Carta IEDI
A Indústria em Fevereiro de 2017: não há reação
O resultado da produção industrial em fevereiro de 2017, de apenas 0,1% na série com ajuste, reforça a ideia de que a indústria está em um quadro de suspensão neste início de ano. Ao que tudo indica, o setor parou de cair, mas estamos longe de comemorar um início de recuperação, ao contrário do que é esperado e ao contrário também do que poderia ter ocorrido, caso a política de juros tivesse reagido mais prontamente ao declínio da inflação e não tivesse sido deixada tão solta a valorização do real. Perdemos pontos na produção e venda de bens duráveis – tanto de consumo como de capital – assim como perdemos exportações, que hoje fazem falta.
Mesmo em comparação com os níveis de produção do ano passado, a alta de 1,4% em janeiro, que rompeu com uma trajetória de 34 meses de variações negativas e que foi vista com significativo otimismo por muitos, reverteu-se em nova retração agora em fevereiro, de -0,8%. Em ambos os meses houve um efeito calendário majorando a alta de janeiro de 2017 (que teve dois dias úteis a mais que jan/16) e a queda de fevereiro (um dia útil a menos que fev/16). Descontado isso, o que fica é um baixíssimo nível de atividade, como aponta o desempenho de somente +0,3% no acumulado deste primeiro bimestre de 2017.
Mas nem tudo é negativo no resultado da indústria. Outros fatores vão, mesmo que lentamente, sugerindo um quadro menos desfavorável: os estoques estão ajustados, a utilização da capacidade instalada, que ainda continua baixa, ao menos parou de cair, crescem as importações de matérias-primas industriais e a confiança dos empresários industriais volta a reagir, inclusive com uma avaliação menos negativa das condições atuais de seus negócios.
Resta saber se o quadro geral continuará progredindo nesta direção a partir do segundo trimestre, quando a base de comparação passará a ajudar menos os resultados da indústria. Vale lembrar que o início de 2016 foi muito ruim e a fase de moderação da crise industrial só ocorreu a partir do segundo trimestre do ano. O ritmo de contração da indústria recuou de -11,4% no 1º trim. 2016 para -6,4% no 2º trim. 2016, prosseguindo nesta tendência, ainda que menos intensamente, até o primeiro bimestre de 2017 (+0,3%).
Dentre os macrossetores da indústria, já apresentam variações positivas tanto no final de 2016 como neste início de 2017 as produções de bens de capital (+1,6% no 4º trim. 2016 e +3,7% em jan-fev/17, frente a igual período do ano anterior) e bens de consumo duráveis (+0,7% e +11,6%, respectivamente), em alguma medida devido a bases baixas de comparação, já que sofreram recuos de produção de mais de 30% no passado.
Mas também há outros fatores importantes que podem estar contribuindo para a evolução desses dois macrossetores. Em bens de consumo duráveis, a produção de automóveis (+19,8% frente a jan-fev/16) tem se beneficiado do aumento de suas exportações. A maior produção de bens de capital para a agricultura (26,1%), por sua vez, pode estar sentindo os efeitos da supersafra de grãos prevista para 2017. Cabe observar que outro segmento a favorecer a produção de bens de capital veio neste início de ano da construção civil (+39,5%).
O resultado de bens de capital frente ao mês anterior, com ajuste sazonal, traz um alerta. Mesmo que a alta de fevereiro deste ano frente a janeiro tenha sido considerável (+6,5%), ela não foi capaz de compensar a queda de 7,0% acumulada em dez/16 e jan/17. Antes disso, o que se viu foi praticamente apenas variações negativas desde julho de 2016.
Bens intermediários apresentam uma trajetória favorável mais consistente, mesmo que ainda tenha obtido um resultado negativo (-0,8%) no primeiro bimestre de 2017 frente a igual período do ano anterior. Além dessa queda ser muito pequena em comparação aos seus patamares anteriores, o desempenho na margem, livre de efeitos sazonais, é promissor, acumulando quatro meses seguidos de alta (+3,6%).
