiros trimestres do corrente ano.
Depois de um terceiro trimestre que sob qualquer critério não deixou de ser ruim, não surpreendente que os indicadores de confiança dos empresários industriais tenham caído em outubro. Como eram as expectativas em relação ao futuro que estavam proporcionando o avanço da confiança, é preciso que a evolução efetiva da indústria venha a validá-las. Sem isso, corre-se o risco de, antes mesmo de ter um efeito positivo sobre os investimentos, as expectativas mais favoráveis voltem a se deteriorar ou então estancar sua melhora. Por isso, espera-se que o recuo de outubro seja apenas pontual.
Em contrapartida, até setembro os estoques da indústria continuaram ajustados, diferentemente do que ocorreu ao longo de 2015, quando estiveram sistematicamente acima do planejado. Esse é um sinal favorável porque indica que não há necessidade de novos cortes expressivos do volume produzido para compensar a formação indesejada de estoques.
Assim, a produção industrial vem reduzindo seu patamar de queda em relação ao ano passado, inclusive porque a base de comparação ficou bastante baixa, dado que a situação já tinha piorado muito na segunda metade de 2015. Continua válido, então, o diagnóstico de que a crise da indústria passa, em 2016, por uma fase de moderação.
• Indústria geral: -11,5% no primeiro trimestre, -6,6% no segundo trimestre e
-5,5% no terceiro trimestre, sempre frente ao mesmo período do ano anterior
• Bens de capital: -28,1%, -10,0% e -4,5%
• Bens intermediários: -10,3%, -7,3% e -5,3%
• Bens de consumo duráveis: -27,4%, -16,8% e -11,2%
• Bens de consumo semi e não duráveis: -4,1%, -0,5% e -4,6%
A Carta IEDI de hoje sintetiza esse quadro em que se encontra a indústria, com ênfase no resultado de setembro bem como no do terceiro trimestre do ano. Dentre os macrossetores, o de bens de capital continuou dando os sinais mais consistentes de moderação da crise. Porém, se as quedas cada vez menores na produção desses bens dão um bom sinal para a futura evolução do investimento, infelizmente não parece que essa retomada virá do investimento industrial. Isso porque a produção de bens de capital para a indústria voltou a cair muito no terceiro trimestre de 2016 (-13,2% frente ao mesmo período de 2015).
Bens intermediários e bens de consumo duráveis, por sua vez, reduziram expressivamente suas quedas, mas elas permanecem em níveis muito elevados. No primeiro caso, essa situação reflete o baixo dinamismo da economia como um todo, já que produz insumos para outros setores industriais, para agropecuária, construção etc. No segundo caso, é difícil pensar numa reversão do quadro com o crédito se contraindo no ritmo em que está e com os juros tão elevados.
Quem se aproximava mais claramente da saída da crise eram os bens de consumo semi e não duráveis, mas o terceiro trimestre de 2016 voltou a jogá-los em um nível de contração semelhante ao do início do ano. A redução da massa de rendimentos da população ocupada, que chegou a -3,8% no trimestre em questão, é um destacado fator a prejudicar a produção desses bens.
Resultados da indústria
A produção industrial voltou a crescer em setembro na série livre de efeitos sazonais depois de dois meses seguidos de queda. Os resultados frente ao mês imediatamente anterior de julho, agosto e setembro foram: -0,1%, -3,5% e +0,5%, respectivamente. Com isso, o terceiro trimestre foi o pior de 2016, apresentando um declínio de 1,1% frente ao período anterior, já descontados os efeitos sazonais. Pode-se concluir, então, que o segundo semestre do presente ano não começou bem.
Um outro dado que deixa o quadro ainda mais negativo foi o fato de que a alta de 0,5% em setembro deveu-se a poucos setores, apenas 9 dos 24 setores pesquisados pelo IBGE. Entre eles, encontram-se a indústria alimentícia e a indústria automobilística, que, depois de levarem um tombo no mês de agosto, cresceram mais fortemente em setembro, ainda que não tenham sido capazes de compensar integralmente as perdas do mês anterior.
