Carta IEDI
A Indústria em Dezembro de 2016: um final não tão ruim para um ano de queda
Para a indústria, 2016 foi mais um ano a ser esquecido. O declínio de -6,6% da produção só não foi pior do que em 2015, quando chegou a -8,3%, isso depois de 2014 também ter fechado no negativo (-3,0%). A consequência desse desempenho nos últimos três anos foram perdas acumuladas que chegaram a -17%. Alguns macrossetores, entretanto, viveram uma situação muito pior, como no caso de bens de capital e bens de consumo duráveis, cujo declínio no período chegou à marca devastadora de -40% e de -37%, respectivamente.
Entretanto, graças ao desempenho de dezembro, o ano de 2016 não terminou tão mal. A indústria conseguiu crescer 2,3% frente ao mês anterior, na série com ajuste sazonal. Mas vale lembrar que essa alta ocorre depois de um resultado ruim em outubro (-1,1%) e outro muito baixo em novembro (0,4%). Frente a dezembro de 2015, o desempenho continuou negativo (-0,1%), porém muito perto da estabilidade.
Outras informações positivas complementam o quadro industrial na passagem de 2016 para 2017. Os estoques de dezembro último ficaram no nível mais baixo do ano e os indicadores de confiança dos empresários, tanto da CNI como da FGV, voltaram a indicar melhora em janeiro, depois de uma deterioração nos últimos meses do ano passado.
O desempenho em 2016 poderia, contudo, ter sido mais favorável se o ritmo de arrefecimento das perdas que vimos na passagem do primeiro para o segundo trimestre tivesse se mantido ao longo de todo o ano. Como não foi isso que aconteceu, a moderação das taxas de declínio foi bastante tímida. De todo modo, ponta a ponta, o setor saiu de um ritmo de queda de -11,4% no primeiro trimestre de 2016 para um retrocesso de -3,1% no último trimestre.
A seguir seguem os resultados trimestrais, frente ao mesmo período do ano anterior, da indústria geral e de seus macrossetores em 2016.
- Indústria Geral: -11,4% no primeiro trimestre, -6,5% no segundo trimestre, -5,3% no terceiro trimestre e -3,1% no quarto trimestre;
- Bens de Capital: -27,7%, -9,6%, -4,4% e +1,8%, respectivamente;
- Bens de Consumo Duráveis: -27,4%, -17,1%, -12,1% e +0,6%;
- Bens de Consumo Semi e Não-Duráveis: -4,2%, -0,5%, -4,4% e -5,5%;
- Bens Intermediários: -10,2%, -7,2%, -5,0% e -2,9%, respectivamente.
Quando analisamos a trajetória trimestral recente, os macrossetores de bens de capital e de bens de consumo duráveis, que vinham liderando a crise industrial desde seu princípio em 2014, foram os primeiros a sair do vermelho no final de 2016.
Em termos setoriais, ao desempenho da produção de bens de capital foi bastante influenciado positivamente por aqueles voltados à agricultura (+32,0% para 4ºT16/4ºT15) e à construção (+35,6%), bem como pelos bens de capital de uso misto (+1,8%). Já no caso de bens de consumo duráveis, foi a cadeia automobilística (+7,0%), que tem conseguido ampliar suas exportações, que deu importante contribuição ao resultado do macrossetor como um todo, ao lado da produção eletrodomésticos da linha marrom (+16,0%).
Depois de um longo período de forte retração dos planos de investimento das empresas e de consumo de bens duráveis pelas famílias, evidências mesmo que muito frágeis de um quadro econômico não tão negativo podem ter incentivado o desengavetamento de alguns desses planos. A decisão do Banco Central em acelerar os cortes da taxa básica de juros (Selic) pode dar um impulso adicional, à medida que sejam repassados pelos bancos às taxas de empréstimos.
Mas há um aspecto negativo da evolução recente de bens de capital a ser ressaltado: a produção daqueles bens de capital voltados ao próprio setor industrial não só não parou de cair, como aprofundou suas quedas no final de 2016 (-14,5% para 4ºT16/4ºT15). Isso sugere que os investimentos industriais continuam bloqueados.
Já a produção de bens intermediários, por sua vez, por mais que tenha reduzido seu patamar de contração ao longo de 2016 ainda não deixou para trás os resultados negativos. Como é um macrossetor que pesa na estrutura industrial do país, por se tratar do núcleo duro do setor, continuou condicionando o desempenho da industrial geral no último trimestre.
O mesmo pode se dizer de bens de consumo semi e não duráveis, mas com o agravante de terem abortado sua trajetória em direção à recuperação, que se ensaiava na primeira metade de 2016. O último trimestre foi o mais negativo do ano, apontando para um patamar de retração que se aproxima de seus piores resultados.