Por fim, bens de consumo semi e não duráveis não apresenta uma tendência clara. A redução de suas perdas foi interrompida na segunda metade de 2016 e agora em 2017 ensaia retomar esse movimento (-0,5% frente a jan-fev/16). Mas isto tem ocorrido com alguma hesitação: a alta de 1,6% em jan/17 frente jan/16 parece ter sido pontual, já que houve nova queda em fev/17 (-2,5% frente fev/16). Outro sinal: na série com ajuste, as quedas predominam desde jul/16 e os dois meses de alta em dez/16 e jan/17 foram revertidos em novo declínio agora em fev/16 (-1,6%).
Resultados da Indústria
Depois ter interrompido uma sucessão de 34 meses de queda em janeiro de 2017 (+1,4%), a produção industrial voltou a apresentar resultado negativo em fevereiro: -0,8% frente a fevereiro de 2016. Vale observar que no ano corrente o mês de fevereiro teve um dia útil a menos do que no ano passado, o que aponta para um quadro industrial de estabilidade neste segundo mês do ano. É o que também mostrava o resultado de apenas +0,1% na comparação com o mês de janeiro, já descontados os efeitos sazonais.
Em relação à distribuição dos resultados positivos e negativos entre os diferentes ramos industriais pesquisados pelo IBGE, constatou-se que a maioria deles apontou crescimento. Frente a janeiro na série com ajuste sazonal, 13 de 24 ramos lograram obter alta na produção. Já frente a fevereiro de 2016, houve uma proporção maior de resultados positivos: 17 dos 26 ramos pesquisados.
Com esse desempenho, o primeiro bimestre de 2017 chegou a obter crescimento, mas muito próximo de zero. A alta da produção industrial foi de apenas 0,3% frente ao mesmo período de 2016. A despeito desse fraco dinamismo, a trajetória de redução das perdas no acumulado em 12 meses foi preservada, atingindo em fevereiro de 2017 a marca de -4,8% frente ao mesmo período do ano anterior, o que consistiu no menor ritmo de queda desde junho de 2017 (-4,7%).
Em relação aos macrossetores, frente a janeiro com ajuste sazonal, apenas o de bens de consumo semi e não duráveis apresentou resultado negativo (-1,6%), interrompendo uma sucessão de duas altas consideráveis (+4,1% em dez/16 e +3,0% em jan/17). As maiores taxas de crescimento nesta comparação couberam a bens de consumo duráveis (+7,1%), revertendo sua queda em janeiro (-4,8%), e de bens de capital (+6,5%), que não foi capaz de compensar a contração acumulada nos dois meses anteriores (-7,0%). Bens intermediários também cresceram, mas bem menos que os demais: +0,5%, mas em compensação foi sua quarta alta consecutiva na margem.
Já os resultados de fevereiro de 2017 frente a fevereiro de 2016 voltaram a apontar contração da produção em dois dos quatro macrossetores industriais – bens intermediários e de consumo semi e não duráveis, em ambos os casos de mesma magnitude (-2,5%). Em sentido oposto, a maior alta veio de bens de consumo duráveis (+19,8%), seguida de bens de capital (+2,9%).
O avanço de 19,8% frente a fevereiro de 2016 da produção de bens de consumo duráveis foi bastante expressivo, compreendendo no melhor resultado desde fevereiro de 2014 (+23,3%). Vale lembrar que já são quatro meses seguidos de alta na produção. Muito disso se deveu ao crescimento obtido pela produção de automóveis (34,7% frente a fev/16) e de eletrodomésticos da “linha marrom” (28,4%) e da “linha branca” (15,5%). Em contraste, houve queda em motocicletas (-4,4%) e nos grupamentos de móveis (-11,9%) e de outros eletrodomésticos (-1,8%).
Outro macrossetor que conseguiu crescer na comparação frente a igual mês do ano anterior foi o de bens de capital, com alta de 2,9%. Neste caso, também são quatro meses de resultados positivos. Em fevereiro último influências favoráveis vieram de bens de capital agrícola (47,7%) e para construção (44,2%). Já o principal impacto negativo foi assinalado pelo grupamento de bens de capital para equipamentos de transporte (-3,5%), pressionado, em grande medida, pela queda na produção de caminhões e aviões. As demais taxas negativas foram registradas por bens de capital para energia elétrica (-14,2%), para fins industriais (-1,7%) e de uso misto (-4,1%).