Na comparação com setembro de 2015, por sua vez, continuou havendo retração, de -4,8%. Esse resultado implicou mais uma desaceleração da queda em relação aos meses anteriores, consistindo na menor taxa desde junho do ano passado, mas deve-se levar em conta uma base de comparação cada vez mais baixa, já que foi a partir do segundo semestre de 2015 que a crise industrial se agravou. Com isso, houve declínio de 5,5% no terceiro trimestre de 2016 frente ao mesmo período de 2015. No acumulado dos nove meses do ano, a retração da produção industrial atingiu 7,8% e nos últimos doze meses, 8,8%.
Em relação aos macrossetores, frente a agosto com ajuste sazonal, houve crescimento da produção industrial em apenas dois deles (bens intermediários e bens de consumo duráveis) e queda nos outros dois (bens de capital e bens de consumo semi e não duráveis).
No caso de bens de capital, não há dúvidas de que o terceiro trimestre foi o pior de 2016, apresentando queda em todos os três meses que o compõem, isso porque esse macrossetor foi o único a ter variações positivas mês após mês ao longo do primeiro semestre na série com ajuste sazonal. Frente ao mês imediatamente anterior, livre de efeitos sazonais, seu desempenho em julho, agosto e setembro foi, respectivamente, de: -3,5%, -0,1% e -5,1%. A queda neste trimestre ficou, então, em 2,9% frente ao trimestre anterior. Vale lembrar que houve crescimento nos dois primeiros trimestres de 2016 (+2,6% e +2,4%, respectivamente). Conclui-se, então, que a melhora recente das expectativas, diferentemente do que muitos esperavam, não foi capaz, ao menos por enquanto, de colocar em trajetória de recuperação a produção de bens de capital.
Depois de bens de capital, o segundo pior resultado em setembro, na série com ajuste, coube aos bens de consumo semi e não duráveis, que ao longo do primeiro semestre vinham claudicando. Em setembro, a produção desses bens caiu 1,0% frente a agosto, consistindo na terceira queda consecutiva. Em julho e agosto, havia caído 2,4% e 1,0%. Dessa maneira, o terceiro trimestre também foi o pior de 2016 para esse macrossetor: -1,5% frente ao segundo trimestre.
Em direção oposta, ainda na comparação frente ao mês anterior, com ajuste sazonal, a produção de bens de consumo duráveis cresceu 1,9% em setembro, compensando muito parcialmente a queda de 6,4% de agosto. Como em julho também houve alta (3,6%), as variações positivas predominaram no terceiro trimestre que, mesmo assim, teve declínio de 0,4% frente ao trimestre anterior. Situação semelhante ocorreu com bens intermediários, que voltaram a crescer em setembro (+1,2%), depois da queda em agosto (-3,6%). Mesmo com a alta de julho (+1,7%), o terceiro trimestre acabou em queda de 0,3% frente ao segundo trimestre, sempre com ajuste sazonal.
Já os resultados de setembro de 2016 frente a setembro de 2015 apontam contração da produção em todos os quatro dos macrossetores, com perfil disseminado entre os setores que os compõem. A maior queda ficou novamente a cargo de bens de capital (-7,2%), seguidos por bens de consumo duráveis (-6,5%), bens de consumo semi e não duráveis (-5,5%) e bens intermediários (-4,1%).
A retração de 7,2% frente a setembro de 2015 em bens de capital decorreu do avanço observado na maior parte dos seus grupamentos, com destaque para bens de capital para fins industriais (-13,9%), equipamentos de transporte (-6,0%), bens de capital de uso misto (-11,9%) e para energia elétrica (-15,4%). Em direção oposta, apontaram os resultados positivos em setembro de 2016 os bens de capital agrícola (6,4%) e para construção (4,1%).
Já o declínio de 6,5% frente a setembro de 2015 em bens de consumo duráveis foi o menos intenso desde junho de 2015 (-0,5%). As principais influências negativas vieram da fabricação de motocicletas (-32,5%) e de eletrodomésticos da “linha marrom” (-11,2%) bem como da “linha branca” (-13,3%). Somaram-se a estes, os impactos negativos dos grupamentos de móveis (-6,4%) e de outros eletrodomésticos (-1,5%). Em direção oposta, encontra-se a indústria automobilística, que cresceu 3,4%, depois da forte queda de 19,7% em agosto devido ao adiantamento de férias coletivas em algumas unidades produtivas.
