Carta IEDI
Indústria de Transformação por intensidade tecnológica em 2017: aumento generalizado de exportações e importações
O ano de 2017 fechou com o maior superávit da balança comercial em dólares correntes da história do Brasil: US$ 67,0 bilhões, devido à confluência de fatores bastante excepcionais que permitiram um avanço das exportações mais substancial do que aquele das importações. As vendas externas do País aumentaram de US$ 185,2 bilhões para US$ 217,7 bilhões, uma forte recuperação frente à queda de 2016, mas ainda abaixo dos patamares de 2011-2014.
Entre os fatores na origem desse desempenho exportador capaz de gerar um saldo tão excepcional, podem ser citados:
1) a própria maturação da crise, que empurrou muitas empresas para o mercado exterior, contribuindo o aumento de 17,5% das exportações totais e de 9,2% de manufaturados em 2017, com destaque para a indústria automobilística (+30,6%);
2) a aceleração do comércio internacional, que segundo do FMI deve encerrar 2017 em +4,2%, um avanço considerável frente ao resultado de 2016 (+2,4%);
3) uma recomposição dos preços de commodities, que atingiu principalmente petróleo e metais;
4) a super safra agrícola, que além de impulsionar o resultado dos produtos básicos também afetou positivamente as vendas externas de determinados semimanufaturados, como de óleo de soja, açúcar bruto, etc.
Assim, a magnitude do superávit da balança comercial brasileira foi alcançada pela combinação de déficit relativamente baixo dos bens tipicamente produzidos pela indústria de transformação com o impressionante superávit dos demais bens, mormente oriundos da agropecuária, produção de pescado e extração mineral.
O déficit comercial da indústria de transformação encerrou 2017 novamente em patamares muito baixos, ainda que o crescimento de suas importações, devido à recuperação que o setor vem ensaiando desde o início do ano, implicou um saldo negativo um pouco mais elevado do que em 2016. Foram US$ 3,2 bilhões de déficit em 2017 contra US$ 2,4 bilhões no ano anterior, mas ainda assim sua magnitude foi menor do que os déficits de 2008 a 2015.
As exportações da indústria de transformações atingiram US$ 133,0 bilhões em 2017, menos do que em 2008 e de 2011 a 2014, mas 9,2% superior às de 2016, como dito anteriormente. Suas importações, a seu turno, totalizaram US$ 136,2 bilhões, ficando abaixo daquelas do período 2010 a 2015, mas implicando aumento de 9,7% frente a 2016.
A série construída a partir da classificação da indústria de transformação em alta, média-alta, média-baixa e baixa intensidade tecnológica, segundo a metodologia desenvolvida pela OCDE, possibilita observações relevantes no desempenho do comércio exterior brasileiro em 2017.
Em linhas gerais, exportações de todas as faixas cresceram no ano passado, implicando melhora no desempenho em todos os casos, exceto para a indústria de média-baixa tecnologia, negativamente impactada pela ampliação do déficit em derivados de petróleo. As importações também cresceram de modo generalizado, sendo a única exceção a alta tecnologia cujas compras externas ficaram virtualmente estagnadas. Abaixo, o quadro em cada faixa é apresentado com mais detalhes.
• O intercâmbio externo de bens produzidos por atividades de alta intensidade tecnológica experimentou o menor déficit anual desde 2007, de US$ 17,9 bilhões, o que concorreu para melhorar a balança do País. Suas exportações cresceram pelo terceiro ano seguido, obtendo o segundo maior nível da série, atrás só de 2008. O melhor resultado decorreu principalmente do maior superávit dos produtos da indústria aeronáutica, mesmo com as exportações desse item não tendo crescido. Já as vendas externas de bens do complexo eletrônico e de produtos farmacêuticos cresceram, embora apenas o saldo dos farmacêuticos tenha logrado alguma redução no déficit.
• A faixa de média-alta intensidade encerrou 2017 também com déficit vultoso, de US$ 26,3 bilhões, porém menor do que em 2016. Suas exportações contribuíram para tal redução, com crescimento de 20,8%, chegando a US$ 37,8 bilhões. O grande destaque positivo coube à balança dos produtos o ramo automotivo, o único superavitário dentro dessa faixa. Este e as máquinas e equipamentos não especificados noutras atividades foram os ramos que simultaneamente registraram melhora no saldo com ampliação das vendas para o exterior.