Dentre os macrossetores que apresentaram queda em fevereiro, está bens intermediários, que em nov/16 (-0,7%) e dez/16 (-0,8%) tinha apresentado resultados muito próximos de zero, sugerindo que deixaria para trás a fase de quedas consecutivas. Em janeiro de 2017 chegou de fato a obter crescimento da produção (+0,9%), mas isso não se manteve em fevereiro, quando o declínio foi de -2,5%. Neste último mês, contribuiu negativamente a fabricação de produtos associados às atividades de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-11,8%), de produtos alimentícios (-7,8%), de outros produtos químicos (-3,6%), de produtos de minerais não-metálicos (-4,5%), de celulose, papel e produtos de papel (-5,2%), entre outros.
Já bens de consumo semi e não-duráveis também apresentaram declínio de 2,5% frente a fevereiro de 2016, após interromper em janeiro último (1,5%) oito meses de taxas negativas consecutivas. O desempenho de fevereiro de 2017 foi, em grande parte, decorrente da queda observada no grupamento de alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (-3,9%), seguido pelos subsetores de carburantes (-7,1%) e por não-duráveis (-1,8%).
No acumulado do primeiro bimestre de 2017, em relação ao mesmo período de 2016, apontaram crescimento da produção os macrossetores de bens de consumo duráveis (+11,6%) e de bens de capital (+3,7%). Em contraste, bens intermediários (-0,8%) e bens de consumo semi e não duráveis (-0,5%) tiveram retração do volume de produção.
Por dentro da Indústria de Transformação
A expansão de 0,1% da produção industrial geral em fevereiro foi resultado do avanço de 0,4% da indústria de transformação, frente a janeiro, com ajuste sazonal, e da retração de 0,5% da indústria extrativa, nesta mesma comparação. Em relação a fevereiro de 2016, o resultado da indústria de transformação continuou sendo negativo, em -1,6%, como tem ocorrido nos últimos 36 meses. Também apontou nova retração o acumulado no primeiro bimestre de 2017 frente a igual período do ano passado: -0,9%. No caso da indústria extrativa, por sua vez, o desempenho frente a fevereiro de 2016 foi de +8,1%, atingindo crescimento de 8,7% no acumulado dos dois primeiros meses do ano corrente.
Frente a janeiro, com ajuste sazonal, a expansão da indústria geral (0,1%) foi acompanhada por 13 dos 24 ramos da indústria pesquisados pelo IBGE. Isto é, as taxas positivas não foram tão generalizadas, mas ao menos conseguiram ser majoritárias. Os destaques positivos ficaram por conta de: veículos automotores, reboques e carrocerias (6,1%), máquinas e equipamentos (9,8%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (2,0%), produtos de metal (4,0%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (4,8%) e confecção de artigos do vestuário e acessórios (3,4%). Em sentido oposto, entre os onze ramos com queda de produção encontravam-se: produtos alimentícios (-2,7%), perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-3,7%), celulose, papel e produtos de papel (-5,6%) e metalurgia (-1,9%).
Na comparação com igual mês do ano anterior, em que a indústria geral apresentou queda de -0,8%, variações negativas marcaram o desempenho de 17 dos 26 ramos, 46 dos 79 grupos e 53,2% dos 805 produtos pesquisados. Mas cabe observar que fevereiro de 2017 (18 dias) teve um dia útil a menos do que igual mês do ano anterior (19). Entre as atividades, os principais destaques negativos nesta comparação compreendem coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-10,7%), produtos alimentícios (-6,0%), outros produtos químicos (-3,6%), outros equipamentos de transporte (-11,4%), produtos de minerais não-metálicos (-4,3%), entre outros. Já algumas atividades que apontaram expansão na produção, com maiores influências no resultado geral, foram: veículos automotores, reboques e carrocerias (18,7%), indústrias extrativas (4,7%), máquinas e equipamentos (11,0%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (13,1%) e confecção de artigos do vestuário e acessórios (6,4%).
No acumulado do primeiro bimestre de 2017, frente a igual período do ano anterior, a expansão de 0,3% da indústria geral foi acompanhada de resultados positivos em 14 dos 26 ramos, 40 dos 79 grupos e 51,2% dos 805 produtos pesquisados. Entre as atividades, exerceram as maiores influências positivas, além das indústrias extrativas (8,7%): veículos automotores, reboques e carrocerias (12,0%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (18,5%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (8,4%) e máquinas e equipamentos (3,3%). Em contraste, entre as atividades que apontaram redução na produção, vale destacar: coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-11,0%), produtos alimentícios (-2,2%), produtos de metal (-5,3%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,1%), equipamentos de transporte (-10,3%) etc.
