Carta IEDI
A Indústria de Transformação por Intensidade Tecnológica: Um trimestre de expansão mais disseminada
A indústria de transformação cresceu 2,6% em setembro no contraponto com igual mês de 2016. Frente a agosto, pela série dessazonalizada, produziu 0,4% a mais em termos físicos. Tais resultados estão em linha com os da indústria geral: acréscimos de 2,6% na comparação com setembro do ano passado e de 0,2% frente a agosto (pelos dados dessazonalizados livre de efeitos sazonais). Atendo-se à indústria de transformação, no segundo trimestre, frente a igual período do ano passado, o aumento foi de 3,1%. No acumulado do ano, a indústria de transformação cresceu 0,9%. Já em doze meses, apresentou retração de 0,2%.
As particularidades por dentro da indústria de transformação podem ser visualizadas pelas quatro faixas de intensidade tecnológica que a compõem segundo a OCDE.
• O segmento de alta intensidade logrou incremento de 1,3% em julho-setembro de 2017 ante igual período do ano passado, mesmo com o retrocesso de 9,2% em setembro. Essa performance arrefeceu a recuperação no acumulado do ano, cuja expansão se limitou a 1,7%. Por conseguinte, tal arrefecimento contribuiu para que, em doze meses, o segmento continuasse a registrar taxa negativa, queda de 0,3%. A indústria farmacêutica vem puxando esses resultados para baixo nas quatro bases comparativas constantes da tabela, com as atividades o complexo eletrônico atuando em sentido contrário.
• A faixa de média-alta intensidade, a seu turno, produziu 6,4% a mais em termos físicos no contraponto entre o terceiro quarto de 2017 e o mesmo trimestre do ano passado. A indústria automotiva e a de máquinas e equipamentos mecânicos ou não especificados noutras atividades puxaram esse crescimento. O ramo automobilístico também liderou o incremento de setembro, apoiado novamente pelo de máquinas e equipamentos mecânicos e não especificados, fazendo com que a faixa crescesse 6,1%. Com isso, no acumulado do ano e em doze meses o segmento teve aumento no acumulado do ano e em doze meses de 4,1% e 3,0%, respectivamente.
• A indústria de média-baixa retrocedeu 0,5% no terceiro trimestre de ano frente ao mesmo período de 2016. Foi o pior desempenho dentre as quatro faixas nessa base comparativa. E isso ocorreu mesmo com setembro logrando incremento de 2,3% ante igual mesmo mês do ano passado. Como a performance nos trimestres anteriores também foram de retração, o acumulado do ano registrou variação de -2,3%. Em doze meses também foi a mais fraca dentre as quatro faixas: recuo de 3,7%. Tais retrocessos são em muito explicados pelos declínios da fabricação de produtos de petróleo refinado, álcool e afins. Outro ramo de grande peso dessa faixa, produção de bens metálicos, inclusive siderúrgicos, também recuou no terceiro trimestre, embora registrando taxa positiva no acumulado até setembro.
• O segmento de baixa intensidade logrou acréscimo de 4,0% em julho-setembro de 2017. Em setembro, a variação foi de 2,1%. Destaque para a fabricação de alimentos, bebidas e fumo, em especial no terceiro trimestre, 4,4%, principalmente ao se considerar o peso dessa atividade no perfil produtivo brasileiro. As taxas mencionadas concorreram para que a faixa de baixa intensidade experimentasse aumento de 1,3% no acumulado do ano. Em doze meses, a ampliação da produção foi de 0,5%. Registre-se que a fabricação de têxteis, artigos de vestuário, de couro e calçados cresceu no terceiro trimestre, no acumulado do ano e em doze meses, a despeito do declínio em setembro.
O terceiro trimestre, frente a igual período de 2016, apresentou assim expansão mais disseminada pelas quatro faixas. Entretanto, dentro de cada um desses segmentos, há dinamismos distintos. Pode-se, por exemplo, destacar o crescimento das atividades do complexo eletrônico no de alta intensidade, a indústria automotiva no de média-alta, a fabricação de borracha e produtos plásticos no de média-baixa, o conjunto das atividades têxteis, de artigos de vestuário, calçados e couro e a fabricação de outros manufaturados e de reciclados, ambos os últimos no de baixa intensidade. Em comum, tais atividades foram duramente afetadas pela crise, colocando uma base comparativa extremamente baixa. Por conta disso, qualquer recuperação pode trazer uma taxa chamativa, mas insuficiente para retomar os respectivos patamares máximos de produção.
