Carta IEDI
A Indústria em Novembro de 2016: No caminho para mais um trimestre ruim
O desempenho industrial nesses onze meses de 2016 cobertos pela pesquisa industrial do IBGE foi bastante frustrante. Na primeira metade do ano havia sinais de que o pior da crise do setor já poderia ter ficado para trás. Nesse período, ao menos na margem, variações positivas mês após mês predominavam na indústria geral e em alguns macrossetores. Com a virada do semestre, isso se perdeu e o setor passou a alternar variações positivas e negativas, sendo as quedas de maior magnitude.
É verdade que no acumulado do ano houve certo arrefecimento das perdas, mas isso ocorreu de forma bastante modesta. Para se ter uma ideia, basta comprar a retração de -8,3% em 2015 como um todo e o resultado de -7,1% do acumulado entre janeiro e novembro de 2016. Outra forma de qualificarmos esse movimento de moderação é considerar que a mediana das previsões para a produção industrial do Boletim Focus no ano apontava, no início de 2016, para um declínio de -3,5%, isto é, a metade da queda observada.
É neste contexto que deve ser vista a pequena alta de 0,2% da indústria brasileira em novembro frente a outubro, já descontados os efeitos sazonais, sobre a qual deve ser feita a observação de que apenas metade (13 de 24) dos setores pesquisados pelo IBGE cresceu em novembro, o que tira substância do resultado geral.
Em comparação com 2015, o movimento de redução do ritmo de contração da indústria ainda se mantém, porém, não para todos os seus macrossetores e nem na mesma magnitude em todos eles. As variações trimestrais e do bimestre outubro-novembro de 2016 frente ao mesmo período do ano anterior mostram bem essa evolução.
- Indústria geral: -11,4% no primeiro trimestre, -6,5% no segundo trimestre, -5,3% no terceiro trimestre e -4,4% em outubro-novembro, sempre em relação ao mesmo período de 2015;
- Bens de capital: -27,9%, -9,7%, -4,9% e -4,8%, respectivamente;
- Bens intermediários: -10,2%, -7,3%, -5,0% e -4,0%;
- Bens de consumo duráveis: -27,4%, -16,8%, -11,2%, +0,5%;
- Bens de consumo semi e não duráveis: -4,1%, -0,5%, -4,6% e -6,3%, nas mesmas comparações.
Note-se que a continuidade da trajetória de moderação nos dois últimos meses (outubro e novembro) ocorre não somente na indústria geral, mas também na produção de bens intermediários, cujo peso no setor industrial é importante, e em bens de consumo duráveis.
Neste último caso, o resultado no bimestre chegou até a ser positivo, em grande medida devido à alta na fabricação de veículos no mês de novembro (+13,4% frente a nov/15) em função de uma base de comparação muito baixa. Isso significa que o sinal positivo em duráveis pode não resistir ao fechamento da média do último trimestre de 2016.
Entretanto, a redução das perdas na produção de bens de capital parece ter perdido força na segunda metade de 2016 e ter sido interrompido no bimestre outubro-novembro. Seu resultado se estabilizou pouco abaixo de -5,0% e só não foi pior porque houve expressivo crescimento da produção de bens de capital para construção (+11,0% no 3º trim. e +28,2% em out-nov/16) e para a agricultura (+7,7% e +16,2%, respectivamente).
Já a produção de bens de capital para a indústria não apenas se manteve num patamar expressivo de queda, como este foi ampliado nos dois últimos meses, passando de -14,0% no 3º trimestre para -18,1% no bimestre formado pelos meses de outubro e novembro. Essa evolução não traz boas notícias para o investimento industrial no final de 2016.
Cabe ainda uma observação sobre a situação em bens de consumo semi e não duráveis, que é ainda mais complicada, posto que este segmento sofreu uma reversão de quadro no segundo semestre de 2016. O arrefecimento de suas perdas na primeira metade do ano deu lugar a um agravamento da retração no terceiro trimestre e no bimestre formado por outubro e novembro, apontando para um retorno ao nível de queda do final de 2015.
