Carta IEDI
A Indústria em Março de 2017: pequena e parcial retomada
Neste início de ano, ao que tudo indica, a fase de moderação da crise industrial vista em 2016 parece finalmente dar lugar a um período de estabilidade, em que a indústria não sofre mais perdas tão agudas como no passado, mas tampouco conta com bases sólidas sobre as quais possa construir sua trajetória de recuperação. Assim, resultados positivos até são obtidos em determinados meses ou em certos setores, mas geralmente são pouco expressivos e, não raras vezes, acabam sendo seguidos de novas quedas.
Em linhas gerais, uma base de comparação muito baixa tem ajudado bastante o desempenho industrial neste começo de ano. Frente a igual período do ano anterior, as altas mais expressivas têm vindo dos macrossetores que lideraram as perdas no início de 2016, como é o caso de bens de capital e bens de consumo duráveis, que agora em março apresentaram crescimento da produção de 4,5% e 8,5%, respectivamente. Também é este o caso do segmento extrativista, cujo avanço em março atingiu 7,1%.
Com isso, a produção da indústria geral logrou crescimento de 1,1% frente a março de 2016, acumulando no primeiro trimestre do ano um resultado de +0,6% frente a igual período do ano anterior. Isso representa um avanço ínfimo frente às perdas do passado, mas já é suficiente para abrir uma nova etapa na indústria, que, por ora, é de estancamento da crise.
Compõem também essa etapa a ocorrência de estoques ajustados, inclusive para a maioria dos setores da indústria de transformação, e uma melhora relativa no estado da confiança dos empresários do setor. Os níveis de utilização da capacidade instalada, contudo, continuam muito baixos, sugerindo que o avanço da confiança não deve se materializar tão rapidamente em investimentos de monta no curto prazo.
Dentre os macrossetores da indústria, como dissemos, a reação vem principalmente de bens de capital e bens de consumo duráveis. No primeiro caso, o crescimento da produção chegou a 4,3% no primeiro trimestre de 2017 frente a igual período do ano anterior, devido especialmente a equipamentos empregados pela construção (+26,4%) e pela agricultura (+29,8%), sob influência de uma safra de grãos bastante positiva.
No caso de bens de consumo duráveis, a produção subiu 10,6% em janeiro-março de 2017 na comparação interanual. Tal resultado pode ter sofrido influência da desaceleração da inflação, do restabelecimento, em termos reais, das concessões de crédito às famílias – muito embora os juros teimem em não cair acompanhando a redução da Selic – bem como da liberação de recursos das contas inativas do FGTS.
Vale lembrar ainda que a indústria automobilística tem obtido sucesso na ampliação de suas exportações, o que vem ajudando a recuperar parte do terreno perdido nos últimos anos. A produção de automóveis avançou 17,1% frente ao primeiro trimestre de 2016, implicando uma aceleração em relação ao resultado do último trimestre do ano passado (+7,0%). Já no caso dos eletrodomésticos, a alta foi de 16,6%.
Apontados os principais aspectos favoráveis do desempenho industrial de janeiro-março de 2017, cabe fazer algumas ponderações, agora pelo lado negativo, que também está presente. A primeira delas diz respeito ao desempenho ainda negativo da indústria de transformação, que permanece em uma trajetória de moderação de perdas. Sua queda foi de 0,5% frente a igual trimestre de 2016.
Além disso, ainda são adversos os resultados dos macrossetores que mais pesam na estrutura industrial do país, a despeito de bases de comparação também baixas. Bens de consumo semi e não duráveis teve retrocesso no primeiro trimestre do ano de -0,7% e bens intermediários, -0,4%. Ou seja, esses segmentos da indústria ainda estão no vermelho.
Uma terceira ponderação, que também traz certa apreensão, é a trajetória na margem, isto é, frente ao mês imediatamente anterior, já descontados os efeitos sazonais. Neste caso, a indústria não apresentou um único resultado positivo sequer em 2017. E mais, os resultados negativos imperaram em todos os macrossetores industriais, com destaque para bens de capital e bens de consumo duráveis, que apresentaram uma trajetória bastante errática.