Uma visão geral da indústria de transformação
A indústria de transformação cresceu 2,6% em setembro no contraponto com igual mês de 2016. Frente a agosto, pela série dessazonalizada, produziu 0,4% a mais em termos físicos. Tais resultados ficaram alinhados com aqueles da indústria geral, que apresentou acréscimos de 2,6% na comparação com setembro do ano passado e de 0,2% frente a agosto (este último pela série livre de efeitos sazonais).
Voltando à indústria de transformação, no segundo trimestre, frente a igual período do ano passado, o aumento foi de 3,1%. No acumulado do ano, a indústria de transformação cresceu 0,9%. Já em doze meses, apresentou retração de 0,2%.
A indústria de transformação por intensidade tecnológica
O comportamento da produção física da indústria de transformação pode ser visualizado com maior detalhe pela sua decomposição em quatro segmentos de atividades por intensidade tecnológica, conforme procedimentos da OCDE: alta intensidade, media-alta, média-baixa e baixa intensidade.
Ressalve-se que, com as melhorias metodológicas da PIM-PF, utilizou-se a indústria de transformação sem considerar a atividade de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos. Tal ramo começou a ser discriminado na versão mais nova da Classificação Industrial Internacional Uniforme (CIIU) e, por conseguinte, na versão 2 da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). Na sequência estão tabulados resultados selecionados para os segmentos de intensidade tecnológica, sujeitos à revisão.
Ao se confrontar o terceiro trimestre de 2017 com igual período de 2016, apenas a a faixa de média-baixa não logrou expansão. As demais cresceram, com destaque para a de média-alta. No comparativo entre meses de setembro, só a de alta intensidade sofreu queda. No acumulado do ano e em doze meses, os segmentos de alta e de média-baixa registraram declínio.
O segmento de alta intensidade logrou incremento de 1,3% em julho-setembro de 2017 ante igual período do ano passado, mesmo com o retrocesso de 9,2% em setembro. Essa performance arrefeceu a recuperação no acumulado do ano, cuja expansão se limitou a 1,7%. Por conseguinte, tal arrefecimento contribuiu para que, em doze meses, o segmento continuasse a registrar taxa negativa, queda de 0,3%. A indústria farmacêutica vem puxando esses resultados para baixo nas quatro bases comparativas constantes da tabela, com as atividades o complexo eletrônico atuando em sentido contrário.
A faixa de média-alta intensidade, a seu turno, produziu 6,4% a mais em termos físicos no contraponto entre o terceiro quarto de 2017 e o mesmo trimestre do ano passado. A indústria automotiva e a de máquinas e equipamentos mecânicos ou não especificados noutras atividades puxaram esse crescimento. O ramo automobilístico também liderou o incremento de setembro, apoiado novamente pelo de máquinas e equipamentos mecânicos e não especificados, fazendo com que a faixa crescesse 6,1%. Com isso, no acumulado do ano e em doze meses o segmento teve aumento no acumulado do ano e em doze meses de 4,1% e 3,0%, respectivamente.
A indústria de média-baixa retrocedeu 0,5% no terceiro trimestre de ano frente ao mesmo período de 2016. Foi o pior desempenho dentre as quatro faixas nessa base comparativa. E isso ocorreu mesmo com setembro logrando incremento de 2,3% ante igual mesmo mês do ano passado. Como a performance nos trimestres anteriores também foram de retração, o acumulado do ano registrou variação de -2,3%. Em doze meses também foi a mais fraca dentre as quatro faixas: recuo de 3,7%. Tais retrocessos são em muito explicados pelos declínios da fabricação de produtos de petróleo refinado, álcool e afins. Outro ramo de grande peso dessa faixa, produção de bens metálicos, inclusive siderúrgicos, também recuou no terceiro trimestre, embora registrando taxa positiva no acumulado até setembro.
O segmento de baixa intensidade logrou acréscimo de 4,0% em julho-setembro de 2017. Em setembro, a variação foi de 2,1%, com destaque para a fabricação de alimentos, bebidas e fumo. Essas taxas concorreram para que o acumulado do ano experimentasse aumento de 1,3%. Em doze meses, a ampliação da produção foi de 0,5%. Vale registrar que a fabricação de têxteis, artigos de vestuário, de couro e calçados cresceu no terceiro trimestre, no acumulado do ano e em doze meses, a despeito do declínio em setembro.
