Carta IEDI
A volta do crescimento das exportações de manufaturados em 2016
O saldo comercial brasileiro registrou superávit de US$ 47,7 bilhões em 2016, maior do que o registrado em 2015, após déficit em 2014. No caso dos bens tipicamente produzidos pela indústria de transformação, o déficit ficou próximo a zero, ou seja, US$ 2,4 bilhões, bem abaixo do resultado negativo de US$ 30,7 bilhões do ano anterior, sendo que, em 2014, o País experimentara déficit recorde de US$ 63,6 bilhões.
O aumento no superávit comercial decorreu de uma diminuição das importações de 19,8% mais do que compensando a queda de 3,1% das exportações. Atendo-se às mercadorias tipicamente produzidas pela indústria de transformação, suas exportações cresceram bem discretamente em relação a 2015, saindo de US$ 120,2 bilhões para US$ 121,8 bilhões em 2015, incremento de 1,4%.
Em paralelo, as importações dos produtos típicos da indústria de transformação declinaram 17,6%. Logo, o melhor saldo do comércio exterior como um todo se deveu principalmente à forte retração nas importações, até porque as exportações dos demais bens, mormente agrícolas e minerais, caíram a ponto de as vendas externas terem recuado, apesar do acréscimo do montante exportado de bens típicos da indústria de transformação.
O IEDI tem acompanhando o comércio internacional dos bens da indústria de transformação pela classificação de intensidade tecnológica definida pela OCDE, que abrange quatro faixas: de alta intensidade, de média-alta, média-baixa e baixa. Cada uma delas é subdividida em ramos, sendo ao todo dezenove distribuídos naquelas faixas.
Um modo de visualizar os fluxos comerciais por tal critério reside em concatenar tais faixas e ramos em termos quer do saldo, quer do comportamento das exportações, se cresceram ou não em 2016. Assim, pode-se verificar quatro situações:
- Na primeira situação, a melhor delas, estão os segmentos superavitários no ano, cujas exportações em dólares correntes cresceram frente ao ano anterior. Em 2016, apenas a faixa de baixa intensidade estava nesta situação, exportando US$ 52 bilhões, com saldo de US$ 32,7 bilhões. Dez anos antes, as de média-baixa e de baixa intensidade estavam nela. Dos dezenove ramos, em 2016, havia apenas quatro nessa situação: alimentos e bebidas industriais e tabaco (baixa intensidade), produtos da indústria aeronáutica (alta), automóveis e afins (média-alta) e construção naval (média-baixa). Em 2006, oito ramos combinavam superávit com expansão exportadora.
- A segunda abarca aqueles que, embora deficitários, exportaram mais do que no ano anterior. Dentre as faixas, em 2016 figuravam a de alta (exportações de US$ 10,4 bilhões, mas com déficit de US$ 18,1 bilhões) e a de média-alta intensidade (exportando US$ 31,3 bilhões e saldo negativo de US$ 29 bilhões). Dez anos antes, ambas as faixas se encontravam em na mesma condição. Dentre os ramos em 2016, quatro estavam neste quadro: um de alta intensidade – material de escritório e informática; dois de média-alta – equipamento ferroviário e outros de transporte, bem como máquinas não especificadas noutros ramos; e um de baixa intensidade, a saber, produtos manufaturados diversos e bens reciclados.
- Em 2016, na terceira e pior situação ficaram oito ramos dos dezenove, combinando saldo negativo com declínio exportador. Destes, três são da faixa de alta intensidade – produtos farmacêuticos e os dois outros ramos do complexo eletrônico; dois de média-alta, a saber, máquinas elétricas e a indústria química; dois de média-baixa, produtos de borracha e plásticos e os produtos derivados de petróleo e afins; e um de baixa intensidade, a atividade de têxteis, vestuário, calçados e artigos de couro.
- A quarta situação encampa os superavitários cujas exportações declinaram no ano. É onde está a faixa de média-baixa intensidade em 2016, com saldo, de US$ 6,0 bilhões e exportações de US$ 28,1 bilhões. Nesse quadro, estão dois ramos dessa faixa: outros produtos de minerais não-metálicos e os produtos metálicos (inclui os produtos da siderurgia). Complementando, há também um ramo do segmento de baixa intensidade: o conjunto de atividades madeireiras, derivados, papel, celulose e impressão.