• Já a indústria de média-baixa intensidade tecnológica foi o único dentre as quatro faixas a ter seu saldo deteriorado em 2017, condicionado pela ampliação do déficit de produtos derivados do petróleo refinado, álcool e outros combustíveis, sob forte influência da elevação de seus preços internacionais. A despeito disso, a faixa de média-baixa permaneceu superavitária em US$ 1,0 bilhão, ajudada pelo aumento de 4,0% suas exportações devido principalmente ao desempenho de produtos metálicos.
• Quanto à indústria de baixa intensidade tecnológica, seu superávit aumentou 3,4% frente a 2016, atingindo US$ 40,1 bilhões em 2017, puxado por exportações de US$ 55,4 bilhões (+6,6%). Esse resultado decorreu da melhora do saldo de alimentos, bebidas e fumo – principal item da balança da indústria de transformação do País – e de produtos industriais derivados da madeira e afins. Ambos viram expansão das exportações em 2017: +6,1% no primeiro caso (US$ 39,1 bilhões) e +12,4% no segundo caso (US$ 11,0 bilhões).
Bens típicos da indústria de transformação e a balança comercial
O ano de 2017 fechou com o maior superávit da balança comercial em dólares correntes da história do Brasil: US$ 67,0 bilhões. As exportações cresceram de US$ 63,4 bilhões para US$ 84,7 bilhões, uma forte recuperação frente à queda de 2016, mas ainda abaixo dos patamares de 2011-2014. As importações também cresceram, mas de modo discreto e ficando bem aquém do que já experimentou em 2008 e de 2010 a 2015.
A magnitude do superávit foi alcançada pela combinação de déficit relativamente baixo dos bens tipicamente produzidos pela indústria de transformação e pelo impressionante superávit dos demais bens, mormente oriundos da agropecuária, produção de pescado e extração mineral. Já o intercâmbio dos produtos tipicamente providos pela indústria de transformação encerrou com saldo negativo de US$ 3,2 bilhões, déficit maior do que o de 2016, porém de magnitude bem menor do que os experimentados de 2008 a 2015. O déficit desses produtos chegou a atingir US$ 63,6 bilhões em 2014. Suas vendas externas cresceram novamente alcançando US$ 133,0 bilhões, nível ainda abaixo dos observados em 2008 e de 2011 a 2014.
Os demais bens apresentaram superávit de US$ 70,2 bilhões, cumprindo papel essencial para o resultado recorde. Vale notar que o expressivo saldo superavitário dos demais bens não foi o maior, ficando abaixo dos logrados em 2011 e 2012. Suas exportações atingiram US$ 84,7 bilhões, maior do que os montantes de 2015 e de 2016, todavia abaixo dos registrados nos anos de 2011 a 2014.
O saldo de US$ 13,7 bilhões no quarto trimestre concorreu para o superávit recorde da balança de 2017. Em outubro-dezembro, as exportações cresceram 15,8% em relação ao mesmo período de 2016, atingindo US$ 53,1 bilhões, enquanto as importações aumentaram 14,7%.
As exportações tanto de bens típicos da indústria de transformação quanto a dos demais produtos cresceram na comparação com o quarto trimestre do ano anterior. No caso dos bens típicos da indústria de transformação, o incremento foi de 6,6%, com o País exportando US$ 34,4 bilhões. Mas as importações cresceram 14,5%, fazendo com que o quarto derradeiro de 2017 apresentasse déficit de US$ 1,2 bilhão, enquanto o mesmo trimestre de 2016 havia sido superavitário. Já o resultado positivo de US$ 14,9 bilhões dos demais bens no trimestre em questão decorreu do aumento de 37,8% das exportações, chegando a US$ 18,8 bilhões, em contraste com o acréscimo de 17,2% nas importações.
Assim, o déficit menor do que o observado nos anos de 2008 a 2015 dos bens típicos da indústria de transformação, com exportações crescendo por dois anos consecutivos, e o superávit expressivo dos demais produtos, puxados pelas vendas externas de bens primários, explicam a balança recorde de 2017. O quarto trimestre contribuiu para tanto principalmente pelo desempenho dos bens primários, uma vez que a balança de produtos típicos da indústria de transformação registrou piora e déficit, mesmo com crescimento das exportações.
A balança por intensidade tecnológica
Considerando a classificação adotada pela OCDE para a indústria de transformação segundo a intensidade tecnológica, pode-se esmiuçar as relações de troca do País. São quatro faixas da indústria de transformação: de alta intensidade, de média-alta, média-baixa e de baixa intensidade tecnológica. A tabela a seguir discrimina melhor tais faixas.