Resultados da Indústria
Depois de uma queda de 1,2% em outubro, a indústria voltou a crescer em novembro de 2016, mantendo, assim, uma trajetória que tem marcado o segundo semestre em que se intercalam variações positivas e negativas na série com ajuste. O aumento foi, entretanto, muito pequeno: apenas 0,2% frente a outubro, já descontados os efeitos sazonais. Além disso, essa alta geral foi acompanhada por pouco mais da metade dos ramos pesquisados pelo IBGE (13 de 24), o que retira ainda mais substância do desempenho positivo de novembro.
Entre os setores com alta na série com ajuste sazonal, encontram-se setores de peso no parque industrial nacional, tais como o de veículos automotores, reboques e carrocerias, que cresceu 6,1% frente a outubro. Vale lembrar que em outubro a paralização da produção em unidade produtiva do setor em Minas Gerais ajudou a enfraquecer a base de comparação, contribuindo para a referida alta em novembro. Outras contribuições positivas de indústrias extrativas (1,5%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (6,6%), de máquinas e equipamentos (2,4%) e de confecção de artigos do vestuário e acessórios (4,4%), entre outros.
Por sua vez, na comparação com novembro de 2015, continuou havendo retração, de -1,1%, a menor queda desde março de 2014 (-0,4%) na comparação mensal. Cabe ressaltar, no entanto, que este resultado de novembro vem logo após uma retração de maior magnitude em outubro (-7,3%), que havia interrompido a tendência de desaceleração da queda dos meses anteriores.
Com isso, a produção industrial no acumulado dos onze meses de 2016 recuou 7,1% em relação ao mesmo período do ano passado, retomando o processo de redução das perdas da indústria, depois de uma interrupção em setembro e outubro. No acumulado em 12 meses, a retração da produção industrial atingiu 7,5%.
Em relação aos macrossetores, frente a outubro com ajuste sazonal, houve queda de produção em apenas um deles, em bens semi e não duráveis. Todos os demais lograram obter crescimento.
Bens de capital voltaram a apresentar resultado positivo, o primeiro do semestre, isto é, depois de quatro meses de quedas consecutivas. Na série com ajuste sazonal, o crescimento de novembro foi de 2,5% frente a outubro.
No caso de bens intermediários, cuja natureza dos seus produtos, que funcionam como insumos de outros setores industriais, geralmente faz com que seu resultado acompanhe a evolução da indústria como um todo, a alta em novembro foi de 0,5% frente a outubro, já descontados os efeitos sazonais. Este macrossetor, assim como a indústria geral, tem tido um segundo semestre marcado por forte volatilidade de seus resultados, oscilando entre variações positivas e negativas.
Bens de consumo duráveis, por sua vez, apresentaram a maior taxa de crescimento na série com ajuste sazonal: +4,0% frente a outubro, depois de uma retração de -1,2% no mês anterior. A alta em novembro manteve o padrão de desempenho dos últimos meses que também tem sido de forte volatilidade.
Por fim, da produção de bens semi e não duráveis manteve sua sucessão de declínios. Em novembro, seu resultado foi de -0,5%, configurando o único macrossetor industrial com perda de produção no referido mês. Na verdade, depois de ter apresentado um comportamento promissor na primeira metade do ano, a produção desses bens só fez cair no segundo semestre na série com ajuste sazonal.
Já os resultados de novembro de 2016 frente a novembro de 2015 continuam apontando contração da produção em duas dos quatro macrossetores industriais, mas com perfil disseminado entre os setores que os compõem. A maior queda ficou a cargo de bens de consumo semi e não duráveis (-4,8%), seguidos por bens intermediários (-0,6%). Bens de capital cresceram 1,1% e bens de consumo duráveis 9,0%.
O recuo de 4,8% do setor produtor de bens de consumo semi e não-duráveis frente a novembro de 2015 foi sétima taxa negativa consecutiva, mas menos intensa do que a registrada em setembro e outubro. O desempenho nesse mês foi explicado sobretudo pela queda de alimentos e bebidas para consumo doméstico (-7,2%). Os subsetores de não-duráveis (-5,0%) e de carburantes (-6,3%) também mostraram resultados negativos. Em contraste, o grupamento de semiduráveis (2,5%) apontou o único resultado positivo nessa categoria.