Por sua vez, a queda de 5,5% em bens de consumo semi e não-duráveis deveu-se sobretudo aos grupamentos de não-duráveis (-10,3%), alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (-3,2%), carburantes (-6,9%) e semiduráveis (-3,6%). Por fim, a retração de 4,1%, ainda na comparação com setembro de 2015, na produção de bens intermediários foi menos intensa desde junho de 2015 (-1,1%). As principais influências negativas vieram da produção de insumos típicos para construção civil (-11,5%) e de embalagens (-4,1%).
No acumulado de janeiro a setembro de 2016, em relação ao mesmo período de 2015, os quatro macrossetores também continuam registrarando resultados negativos: bens de consumo duráveis (-18,6%), bens de capital (-15,0%), bens intermediários (-7,6%) e bens de consumo semi e não-duráveis (-3,1%).
Por dentro da indústria de transformação
O crescimento de 0,5% da produção industrial geral em setembro foi resultado da alta de 2,6% da indústria extrativa, frente a agosto, com ajuste sazonal, e de 0,2% da indústria de transformação, nesta mesma comparação. Em relação a setembro de 2015, o resultado da indústria de transformação foi de -4,1%, a retração mais branda desde junho de 2015 (-4,0%), acumulando no terceiro trimestre queda de 4,7%, frente a igual período do ano anterior, e nos nove meses de 2016 declínio de 7,0%. Já no caso da indústria extrativa, houve queda de 9,1% frente a setembro de 2015 e -10,1% no terceiro trimestre de 2016 e -12,6% no acumulado do presente ano.
Frente a agosto, com ajuste sazonal, a alta da indústria geral (+0,5%) foi acompanhada por 9 dos 24 ramos da indústria pesquisados pelo IBGE. Isto é, as taxas negativas foram bastante generalizadas. Os destaques negativos ficaram por conta de: máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-8,1%), de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-2,7%), de produtos de minerais não-metálicos (-5,0%) e de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-6,2%). Dentre os 9 ramos que tiveram alta de produção, destacam-se produtos alimentícios (6,4%), indústrias extrativas (2,6%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (4,8%), com o primeiro recuperando parte do recuo de 8,0% verificado em agosto; o segundo eliminando a queda de 1,7% observada no mês anterior; e o último voltando a crescer após acumular perda de 12,0% nos meses de julho e agosto.
Na comparação com igual mês do ano anterior, em que a indústria geral apresentou queda de 4,8%, variações negativas marcaram o desempenho de 19 dos 26 ramos, 51 dos 79 grupos e 58,5% dos 805 produtos pesquisados. Entre as atividades, os principais destaques negativos nesta comparação compreendem coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-12,5%) e indústrias extrativas (-9,2%), produtos de minerais não-metálicos (-15,4%), de máquinas e equipamentos (-9,4%), de outros equipamentos de transporte (-24,2%), de produtos do fumo (-52,8%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-9,1%), entre outros. Em contraste, entre as atividades que apontaram expansão na produção, as principais pressões foram registradas por produtos alimentícios (4,0%) e celulose, papel e produtos de papel (4,8%).
No acumulado dos primeiros nove meses de 2016, frente a igual período do ano anterior, a queda de 7,8% da indústria geral foi acompanhada de variações negativas em 23 dos 26 ramos, 65 dos 79 grupos e 72,4% dos 805 produtos pesquisados. Entre as atividades, exerceram as maiores influências negativas: indústrias extrativas (-12,6%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-17,0%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-8,1%), máquinas e equipamentos (-13,7%), produtos de minerais não-metálicos (-11,9%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-21,4%), metalurgia (-8,2%), produtos de metal (-11,5%) e outros equipamentos de transporte (-21,4%), entre outros. Em contraste, a principal influência positiva veio de produtos alimentícios (2,0%).