Exportação
Segundo os dados da Funcex, divulgados pelo IBGE conjuntamente com os resultados da produção industrial, o quantum das exportações de manufaturados no mês de fevereiro caiu 6% frente a fevereiro de 2015. Com disso, o resultado acumulado no primeiro bimestre de 2017 foi positivo, mas muito pequeno: +1,4%. Este é um patamar mais próximo do resultado acumulado em 2015 como um todo (+2,3%), do que de 2016 (+7,9%).
Em fevereiro, as importações em quantum de matérias-primas cresceram novamente, +10,6% frente ao mesmo mês de 2016, mas em ritmo menor do que em janeiro (+40,2%). No acumulado de janeiro-fevereiro, houve, então, aumento considerável, de 25,1% frente a igual período do ano anterior. Em parte, este desempenho deve estar relacionado à valorização da taxa de câmbio ao longo de 2016, mas também pode estar refletindo a fase de estabilização que a produção industrial se encontra, depois de tantos meses seguidos de retração.
Utilização de Capacidade
O nível de utilização da capacidade instalada da indústria de transformação, de acordo com a série da FGV com ajustes sazonais, foi de 74,3% em fevereiro de 2016, 0,3 p.p. inferior ao patamar registrado em janeiro. Esse grau de utilização, entretanto, continua inferior à média histórica do próprio indicador (80%).
O indicador da CNI, a seu turno, também aponta para um nível historicamente baixo da utilização da capacidade em fevereiro de 2017: 77,3%, contra 81,4% na média desde jan/03. Além disso, mostrou igualmente uma pequena deterioração na passagem de janeiro (77,7%) para fevereiro, já que o indicador teve recuo de 0,4 p.p., já descontados os efeitos sazonais.
Apesar de fevereiro ter apresentado uma redução do nível de utilização de capacidade frente a janeiro, os indicadores se mantiveram em um patamar superior àquele de dezembro de 2016. Estes últimos dados sugerem, então, uma tênue melhora do quadro, mas que está longe de retomar aos níveis de utilização pré-crise. A permanência da utilização da capacidade em níveis historicamente baixos não é um bom indício para a evolução futura do investimento, isso porque máquinas e equipamentos atualmente ociosos deverão ser postos em funcionamento antes de os empresários pensarem em ampliar sua capacidade de produção. Em contrapartida, a existência de capacidade ociosa significa que existem plenas condições de oferta para garantir uma recuperação da atividade econômica sem pressões inflacionárias.
Estoques
De acordo com os dados da Sondagem Industrial da CNI, os estoques de produtos finais da indústria em fevereiro de 2017 assinalaram índice de 49,4 pontos, ficando abaixo da marca dos 50 pontos. O indicador abaixo de 50 pontos indica redução dos estoques. Como o patamar de fevereiro está próximo da linha divisória dos 50 pontos, pode-se afirmar que os estoques continuaram relativamente ajustados, a despeito da elevação verificada a partir de dez/16 (46,5 pontos).
Este resultado em fevereiro de 2017 foi influenciado tanto pela indústria extrativa, cujo indicador de estoques permaneceu acima dos 50 pontos e avançou 1,1 ponto frente a janeiro, ao atingir a marca de 52,1 pontos, como pela indústria de transformação, cujo índice apesar de ter ficado abaixo dos 50 pontos, em 49,3 pontos, subiu 0,3 ponto em relação a janeiro.
Na avaliação dos empresários, os estoques efetivos se encontravam no nível planejado em fevereiro último, com índice de satisfação de 50,1 pontos na indústria geral. Vale lembrar que o índice de satisfação em 50 pontos representa uma situação em que os estoques efetivos coincidem com os planejados. No caso do setor extrativo, o indicador de satisfação dos estoques ficou em 53,2 pontos, sugerindo certo excesso de estoques. Mas no caso da indústria de transformação, o indicador coincidiu com a marca de 50 pontos, indicando satisfação com o nível de estoques.