Considerando primeiramente os desempenhos ao ano, o intercâmbio externo de bens produzidos por atividades tidas pela OCDE como de alta intensidade tecnológica experimentou o menor déficit anual desde 2007, de US$ 17,9 bilhões. Embora ainda expressivo, o déficit menor concorreu para melhorar a balança do País, arrefecendo a piora no saldo dos bens típicos da indústria de transformação. Suas exportações cresceram pelo terceiro ano seguido, obtendo o segundo maior patamar da série, atrás só de 2008. O melhor resultado decorreu principalmente do maior superávit dos produtos da indústria aeronáutica, mesmo com as exportações desse item não tendo crescido. Já as vendas externas de bens do complexo eletrônico e de produtos farmacêuticos cresceram, embora apenas o saldo dos farmacêuticos tenha logrado alguma redução no déficit.
A faixa de média-alta intensidade encerrou 2017 também com déficit vultoso, de US$ 26,3 bilhões, o maior dentre as quatro faixas, porém menor do que em 2016. Suas exportações contribuíram para tal redução, com crescimento de 20,8%, chegando a US$ 37,8 bilhões. O grande destaque positivo coube à balança dos produtos o ramo automotivo (veículos automotores, reboques e semi-reboques), o único superavitário dentro dessa faixa. Este e as máquinas e equipamentos não especificados noutras atividades foram os ramos que simultaneamente registraram melhora no saldo com ampliação das vendas para o exterior.
Quanto aos produtos tipicamente originários da indústria de média-baixa intensidade tecnológica, seu intercâmbio foi o único dentre as quatro faixas a se deteriorar em 2017, em que pese permanecer superavitário: caiu de US$ 6,0 bilhões para menos de US$ 1,0 bilhão. Tal piora decorreu principalmente da ampliação do déficit de produtos derivados do petróleo refinado, álcool e outros combustíveis, mesmo com acréscimo nas exportações. Em geral o déficit desses itens é suplantado pelo superávit de produtos metálicos, saldo este que cresceu puxado pelas exportações. Aliás, as vendas externas do segmento de média-baixa como um todo cresceram, 4,0%. Só o grupamento da construção naval experimentou exportação menor. Todavia as importações cresceram com mais força.
Sobreo conjunto dos bens típicos das atividades de baixa intensidade tecnológica, seu superávit atingiu US$ 40,1 bilhões em 2017, puxado por exportações de US$ 55,4 bilhões. O agrupamento de bens em pauta encampa grosso modo dois tipos de mercadorias: aquelas cujos processos produtivos utiliza intensivamente recursos naturais abundantes no Brasil; e bens cuja produção são intensivas em recursos humanos. As vendas externas dos primeiros (alimentos, bebidas e fumo – principal item da balança da indústria de transformação do País; produtos industriais derivados da madeira e afins) cresceram e puxaram consigo o saldo positivo, enquanto os demais produtos viram suas exportações sofrerem ligeiro decréscimo, com deterioração no saldo.
Passando para a comparação entre outubro-dezembro de 2017 e o mesmo período de 2016, o déficit no quarto trimestre dos itens da faixa de alta intensidade, de US$ 4,6 bilhões, ficou ligeiramente menor do que seu equivalente de 2016 e do que no terceiro trimestre de 2017. Suas exportações cresceram 1,8%, devendo-se tanto aos bens do complexo eletrônico. Mas a redução no déficit no período em questão se concentrou nos produtos aeronáuticos.
No confronto entre quartos trimestres de 2017 e de 2016 para o segmento de média-alta, o déficit aumentou, atingindo US$ 6,4 bilhões, arrefecendo os déficits menores obtidos nos três primeiros quartos do ano. Esse comportamento em outubro-dezembro ocorreu mesmo com expansão de 22,3% das exportações frente a igual período do ano anterior. De novo lograram incremento nas exportações com melhora no saldo os produtos da indústria automotiva (único grupamento superavitário) e máquinas e equipamentos não especificados noutras atividades. Nessa base comparativa, as vendas externas de produtos químicos (exclusive farmacêuticos) e de máquinas e equipamentos elétricos também cresceram, mas sem fazer frente às importações maiores.