Exportação
Segundo os dados da Funcex, divulgados pelo IBGE conjuntamente com os resultados da produção industrial, o quantum das exportações de manufaturados no mês de setembro avançou apenas 0,5%, depois da alta de 25,0% em agosto sob bastante influência das vendas externas de aeronaves. Com disso, o resultado acumulado entre janeiro e setembro de 2016 continua positivo e em um patamar bastante confortável: +10,6%. Esse desempenho continua muito superior àquele do acumulado de janeiro a dezembro de 2015 (2,3%), mas já apresenta alguma desaceleração em relação aos primeiros meses de 2016, muito provavelmente devido à apreciação da taxa de câmbio. A título de comparação, as exportações no acumulado de janeiro a maio de 2016 tinham apresentado alta de 15,5%.
Em setembro, as importações em quantum de matérias-primas cresceram pela terceira vez no ano: +5,1%, depois da alta de 17,9% em agosto e de 14,5% em julho, sempre frente ao mesmo mês do ano anterior. No acumulado entre janeiro e setembro, continua havendo retração, de 12,2% patamar que já é inferior àquele de 2015 (-15,7%). É provável que parte desse desempenho esteja relacionada à revalorização da taxa de câmbio nos meses mais recentes, mas também pode refletir a fase um pouco menos adversa por que passa a produção industrial.
Utilização de capacidade
O nível de utilização da capacidade instalada da indústria de transformação, de acordo com a série da FGV com ajustes sazonais, foi de 74,7% em setembro de 2016, 0,9 p.p. superior ao patamar registrado em agosto. Esse grau de utilização, entretanto, continua muito inferior à média histórica do próprio indicador (80%, considerando-se os últimos 60 meses).
O indicador da CNI também aponta para um nível historicamente baixo da utilização da capacidade: 76,9%, em setembro de 2016, contra 80,7% na média dos últimos 60 meses. Em relação a agosto (77,2%), na série com ajuste sazonal, houve declínio de 0,3 p.p. do indicador.
A permanência da utilização da capacidade em níveis historicamente baixos não é um bom indício para a evolução futura do investimento, isso porque máquinas e equipamentos atualmente ociosos deverão ser postos em funcionamento antes de os empresários pensarem em ampliar sua capacidade de produção. Em contrapartida, a existência de capacidade ociosa significa que existem plenas condições de oferta para garantir uma recuperação da atividade econômica sem pressões inflacionárias.
Estoques
De acordo com os dados da Sondagem Industrial da CNI, os estoques de produtos finais da indústria em setembro de 2016 assinalaram índice de 49,7 pontos, voltando a ficar abaixo da marca dos 50 pontos. O indicador abaixo de 50 pontos indica redução dos estoques. Como o valor obtido em setembro é muito próximo da linha divisória dos 50 pontos, pode-se afirmar que o nível de estoques continuou ajustado no referido mês. Assim, neste ano têm-se uma dinâmica de estoques diferente daquela de 2015, quando o índice esteve acima dos 50 pontos na maior parte dos meses, numa indicação de sistemático aumento de estoques.
Este resultado em setembro de 2016 se deve tanto à indústria extrativa, cujo indicador de estoques recuou de 53,1 para 51,2 pontos entre agosto e setembro, como à indústria de transformação, cujo índice passou de 50,3 para 49,7 pontos no mesmo período, indicando em ambos os casos leve redução dos estoques.
Nesse sentido, na avaliação dos empresários, os estoques efetivos têm se encontrado em níveis muito próximos do planejado em 2016, com índice de satisfação de 49,6 pontos na indústria geral em setembro de 2016, sendo que o índice de satisfação em 50 pontos representa uma situação em que os estoques efetivos coincidem com os planejados. No caso do setor extrativo, os estoques ficaram abaixo do planejado (47,2 pontos) em setembro, assim como no caso da indústria de transformação (49,6 pontos). Em ambos os casos, os estoques permaneceram muito próximo do nível desejado. Vale notar que, depois de elevação do indicador por dois meses consecutivos, o indicador para a indústria de transformação voltou a recuar em setembro.
