Carta IEDI
A Indústria em Outubro de 2016: o quadro se agrava novamente
Na passagem do primeiro para o segundo semestre de 2016 pode ter sido perdida a trajetória de lenta mas sucessiva redução das perdas da indústria. De fato, o terceiro trimestre do ano não foi bom e em outubro a produção industrial voltou a cair. Com isso, as variações negativas passaram a predominar na série com ajuste sazonal. Em outubro último, o resultado frente a setembro foi de -1,1%, livre de efeitos sazonais.
Em relação a 2015, ainda se verifica uma moderação das quedas, mas em ritmo cada vez menor. Frente a outubro do ano passado, a retração da indústria foi de 7,3%. Já o resultado no acumulado dos dez meses de 2016 subiu a -7,7%, isto é, praticamente o mesmo patamar de igual acumulado de 2015 (-7,5%).
A deterioração adicional que os resultados mais recentes da indústria vêm mostrando frustra, ao menos parcialmente, a expectativa de termos um ano não tão ruim do que 2015. A contar pelos últimos dados, a diferença não deve ser tão grande.
Não é à toa que os indicadores de confiança dos empresários estão mais erráticos, sinalizando o estancamento do processo de melhora relativa visto desde o segundo trimestre, e, como no caso do indicador da CNI, já mostrando alguma reversão.
Para se ter ideia da piora dos últimos meses, a indústria encerrou o primeiro semestre do ano com alta de 1,6% em relação a dez/15 na série com ajuste, mas já voltou a cair 4,3% entre junho e outubro de 2016. Algo semelhante também ocorre na maioria dos macrossetores industriais:
- Bens de capital: +13,8% no primeiro semestre de 2016, na série com ajuste, e -9,5%, entre junho e outubro de 2016;
- Bens de consumo semi e não duráveis: -0,9% e -5,4%;
- Bens de consumo duráveis: -4,7% e -2,7%;
- Bens intermediários: +0,1% e -3,0%, nas mesmas comparações.
Na linha de frente dessa reversão de resultado está o macrossetor de bens de capital (variação de -2,2% frente a set/16, com ajuste), cuja produção cresceu sistematicamente entre janeiro e junho, mas a partir de julho só acumulou retrocessos. A retração expressiva do investimento, como aponta os dados do PIB do terceiro trimestre (-3,1% na série com ajuste), está na raiz desse desempenho decepcionante.
Outro macrossetor que voltou a piorar muito foi o de bens de consumo semi e não duráveis (-0,8% frente a set/16, com ajuste), que a despeito de não ter deixado de apresentar variações mensais negativas no primeiro semestre, parecia caminhar em direção ao crescimento. Desde julho, contudo, apresenta uma queda atrás da outra, o que não é surpreendente dado o declínio persistente da massa de rendimentos reais, em função da piora das condições do emprego no país.
Os outros dois macrossetores, bens intermediários e bens de consumo duráveis, também tiveram declínio, na série com ajuste, tanto em outubro como nestes quatro meses do segundo semestre. Outro aspecto muito desfavorável dos últimos dados da indústria é o elevado grau de disseminação das quedas, atingindo 20 dos 24 ramos acompanhados pelo IBGE.
Dado que a política econômica tem assistido de forma passiva a esta nova fase de deterioração da indústria, é bem possível que o revés do crescimento do PIB no terceiro trimestre do ano venha se repetir no quarto trimestre, adiando ainda mais o início de uma recuperação.
É preciso mudar de postura, colocando em pauta a redução mais rápida dos juros; a aceleração das concessões, encontrando soluções para seu financiamento; a facilitação e barateamento dos financiamentos do BNDES; a manutenção de uma taxa de câmbio competitiva e a adoção de um programa comedido, porém efetivo, de gastos do setor público em investimentos em infraestrutura.
Resultados da Indústria
Outubro de 2016 foi mais um mês de declínio da produção industrial, sendo de -1,1% na série com ajuste sazonal frente a setembro. Este resultado anulou a alta de apenas 0,5% obtida no mês anterior, na mesma comparação, somando-se à forte retração de agosto (-3,7%). Este desempenho da segunda metade de 2016 representa uma reversão da tendência do primeiro semestre, quando a indústria apresentou vários meses sucessivos de alta na série com ajuste sazonal.