Outubro-dezembro de 2017 concorreu para diminuir o saldo anual de bens oriundos do segmento de média-baixa: superávit de US$ 43 milhões contra US$ 2,7 bilhões em igual período de 2016. Suas exportações declinaram 6,3%, ficando em US$ 7,6 bilhões. Tal diferença decorreu principalmente da queda nas vendas externas de produtos da construção naval. Os dois ramos mais significativos dessa faixa prosseguiram em rumos distintos: as exportações de produtos metálicos cresceram e ampliaram o superávit, alcançando US$ 3,6 bilhões, enquanto o déficit de produtos derivados de petróleo refinado, álcool e outros combustíveis aumentou para US$ 3,2 bilhões, mesmo com o País exportando mais esses itens.
Quanto ao comportamento dos fluxos comerciais faixa de baixa intensidade tecnológica no trimestre derradeiro de 2017, este foi assaz semelhante ao do ano. As exportações, US$ 13,7 bilhões, e o superávit, de US$ 9,8 bilhões, cresceram frente a outubro-dezembro de 2016, devido aos bens com processos produtivos intensivos em recursos naturais. Já os produtos que utilizam intensivamente mais intensivamente força de trabalho, registraram exportações menores e piora nos saldos, apresentando déficit no período.
Bens de alta intensidade tecnológica
Em 2017, o déficit de US$ 17,9 bilhões no segmento de alta intensidade representou uma discreta melhora frente ao saldo negativo de 2016. Ademais suas exportações alcançaram US$ 10,5 bilhões, acréscimo de 1,4%. Já as importações caíram 0,3%. Os produtos típicos da indústria aeronáutica foram os únicos dessa faixa com balança superavitária, US$ 5,3 bilhões, ainda que suas exportações, de US$ 7,2 bilhões não tenham superado o montante logrado em 2016. Ironicamente foram os ramos deficitários que ampliaram suas vendas para fora do País. Os três grupamentos do complexo eletrônico presenciaram déficit de US$ 17,2 bilhões, maior do que em 2016, e exportaram, no conjunto, apenas US$ 1,8 bilhão, mesmo vendendo para o exterior mais do que no ano anterior. As exportações de produtos farmacêuticos, por sua vez, cresceram 2,3%, chegando a US$ 1,5 bilhão, o que impediu que a magnitude do déficit desses itens crescesse, ficando em US$ 6,0 bilhões.
Em outubro-dezembro, o déficit do intercâmbio de bens das atividades de alta intensidade foi de US$ 4,6 bilhões praticamente se equiparando ao saldo negativo de igual trimestre do ano anterior. Suas exportações cresceram 1,8% nesse mesmo contraponto, chegando a US$ 2,9 bilhões. Assim continua como a menos expressiva das quatro faixas no tocante a vendas externas. Já as importações, de US$ 7,5 bilhões, ficaram praticamente estáveis, variando 0,1% em relação a outubro-dezembro de 2016.
Os equipamentos aeronáuticos e aeroespaciais conformaram o único grupo desse segmento a lograr superávit no quarto final do ano, de US$ 1,6 bilhão, acima do registrado em julho-setembro de 2017 e do observado no último trimestre de 2016. Suas exportações declinaram 1,5% frente a outubro-dezembro do ano anterior, ficando em US$ 2,0 bilhões. As importações, por sua vez, declinaram 62,6%.
Os três ramos de bens típicos do complexo eletrônico, como tem sido recorrente, concorreram sobremaneira para o déficit dos produtos da indústria de alta intensidade tecnológica, com saldo negativo de US$ 4,6 bilhões. Menos mal que os três lograram incremento de dois dígitos nas exportações na comparação entre o quarto trimestre de 2017 e igual período de 2016. O de equipamentos de áudio, vídeo e telecomunicações (inclusive componentes eletrônicos) é o que registra normalmente o maior déficit dentre todos os ramos não só do complexo eletrônico, mas de toda a faixa. No trimestre em pauta, o déficit foi de US$ 2,1 bilhão um pouco aquém do déficit de outubro-dezembro de 2016. Suas exportações, embora tenham crescido 22,7% nessa comparação, chegaram a apenas US$ 148 milhões no quarto derradeiro. Suas importações declinaram 4,7%. Já os equipamentos de informática e material de escritório, cujas exportações foram de US$ 94 milhões, com incremento de 49,3%, tiveram superlativo aumento nas importações, de 41,9%, contribuindo para que o déficit chegasse a US$ 1,2 bilhão. Quanto ao terceiro segmento do complexo eletrônico, de equipamentos e instrumentos médico-hospitalares, ótico e de precisão, suas exportações cresceram 17,3%, enquanto suas importações cresceram 23,5% no confronto entre quartos trimestres. Seu déficit ficou em US$ 1,3 bilhão.
