Carta IEDI
A mesma crise, mas com outro perfil setorial
O ano de 2016 foi um período bastante conturbado na história do país. Do ponto de vista político, a instabilidade chegou a tal ponto que acabou provocando uma mudança de governo. Do ponto de vista econômico a derrocada de 2015 adentrou 2016 causando estragos adicionais a todos os setores da economia, a despeito dos episódios passageiros de melhoria da confiança de empresários e consumidores.
E assim ocorreu porque demorou-se muito para fazer algo contra a espiral recessiva. Desequilíbrios gerados pela própria crise e por decisões de política econômica que se mostraram equivocadas somaram-se aos conflitos políticos que paralisaram as ações do governo.
Nesse quadro, pouco foi feito contra a trajetória de apreciação do Real, o que restringiu o recurso às exportações como meio de as empresas contornarem, ao menos parcialmente, o encolhimento do mercado doméstico. Os juros permaneceram elevados, vindo a cair mais rapidamente só no apagar das luzes de 2016. Medidas para acelerar a desalavancagem dos agentes ficaram para 2017 e a retomada das concessões e dos investimentos em infraestrutura ainda está por ser vista.
Por isso, não é de se surpreender que a crise tenha continuado vigorosa ao longo do ano passado. Cabe lembrar que o PIB acumula declínio de 4,0% até o terceiro trimestre (último dado disponível). Há boas chances de que o resultado de 2016 como todo tenha ficado muito próximo ao de 2015 (-3,8%). O Relatório Focus do BCB, por exemplo, aponta para uma queda no valor mediano de -3,5%. Já o índice IBC-Br, que funciona como uma prévia no PIB, sugere que 2016 pode ter sido até um pouco pior do que 2015.
Ainda que o desempenho final da economia brasileira venha a ser semelhante nesses dois anos de crise aberta, houve uma mudança importante de perfil no nível setorial. O ritmo de declínio da indústria se desacelerou em 2016, enquanto o comércio e o setor de serviços passaram a cair de forma mais acentuada. São os ecos da crise industrial reverberando sobre os demais setores da economia, cujas quedas, por impactarem muito o emprego, podem muito bem voltar a atingir com força a indústria.
O setor industrial, o que mais refletiu em seus resultados os desequilíbrios de nossa economia, por produzir bens tipicamente comercializáveis – e, por isso, sujeitos à concorrência internacional – e uma larga gama de bens duráveis ao longo do tempo – tornando sua demanda dependente de expectativas, do crédito e das taxas de juros – foi o setor que primeiro mergulhou na crise (-3,0% já em 2014) e que apresentou as perdas mais agudas nos dois anos seguintes.
Entre 2015 e 2016, o patamar de declínio da indústria passou de -8,3% para -6,6%, o que significa que houve uma ligeira moderação de sua crise, mas muito insatisfatória. É preciso não perder de vista que nos últimos três anos, em termos acumulados, o setor perdeu algo como 17% de sua produção.
Muito da moderação em 2016 deveu-se a alguma reação daqueles ramos que mais vinham caindo. É o caso sobretudo de bens de capital, cujo resultado saiu de -25,3% em 2015 para -11,1% em 2016, voltando ao positivo no último trimestre do ano passado (+1,8%). Também foi importante o desempenho de bens de consumo semi e não duráveis, especialmente na primeira metade do ano, quando aproveitaram um câmbio mais competitivo para ampliar suas vendas externas. Fecharam o ano de 2016 com queda de 3,7%, bem abaixo dos -6,7% de 2015.
Outro sinal favorável é que o movimento de moderação das perdas inclui as principais regiões industriais, como São Paulo (de -11,0% para -5,5% entre 2015 e 2016), Rio de Janeiro (de -7,2% para -4,1%), Minas Gerais (de -7,4% para -6,2%) e Rio Grande do Sul (de -11,5% para -3,8%). Em muitos desses casos, inclusive, o nível de retração de 2016 foi menor do que o de 2014, primeiro ano de crise aberta do setor.
Convém sublinhar que essa trajetória da indústria é insuficiente para se prever uma recuperação do setor industrial no curto prazo, mas traz algum alento. Em compensação, comércio e serviços nem com isso puderam contar.
O varejo teve o segundo ano de declínio de suas receitas reais, com o agravante de 2016 (-6,2%) ter sido pior do que 2015 (-4,3%). Se forem consideradas as vendas de automóveis, autopeças e material de construção, isto é, tomado o varejo em seu conceito ampliado, a situação foi tão ruim quanto: -8,6% em 2015 e -8,7% em 2016. No biênio, o resultado acumulado ficou em -10,3% em seu conceito restrito e em -16,6% no ampliado.