Alta intensidade tecnológica
No terceiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2016, a faixa de alta intensidade conseguiu ampliar em 1,3% sua produção física. Esse aumento ocorreu apesar do mês de setembro ter registrado queda de 10,0% no contraponto entre meses de setembro. No acumulado do ano, observou-se incremento de 1,7%. Todavia, em doze meses, a taxa persiste com sinal negativo: declínio de 0,3%.
Embora a maior parte das atividades da faixa de alta intensidade produza bens complexos com várias etapas, compondo extensas cadeias globais de valor, como as da indústria aeronáutica e as do complexo eletrônico, os resultados negativos decorreram da indústria farmacêutica, justamente o ramo que foge dessas características. No terceiro quarto de 2017, tal atividade retrocedeu 8,8%, com queda de 26,5% na produção de setembro. Assim, em janeiro-setembro, tal ramo declinou 7,2%, enquanto, em doze meses, retração foi de 9,0%
Quanto ao complexo eletrônico, um dos mais afetados pela crise em 2015 e 2016, cresceu 21,4% no terceiro trimestre, com setembro registrando alta de 16,9%. Tais números contribuíram para um expressivo incremento no acumulado do ano, de 20,3%, e mesmo em doze meses, de 17,7%. O maior dos três ramos do complexo no País, a fabricação de equipamentos de rádio, TV e comunicação, que abrange também partes e componentes eletrônicos utilizados não só nela, mas em um leque cada vez mais amplo de ramos produtivos, produziu 23,7% a mais no terceiro trimestre do ano, sendo que, em setembro, a taxa foi de 19,4%. Tal desempenho permitiu-lhe crescer 24,6% no acumulado do ano e 22,6% em 12 meses.
A fabricação de equipamentos médico-hospitalares, instrumentos de precisão e material ótico e fotográfico também logrou variações positivas nas quatro bases de comparação ora tratadas. Sua expansão de 14,6% no terceiro quarto foi praticamente igual à registrada para setembro, de 14,5%, propiciando aumento de 14,0% na produção do acumulado do ano e taxa de 10,4% em doze meses. A produção de equipamentos de informática e de escritório, por sua vez, cresceu 17,0% em julho-setembro, com o resultado do mês de setembro sendo de 9,8%. Assim, a performance no terceiro trimestre ajudou esse ramo a produzir mais tanto em janeiro-setembro do ano, 10,3%, quanto em doze meses, 6,7%.
Média-alta intensidade tecnológica
Dentre os quatro segmentos de intensidade tecnológica, o de média-alta obteve as taxas mais altas em todas as bases de comparação em questão. No confronto entre terceiros trimestres de 2017 e de 2016, a variação foi de 6,4%, com o mês de setembro registrando acréscimo parelho, de 6,1%. No acumulado do ano, a expansão alcançou 4,1%, enquanto, em doze meses, 3,0%, resultados para os quais a performance de julho-setembro concorreu.
A indústria química apresentou desempenho na contramão da faixa em questão, sofrendo recuo nas quatro bases comparativas. No terceiro quarto, ficou praticamente estável, variação de -0,1%, puxada pela queda de 1,4% em setembro. Com isso e o fato dos trimestres anteriores não terem sido melhores, o acumulado do ano registrou retração de 0,6%. Em doze meses, a taxa foi de -0,4%.
Passando para a fabricação de veículos automotores, foi o principal responsável pela recuperação da faixa de média-alta intensidade. No terceiro trimestre, produziu 20,6% a mais do que no mesmo quarto de 2017, sendo que setembro contribuiu para tanto: 20,9%. No acumulado do ano, a expansão chegou a 14,8%. Desse modo, em doze meses o incremento também foi de dois dígitos: 12,7%. Ressalte-se que tais taxas elevadas se devem ao fato dessa indústria ter sido uma dos mais impactadas pela crise, conformando uma base de comparação baixa.
Os ramos mais associados à indústria de bens de capital – fabricação de máquinas e equipamentos elétricos; e fabricação de máquinas e equipamentos mecânicos e não especificados em outras atividades – tiveram comportamento distintos. A produção de equipamentos elétricos declinou 5,3% no terceiro trimestre, com o mês de setembro experimentando queda de 2,9%. No acumulado do ano, o retrocesso foi de 6,2%. Já em doze meses, o recuo foi de 6,8%. Já a atividade de máquinas mecânicas ou não especificadas noutros ramos logrou produzir 3,8% a mais no terceiro trimestre, com setembro tendo crescido 2,8%. Com isso, o incremento no acumulado do ano chegou a 2,8% e o aumento em doze meses, a 1,1%.