Para 2017, é possível que a indústria volte a crescer, mas, por enquanto, não se antevê uma intensa recuperação. Isso porque os motores do crescimento na economia brasileira ainda patinam – o desemprego persiste em evolução, os sinais de recuperação do investimento são tênues e as exportações de manufaturados vêm perdendo dinamismo (de +10,6% no primeiro semestre de 2016 para +7,9% no ano como um todo, em quantum).
A exceção a este quadro é a taxa de juros, cuja redução deve ser mais pronunciada. Juros menores podem baratear o crédito, ajudando na desalavancagem dos agentes econômicos, e impulsionar o ânimo dos investidores. É preciso, entretanto, que expectativas favoráveis de longo prazo se recomponham mais amplamente.
Resultados da Indústria
A produção industrial encerrou o ano de 2016 com alta de 2,3% frente a novembro, já descontados os efeitos sazonais. Este foi o resultado positivo mais robusto do ano nesta comparação e sucedeu uma quase estabilidade do mês anterior (+0,4%). Este crescimento em dezembro foi, ademais, acompanhado pela maioria (16 dos 24) dos ramos industriais pesquisados.
Já na comparação com dezembro de 2015, a produção industrial continuou se retraindo, mas resultado de -0,1% foi a menor taxa negativa desde março de 2014, mês a partir do qual só se viu queda da produção mês após mês. Isso aponta para um início de 2017 mais favorável do que aquele de 2016. Em termos dos ramos industriais, um pouco menos da metade logrou expandir produção em dezembro (12 dos 26 considerados na pesquisa do IBGE).
A despeito dessa melhora de final de ano, a performance da indústria em 2016 não autoriza comemorações. Houve, de fato, uma moderação da crise do setor, mas ela foi muito fraca. No acumulado de 2016 como um todo, a produção recuou -6,6%, não muito longe dos -8,3% de 2015. Com isso, já são três anos seguidos de retração industrial que totalizam perdas totais da ordem de -17%.
Em relação aos macrossetores, frente a novembro com ajuste sazonal, houve queda de produção em apenas um deles, em bens de capital. Todos os demais conseguiram ampliar sua produção.
O retorno ao negativo de bens de capital em dezembro mostrou que o crescimento de 3,9% em novembro foi apenas um dado isolado. No segundo semestre de 2016, a produção desses bens só caiu, a exceção de novembro, e fechou o ano com queda de -3,2% em dezembro, frente ao mês anterior com ajuste sazonal.
Em contraste, bens de consumo duráveis, por sua vez, apresentaram a maior taxa de crescimento na série com ajuste sazonal pela segunda vez consecutiva: a alta foi de 6,5% em dezembro e de +4,3% em novembro, sempre frente ao mês imediatamente anterior. Vale lembrar que o desempenho deste macrossetor tem sido marcado nos últimos meses por forte volatilidade.
A produção de bens semi e não duráveis também apontou um crescimento considerável em dezembro, de 4,1%, ainda na série com ajuste sazonal, interrompendo uma série de resultados negativos que vinham ocorrendo desde o mês de julho. Ao longo de 2016, depois de ter apresentado um comportamento promissor na primeira metade do ano, a produção desses bens praticamente só caiu no segundo semestre, a exceção deste mês de dezembro.
No caso de bens intermediários, cuja natureza dos seus produtos, que funcionam como insumos de outros setores industriais, geralmente faz com que seu resultado acompanhe a evolução da indústria como um todo, apresentou, em dezembro, uma alta mais modesta que os demais macrossetores: 1,4% frente a novembro, já com ajuste sazonal. Entretanto, este resultado implicou uma aceleração quando comparado ao resultado de novembro (+0,7%).
Já os resultados de dezembro de 2016 frente a dezembro de 2015 apontaram crescimento em dois macrossetores e declínio nos outros dois, mas em um patamar muito baixo ao menos em um deles. A maior queda ficou a cargo de bens de consumo semi e não duráveis (-3,6%), seguidos por bens intermediários (-0,5%). Bens de capital cresceram nada menos que 17,3% e bens de consumo duráveis, 4,8%. Vale ressaltar que em ambos os casos, para esta comparação, o desempenho também foi positivo em novembro.
O recuo de 3,6% do setor produtor de bens de consumo semi e não-duráveis frente a dezembro de 2015 foi a oitava taxa negativa consecutiva, mas menos intensa desde setembro. O desempenho nesse mês foi explicado sobretudo pela queda dos grupamentos de não-duráveis (-13,1%) e de carburantes (-17,0%). Em contraste, o grupamento de semiduráveis (+16,5%) apontou o único resultado positivo nessa categoria.