Em resumo, temos uma indústria saindo do vermelho, mas o processo é muito parcial, seja porque ainda não se verifica na indústria de transformação ou porque não vem dos macrossetores de maior peso (bens intermediários e semi e não duráveis), mas sim daqueles que contam com um efeito base de comparação muito baixa ou uma demanda reprimida devido ao longo tempo de retração econômica, isto é, bens de capital e de consumo duráveis. Nesses dois últimos casos especialmente, mas também na indústria como um todo, os resultados na série com ajuste sazonal ainda não autorizam comemorações.
Resultados da Indústria
Neste início de 2017, a produção industrial tem oscilado entre resultados positivos e negativos. Depois ter interrompido uma sucessão de 34 meses de queda em janeiro de 2017 (+1,4%), caiu em fevereiro (-0,8%), voltando a crescer 1,1% em março na comparação com o mesmo mês do ano anterior. O resultado desta trajetória foi uma alta de apenas 0,6% no primeiro trimestre do ano frente a igual período de 2016. Isto é, o quadro industrial é de virtual estabilidade, dado o tamanho das perdas sofridas nos últimos anos. O desempenho na margem, isto é, frente ao período imediatamente anterior com ajuste sazonal, também não é dos melhores: 2017 ainda não viu um mês sequer de crescimento. Nesta comparação, houve recuo de 0,4% em janeiro, estabilidade em fevereiro e uma queda considerável em março (-1,8%).
Em relação à distribuição dos resultados positivos e negativos entre os diferentes ramos industriais pesquisados pelo IBGE, constatou-se que a maioria deles apontou declínio em março último. Frente a fevereiro na série com ajuste sazonal, 15 de 24 ramos apresentaram contração da produção. Já frente a março de 2016, resultados negativos marcaram 16 dos 26 ramos pesquisados.
A despeito desse fraco dinamismo, a trajetória de redução das perdas no acumulado em 12 meses foi preservada, atingindo em março de 2017 a marca de -3,8% frente ao mesmo período do ano anterior, o que consistiu no menor ritmo de queda desde junho de 2016 (-9,7%).
Em relação aos macrossetores, frente a fevereiro com ajuste sazonal, todos apresentaram queda em março de 2017. Bens de consumo duráveis tiveram a retração mais intensa, de -8,5%, sendo seguidos por bens de capital e bens intermediários, que em ambos os casos caíram 2,5%, e por bens de consumo semi e não duráveis, cujo resultado foi de -1,8%.
Já os resultados de março de 2017 frente a março de 2016 voltaram a apontar crescimento em todos os macrossetores exceto bens de consumo semi e não duráveis, cuja produção recuou 0,5%. Os melhores desempenhos nesta comparação ficaram por conta de bens de consumo duráveis (+8,5%) e bens de capital (+4,5%), ajudados pela existência de bases de comparação muito baixas. Bens intermediários também lograram resultado positivo (+0,5%), mas mais próximo da estabilidade.
O avanço de 8,5% frente a março de 2016 da produção de bens de consumo duráveis foi novamente expressivo, ainda que menos intenso que aquele do mês anterior (+20,1%), e compreendeu no quinto resultado positivo consecutivo na comparação interanual. Muito disso se deveu ao crescimento obtido pela produção de eletrodomésticos da “linha branca” (+3,3%), de motocicletas (+2,5%) e de outros eletrodomésticos (+2,2%). Em contraste, houve queda no grupamento de móveis (-9,0%).
Outro macrossetor que conseguiu crescer na comparação frente a igual mês do ano anterior foi o de bens de capital, com alta de 4,5%. Neste caso, também foram cinco meses de resultados positivos. Em março último influências favoráveis vieram de bens de capital agrícola (+36,2%), para construção (+10,0%) e de bens de capital de uso misto (+8,1%), além de equipamentos de transporte (+0,5%). Já os impactos negativos foram assinalados pelos grupamentos de bens de capital para energia elétrica (-9,6%) e para fins industriais (-10,3%).
Outro macrossetor a apresentar alta em março foi bens intermediários, depois de um declínio de -2,5% em fevereiro. Neste último mês de março o resultado de +0,5% frente a igual período do ano anterior teve influência de produtos associados às atividades de indústrias extrativas (+7,0%), de veículos automotores, reboques e carrocerias (+11,2%), de metalurgia (+3,6%), entre outros. Já as principais pressões negativas foram registradas por coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-7,8%), produtos alimentícios (-7,2%) e máquinas e equipamentos (-17,6%).