As vendas daqueles segmentos do varejo que tiveram as maiores quedas em 2015 lograram obter alguma melhora relativa, como nos casos de móveis e eletrodomésticos e veículos e peças. Entretanto, ficaram em uma situação ainda pior aqueles segmentos que dependem mais da renda e do emprego, como alimentos e bebidas, vestuário e calçados e medicamentos e perfumaria.
A crise do setor de serviços também avançou mais uma etapa em 2016, com seu faturamento real fechando o ano em contração de -5,0%. Vale lembrar que 2015 foi igualmente um ano de perdas, ainda que em menor patamar (-3,6%). No acumulado desses dois anos, o corte de faturamento do setor ficou em 8,4%, isto é, mais brando do que nos demais grandes setores da economia. A razão disso é que os serviços entraram relativamente tarde na crise, por contar com segmentos que, devido a ciclos tecnológicos e de inovação, apresentam certa capacidade de adiar suas perdas, como é o caso notório dos serviços de informação e comunicação.
Entretanto, justamente por seu “atraso” muitos segmentos do setor de serviços encontravam-se em seus piores momentos no final de 2016. Este foi o caso de serviços de informação e comunicação, serviços de transporte, seus auxiliares e correios, e dos serviços técnicos profissionais, que compõem o segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares. Ao que parece, são as dificuldades do mundo corporativo que vêm causando essa piora, já que os serviços consumidos pelas famílias terminaram o ano melhor do que começaram.
Para mudar esse quadro neste início de ano a economia brasileira conta com dois importantes trunfos relacionados entre si: a continuidade do ciclo de encolhimento da inflação, iniciado ainda em 2016, o que deverá assegurar a sequência das reduções da taxa básica de juros.
Indústria
O crescimento de 2,3% que a produção industrial conseguiu obter no último mês do ano passado frente a novembro, com ajuste sazonal, foi acompanhado por resultados positivos em 16 dos 24 dos ramos industriais e em 10 das 14 localidades pesquisadas pelo IBGE.
No ano de 2016 como um todo e considerando a produção industrial brasileira agregada, houve redução de 6,6%, um pouco abaixo do revés de 2015 (-8,3%) e um pouco mais do que o dobro do declínio correspondente a 2014 (-3%). Pois bem, três macrossetores (bens de capital e bens de consumo duráveis e semi e não duráveis) e a maioria das localidades do país pesquisadas pelo IBGE seguiram em 2016 esta mesma trajetória de moderação de perdas da indústria brasileira.
Neste sentido, o desempenho de bens de capital é o que mais se destaca. Depois de ter recuado nada menos que 25,3% em 2015 frente a 2014, saiu de um patamar de queda de 27,7% no primeiro trimestre de 2016 para +1,8% no último trimestre deste ano. Encerrou 2016, então, em -11,1% no acumulado dos doze meses.
Bens de consumo duráveis também tiveram uma evolução favorável ao longo de 2016, partindo de -27,4% no primeiro trimestre para +0,6% no último trimestre, mas apesar disso, no acumulado do ano, o arrefecimento de suas perdas não foi muito expressivo (de -18,5% em 2015 para -14,7% em 2016).
O oposto ocorreu com bens de consumo semi e não duráveis. Neste caso, 2016 terminou pior do que tinha começado (-5,5% no 4º trimestre contra -4,2% no primeiro trimestre), mas uma importante redução de suas perdas no segundo trimestre do ano ajudou a fazer com que 2016 como um todo (-3,7%) fosse um ano não tão ruim quanto 2015 (-6,7%).
Por fim, o único macrossetor a apresentar uma deterioração em 2016 frente a 2015 foi o de bens intermediários, cuja queda avançou de -5,2% para -6,3% neste período. Em compensação, parece estar em nítida trajetória de moderação de sua crise, apresentando uma retração de produção de 2,9% no último trimestre, isto é, muito aquém da queda de 10,2% no primeiro trimestre do ano.
Em termos regionais, não estiveram dentre as localidades com alta da produção na série com ajuste sazonal algumas das mais importantes regiões industriais do país, o que tira substância do resultado geral do mês de dezembro. A indústria de São Paulo, por exemplo, caiu 1,5% na série com ajuste, anulando o crescimento de novembro e mantendo o desempenho bastante volátil que marcou a indústria paulista na segunda metade de 2016. O Rio de Janeiro também teve queda (-0,9% frente a novembro), resultando na quinta retração mensal do segundo semestre de 2016 na série com ajuste.
Considerado o ano de 2016 como um todo, a crise industrial tornou-se um pouco mais amena do que no ano anterior em 9 das 15 localidades pesquisadas pelo IBGE. Dentre elas, estão os estados mais industrializados do país, sendo que em alguns deles o desempenho de 2016 foi o menos negativo desde que a crise industrial se abriu em 2014. Foram os casos de São Paulo (-6,2%, -11,0% e -5,5% entre 2014 e 2016), Paraná (-5,1%, -8,8% e -4,3%, respectivamente) e Rio Grande do Sul (-4,3%, -11,5% e -3,8%, respectivamente).