Já o segmento de bens intermediários, ao recuar 0,6% frente a novembro de 2015, assinalou a trigésima segunda variação negativa consecutiva nesta comparação, mas marcou a queda menos intensa dessa sequência. As principais influências negativas vieram de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-10,5%), máquinas e equipamentos (-15,6%), produtos de minerais não-metálicos (-6,8%), entre outros. Em contrapartida, pressões positivas foram registradas por indústrias extrativas (4,4%), produtos alimentícios (6,4%), celulose, papel e produtos de papel (8,0%), veículos automotores, reboques e carrocerias (4,1%), outros produtos químicos (2,1%) e produtos têxteis (5,9%).
Bens de capital, por sua vez, que cresceu 1,1% em relação a novembro de 2015, foram influenciados pelos avanços na produção de bens de capital agrícola (24,0%) e para construção (29,1%). Em direção oposta, a produção caiu em bens de capital para fins industriais (-14,5%), para energia elétrica (-19,6%), bens de capital de uso misto (-3,8%) e para equipamentos de transporte (-0,3%).
Por fim, a produção de bens de consumo duráveis, que cresceu 9,0% frente a novembro de 2015, interrompeu 32 meses de resultados negativos consecutivos. O setor foi particularmente impulsionado pelos avanços na fabricação de automóveis (18,0%), que contou com uma baixa base de comparação, dado o declínio observado em novembro de 2015. Outro setor de forte crescimento foi o de eletrodomésticos da “linha marrom” (24,2%). Os impactos negativos mais importantes vieram de eletrodomésticos da “linha branca” (-13,7%), de motocicletas (-9,7%), de outros eletrodomésticos (-11,3%) e de móveis (-5,3%).
No acumulado de janeiro a novembro de 2016, em relação ao mesmo período de 2015, os quatro macrossetores também continuaram registrando resultados negativos: bens de consumo duráveis (-15,4%), bens de capital (-13,2%), bens intermediários (-6,8%) e bens de consumo semi e não-duráveis (-3,7%).
Por dentro da Indústria de Transformação
A expansão de 0,2% da produção industrial geral em novembro foi resultado da queda de 0,2% da indústria de transformação, frente a outubro, com ajuste sazonal, e da alta de 1,5% da indústria extrativa, nesta mesma comparação. Em relação a novembro de 2015, o resultado da indústria de transformação foi de -2,0% e no acumulado dos onze meses de 2016, de -6,5%. Já no caso da indústria extrativa, houve queda de -4,9% frente a novembro de 2015 e de -10,8% no acumulado do presente ano.
Frente a outubro, com ajuste sazonal, a expansão da indústria geral (0,2%) foi acompanhada por 13 dos 24 ramos da indústria pesquisados pelo IBGE. Isto é, as taxas positivas não foram tão generalizadas assim. Os destaques negativos ficaram por conta de: coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,3%), perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-1,8%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-3,1%), outros equipamentos de transporte (-5,7%), produtos alimentícios (-0,3%) e produtos de metal (-1,6%). Entre os ramos que ampliaram a produção nesse mês, o desempenho de maior importância para a média global foi assinalado por indústrias extrativas (1,5%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (6,6%), máquinas e equipamentos (2,4%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (4,4%), produtos de minerais não-metálicos (2,2%) e produtos de borracha e de material plástico (2,2%).
Na comparação com igual mês do ano anterior, em que a indústria geral apresentou queda de -1,1%, variações negativas marcaram o desempenho de 16 dos 26 ramos, 43 dos 79 grupos e 55,7% dos 805 produtos pesquisados. . Entre as atividades, os principais destaques negativos nesta comparação compreendem coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-9,3%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-13,4%), de outros equipamentos de transporte (-20,5%), de produtos de minerais não-metálicos (-6,8%), de bebidas (-6,0%), de produtos alimentícios (-1,5%), de produtos de metal (-7,0%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-7,0%) e de produtos de borracha e de material plástico (-4,5%). Entre as atividades que apontaram expansão na produção, as principais influências foram registradas por veículos automotores, reboques e carrocerias (13,4%). Vale destacar também os resultados positivos vindos de indústrias extrativas (4,4%), de celulose, papel e produtos de papel (7,1%) e de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (10,2%).