Assim o número de ramos de bens da indústria de transformação cujas exportações cresceram frente ao ano anterior se ampliou em 2016: oito dos dezenove ramos. Em 2014 eram cinco e em 2015, somente dois de dezenove. As indústrias de material de transporte se destacaram nesse sentido, mormente a indústria aeronáutica (alta intensidade), sem negligenciar o ramo automobilístico. O incremento das vendas externas de produtos alimentícios industrializados, bebidas e tabaco é outro ponto a se destacar.
Infelizmente esse ganho exportador ainda não compensou a retração do mercado doméstico e é cedo para apontar uma retomada pelas exportações com repercussões positivas sobre outras atividades. A melhora na balança comercial foi expressiva, porém se deveu mais à retração das importações, por isso não se pode comemorar completamente. Ampliar ainda mais as exportações, envolvendo um número crescente de ramos industriais, especialmente aqueles de maior intensidade tecnológica, continua sendo fator importante para a recuperação da economia.
Bens típicos da indústria de transformação e a balança comercial
O saldo comercial brasileiro registrou superávit de US$ 47,7 bilhões em 2016, maior do que o registrado em 2015, após déficit em 2014. No caso dos bens tipicamente produzidos pela indústria de transformação, o déficit ficou em US$ 2,4 bilhões, bem abaixo do resultado negativo de US$ 30,7 bilhões do ano anterior, sendo que, em 2014, o País experimentara déficit recorde de US$ 63,6 bilhões.
O aumento no superávit comercial decorreu de uma diminuição das importações de 19,8% mais do que compensando a queda de 3,1% das exportações. Atendo-se às mercadorias tipicamente produzidas pela indústria de transformação, suas exportações cresceram bem discretamente em relação a 2015, saindo de US$ 120,2 bilhões para US$ 121,8 bilhões em 2015, incremento de 1,4%. Em paralelo, as importações dos produtos típicos da indústria de transformação declinaram 17,6%. Logo, o melhor saldo do comércio exterior como um todo se deveu principalmente à forte retração nas importações, até porque as exportações dos demais bens, mormente agrícolas e minerais, caíram a ponto das vendas externas terem recuado, apesar do acréscimo do montante exportado de bens típicos da indústria de transformação.
Em suma, o déficit menor no intercâmbio internacional de produtos oriundos da indústria de transformação permitiu que o superávit dos demais bens conduzisse a um superávit maior em 2016, mesmo com o saldo dos demais bens se reduzindo marginalmente em relação ao de 2015. As exportações dos demais bens retrocederam 10,6%, saindo de US$ 71,0 bilhões em 2015 para US$ 63,4 bilhões no ano passado, representando o quinto ano seguido de retrocesso nas vendas externas dos demais bens.
A balança por intensidade tecnológica
Pode-se tratar mais apuradamente o comportamento da balança comercial para bens típicos da indústria de transformação considerando a classificação de suas atividades por intensidade tecnológica adotada pela OCDE. São quatro faixas da indústria de transformação: de alta intensidade, de média-alta, média-baixa e de baixa intensidade tecnológica. A tabulação seguinte descreve tais faixas nos moldes da OCDE.
Os dois gráficos a seguir trazem uma síntese de dados para 2006 e 2016 tomando a citada classificação. Cada gráfico traz quatro quadrantes ou caixas. Em sentido horário, o primeiro abrange as faixas ou grupamentos de bens destas faixas que registraram superávit no ano e aumento das exportações em relação ao ano anterior medidas em dólares correntes. O segundo quadrante encampa as faixas ou segmentações destas deficitárias, mas cujas vendas para fora do País cresceram no período. Na terceira caixa, estão aqueles segmentos com balança comercial deficitária e declínio em suas exportações – a pior situação. Por fim o quarto quadrante agrupa as faixas por intensidade tecnológica ou ramos superavitários, porém com exportação em dólar corrente menor do que no ano anterior.
Atendo-se a 2016 e tomando 2006 para efeito de comparação, percebe-se o número menor de ramos que ocupam a primeira e a segunda caixa de 2016. Dentre as quatro faixas, só a de baixa intensidade aparece no primeiro quadrante, enquanto em 2006, as de baixa e média-baixa marcavam presença. Aliás, dez anos atrás, todas as faixas logravam incremento das exportações vis-à-vis o ano anterior, o que não ocorreu em 2016: a de média-baixa, embora superavitária, não conseguiu maior montante exportado. No quadrante 1, que espelharia a melhor situação, em 2006 apareciam oito ramos, dentre os dezenove, enquanto, em 2016, somente estão quatro ramos.