Já para localidades como Amazonas (-3,8%, -17,2% e -10,8% entre 2014 e 2016), Rio de Janeiro (-2,2%, -7,2% e -4,1%, respectivamente) e Santa Catarina (-2,5%, -8,1% e -3,3%, respectivamente), entre outros, a desaceleração das quedas foi menos expressiva, mantendo patamares de retração superiores aos de 2014.
Por outro lado, em outras 4 localidades o ano de 2016 foi ainda pior do que 2015. Em um caso, o do Nordeste, a situação foi tão ruim quanto e no caso do Pará, cuja indústria não apresentou queda nos últimos três anos, o ritmo da produção se acelerou.
O que os resultados acumulados no ano não mostram é que para quase todas as localidades 2016 terminou bem melhor do que começou, sugerindo condições mais favoráveis para 2017. Do primeiro para o quarto trimestre de 2016, os resultados negativos de Paraná (-8,7%) e Rio de Janeiro (-10,2%), por exemplo, se converteram em crescimento de 3,3% e 3,1%, respectivamente.
São Paulo e Amazonas, por sua vez, ainda tiveram um resultado negativo no último trimestre do ano passado, -2,6% e -1,0%, respectivamente, mas em um nível muito inferior ao do primeiro trimestre (-13,8% e -21,3%). Como cabe notar, em novembro e dezembro a indústria amazonense voltou a crescer (+4,0% e +3,0%, frente ao mesmo período do ano anterior) e a paulista ficou praticamente estável (+0,7% e -0,6%, respectivamente).
De todo modo, é preciso reconhecer que a despeito de menos intensas as quedas do ano passado são reincidentes, acumulando nos últimos três anos retrações em patamares bastante elevados para algumas localidades. Enquanto no Brasil a produção caiu 17% entre 2014 e 2016, a perda no Amazonas chegou a 29%. Nem mesmo a mais avançada indústria do país foi poupada, já que em São Paulo a perda no período chegou a mais de um quinto de sua produção (-21%).
Comércio
A crise do comércio varejista avançou mais uma etapa em 2016, aprofundando suas perdas de -4,3% em 2015 para -6,2%. Em seu conceito ampliado, que inclui as vendas de automóveis, autopeças e material de construção, o resultado foi de -8,6% em 2015 para -8,7% em 2016. Assim, ainda que sua crise tenha se revelado um pouco depois da industrial (cuja produção cai desde 2014), não é de hoje que o varejo enfrenta dificuldades de grande magnitude, na esteira da contração do crédito, da elevação do desemprego e da corrosão dos rendimentos reais que se apresentaram na economia brasileira no último biênio.
Nem as liquidações do mês de novembro, que vêm se tornando cada vez mais importantes para as vendas do comércio, conseguiram alterar a tendência de declínio do setor no final do ano. Isso porque a alta na série com ajuste sazonal de apenas 1,0% em novembro relativamente a outubro foi sobrepujada pelo recuo de 2,0% em dezembro frente a novembro.
Dessa forma, nos dois últimos anos a queda do varejo acumula -10,3% em seu conceito restrito e -16,6% no conceito ampliado. Para alguns de seus segmentos, contudo, a situação foi muito mais grave.
Os segmentos mais atingidos pela crise são aqueles cujas vendas dependem mais do acesso ao crédito e de expectativas dos consumidores em relação ao futuro, ou seja, os bens duráveis de consumo. Como esses alicerces ruíram nos últimos anos, esses segmentos entraram em colapso.
Este é o caso das vendas de automóveis, cuja retração acumulada em 2015 e 2016 atingiu -29,3%, de móveis e eletrodomésticos, com queda de -24,9% e de material de construção, com declínio de -18,2%. Diante da necessidade de reestruturação orçamentária das famílias, o consumo desses bens aparece como alvos mais fáceis para adiamento de despesas, sem comprometer, ao menos por um tempo, o conforto das pessoas.
Também estaria em uma situação parecida a esta o segmento de material de escritório, informática e comunicação – já que também é influenciado pelos mesmos fatores que os demais – não fosse o processo de inovação que caracteriza vários de seus produtos. O lançamento de novos modelos e novas tecnologias estimulou o consumo e ajudou a amortecer em alguma medida suas perdas no biênio 2015-2016 (-13,9%).
Outros segmentos serviram como complemento desse processo de ajustamento dos orçamentos familiares, que sofreram grande retração seja devido ao forte aumento de preços de energia e de combustíveis (em 2015) e de alimentos em (2015/2016), seja como consequência do aumento do desemprego. São os casos das vendas de tecidos, vestuário e calçados (queda de -18,5% no biênio 2015-2016), livros, jornais e papelaria (-25,2%) e artigos de uso doméstico (-10,7%).