No acumulado de janeiro a novembro de 2016, frente a igual período do ano anterior, a queda de 7,1% da indústria geral teve perfil disseminado de taxas negativas, já que 23 dos 26 ramos, 63 dos 79 grupos e 73,5% dos 805 produtos pesquisados apontaram redução na produção. Entre as atividades, exerceram as maiores influências negativas: indústrias extrativas (-10,8%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-13,2%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-8,4%), bem como máquinas e equipamentos (-12,9%), produtos de minerais não-metálicos (-11,3%), metalurgia (-7,0%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-17,5%), outros equipamentos de transporte (-21,7%), produtos de metal (-10,4%), produtos de borracha e de material plástico (-7,8%), etc. As três atividades que ampliaram a produção nos onze meses de 2016 foram produtos alimentícios (0,9%) e celulose, papel e produtos de papel (2,7%).
Exportação
Segundo os dados da Funcex, divulgados pelo IBGE conjuntamente com os resultados da produção industrial, o quantum das exportações de manufaturados no mês de novembro cresceu 38% frente a novembro de 2015. Com disso, o resultado acumulado entre janeiro e novembro de 2016 continua positivo, em um patamar bastante confortável, mas um pouco menor do que no início do ano muito provavelmente devido à apreciação da taxa de câmbio: +11,2%. Ainda assim, esse desempenho continua muito superior àquele do acumulado de janeiro a dezembro de 2015 (2,3%). A título de comparação, as exportações no acumulado de janeiro a maio de 2016 tinham apresentado alta de 15,5%.
Em novembro, as importações em quantum de matérias-primas voltaram a crescer: +6,4%, frente ao mesmo mês de 2015. No acumulado de janeiro a novembro, continua havendo retração, de -9,8% patamar que já é inferior àquele do acumulado no primeiro semestre de 2016 (-18,8%) bem como ao de 2015 como um todo (-15,7%). É provável que parte desse desempenho esteja relacionada à revalorização da taxa de câmbio ao longo de 2016 e da maior volatilidade dos meses mais recentes.
Utilização de Capacidade
O nível de utilização da capacidade instalada da indústria de transformação, de acordo com a série da FGV com ajustes sazonais, foi de 74,0% em novembro de 2016, 0,3 p.p. superior ao patamar registrado em outubro. Esse grau de utilização, entretanto, continua inferior à média histórica do próprio indicador (80%).
A permanência da utilização da capacidade em níveis historicamente baixos não é um bom indício para a evolução futura do investimento, isso porque máquinas e equipamentos atualmente ociosos deverão ser postos em funcionamento antes de os empresários pensarem em ampliar sua capacidade de produção. Em contrapartida, a existência de capacidade ociosa significa que existem plenas condições de oferta para garantir uma recuperação da atividade econômica sem pressões inflacionárias.
Estoques
De acordo com os dados da Sondagem Industrial da CNI, os estoques de produtos finais da indústria em novembro de 2016 assinalaram índice de 48,3 pontos, ficando abaixo da marca dos 50 pontos. O indicador abaixo de 50 pontos indica redução dos estoques. Como o valor obtido em novembro está muito próximo da linha divisória dos 50 pontos, pode-se afirmar que o nível de estoques continua relativamente ajustado no referido mês. Assim, em 2016 continua havendo uma dinâmica de estoques diferente daquela de 2015, quando o índice esteve acima dos 50 pontos na maior parte dos meses, numa indicação de sistemático aumento de estoques.
Este resultado em outubro de 2016 se deveu menos à indústria extrativa, cujo indicador de estoques permaneceu em 50,0 pontos em outubro e novembro, e mais à indústria de transformação, cujo índice passou de 50,0 para 48,2 pontos no mesmo período.
Nesse sentido, na avaliação dos empresários, os estoques efetivos têm se encontrado em níveis muito próximos do planejado em 2016, com índice de satisfação de 49,2 pontos na indústria geral em novembro de 2016, sendo que o índice de satisfação em 50 pontos representa uma situação em que os estoques efetivos coincidem com os planejados. No caso do setor extrativo, os estoques ficaram abaixo do planejado (46,8 pontos) em novembro, mas a indústria de transformação, que havia rompido a fronteira dos 50 pontos em outubro (50,8 pontos), voltou a ficar abaixo dela em novembro (49,3 pontos).