O intercâmbio externo de bens produzidos por atividades de alta intensidade tecnológica teve saldo negativo de US$ 18,1 bilhões em 2016, o menor déficit desde 2007. Suas exportações cresceram 5,0%, alcançando US$ 10,4 bilhões. Apesar do aumento nas vendas externas, continua sendo o segmento que menos exporta. Os produtos da indústria aeronáutica continuam como seus únicos superavitários, respondendo ainda pelo aumento exportador dessa faixa como um todo. As exportações de bens farmacêuticos declinaram bastante. Para o conjunto dos três ramos do complexo eletrônico, suas vendas para fora do País também caíram, sendo acompanhadas de queda acentuada também nas importações, concorrendo para o menor déficit.
O segmento de média-alta intensidade foi aquele que registrou o maior déficit, de US$ 29,0 bilhões. Apesar da grandeza, representou um recuo de US$ 13,6 bilhões no déficit frente ao ano anterior. As exportações contribuíram para tanto, crescendo 2,4%, com o Brasil vendendo US$ 31,3 bilhões desses produtos para o exterior. Contribuição maior foi dada pelo encolhimento de 17,6% nas importações, permitindo o menor déficit desde 2009. Nesta faixa, que encampa os materiais de transporte terrestre, parcela substantiva dos bens de capital, além de produtos químicos, todos os ramos experimentaram melhora no saldo, embora só o intercâmbio de veículos automotores, reboques e semirreboques tenham logrado superávit.
Quanto aos produtos tipicamente provenientes de atividades industriais de média-baixa intensidade tecnológica, estes presenciaram superávit de US$ 6,0 bilhões, após seis anos seguidos registrando resultado negativo. Tal melhora ocorreu a despeito do recuo de 1,5% em suas exportações, terceiro ano consecutivo de diminuição. As importações declinaram 23,9%. Tais variações nos fluxos comerciais foram bastante ditadas pelos dois principais tipos de bens deste segmento: derivados do refino de petróleo, combustíveis e afins; e produtos metálicos, com destaque para commodities industriais.
Passando para a faixa dos bens típicos das atividades de baixa intensidade tecnológica, como de costume, registrou o maior superavitário dentre os quatro segmentos, saldo de US$ 38,7 bilhões, superando os saldos de 2015 e 2014. Ficou aquém do observado em 2008 e de 2010 a 2013. Suas exportações cresceram 1,6% em relação ao ano anterior, com as importações recuando 16,5%. A faixa de baixa intensidade abrange grosso modo dois tipos de mercadorias: aquelas cujos processos produtivos utiliza intensivamente recursos naturais abundantes no Brasil; e bens cuja produção são intensivas em recursos humanos. Pelo peso na pauta exportadora, destaque-se o aumento nas vendas externas de alimentos, bebidas e fumo.
Bens de alta intensidade tecnológica
Em 2015, o conjunto de produtos fabricados por atividades intensivas em tecnologia apresentou saldo comercial negativo de US$ 18,1 bilhões. Em que pese sua expressão, tal déficit ficou aquém daquele observado nos oito anos anteriores. Ademais as vendas para fora do País conseguiram aumentar 5,0%, chegando a US$ 10,4 bilhões. Mesmo sendo a faixa de intensidade cujas exportações mais cresceram na comparação entre 2016 e 2015, mantém a condição de menos expressiva em vendas externas. Já as importações ficaram em US$ 28,5 bilhões, com queda de 12,8%.
Como tem sido a tônica, os equipamentos aeronáuticos e aeroespaciais permanecem como o único ramo desse segmento a obter superávit, de US$ 3,0 bilhões, com suas vendas para o exterior crescendo 12,5%, atingindo US$ 7,3 bilhões. As importações, a seu turno, declinaram 10,8%.