Os produtos farmacêuticos experimentaram saldo negativo de US$ 1,5 bilhão, um déficit ligeiramente maior do que o registrado no mesmo trimestre de 2016. Suas exportações retrocederam de 3,9%, com o Brasil vendendo somente US$ 389 milhões para outros países. As importações, a seu turno, aumentaram 7,4%.
Bens de média-alta intensidade tecnológica
O segmento de média-alta intensidade apresentou déficit de US$ 26,3 bilhões em 2017, o maior dentre as quatro faixas. Apesar de tanto, foi de menor magnitude que o registrado em 2016, sendo o quarto ano seguido de melhora de sua balança. Suas exportações cresceram 20,8%, alcançando US$ 37,8 bilhões. Pari passu, as importações aumentaram 6,2%, atingindo US$ 64 bilhões. Em que pese a redução no déficit, somente dois dos cinco ramos tiveram melhora no saldo no ano: o de veículos automotores, reboques e semirreboques, único superavitário dessa faixa, e o de máquinas e equipamentos não especificados noutras atividades. O primeiro obteve superávit de US$ 3,4 bilhões, puxado pelo incremento de 30,6% nas exportações, que chegaram a US$ 15,8 bilhões. O segundo – de equipamentos não especificadas em outras atividades – teve déficit de US$ 4,2 bilhões com expansão de 20,8% nas exportações, US$ 9,8 bilhões.
Passando para os ramos cujos saldos não melhoraram, as máquinas e equipamentos elétricos até lograram maior exportação, em 2,8%, todavia o saldo negativo ficou em US$ 4,7 bilhões. Os produtos químicos (exceto farmacêuticos) encerraram 2017 com saldo negativo de US$ 20,2 bilhões, o maior dentro todos os ramos da indústria de transformação. Menos mal que suas vendas externas cresceram 14,2%. Já os produtos ferroviários e outros equipamentos de transporte, além do aumento no déficit, ficando em US$ 482 milhões, registrou queda nas exportações.
As exportações no último trimestre de 2017, US$ 10,2 bilhões com aumento de 22,3% frente a igual período de 2016, contribuíram para o resultado anual. Mesmo assim, outubro-dezembro experimentou um discreto aumento no déficit nessa base comparativa, ficando em US$ 6,4 bilhões, o que é explicado pelo acréscimo de 13,0% nas importações, atingindo US$ 16,6 bilhões.
As exportações de produtos químicos (exclusive farmacêuticos) teve acréscimo de 14,3% em outubro-dezembro frente a igual trimestre do ano anterior. Já as importações cresceram 12,9%. Também no trimestre tais bens continuam tanto com o maior déficit comercial, de US$ 4,9 bilhões, quanto com o maior montante importado, US$ 7,3 bilhões, dentre todos os grupamentos de mercadorias tipicamente produzidos pela indústria de transformação. As exportações ficaram em US$ 2,4 bilhões.
Os equipamentos de transporte fabricados por indústrias de média-alta intensidade tecnológica totalizaram superávit na casa dos US$ 657 milhões de dólares correntes. Os produtos automobilísticos responderam por tal superávit, atingindo por si só US$ 773 milhões. As exportações de produtos automobilísticos aumentaram 22,9%, galgando US$ 4,2 bilhões, enquanto as importações cresceram 16,9%. Quanto ao grupo dos equipamentos ferroviários e outros de transporte (motocicletas, entre outros), suas exportações caíram 27,1%, com as importações crescendo 17,4%, levando a um resultado negativo de US$ 116 milhões, déficit maior do que o observado tanto em julho-setembro último quanto em outubro-dezembro de 2016.
A balança comercial de máquinas e equipamentos mecânicos ou não especificados noutros segmentos e a de máquinas elétricas registraram déficits. Em máquinas e equipamentos mecânicos ou não especificados, a magnitude do déficit ficou em US$ 963 milhões, menor do que o observado no mesmo trimestre do ano anterior. Suas exportações cresceram 38,6% no quarto trimestre do ano, chegando a US$ 2,7 bilhões, enquanto as importações cresceram 12,7%. O intercâmbio de máquinas e equipamentos elétricos apresentou déficit de US$ 1,2 bilhão, ligeiramente maior do que no mesmo trimestre de 2016. Suas vendas para o exterior cresceram 4,7% no terceiro trimestre, ficando em US$ 720 milhões. Já as aquisições externas, cresceram 7,0%.