O resultado negativo em outubro foi resultado de perdas disseminadas entre os setores industriais, o que corrobora o quadro desfavorável. A produção industrial recuou em 20 dos 24 setores pesquisados pelo IBGE. Entre eles, encontram-se setores de peso no parque industrial nacional, tais como o setor alimentício (-3,1%) e de veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,5%), com o primeiro eliminando parte do avanço de 6,3% verificado no mês anterior; e o segundo voltando a recuar após crescer 4,7% em setembro, quando interrompeu dois meses consecutivos de queda na produção, que acumularam perda de 11,8%.
Por sua vez, na comparação com outubro de 2015, continuou havendo retração, de -7,3%. Esse resultado interrompeu a tendência de desaceleração da queda dos meses anteriores, sendo o pior desde o mês de maio do presente ano. Isso ocorreu a despeito da base de comparação relativamente baixa, já que a crise industrial teve agravamento adicional na segunda metade do ano passado.
Com isso, a produção industrial no acumulado dos dez meses de 2016 recuou 7,7% em relação ao mesmo período do ano passado. O que temos visto é uma perda de força do processo de redução das perdas da indústria, a ponto de a variação acumulada no ano ter ficado no mesmo patamar em setembro e em outubro. No acumulado em 12 meses, a retração da produção industrial atingiu 8,4%.
Em relação aos macrossetores, frente a setembro com ajuste sazonal, houve queda de produção em todos eles, com destaque para bens de capital, que apresentaram resultado negativo pelo quarto mês consecutivo.
É, então, em bens de capital que fica mais clara a reversão da trajetória na passagem do primeiro para o segundo semestre do ano. Na série com ajuste sazonal, o declínio de outubro foi de -2,2% frente a setembro, isso porque variações negativas já tinham marcado os três meses anteriores: -2,4% em julho, -1,0% em agosto e -4,3% em setembro. Dessa forma, bens de capital acumulam um declínio de 9,5% nesses quatro meses, o que contrasta muito com a alta de 13,8% no primeiro semestre de 2016, já descontados os efeitos sazonais.
Depois de bens de capital, o segundo pior resultado em outubro, na série com ajuste, coube aos bens intermediários, cuja natureza dos seus produtos, que funcionam como insumos de outros setores industriais, geralmente faz com que seu resultado acompanhe a evolução da indústria como um todo. No mês em questão, o declínio foi de 1,9%, mais do que compensando a alta de setembro (+0,9%).
Bens de consumo duráveis tiveram, por sua vez, o terceiro pior resultado na série com ajuste sazonal: -1,2% frente a setembro. A queda em outubro manteve o padrão de desempenho dos últimos meses, em que forte volatilidade tem caracterizado a produção desses bens: +3,3% em julho, -6,2% em agosto e +1,7% em setembro.
Por fim, mesmo que a retração de 0,8% da produção de bens semi e não duráveis não tenha sido muito elevada, ela traz preocupações porque foi a quarta taxa negativa consecutiva, justamente em um setor que tentava, com a ajuda do câmbio mais competitivo, melhorar seu desempenho. Entre os meses de julho e setembro, ainda na série com ajuste sazonal, as variações foram de: -2,6%, -1,1% e -1,0%, em ordem.
Já os resultados de outubro de 2016 frente a outubro de 2015 continuam apontando contração da produção em todos os quatro macrossetores, com perfil disseminado entre os setores que os compõem. A maior queda ficou novamente a cargo de bens de capital (-9,8%), seguidos por bens de consumo semi e não duráveis (-7,5%), bens intermediários (-7,0%) e bens de consumo duráveis (-6,8%).
A retração de 9,8% frente a outubro de 2015 em bens de capital decorreu do avanço observado na maior parte dos seus grupamentos, com destaque para as reduções vindas de bens de capital para fins industriais (-21,5%) e para equipamentos de transporte (-14,2%). As demais taxas negativas foram registradas por bens de capital para energia elétrica (-27,7%) e de uso misto (-11,2%), enquanto bens de capital para construção (27,6%) e agrícola (9,2%) apontaram os resultados positivos nesse mês.
Já, a queda de 7,5% em bens de consumo semi e não-duráveis deveu-se a recuos em todos os seus grupamentos, com destaque para alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (-7,1%), não-duráveis (-9,5%), carburantes (-10,1%) e semiduráveis (-3,7%).