Os três ramos de bens típicos do complexo eletrônico contribuíram bastante para o déficit dos produtos da indústria de alta intensidade tecnológica, o que já é característica para essa faixa. As exportações de equipamentos de áudio, vídeo e telecomunicações (inclusive componentes eletrônicos) retrocederam 25,5%, isto é, o País exportou apenas US$ 498 milhões. Desde 1991, não se exportava tão pouco desses itens em dólares correntes. Suas vendas externas já foram de US$ 3,6 bilhões em 2006. Já suas importações retrocederam 14,5%. Mas esse recuo não lhe tirou o posto de agrupamento de maior déficit da faixa de alta intensidade, saldo negativo de US$ 7,5 bilhões. Menos mal que a grandeza do déficit caiu US$ 1,2 bilhão de 2015 a 2016. Quanto às exportações de materiais de escritório e informática, cresceram 4,8%, após quatro anos de queda. As importações caíram 30,0%, reforçando a redução no déficit, que ficou em US$ 3,2 bilhões. Já o ramo de equipamentos e instrumentos médico-hospitalares, ótico e de precisão, registrou retrocesso de 1,4% nas exportações, quinto ano seguido de retrocesso, enquanto as importações declinaram 14,1%. Isso não impediu um déficit de US$ 4,2 bilhões, expressivo, mas inferior aos observados desde 2008.
Os produtos farmacêuticos experimentaram saldo negativo de US$ 6,1 bilhões, sendo o único ramo dessa faixa cuja balança não melhorou em relação ao ano anterior. Suas exportações declinaram 8,7%, quinto ano consecutivo de declínio exportador, com o Brasil vendendo somente US$ 1,5 bilhão para outros países, retrocedendo pela quarta vez seguida. Quanto às importações, estas cresceram 0,5%.
Bens de média-alta intensidade tecnológica
As vendas para o exterior de bens tipicamente produzidos por atividades de média-alta intensidade tecnológica, após quatro anos de queda, cresceram 2,4% em 2016 frente ao ano anterior, situando-se em US$ 31,3 bilhões. As importações, a seu turno, recuaram 17,6%. Isso possibilitou que o déficit diminuísse de US$ 42,7 bilhões para US$ 29,0 bilhões, mas não impediu sua condição de maior déficit dentre os quatro segmentos de intensidade tecnológica.
Os produtos químicos (exclusive farmacêuticos) experimentaram variações negativas seja para as exportações – queda de 3,1%, a quinta seguida – seja para as importações – diminuição de 13,6%. Esses bens continuam tanto com o maior déficit comercial, de US$ 18,2 bilhões, quanto com o maior montante importado, US$ 26,4 bilhões, dentre todos os dezenove grupamentos de mercadorias tipicamente produzidos pela indústria de transformação. As exportações ficaram em US$ 8,1 bilhões.
Os equipamentos de transporte fabricados por indústrias de médio-alta intensidade tecnológica totalizaram superávit de US$ 600 milhões. O que se deveu aos produtos automobilísticos e afins: saldo positivo de US$ 1,0 bilhão. Suas exportações aumentaram 10,1%, alcançando US$ 12,1 bilhões, enquanto as importações retrocederam 23,5%. Quanto ao grupo dos equipamentos ferroviários e outros de transporte (motocicletas, entre outros), suas exportações cresceram 41,2%, com as importações caindo 46,7%, propiciando uma redução no déficit que ficou em US$ 431 milhões.
Os dois ramos desse segmento mais associados a bens de capital – máquinas e equipamentos mecânicos ou não especificados noutros segmentos; e máquinas e material elétrico – observaram déficits menores em relação a 2015: o primeiro ficou em US$ 7,0 bilhões e o segundo, em US$ 4,5 bilhões. Quanto às vendas externas, enquanto as de máquinas e equipamentos mecânicos ou não especificados noutros segmentos ficaram estáveis, variação de 0,1%, as de máquinas elétricas encolheram 8,4%, situando-se em US$ 8,1 bilhões e US$ 2,6 bilhões, respectivamente. No tocante às importações, houve forte encolhimento em ambos: na de equipamentos mecânicos, o declínio foi de 18,0%, enquanto as de máquinas elétricas, a queda foi de 15,4%.
Bens de média-baixa intensidade tecnológica
As exportações de mercadorias normalmente produzidas pela indústria de média-baixa intensidade tecnológica declinaram 1,5% no ano passado frente ao ano anterior, ficando em US$ 28,1 bilhões. As importações recuaram 23,9%. Assim, o saldo melhorou, voltando a registrar superávit, de US$ 6,0 bilhões, após seis anos seguidos de déficit. Pela série iniciada em 1989, até 2009, tais bens apresentavam superávit.
A balança internacional dos itens típicos das indústrias de média-baixa intensidade tecnológica é bastante afetada por dois agrupamentos de bens: produtos metálicos, destacando-se aqueles da siderurgia; e os derivados de petróleo refinado, outros combustíveis e afins.