Bens de consumo semi e não-duráveis foi o único macrossetor a cair em março: -0,5% frente a mar/16, sugerindo que a alta de 1,2% obtida em janeiro de 2017 foi apenas pontual, já que variações negativas se sucedem desde maio de 2016 e que fevereiro também foi marcado por um recuo expressivo (-2,5%). O desempenho de março último foi, em grande parte, decorrente da queda observada no grupamento de não-duráveis (-14,1%), pressionado, principalmente, pela menor produção de medicamentos, e do subsetor de carburantes (-4,7%), devido ao recuo na fabricação de álcool etílico. Em sentido oposto, os grupamentos de alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (+4,3%) e de semiduráveis (+8,8%) apontaram crescimento na produção nesse mês.
No acumulado do primeiro trimestre de 2017, em relação ao mesmo período de 2016, houve expansão da produção nos macrossetores de bens de consumo duráveis (+10,5%) e de bens de capital (+4,4%). Em contraste, bens intermediários (-0,4%) e bens de consumo semi e não duráveis (-0,6%) tiveram retração do volume de produção.
Por dentro da Indústria de Transformação
A expansão de 1,1% da produção industrial geral em março foi resultado do avanço de apenas 0,2% da indústria de transformação, frente a março de 2016, e da expressiva reação de 7,1% da indústria extrativa, nesta mesma comparação. Em relação a fevereiro de 2017, com ajuste sazonal, o resultado da indústria de transformação foi negativo, em -1,7%, assim como o setor extrativo (-1,1%). Também apontou nova retração o acumulado no primeiro trimestre de 2017 frente a igual período do ano passado (-0,5%), como tem ocorrido nos últimos onze trimestres. No caso da indústria extrativa, por sua vez, o desempenho no trimestre foi positivo em 8,2%.
Frente a fevereiro, com ajuste sazonal, o declínio da indústria geral (-1,8%) foi acompanhado por 15 dos 24 ramos da indústria pesquisados pelo IBGE. Os destaques negativos ficaram por conta de: veículos automotores, reboques e carrocerias (-7,5%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-23,8%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,3%), máquinas e equipamentos (-4,9%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-6,4%), entre outros. Em sentido oposto, entre os nove ramos com crescimento de produção, o destaque fica por conta de produtos alimentícios (+1,3%).
Na comparação com igual mês do ano anterior, em que a indústria geral apresentou alta de 1,1%, variações positivas marcaram o desempenho de 16 dos 26 ramos, 48 dos 79 grupos e 53,8% dos 805 produtos pesquisados. Mas cabe observar que março de 2017 (23 dias) teve um dia útil a mais do que igual mês do ano anterior (22). Entre as atividades, os principais destaques positivos nesta comparação compreendem, além do setor extrativo (+7,0%), veículos automotores, reboques e carrocerias (+10,9%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (+16,9%), metalurgia (+3,6%), produtos de borracha e de material plástico (+5,2%), bebidas (+5,3%), artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (+8,4%) e confecção de artigos do vestuário e acessórios (+7,1%), entre outros. Já algumas atividades que apontaram expansão na produção, com maiores influências no resultado geral, foram: farmoquímicos e farmacêuticos (-28,2%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-7,0%), produtos alimentícios (-2,1%), outros equipamentos de transporte (-8,3%) e de impressão e reprodução de gravações (-14,4%).
No acumulado do primeiro trimestre de 2017, frente a igual período do ano anterior, a expansão de 0,6% da indústria geral foi acompanhada de resultados positivos em 15 dos 26 ramos, 47 dos 79 grupos e 53,0% dos 805 produtos pesquisados. Entre as atividades, exerceram as maiores influências positivas, além das indústrias extrativas (+8,2%): veículos automotores, reboques e carrocerias (+11,5%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (+18,3%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (+8,0%), metalurgia (+1,9%), e produtos de borracha e de material plástico (+2,7%), entre outros. Em contraste, entre as atividades que apontaram redução na produção, vale destacar: coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-9,6%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-15,4%), produtos alimentícios (-2,1%), outros equipamentos de transporte (-9,4%), impressão e reprodução de gravações (-13,7%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-4,4%) e produtos de minerais não-metálicos (-2,2%
Exportação
Segundo os dados da Funcex, divulgados pelo IBGE conjuntamente com os resultados da produção industrial, o quantum das exportações de manufaturados no mês de março cresceu 7,1% frente a março de 2016. Com disso, o resultado acumulado no primeiro trimestre de 2017 foi positivo, em 3,6%. Este é um patamar mais próximo do resultado acumulado em 2015 como um todo (+2,3%), do que de 2016 (+7,9%).