O segmento de bens intermediários, ao recuar 0,5% frente a dezembro de 2015, assinalou a trigésima terceira variação negativa consecutiva nesta comparação, mas marcou a queda menos intensa dessa sequência. As principais influências negativas vieram de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-13,0%), de produtos alimentícios (-9,5%), de produtos de minerais não-metálicos (-4,8%), de produtos de metal (-4,8%), de máquinas e equipamentos (-8,5%) e de metalurgia (-0,2%). Em contrapartida, pressões positivas foram registradas por veículos automotores, reboques e carrocerias (+23,8%), indústrias extrativas (+7,0%) e produtos têxteis (+13,3%), entre outros.
Bens de capital, por sua vez, que cresceu 17,3% em relação a dezembro de 2015, foram influenciados pelos avanços na produção de bens de capital agrícola (+82,1%), para equipamentos de transporte (+14,4%), para construção (+60,7%) e de uso misto (+13,3%). Em direção oposta, a produção caiu em bens de capital para fins industriais (-5,1%) e para energia elétrica (-9,8%).
Por fim, a produção de bens de consumo duráveis, que cresceu 4,8% frente a dezembro de 2015, foi particularmente impulsionado pelos avanços na fabricação eletrodomésticos da “linha marrom” (+46,5%) e de automóveis (+8,4%), além dos eletrodomésticos da “linha branca” (+3,3%). Em sentido oposto, caíram motocicletas (-35,9%) e os subsetores de móveis (-5,3%) e de outros eletrodomésticos (-2,0%).
No acumulado de janeiro a dezembro de 2016, em relação ao mesmo período de 2015, os quatro macrossetores também continuaram registrando resultados negativos: bens de consumo duráveis (-14,7%), bens de capital (-11,1%), bens intermediários (-6,3%) e bens de consumo semi e não-duráveis (-3,7%).
Por dentro da Indústria de Transformação
A expansão de 2,3% da produção industrial geral em dezembro, na série com ajuste, foi resultado da alta de 1,5% da indústria de transformação, frente a novembro e de 1,6% da indústria extrativa, nesta mesma comparação. Em relação a dezembro de 2015, o resultado da indústria de transformação foi de -1,2% e no acumulado dos doze meses de 2016, de -6,1%. Já no caso da indústria extrativa, houve crescimento de 6,9% frente a dezembro de 2015 e declínio de -9,5% no acumulado do presente ano.
Frente a novembro, com ajuste sazonal, a expansão da indústria geral (+2,3%) foi acompanhada por 16 dos 24 ramos da indústria pesquisados pelo IBGE. Isto é, as taxas positivas foram relativamente generalizadas. Entre os setores com alta na série com ajuste sazonal, encontram-se setores de peso no parque industrial nacional, tais como o de veículos automotores, reboques e carrocerias, que cresceu 10,8% frente a novembro, depois de uma alta de 6,8% em novembro.
Outras contribuições positivas vieram de perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (+5,5%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (+15,2%), de produtos de borracha e de material plástico (+8,3%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (+10,9%), de indústrias extrativas (+1,6%), de produtos alimentícios (+0,9%), de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (+7,6%), de máquinas e equipamentos (+2,4%) e de móveis (+9,6%). Os destaques negativos ficaram por conta de: produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-11,7%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,9%) e bebidas (-5,5%).
Na comparação com igual mês do ano anterior, em que a indústria geral apresentou queda de -0,1%, variações negativas marcaram o desempenho de 12 dos 26 ramos, 37 dos 79 grupos e 45,0% dos 805 produtos pesquisados. Entre as atividades, os principais destaques negativos nesta comparação compreendem coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-14,1%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-27,4%), produtos alimentícios (-3,1%), bebidas (-5,8%), outros equipamentos de transporte (-21,8%) e minerais não-metálicos (-4,9%). Entre as atividades que apontaram expansão na produção, as principais influências foram registradas por veículos automotores, reboques e carrocerias (+19,8%), indústrias extrativas (+7,0%), máquinas e equipamentos (+12,6%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (+23,4%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (+29,1%).