Por sua vez, o declínio de 7,0% dos bens intermediários, ainda na comparação com setembro de 2015, decorreu de influências negativas advindas de produtos associados às atividades de indústrias extrativas (-8,6%), de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-8,5%), de máquinas e equipamentos (-30,9%), de produtos de minerais não-metálicos (-14,1%), de produtos de borracha e de material plástico (-10,5%), de produtos de metal (-10,0%), de veículos automotores, reboques e carrocerias (-8,0%), de produtos alimentícios (-3,5%), de metalurgia (-3,0%) e de outros produtos químicos (-1,0%),
Por fim, o declínio de 6,8% frente a outubro de 2015 em bens de consumo duráveis foi o trigésimo segundo resultado negativo consecutivo nesse tipo de confronto e ligeiramente mais intenso do que o verificado no mês anterior (-6,5%). Nesse mês, o setor foi particularmente pressionado pela menor fabricação de eletrodomésticos da “linha branca” (-12,8%), de automóveis (-3,4%) e de motocicletas (-30,7%). Outros impactos negativos importantes vieram dos grupamentos de móveis (-7,9%) e de outros eletrodomésticos (-9,3%), enquanto o principal resultado positivo foi observado em eletrodomésticos da “linha marrom” (8,1%).
No acumulado de janeiro a outubro de 2016, em relação ao mesmo período de 2015, os quatro macrossetores também continuam registrando resultados negativos: bens de consumo duráveis (-17,5%), bens de capital (-14,4%), bens intermediários (-7,4%) e bens de consumo semi e não-duráveis (-3,6%).
Por dentro da Indústria de Transformação
O declínio de 1,1% da produção industrial geral em outubro foi resultado da queda de 0,7% da indústria extrativa, frente a setembro, com ajuste sazonal, e de 1,3% da indústria de transformação, nesta mesma comparação. Em relação a outubro de 2015, o resultado da indústria de transformação foi de -7,0% e nos dez meses de 2016 declínio também de 7,0%. Já no caso da indústria extrativa, houve queda de 8,6% frente a outubro de 2015 e de 12,2% no acumulado do presente ano.
Frente a setembro, com ajuste sazonal, a retração da indústria geral (-1,1%) foi acompanhada por 20 dos 24 ramos da indústria pesquisados pelo IBGE. Isto é, as taxas negativas foram bastante generalizadas. Os destaques negativos ficaram por conta de: produtos alimentícios (-3,1%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,5%), produtos de borracha e de material plástico (-4,9%), de metalurgia (-2,8%), de bebidas (-3,5%), de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-2,0%), de máquinas e equipamentos (-2,3%), de indústrias extrativas (-0,7%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-3,2%), de produtos de metal (-2,0%) e de celulose, papel e produtos de papel (-1,6%). Entre os quatro ramos que ampliaram a produção nesse mês, o desempenho de maior importância para a média global foi assinalado por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,9%).
Na comparação com igual mês do ano anterior, em que a indústria geral apresentou queda de 7,3%, variações negativas marcaram o desempenho de 22 dos 26 ramos, 57 dos 79 grupos e 63,5% dos 805 produtos pesquisados. Vale citar que outubro de 2016 (20 dias) teve um dia útil a menos do que igual mês do ano anterior (21). Entre as atividades, os principais destaques negativos nesta comparação compreendem as indústrias extrativas (-8,6%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-9,0%), produtos alimentícios (-5,7%), máquinas e equipamentos (-13,6%), minerais não-metálicos (-14,0%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-6,8%), outros equipamentos de transporte(-25,8%), produtos de borracha e de material plástico (-10,3%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-11,8%), entre outros. Entre as quatro atividades que apontaram expansão na produção, as principais influências foram registradas por celulose, papel e produtos de papel (4,6%) e impressão e reprodução de gravações (17,1%).
No acumulado de janeiro a outubro de 2016, frente a igual período do ano anterior, a queda de 7,7% da indústria geral foi acompanhada de variações negativas em 23 dos 26 ramos, 65 dos 79 grupos e 72,2% dos 805 produtos pesquisados. Entre as atividades, exerceram as maiores influências negativas: indústrias extrativas (-12,1%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-15,8%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-8,3%), máquinas e equipamentos (-13,9%), minerais não-metálicos (-11,7%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-19,5%), metalurgia (-7,5%), outros equipamentos de transporte (-21,8%), etc. Entre as três atividades que ampliaram a produção nos dez meses de 2016, a principal influência foi observada em produtos alimentícios (1,1%).