Em março, as importações em quantum de matérias-primas cresceram novamente, +14,7% frente ao mesmo mês de 2016. No acumulado de janeiro-março, houve, então, aumento considerável, de 21,2% frente a igual período do ano anterior. Em parte, este desempenho deve estar relacionado à valorização da taxa de câmbio ao longo de 2016, mas também pode estar refletindo a fase de estabilização que a produção industrial se encontra, depois de tantos meses seguidos de retração.
Utilização de Capacidade
O nível de utilização da capacidade instalada da indústria de transformação, de acordo com a série da FGV com ajustes sazonais, foi de 74,4% em março de 2017, praticamente o mesmo patamar de fevereiro (+0,1 p.p.). Esse grau de utilização, entretanto, continua inferior à média histórica do próprio indicador (80%).
O indicador da CNI, a seu turno, também aponta para um nível historicamente baixo da utilização da capacidade em março de 2017: 77,1%, contra 81,4% na média desde jan/03. Apesar disso, mostrou alguma elevação na passagem de fevereiro (76,7%) para fevereiro, já que o indicador teve recuo de 0,4 p.p., já descontados os efeitos sazonais.
Estes dados sugerem uma tênue melhora do quadro em relação ao final do ano passado, mas está longe de retomar aos níveis de utilização pré-crise. No primeiro trimestre de 2017, o patamar médio do indicador da FGV ficou em 74,5% contra 73,7% no último trimestre de 2016. No caso do indicador da CNI esses valores foram, respectivamente, de 77,1% e 76,3%. A permanência da utilização da capacidade em níveis historicamente baixos não é um bom indício para a evolução futura do investimento, isso porque máquinas e equipamentos atualmente ociosos deverão ser postos em funcionamento antes de os empresários pensarem em ampliar sua capacidade de produção. Em contrapartida, a existência de capacidade ociosa significa que existem plenas condições de oferta para garantir uma recuperação da atividade econômica sem pressões inflacionárias.
Estoques
De acordo com os dados da Sondagem Industrial da CNI, os estoques de produtos finais da indústria em março de 2017 assinalaram índice de 49,1 pontos, ficando abaixo da marca dos 50 pontos. O indicador abaixo de 50 pontos indica redução dos estoques. Como o patamar de março ainda está muito próximo da linha divisória dos 50 pontos, pode-se afirmar que os estoques continuaram relativamente ajustados.
Este resultado em março de 2017 foi influenciado pela indústria extrativa, cujo indicador de estoques permaneceu acima dos 50 pontos, em marca de 51,2 pontos, enquanto a indústria de transformação afastou-se mais da linha divisória, chegando a 48,9 pontos.
Na avaliação dos empresários, os estoques efetivos se encontravam no nível planejado em março último, com índice de satisfação de 50,3 pontos na indústria geral. Vale lembrar que o índice de satisfação em 50 pontos representa uma situação em que os estoques efetivos coincidem com os planejados. No caso do setor extrativo, o indicador de satisfação dos estoques ficou em 48,4 pontos, abrindo a possibilidade de uma elevação da produção em abril para recompor certo nível de estoque. Mas no caso da indústria de transformação, o indicador quase coincidiu com a marca de 50 pontos, ficando em 50,3 pontos e indicando satisfação com o nível de estoques.
Neste último grupo industrial, isto é, na indústria de transformação, 15 dos 27 ramos tiveram estoques iguais ou menores do que o planejado (50 pontos) em março de 2017, como em outros equipamentos de transporte (42,6 pontos), impressão e reprodução (44,8 pontos), vestuário (45,1 pontos) e produtos de metal (45,3 pontos), entre outros. Em fevereiro, 21 dos 27 ramos tinham ficado abaixo ou na marca dos 50 pontos. Em contraste, constataram estoques efetivos acima do planejado os setores de móveis (55,4 pontos), calçados (54,9 pontos), máquinas e equipamentos (53,9%) e papel e celulose (53,8 pontos), entre outros.