Neste último grupo industrial, isto é, da indústria de transformação, 21 dos 27 ramos tiveram estoques iguais ou menores do que o planejado (50 pontos) em fevereiro de 2017, como em impressão e reprodução (39,8 pontos), produtos de metal (43,8 pontos), biocombustíveis (44,6 pontos) e derivados de petróleo (45,3 pontos), entre outros. Em janeiro, 18 desses setores tinham ficado abaixo ou na marca dos 50 pontos. Em contraste, constataram estoques efetivos acima do planejado os setores de calçados (54,1 pontos), papel e celulose (52 pontos), couros (51,8 pontos) e metalurgia (51 pontos), entre outros.
Confiança e Expectativas
A confiança dos empresários industriais voltou a melhorar neste início de 2017, depois de um período de deterioração no último trimestre de 2016. O principal motor deste movimento recente foram as expectativas mais favoráveis em relação ao futuro, assim como havia ocorrido no segundo e terceiro trimestres do ano passado. As avaliações da situação presente, outro componente dos indicadores de confiança, não viram, contudo, a mesma reação que as expectativas, embora também tenham ficado menos pessimistas.
O Índice de Confiança da Indústria de Transformação da FGV, que havia recuado de 89 para 87,8 pontos entre janeiro e fevereiro de 2017, já descontados os efeitos sazonais, mostrou recuperação em março ao atingir 90,7 pontos, o maior patamar desde maio de 2014. O movimento é bastante favorável, especialmente ao se considerar que o indicador se encontrava em 76 pontos em março de 2016. A despeito disso, como permanece abaixo da marca dos 100 pontos, a partir da qual a avaliação torna-se positiva, o indicador ainda sugere uma insatisfação dos empresários com seus negócios.
No indicador da CNI (ICEI), a confiança dos empresários da indústria de transformação também voltou a apontar melhora relativa. Em janeiro de 2017, o indicador havia atingido 50,6 pontos, avançando para 53,8 pontos em fevereiro e para 54,6 pontos em março. Com isso, o indicador reverteu uma tendência de queda verificada nos últimos três meses de 2016 e parece ter se consolidado em um patamar superior aos 50 pontos, que indica um aumento da confiança dos empresários.
É preciso considerar, contudo, que essa evolução da confiança tem sido influenciada principalmente pelas expectativas em relação ao futuro. O Índice de Expectativas da FGV para a indústria de transformação, na série livre de efeitos sazonais, atingiu 93,1 pontos em março (+3,8 pontos frente a fevereiro), enquanto o indicador da CNI para as expectativas chegou a 58,2 pontos (+0,5 ponto frente a fevereiro).
Já o componente dos indicadores de confiança que expressa a avaliação das condições correntes encontra-se em níveis mais baixos, ainda que tenha apresentando uma evolução favorável nos últimos meses. No caso da FGV, seu Índice da Situação Atual marcou 88,5 pontos em março (+2,1 pontos frente a fevereiro, com ajuste) e, no caso da CNI, o Índice de Condições Atuais ficou em 47,3 pontos (+1,4 ponto frente a fevereiro).
Outro indicador frequentemente utilizado para se avaliar a perspectiva do dinamismo da indústria é o Purchasing Managers’ Index – PMI Manufacturing, calculado pela consultoria Markit Financial Information Services. Depois de o PMI-M do Brasil mostrar uma relativa estabilidade das as condições dos negócios industriais entre setembro e novembro de 2016, apontou deterioração em dez/16 e jan/17, voltou, em fevereiro (46,9 pontos) e março (46,6 pontos) de 2017, a um patamar semelhante ao da segunda metade de 2016. A permanência do indicador abaixo dos 50 pontos ainda indica um quadro complicado para o setor industrial.
Em síntese, no início de 2017 as sondagens junto às empresas industriais sugerem o início de uma nova etapa de melhora da confiança. O patamar médio dos indicadores no primeiro trimestre se mostra mais elevado do que o da média do último trimestre de 2016, trazendo bons indícios para o desempenho industrial neste início de ano, especialmente para março. Movimentos de melhora da avaliação da situação corrente é um fator positivo, mesmo que os indicadores continuem em níveis muito baixos. É preciso que este quadro presente continue cada vez menos adverso para consolidar a melhora da confiança, pois esta ainda está muito associada às expectativas mais favoráveis para o futuro.
Anexo Estatístico
Mais Informações
Tabela: Produção Física - Subsetores Industriais
Variação % em Relação ao Mesmo Mês do Ano Anterior (clique aqui)