Exportação
Segundo os dados da Funcex, divulgados pelo IBGE conjuntamente com os resultados da produção industrial, o quantum das exportações de manufaturados no mês de outubro caiu 9,0% frente a outubro de 2015. Com disso, o resultado acumulado entre janeiro e setembro de 2016 continua positivo, em um patamar bastante confortável, mas cada vez menor muito provavelmente devido à apreciação da taxa de câmbio: +8,4%. Ainda assim, esse desempenho continua muito superior àquele do acumulado de janeiro a dezembro de 2015 (2,3%). A título de comparação, as exportações no acumulado de janeiro a maio de 2016 tinham apresentado alta de 15,5%.
Em outubro, as importações em quantum de matérias-primas voltaram a decrescer: -2,0%, frente ao mesmo mês de 2015. No acumulado de janeiro a outubro, continua havendo retração, de 11,2% patamar que já é inferior àquele de 2015 (-15,7%). É provável que parte desse desempenho esteja relacionada à revalorização da taxa de câmbio nos meses mais recentes, mas também pode refletir a fase um pouco menos adversa por que passa a produção industrial.
Utilização de Capacidade
O nível de utilização da capacidade instalada da indústria de transformação, de acordo com a série da FGV com ajustes sazonais, foi de 73,7% em outubro de 2016, 1,0 p.p. inferior ao patamar registrado em setembro. Esse grau de utilização, entretanto, continua muito inferior à média histórica do próprio indicador (80%, considerando-se os últimos 60 meses).
O indicador da CNI também aponta para um nível historicamente baixo da utilização da capacidade: 76,6%, em outubro de 2016, contra 80,6% na média dos últimos 60 meses. Em relação a setembro (77,0%), na série com ajuste sazonal, houve elevação de 0,4 p.p. do indicador.
A permanência da utilização da capacidade em níveis historicamente baixos não é um bom indício para a evolução futura do investimento, isso porque máquinas e equipamentos atualmente ociosos deverão ser postos em funcionamento antes de os empresários pensarem em ampliar sua capacidade de produção. Em contrapartida, a existência de capacidade ociosa significa que existem plenas condições de oferta para garantir uma recuperação da atividade econômica sem pressões inflacionárias.
Estoques
De acordo com os dados da Sondagem Industrial da CNI, os estoques de produtos finais da indústria em outubro de 2016 assinalaram índice de 49,9 pontos, ficando abaixo da marca dos 50 pontos. O indicador abaixo de 50 pontos indica redução dos estoques. Como o valor obtido em outubro está praticamente na linha divisória dos 50 pontos, pode-se afirmar que o nível de estoques continuou ajustado no referido mês. Assim, em 2016 continua havendo uma dinâmica de estoques diferente daquela de 2015, quando o índice esteve acima dos 50 pontos na maior parte dos meses, numa indicação de sistemático aumento de estoques.
Este resultado em outubro de 2016 se deveu tanto à indústria extrativa, cujo indicador de estoques recuou de 51,2 para 50,0 pontos entre setembro e outubro, como à indústria de transformação, cujo índice passou de 49,7 para 50,0 pontos no mesmo período.
Nesse sentido, na avaliação dos empresários, os estoques efetivos têm se encontrado em níveis muito próximos do planejado em 2016, com índice de satisfação de 50,6 pontos na indústria geral em outubro de 2016, sendo que o índice de satisfação em 50 pontos representa uma situação em que os estoques efetivos coincidem com os planejados. No caso do setor extrativo, os estoques ficaram abaixo do planejado (45,9 pontos) em outubro, mas a indústria de transformação (50,8 pontos) rompeu a fronteira dos 50 pontos. Contudo, em ambos os casos, os estoques permaneceram muito próximo do nível desejado. Vale notar que, depois de ficar abaixo dos 50 pontos entre fevereiro e junho de 2016, o indicador para a indústria de transformação tem ido além desta marca na maior parte dos meses do segundo semestre (à exceção de setembro: 49,6 pontos), mesmo que, como dito anteriormente, esteja sempre muito próximo da linha dos 50 pontos.