No acumulado de janeiro a dezembro de 2016, frente a igual período do ano anterior, a queda de 6,6% da indústria geral teve perfil disseminado de taxas negativas, já que 23 dos 26 ramos, 63 dos 79 grupos e 72,8% dos 805 produtos pesquisados apontaram redução na produção. Entre as atividades, exerceram as maiores influências negativas: indústrias extrativas (-9,4%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-8,5%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-11,4%), máquinas e equipamentos (-11,8%), produtos de minerais não-metálicos (-10,9%), outros equipamentos de transporte (-21,7%), metalurgia (-6,6%), produtos de metal (-9,8%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-14,8%), produtos de borracha e de material plástico (-7,1%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-8,5%), entre outros. Dentre as atividades que ampliaram a produção em 2016, as principais contribuições vieram de produtos alimentícios (+0,6%) e celulose, papel e produtos de papel (+2,5%).
Exportação
Segundo os dados da Funcex, divulgados pelo IBGE conjuntamente com os resultados da produção industrial, o quantum das exportações de manufaturados no mês de dezembro caiu 9,8% frente ao mesmo mês de 2015. Com disso, o resultado acumulado entre janeiro e dezembro de 2016 continuou positivo, em um patamar bastante confortável, mas um pouco menor do que no início do ano muito provavelmente devido à apreciação da taxa de câmbio: +7,9%. A título de comparação, as exportações no acumulado de janeiro a junho de 2016 tinham apresentado alta de 10,6%. Ainda assim, esse desempenho continua muito superior àquele do acumulado de janeiro a dezembro de 2015 (+2,3%).
Em dezembro, as importações em quantum de matérias-primas voltaram a crescer: +28,5%, frente ao mesmo mês de 2015. No acumulado de janeiro a dezembro, entretanto, houve retração, de -7,4%, um patamar de queda bem inferior àquele do acumulado no primeiro semestre de 2016 (-18,8%) bem como ao de 2015 como um todo (-15,7%). É provável que parte desse desempenho esteja relacionada à revalorização da taxa de câmbio ao longo de 2016, mas também ao período menos agudo da crise por que passa a indústria nacional.
Utilização de Capacidade
O nível de utilização da capacidade instalada da indústria de transformação, de acordo com a série da FGV com ajustes sazonais, foi de 72,9% em dezembro de 2016, 0,8 p.p. inferior ao patamar registrado em novembro. Esse grau de utilização, entretanto, continua inferior à média histórica do próprio indicador (80%).
O indicador da CNI, a seu turno, também aponta para um nível historicamente baixo da utilização da capacidade: 76,0%, em dezembro de 2016, contra 80,6% na média dos últimos 60 meses. Em relação a novembro (76,4%), na série com ajuste sazonal, houve redução de 0,4 p.p. do indicador.
A permanência da utilização da capacidade em níveis historicamente baixos não é um bom indício para a evolução futura do investimento, isso porque máquinas e equipamentos atualmente ociosos deverão ser postos em funcionamento antes de os empresários pensarem em ampliar sua capacidade de produção. Em contrapartida, a existência de capacidade ociosa significa que existem plenas condições de oferta para garantir uma recuperação da atividade econômica sem pressões inflacionárias.
Estoques
De acordo com os dados da Sondagem Industrial da CNI, os estoques de produtos finais da indústria em dezembro de 2016 assinalaram índice de 46,5 pontos, ficando abaixo da marca dos 50 pontos. O indicador abaixo de 50 pontos indica redução dos estoques. Assim, com um nível de estoques que se afasta da marca de equilíbrio abre-se margem para a manutenção de um ritmo mais favorável do crescimento da produção no início de 2017. De forma geral, o que se viu em 2016 foi uma dinâmica de estoques diferente daquela de 2015, quando o índice esteve acima dos 50 pontos na maior parte dos meses, numa indicação de sistemático aumento de estoques.
Este resultado se deveu tanto à indústria extrativa, cujo indicador de estoques recuou de 50,0 pontos em novembro para 46 pontos em dezembro, como à indústria de transformação, cujo índice passou de 48,2 para 46,5 pontos no mesmo período.
Nesse sentido, na avaliação dos empresários, os estoques efetivos têm se encontrado em níveis muito próximos do planejado em 2016, com índice de satisfação afastando-se ainda mais dos 50 pontos: 48,6 pontos na indústria geral em dezembro de 2016, sendo que o índice de satisfação em 50 pontos representa uma situação em que os estoques efetivos coincidem com os planejados. No caso do setor extrativo, os estoques continuaram abaixo do planejado (46,6 pontos) em dezembro, mas a indústria de transformação, que havia rompido a fronteira dos 50 pontos em outubro (50,8 pontos), voltou a ficar abaixo tanto em novembro (49,3 pontos) como em dezembro (48,6 pontos) trazendo boas perspectivas para o volume da produção de janeiro de 2017.