Por fim, aqueles segmentos cujas perdas têm sido menos agudas envolvem produtos cuja postergação do consumo é mais difícil. É isso que está na origem do patamar de queda inferior aos dos demais segmentos de hiper, supermercado, bebidas e fumo, que no biênio 2015-2016 acumulou variação negativa de 5,5%. Já no caso de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria as vendas apresentaram alta, ainda que de apenas 0,9%.
Cabe observar ainda que ao longo de 2016 até houve algum arrefecimento da retração das vendas do comércio varejista, mas isso ocorreu de forma muito tímida, saindo de -7,0% no primeiro trimestre para -5,5% no último trimestre do ano. Além disso, esse movimento parece ter se estancado do terceiro para o quarto trimestre e foi acompanhado por poucos segmentos, notadamente aqueles que já haviam caído muito, como material de escritório, informática e comunicação, outros artigos de uso pessoal, material de construção e móveis e eletrodomésticos. Não são sinais favoráveis para a desejada recuperação do setor nesse início de 2017.
Serviços
Em dezembro de 2016, a receita real do setor de serviços apresentou crescimento de 0,6% frente a novembro, já descontados os efeitos sazonais. Este resultado, que sucedeu uma alta também em novembro (+0,1%), ficou longe de compensar o declínio de outubro (-2,3%), produzindo um final de ano de baixo dinamismo no setor. Frente a dezembro de 2015, houve queda de 5,7%.
O resumo de 2016 para os serviços é bastante claro e aponta para uma piora considerável. Depois de recuar 3,6% em 2015, a receita real do setor encerrou 2016 em retração de 5,0%. Este desempenho dos serviços, assim como o do comércio varejista, ilustra os desdobramentos negativos da crise industrial sobre o restante da economia. Ainda que as quedas da indústria tenham perdido força no último ano, o círculo vicioso continua em operação, puxado cada vez mais pelos serviços e o varejo, dois setores bastante empregadores.
Um dos determinantes para que os serviços tivessem sua situação agravada no ano passado deveu-se a um de seus principais segmentos: os serviços de informação e comunicação, que em função de frequentes inovações e por sua importância às famílias e empresas, tinham conseguido não cair em 2015, apresentando crescimento nulo de suas receitas. Em 2016, contudo, sucumbiram à crise, declinando 3,2% no ano.
Mas outros segmentos também enfrentaram uma deterioração adicional de seus mercados em 2016, como foi o caso dos serviços de transporte, seus auxiliares e correios (-7,6% em 2016 contra -6,1% em 2015) e serviços profissionais, administrativos e complementares (-5,5% em 2016 contra -4,3% em 2015).
O que se verificou ao longo do ano passado foi uma mudança dos motores da recessão do setor em direção aos serviços corporativos. Desde junho de 2014, eram os serviços prestados às famílias que puxavam para baixo as receitas totais, mas a continuidade da recessão em 2016 fez com que as empresas reduzissem o volume de serviços que consumiam, impactando os segmentos de serviços profissionais, administrativos e complementares, de transportes e de informação e telecomunicações.
Assim, mesmo mantendo o sinal negativo, o resultado do segmento de serviços prestados às famílias em 2016 não foi tão ruim quanto o de 2015: -4,4% contra -5,3%, respectivamente. O pior momento para esses serviços foi o último trimestre de 2015 e, desde então, tem tido uma trajetória mais favorável, ainda que com alguma oscilação.
O segmento de outros serviços arrefeceu igualmente suas perdas, passando de -9,0% para -2,8% entre 2015 e 2016, o que pode ser explicado pelo fato de que alguns dos serviços aqui reunidos também são consumidos pelas famílias.
Se 2016 trouxe uma piora para o setor de serviços como um todo, o que esperar de 2017? Os resultados do último trimestre do ano passado não apontam para um cenário favorável. A tendência extremamente lenta de desaceleração das quedas foi revertida na passagem do terceiro (-4,5% frente a igual período do ano anterior) para o quarto (-6,0%) trimestre de 2016.
Além disso, muitos dos segmentos do setor encontravam-se no auge de sua crise no final do ano passado. É notadamente o caso de serviços de informação e comunicação (-4,7% no 4ºT16), que retomou os níveis de queda do início do ano. O mesmo ocorre com serviços de transporte, seus auxiliares e correios (-9,5% no 4ºT16), e com os serviços técnicos profissionais, que compõem o segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares.
Assim, ao que tudo indica, o ajustamento das empresas, que, como sabemos, enfrentam situação patrimonial bastante complicada com o prolongamento da crise econômica, continuarão impactando diferentes segmentos do setor de serviços e restringindo as chances de uma recuperação de suas receitas no curto prazo.