Neste último grupo industrial, segundo os empresários, 20 dos 27 ramos tiveram estoques iguais ou menores do que o planejado (50 pontos), como em outros equipamentos de transporte (40,0 pontos), impressão e reprodução (41,1 pontos), borracha (44,9 pontos), entre outros. Em outubro, 17 desses setores tinham ficado abaixo da marca dos 50 pontos. Em contraste, constataram estoques efetivos acima do planejado os setores de manutenção e reparação (57,1 pontos), máquinas e equipamentos (54,1 pontos) e madeira (53,7 pontos), entre outros.
Confiança e Expectativas
A melhora da confiança dos empresários industriais no início do segundo semestre de 2016, alavancada por expectativas em relação ao futuro mais favoráveis, vem se revertendo desde setembro. As avaliações da situação presente, contudo, não viram a mesma reação que as expectativas, que, nessa circunstância e diante dos maus resultados da produção industrial dos últimos meses, foram sendo revisadas para baixo. Vale lembrar que os indicadores de confiança dos empresários são construídos a partir de dois componentes: expectativas e avaliação da situação presente.
A evolução em dezembro dos indicadores de confiança da FGV e da CNI sugerem ainda um desempenho fraco da produção industrial no último mês de 2016. Os indicadores tanto da CNI como da FGV tiveram queda neste mês em questão.
O Índice de Confiança da Indústria de Transformação da FGV, que ficou em 87,0 pontos em novembro, recuou para 84,6 pontos em dezembro, já descontados efeitos sazonais. Como permanece abaixo da marca dos 100 pontos, a partir da qual a avaliação torna-se positiva, o indicador sugere uma insatisfação crescente dos empresários com seus negócios. De qualquer forma, esse patamar dos últimos meses continua acima da marca de dezembro de 2015 (75,6 pontos).
No indicador da CNI (ICEI) a confiança dos empresários da indústria de transformação também apontou declínio. Em dezembro, o indicador chegou a 48,3 pontos, sendo o terceiro mês sucessivo de redução e voltando a um patamar inferior aos 50 pontos, o que não ocorria desde julho. Por isso, o ICEI voltou a apontar empresários pouco confiantes. Vale lembrar que o indicador vinha aumentando desde janeiro, à exceção de abril, acelerando a partir de maio, até apresentar, em outubro, sua primeira inflexão.
Essa evolução da confiança tem sido influenciada principalmente pelas expectativas em relação ao futuro. O Índice de Expectativas da FGV para a indústria de transformação, na série livre de efeitos sazonais, ficou em 87,1% em dezembro. Continuou, contudo, abaixo de 100 pontos, marca a partir da qual as expectativas tornam-se positivas.
Já segundo o indicador da CNI para as expectativas da indústria de transformação, em junho foi rompida a barreira dos 50 pontos, indicando que os empresários tornaram-se otimistas em relação ao futuro (próximos seis meses). Já há cinco meses seguidos o indicador permanece acima dos 50 pontos, mas a trajetória recente é claramente declinante desde setembro (59,2 pontos). Em dezembro, ficou em 51,5 pontos.
Outro indicador frequentemente utilizado para se avaliar a perspectiva do dinamismo da indústria é o Purchasing Managers’ Index – PMI Manufacturing, calculado pela consultoria Markit Financial Information Services. Depois de o PMI-M do Brasil mostrar uma relativa estabilidade das as condições dos negócios industriais entre setembro e novembro, oscilando entre 46,0 e 46,3 pontos, caiu para 45,2 pontos em dezembro. A permanência do indicador abaixo dos 50 pontos ainda indica um quadro complicado para o setor industrial.
Em síntese, as sondagens junto às empresas industriais mostram que o pessimismo perdeu força, mas que a recuperação da confiança nos últimos meses (depois de setembro) vem cedendo. A deterioração adicional no mês de dezembro não traz bons indícios para o desempenho industrial no final de 2016. Como a melhora da confiança está muito associada às expectativas mais favoráveis para o futuro, é preciso que a evolução efetiva dos diferentes setores industriais venha a validar sucessivamente tais expectativas, de maneira a fazê-las avançar ainda mais. Não é isso que vem acontecendo, abrindo a possibilidade de uma correção para baixo das expectativas, antes mesmo que a recente melhora gradual e relativa pudesse gerar algum estímulo ao dinamismo econômico. Nesse compasso à espera de sinais favoráveis no desempenho efetivo da indústria vem se traduzindo em relativa volatilidade e recente deterioração dos indicadores de confiança dos empresários industriais.