Neste último grupo industrial, segundo os empresários, 20 dos 27 ramos tiveram estoques iguais ou menores do que o planejado (50 pontos), como em outros equipamentos de transporte (35,5 pontos), impressão e reprodução (42,3 pontos), biocombustíveis (43,3 pontos), entre outros. Em novembro, 20 desses setores também tinham ficado abaixo da marca dos 50 pontos. Em contraste, constataram estoques efetivos acima do planejado os setores de calçados (52,3 pontos), produtos de madeira (52,2 pontos) e máquinas aparelhos e materiais elétricos (51,9 pontos), entre outros.
Confiança e Expectativas
A melhora da confiança dos empresários industriais no início do segundo semestre de 2016, alavancada por expectativas em relação ao futuro mais favoráveis, vem se revertendo desde setembro. As avaliações da situação presente, contudo, não viram a mesma reação que as expectativas, que, nessa circunstância e diante dos maus resultados da produção industrial dos últimos meses, foram sendo revisadas para baixo. Vale lembrar que os indicadores de confiança dos empresários são construídos a partir de dois componentes: expectativas e avaliação da situação presente.
A evolução em janeiro dos indicadores de confiança da FGV e da CNI sugerem ainda um desempenho fraco mas com alguma possível melhora adicional da produção industrial na entrada de 2017. Os indicadores tanto da CNI como da FGV tiveram pequena alta neste mês em questão.
O Índice de Confiança da Indústria de Transformação da FGV, que ficou em 87,0 pontos em novembro, recuou para 84,6 pontos em dezembro, mas voltou a subir para 89 pontos em janeiro de 2017, já descontados efeitos sazonais. Como permanece abaixo da marca dos 100 pontos, a partir da qual a avaliação torna-se positiva, o indicador sugere uma insatisfação crescente dos empresários com seus negócios. De qualquer forma, esse patamar dos últimos meses continua sensivelmente acima da marca de dezembro de 2015 (75,6 pontos).
No indicador da CNI (ICEI) a confiança dos empresários da indústria de transformação também apontou melhora relativa. Em janeiro de 2017, o indicador chegou a 50,6 pontos, revertendo a tendência de queda dos três meses anteriores e voltando a um patamar superior aos 50 pontos. Por isso, o ICEI voltou a apontar um aumento da confiança dos empresários. Vale lembrar que o indicador vinha aumentando desde janeiro, à exceção de abril, acelerando a partir de maio, até apresentar, em outubro, sua primeira inflexão que durou até o início de 2017.
Essa evolução da confiança tem sido influenciada principalmente pelas expectativas em relação ao futuro. O Índice de Expectativas da FGV para a indústria de transformação, na série livre de efeitos sazonais, ficou em 91% em janeiro de 2017. Continuou, contudo, abaixo de 100 pontos, marca a partir da qual as expectativas tornam-se positivas, mas se aproximou um pouco mais dela.
Já segundo o indicador da CNI para as expectativas da indústria de transformação, em junho foi rompida a barreira dos 50 pontos, indicando que os empresários tornaram-se otimistas em relação ao futuro (próximos seis meses). Por cinco meses seguidos o indicador permaneceu acima dos 50 pontos, ainda que a trajetória recente tenha sido claramente declinante entre setembro (59,2 pontos) e dezembro de 2016 (51,5 pontos). Em janeiro, houve uma inversão desta tendência e o indicador voltou a subir para 54,7 pontos.
Outro indicador frequentemente utilizado para se avaliar a perspectiva do dinamismo da indústria é o Purchasing Managers’ Index – PMI Manufacturing, calculado pela consultoria Markit Financial Information Services. Depois de o PMI-M do Brasil mostrar uma relativa estabilidade das condições dos negócios industriais entre setembro e novembro, oscilando entre 46,0 e 46,3 pontos, caiu para 45,2 pontos em dezembro e para 44 pontos em janeiro de 2017, em contraste com os indicadores de FGV e CNI. A permanência do indicador abaixo dos 50 pontos ainda indica um quadro complicado para o setor industrial.
Em síntese, as sondagens junto às empresas industriais mostram que o pessimismo perdeu força em 2016, mas que a recuperação da confiança cedeu entre os meses de setembro e dezembro. Janeiro de 2017 pode estar marcando uma reversão desta tendência, trazendo bons indícios para o desempenho industrial neste início de ano. Como a melhora da confiança está muito associada às expectativas mais favoráveis para o futuro, é preciso que a evolução efetiva dos diferentes setores industriais continue validando sucessivamente tais expectativas, de maneira a fazê-las avançar ainda mais.
Anexo Estatístico
Mais Informações
Tabela: Produção Física - Subsetores Industriais
Variação % em Relação ao Mesmo Mês do Ano Anterior (clique aqui)