Neste último grupo industrial, segundo os empresários, 20 dos 27 ramos tiveram estoques iguais ou menores do que o planejado (50 pontos), como em outros equipamentos de transporte (36,7 pontos), borracha (42,7 pontos), impressão e reprodução (43,8 pontos) e derivados de petróleo (44,6 pontos), entre outros. Em agosto, 13 de setores tinham ficado abaixo da marca dos 50 pontos. Em contraste, constataram estoques efetivos acima do planejado os setores máquinas e equipamentos (50,0 pontos), têxteis (50,5 pontos), material plástico (50,7 pontos), couros (51,2 pontos), madeira (52,7 pontos) e calçados (53,7 pontos).
Confiança e expectativas
A confiança dos empresários industriais encontra-se em melhor estado neste início de segundo semestre em 2016 do que no final do ano passado, alavancada por expectativas em relação ao futuro mais favoráveis. As avaliações da situação presente, contudo, não viram a mesma reação que as expectativas, que nessa circunstância, podem muito bem serem revisadas para baixo. Vale lembrar que os indicadores de confiança dos empresários são construídos a partir de dois componentes: expectativas e avaliação da situação presente.
A evolução em outubro dos indicadores de confiança da FGV e da CNI sugerem ainda um desempenho fraco da produção industrial no décimo mês de 2016. Ambos indicadores tiveram queda neste mês em questão.
O Índice de Confiança da Indústria de Transformação da FGV, que tinha ficado em 88,2 pontos em setembro, recuou para 86,6 pontos em outubro. Como permanece abaixo da marca dos 100 pontos, a partir da qual a avaliação torna-se positiva, o indicador ainda sugere insatisfação dos empresários com seus negócios. De qualquer forma, esse patamar dos últimos meses indica algum avanço, já que a marca de dezembro de 2015 foi 75,6 pontos.
No indicador da CNI (ICEI) a confiança dos empresários da indústria de transformação também apontou declínio. Em outubro, o indicador chegou a 52,7 pontos, depois de ter ficado em 54,4 pontos em setembro. Com um patamar superior aos 50 pontos desde agosto, o ICEI aponta empresários confiantes, o que não acontecia desde março de 2014. O indicador vinha aumentando desde janeiro, à exceção de abril, acelerando a partir de maio, até apresentar, em outubro, sua primeira inflexão.
Essa evolução da confiança tem sido influenciada principalmente pelas expectativas em relação ao futuro. O Índice de Expectativas da FGV para a indústria de transformação, depois da ligeira aceleração em setembro (89,8 pontos), recuou para 88,4 pontos em outubro, na série livre de efeitos sazonais. Continuou, contudo, abaixo de 100 pontos, marca a partir da qual as expectativas tornam-se positivas.
Já segundo o indicador da CNI para as expectativas da indústria de transformação, em junho foi rompida a barreira dos 50 pontos, indicando que os empresários tornaram-se otimistas em relação ao futuro (próximos seis meses). Já há cinco meses seguidos o indicador permanece acima dos 50 pontos, chegando a 57,0 pontos em outubro, depois da marca de 58,7 pontos em setembro.
Outro indicador frequentemente utilizado para se avaliar a perspectiva do dinamismo da indústria é o Purchasing Managers’ Index – PMI Manufacturing, calculado pela consultoria Markit Financial Information Services. O PMI-M do Brasil também apontou que as condições dos negócios industriais não foram tão negativas quanto no mês anterior, passando de 46,0 pontos em setembro para 46,3 pontos em outubro. A permanência do indicador abaixo dos 50 pontos ainda indica um quadro complicado para o setor industrial.
Em síntese, as sondagens junto às empresas industriais mostram que o pessimismo pode estar perdendo força, dando espaço para a recuperação da confiança nos últimos meses. Mas como a melhora da confiança está muito associada às expectativas mais favoráveis para o futuro, é preciso que a evolução efetiva dos diferentes setores industriais venha a validar sucessivamente tais expectativas, de maneira a fazê-las avançar ainda mais. A inflexão dos indicadores no mês de outubro, após a piora do desempenho industrial no terceiro trimestre do ano, pode ser um primeiro sinal de frustração das expectativas e sua consequente correção para baixo. Essa possibilidade indica a fragilidade da melhora relativa do quadro geral da indústria em 2016.
Anexo estatístico
Mais Informações
Tabela: Produção Física - Subsetores Industriais
Variação % em Relação ao Mesmo Mês do Ano Anterior (clique aqui)