Média-baixa intensidade tecnológica
A produção física do segmento de média-baixa intensidade sofreu declínio de 0,5% no terceiro trimestre de 2017, configurando o pior desempenho dentre os quatro segmentos de intensidade tecnológica nessa base de comparação. O mês de setembro até agiu no sentido de atenuar a retração, com a produção tendo crescido 2,3%. De qualquer modo, a queda no penúltimo trimestre do ano concorreu para as retrações seja no contraponto entre acumulados do ano de 2017 e de 2016, taxa de -2,3%, seja em doze meses, variação de -3,7%. A produção de bens metálicos, que abrange a siderurgia, e a de derivados do refino de petróleo, álcool e afins são as indústrias que vêm ditando em larga medida como a produção física dessa faixa se comporta.
A indústria de bens de petróleo refinado, álcool e outros combustíveis reduziu sua produção em 1,2% no terceiro trimestre de 2017 frente ao mesmo período do ano anterior. Tal queda foi observado mesmo com setembro registrando incremento de 3,9%. A retração em julho-setembro contribuiu para a diminuição tanto no acumulado do ano, variação de -5,4%, quanto em doze meses, taxa de -6,7%.
Quanto à fabricação de produtos metálicos, sua produção declinou 1,1% no trimestre em pauta, ficando praticamente estável em setembro: variação de -0,1%. Ainda assim, no acumulado até o nono mês, o País produziu 0,7% mais desses bens do que em igual período de 2016. Porém, em doze meses, o sinal continua negativa, taxa de -0,5%. Desse modo, a fabricação de bens metálicos atuou em boa medida na mesma direção que a produção de derivados do petróleo refinado e combustíveis.
Passando para as demais atividades da faixa de média-baixa intensidade, a produção de outros produtos minerais não-metálicos retrocedeu 0,5% no terceiro quarto do ano, ainda que em setembro tenha crescido 2,8%. Com tal desempenho no trimestre, sofreu queda de 3,5% no acumulado do ano e de 4,9% em doze meses. Já a fabricação de borracha e produtos plásticos, logrou incremento de 3,7% em julho-setembro, com o nono mês crescendo 2,7%. Tais taxas levaram a expansões de 2,9% em janeiro-setembro e de 1,1% em doze meses.
Baixa intensidade tecnológica
A produção da indústria de baixa intensidade tecnológica logrou expansão de 4,0% em sua produção no terceiro trimestre de 2017, com o nono mês do ano apresentando incremento de 2,1%. Esses aumentos contribuíram para que se produzisse a mais quer no acumulado do ano, 1,3%, quer em doze meses, 0,5%.
O agrupamento mais expressivo dentre os ramos desse segmento, o das indústrias de alimentos, bebidas e de fumo, cresceu 4,4% em julho-setembro, sendo que no nono mês, a variação foi de 3,4%. Dessa forma, no acumulado do ano, houve acréscimo de 0,6% na produção física. Infelizmente, esses aumentos não foram suficientes para uma taxa positiva em doze meses, variação de -0,6%.
A produção de conjunto dos ramos madeireiro, de papel e celulose, gráficas e afins cresceu 3,6% no trimestre, com setembro registrando também incremento, de 2,2%. No acumulado do ano, a produção física aumentou 0,3%. Em doze meses, a variação foi praticamente a mesmo, 0,4%.
Os outros dois ramos se caracterizam por usar mais intensivamente a força de trabalho que os demais de baixa intensidade. As atividades de fabricação de manufaturados não especificados noutras indústrias e de produtos reciclados lograram expansão de 5,3% no terceiro trimestre do ano, sendo que o mês de setembro agiu em sentido contrário: -3,6%. De qualquer forma, o desempenho de julho-setembro e o do segundo trimestre concorreram para que houvesse uma expansão de 4,5% no acumulado do ano, assim como um aumento de 2,7% em doze meses.
O agrupamento das indústrias têxtil, de vestuário, calçados e artigos de couro cresceu 2,4% no terceiro quarto, ainda que em setembro tenha sofrido queda de 0,5%. No acumulado do ano e em doze meses, o aumento da produção física foi o mesmo, de 3,7%. Ressalve-se que tais taxas positivas ocorreram também devido à base de comparação muito baixa, dado o efeito contundente da recessão doméstica sobre as mercadorias fabricadas pelos ramos desse agrupamento.