Neste último grupo industrial, segundo os empresários, 17 dos 27 ramos tiveram estoques iguais ou menores do que o planejado (50 pontos), como em outros equipamentos de transporte (39,7 pontos), borracha (41,9 pontos), impressão e reprodução (42,0 pontos) e derivados de petróleo (44,1 pontos), entre outros. Em setembro, 20 de setores tinham ficado abaixo da marca dos 50 pontos. Em contraste, constataram estoques efetivos acima do planejado os setores de veículos automotores (51,8 pontos), móveis (51,9 pontos), madeira (52,9 pontos) e calçados (55,9 pontos)e máquinas e materiais elétricos (59,4 pontos).
Confiança e Expectativas
A confiança dos empresários industriais encontra-se em melhor estado no segundo semestre de 2016 do que no final do ano passado, alavancada por expectativas em relação ao futuro mais favoráveis. As avaliações da situação presente, contudo, não viram a mesma reação que as expectativas, que, nessa circunstância e diante dos maus resultados da produção industrial dos últimos meses, podem muito bem serem revisadas para baixo. Vale lembrar que os indicadores de confiança dos empresários são construídos a partir de dois componentes: expectativas e avaliação da situação presente.
A evolução em novembro dos indicadores de confiança da FGV e da CNI sugerem ainda um desempenho fraco da produção industrial no penúltimo mês de 2016. O indicador da CNI teve queda neste mês em questão e o da FGV praticamente manteve-se no mesmo patamar.
O Índice de Confiança da Indústria de Transformação da FGV, que ficou em 86,6 pontos em outubro, avançou pouco em novembro: para 87,0. Como permanece abaixo da marca dos 100 pontos, a partir da qual a avaliação torna-se positiva, o indicador ainda sugere insatisfação dos empresários com seus negócios. De qualquer forma, esse patamar dos últimos meses indica algum avanço, já que a marca de dezembro de 2015 foi 75,6 pontos.
No indicador da CNI (ICEI) a confiança dos empresários da indústria de transformação apontou declínio. Em novembro, o indicador chegou a 52,1 pontos, sendo o segundo mês sucessivo de redução. Com um patamar superior aos 50 pontos desde agosto, o ICEI ainda aponta empresários confiantes, o que não acontecia desde março de 2014. O indicador vinha aumentando desde janeiro, à exceção de abril, acelerando a partir de maio, até apresentar, em outubro, sua primeira inflexão.
Essa evolução da confiança tem sido influenciada principalmente pelas expectativas em relação ao futuro. O Índice de Expectativas da FGV para a indústria de transformação, na série livre de efeitos sazonais, ficou em 88,9% e novembro. Continuou, contudo, abaixo de 100 pontos, marca a partir da qual as expectativas tornam-se positivas.
Já segundo o indicador da CNI para as expectativas da indústria de transformação, em junho foi rompida a barreira dos 50 pontos, indicando que os empresários tornaram-se otimistas em relação ao futuro (próximos seis meses). Já há cinco meses seguidos o indicador permanece acima dos 50 pontos, chegando a 55,8 pontos em novembro, depois da marca de 59,2 pontos em setembro.
Outro indicador frequentemente utilizado para se avaliar a perspectiva do dinamismo da indústria é o Purchasing Managers’ Index – PMI Manufacturing, calculado pela consultoria Markit Financial Information Services. O PMI-M do Brasil também apontou uma relativa estabilidade das as condições dos negócios industriais, ficando em 46,0 pontos em setembro, 46,3 pontos em outubro e, agora, 46,2 pontos em novembro. A permanência do indicador abaixo dos 50 pontos ainda indica um quadro complicado para o setor industrial.
Em síntese, as sondagens junto às empresas industriais mostram que o pessimismo perdeu força, mas que o ritmo de recuperação da confiança nos últimos meses vem se desacelerando. Como a melhora da confiança está muito associada às expectativas mais favoráveis para o futuro, é preciso que a evolução efetiva dos diferentes setores industriais venha a validar sucessivamente tais expectativas, de maneira a fazê-las avançar ainda mais. Não é isso que vem acontecendo, abrindo a possibilidade de uma correção para baixo das expectativas, antes mesmo que a recente melhora gradual e relativa pudesse gerar algum estímulo ao dinamismo econômico. Nesse compasso à espera de sinais favoráveis no desempenho efetivo da indústria vem se traduzindo em relativa volatilidade dos indicadores de confiança dos empresários industriais.
Anexo Estatístico
Tabela: Produção Física - Subsetores Industriais
Variação % em Relação ao Mesmo Mês do Ano Anterior (clique aqui)