As vendas para o exterior de produtos de petróleo refinado e afins, que chegou a ser de US$ 5,6 bilhões em 2012, ficou em US$ 1,4 bilhão no ano passado, retração de 28,9% em relação a 2015, quando ficou em US$ 1,9 bilhão. Já as aquisições externas, retrocederam 16,7%. O déficit, assim, caiu de US$ 8,2 bilhões em 2015 para US$ 7,0 bilhões em 2016.
As grandezas dos déficits em produtos de petróleo refinado e afins costumavam ser mais do que contrabalançadas pelos superávits de produtos metálicos, mormente da siderurgia, o que mudou desde 2010. O superávit dos produtos metálicos e da siderurgia ficou em US$ 10,7 bilhões em 2016, um notável acréscimo frente ao ano anterior. Mas suas exportações diminuíram 7,6%, ficando em US$ 18,4 bilhões. Com isso, o País exportou montante menor do que o observado em 2007-2008 e em 2011-2015. Suas importações, por sua vez, caíram 29,9%.
Passando para os grupos de bens de menor expressão, os produtos de minerais não-metálicos lograram superávit de US$ 888 milhões, o segundo resultado positivo após quatro anos de déficit. As exportações declinaram 3,5%, ficando em US$ 2,0 bilhões. As importações desses bens caíram 28,5%, o que conduziu à mudança no sinal da balança.
Os produtos plásticos e de borracha, por sua vez, viram suas exportações diminuírem 5,6% em 2016, exportando US$ 2,5 bilhões, enquanto as importações recuaram 19,0%. Tais variações concorreram para um déficit menor do que os dos últimos quatro anos, ficando em US$ 1,5 bilhão.
O intercâmbio de embarcações, navios etc. registrou superávit de US$ 2,9 bilhões no ano passado. O País exportou US$ 3,8 bilhões desses produtos, sendo o segundo melhor ano para suas vendas externas em dólares correntes em toda a série.
Bens de baixa intensidade tecnológica
As vendas externas de bens tipicamente provenientes de ramos de baixa intensidade tecnológica, após quatro anos de declínio, aumentaram 1,6% em 2016, vendendo, portanto, US$ 52,0 bilhões para outros países. Já as importações caíram 16,5%. Desse modo, o superávit do segmento cresceu de US$ 35,3 bilhões para US$ 38,7 bilhões. Ou seja, essa faixa continua como a mais superavitária – e com grande folga – dentre os quatro segmentos.
Esse saldo positivo decorre sobremaneira da balança dos produtos industriais de alimentação, bebidas e fumo, cujo superávit atingiu US$ 30,6 bilhões. Resultado este que interrompeu um período de quatro anos no qual o superávit declinou. Em 2016, suas vendas externas cresceram 3,3%, atingindo US$ 36,9 bilhões, enquanto as importações cresceram 4,6%. Mas, dada a expressão das exportações, ainda assim o saldo melhorou, o que contribuiu para o maior superávit da faixa como um todo.
O intercâmbio de produtos do segmento madeireiro, de papel e celulose, impressão gráfica e afins teve intercâmbio positivo de US$ 8,5 bilhões em 2016, conquistando o maior superávit da série iniciada em 1989. Tal resultado ocorreu mesmo com as exportações caindo 0,8%, ficando em US$ 9,8 bilhões. Quanto às importações, estas também caíram bastante: variação de -21,0%.
Os dois outros ramos de bens típicos da indústria de baixa intensidade têm experimentado déficit nos últimos anos. As exportações produtos diversos ou reciclados cresceram 2,1%, enquanto as aquisições do exterior recuaram 27,5%. Assim ficou com déficit de US$ 346 milhões, inferior aos dos seis anos anteriores. Já os artigos das indústrias têxtil, de vestuário, couro e calçados apresentaram encolhimento nas vendas externas, de 6,0%, enquanto as importações declinaram 32,0%. Com isso, o País exportou US$ 4,2 bilhões dessas mercadorias, com o déficit ficando em apenas US$ 37 milhões, também de menor grandeza que o déficit dos seis anos anteriores, porém devido à queda nas importações.
Os dois conjuntos de bens logo acima se distinguem daqueles superavitários dessa mesma faixa. Os artigos têxteis, de vestuário, calçados e artigos de couro são intensivos em mão-de-obra, apesar de parte deles ser susceptível a estratégias de diferenciação de bens. Quanto aos produtos das indústrias de alimentos, bebidas, madeireiras, seus processos produtivos utilizam intensivamente recursos naturais, nos quais o País é relativamente abundante.