Confiança e Expectativas
A confiança dos empresários industriais voltou a melhorar neste início de 2017, depois de um período de deterioração no último trimestre de 2016. O principal motor deste movimento tem sido as expectativas mais favoráveis em relação ao futuro, assim como havia ocorrido no segundo e terceiro trimestres do ano passado. As avaliações da situação presente, outro componente dos indicadores de confiança, não viram, contudo, a mesma reação que as expectativas, embora também tenham ficado menos pessimistas.
O Índice de Confiança da Indústria de Transformação da FGV, cujo patamar médio evoluiu de 86,7 pontos para 89,9 pontos do quarto trimestre de 2016 para o primeiro de 2017, já descontados os efeitos sazonais, avançou ainda mais em abril ao atingir 91,2 pontos, o maior patamar desde maio de 2014. O movimento é bastante favorável, especialmente ao se considerar que o indicador se encontrava em 78,1 pontos em abril de 2016. A despeito disso, como permanece abaixo da marca dos 100 pontos, a partir da qual a avaliação torna-se positiva, o indicador ainda sugere uma insatisfação dos empresários com seus negócios.
No indicador da CNI (ICEI), a confiança dos empresários da indústria de transformação também voltou a apontar melhora relativa. De outubro-dezembro de 2016 para janeiro-março de 2017, seu patamar médio progrediu de 51,0 para 53,0 pontos, chegando a 53,5 pontos em abril de 2017. Com isso, o indicador parece ter se consolidado em um patamar superior aos 50 pontos no corrente ano, o que indica um aumento da confiança dos empresários.
É preciso considerar, contudo, que essa evolução da confiança tem sido influenciada principalmente pelas expectativas em relação ao futuro. O Índice de Expectativas da FGV para a indústria de transformação, na série livre de efeitos sazonais, atingiu 94,4 pontos em abril (+1,3 ponto frente a mar/17 e +18,0 pontos frente a abr/16), enquanto o indicador da CNI para as expectativas ficou em 56,9 pontos (-1,3 ponto frente a mar/17 e +15,6 ponto frente a abr/16).
Já o componente dos indicadores de confiança que expressa a avaliação das condições correntes encontra-se em níveis mais baixos, ainda que tenha apresentando uma evolução favorável nos últimos meses. No caso da FGV, seu Índice da Situação Atual marcou, na série com ajuste, 88,3 pontos em abril (-0,2 ponto frente a mar/17 e +8,3 pontos frente a abr/16) e, no caso da CNI, o Índice de Condições Atuais ficou em 47,0 pontos (-0,3 ponto frente a mar/17 e +18,3 pontos frente a abr/16). Mesmo que muito pequena, a deterioração frente a março desde ano pode estar adiantando um mês de abril mais fraco, ao menos na margem, para a produção industrial.
Outro indicador frequentemente utilizado para se avaliar a perspectiva do dinamismo da indústria é o Purchasing Managers’ Index – PMI Manufacturing, calculado pela consultoria Markit Financial Information Services. Depois de o PMI-M do Brasil mostrar uma relativa deterioração na passagem de 2016 para 2017, ultrapassou a linha dos 50 pontos em abril deste ano, chegando a 50,1 pontos. Ao fazer isso, o indicador ainda indica uma melhora das condições de negócio para o setor industrial.
Em síntese, no início de 2017 as sondagens junto às empresas industriais sugerem o início de uma nova etapa de melhora da confiança. O patamar médio dos indicadores no primeiro trimestre se mostra mais elevado do que o da média do último trimestre de 2016, trazendo bons indícios para o desempenho industrial neste início de ano. Movimentos de melhora da avaliação da situação corrente são um fator positivo, mesmo que os indicadores continuem em níveis muito baixos, mesmo diante de uma pequena deterioração na margem. É preciso que este quadro presente continue cada vez menos adverso para consolidar a melhora da confiança, pois esta ainda está muito associada às expectativas mais favoráveis para o futuro.
Anexo Estatístico
Mais Informações
Tabela: Produção Física - Subsetores Industriais
Variação % em Relação ao Mesmo Mês do Ano Anterior (clique aqui)