Bens de média-baixa intensidade tecnológica
As exportações em dólares correntes de bens tipicamente produzidos por indústrias de média-baixa intensidade tecnológica aumentaram 4,0%, galgando US$ 29,2 bilhões após três anos de declínio. Apesar de tanto, sua magnitude ficou abaixo da lograda em 2008 e nos anos de 2011 a 2014. Ademais o superávit dessa faixa de intensidade diminuiu, sendo a única das quatro faixas cujo saldo piorou vis-à-vis 2016, decorrência do aumento de 28,4% de suas importações.
Com comportamento ditado sobretudo pelos fluxos comerciais de derivados do petróleo refinado, outros combustíveis etc. e dos produtos metálicos, mormente da siderurgia, o superávit menor foi consequência principalmente da maior importação dos primeiros, taxa de 59,1%, fazendo com que o déficit desses itens atingisse US$ 11,3 bilhões. Em geral, os saldos positivos dos produtos metálicos vêm contrabalançando ou até mais do que compensando os déficits dos derivados de petróleo refinado, álcool e afins. Foi o que ocorreu em 2017, com superávit daqueles de US$ 12,6 bilhões devido a exportações crescendo 16,1%, alcançando US$ 21,5 bilhões. As balanças também positivas dos produtos minerais não metálicos e dos bens da construção naval, embora menores do que em 2016, ajudaram a faixa de média-baixa intensidade a permanecer superavitária, dados não só o déficit dos derivados de petróleo refinado e afins, mas também o dos produtos plásticos e de borracha (saldo negativo de US$ 1,9 bilhão)
Atendo-se ao quarto trimestre de 2017, as exportações de gêneros típicos da indústria de média-baixa intensidade tecnológica declinaram 6,3% frente a igual período de 2016, ficando em US$ 7,6 bilhões. As importações, a seu turno, cresceram 40,6%. Mesmo com esse expressivo aumento das aquisições externas, a balança comercial do trimestre em pauta ficou superavitária, US$ 43 milhões.
As vendas para o exterior de produtos de petróleo refinado e afins aumentaram 22,0% no terceiro trimestre frente a igual período de 2016, atingindo US$ 446 milhões. Mas suas importações aumentaram em 75,2%, significando que o País importou US$ 3,6 bilhões desses itens em outubro-dezembro. Com isso, o déficit atingiu de US$ 3,2 bilhões no período em questão, bem acima do déficit de US$ 1,7 bilhão do quarto trimestre de 2016.
Este aumento no déficit em produtos de petróleo refinado e afins foi mais do que contrabalançado pelo incremento no superávit em produtos metálicos. De fato, o superávit de produtos metálicos chegou a US$ 3,6 bilhões. Foi o único ramo do segmento de média-baixa intensidade cuja balança melhorou no contraponto entre o quarto trimestre de 2017 e o de 2016. Suas exportações cresceram 30,9% no mesmo confronto, alcançando US$ 6,0 bilhões. As importações também se ampliaram, variação de 19,4%, mas sem fazer frente ao montante exportado.
Passando para os de itens de menor expressão dessa faixa, os produtos de minerais não-metálicos lograram superávit de US$ 128 milhões. Suas exportações declinaram 0,9%, ficando em US$ 470 milhões no último quarto de 2017. Já as importações cresceram, 25,4%, reduzindo o superávit no contraponto entre outubro-dezembro de 2017 e o mesmo trimestre do ano anterior.
O intercâmbio de embarcações, navios etc. registrou déficit de US$ 44 milhões no trimestre em pauta, contrastando bastante com o superávit de US$ 2,0 bilhões registrado no mesmo período de 2016. Em outubro-dezembro de 2017, o Brasil exportou apenas US$ 6 milhões desses itens. Mais expressivo ainda foi o déficit de US$ 523 milhões dos produtos plásticos e de borracha, cujas exportações até se ampliaram na comparação entre outubro-dezembro de 2017 e igual trimestre de 2016, 11,2%, chegando a US$ 694 milhões. Contudo suas importações cresceram 17,7%.
Bens de baixa intensidade tecnológica
As vendas externas de bens oriundos de atividades de baixa intensidade tecnológica cresceram 6,6% em 2017, a segunda alta seguida, encerrando o ano em US$ 55,4 bilhões. Assim, esse segmento logrou superávit de US$ 40,1 bilhões, o maior desde 2013. As importações cresceram até mais, 15,9%, mas encima de um patamar baixo, perfazendo US$ 15,2 bilhões. Os ramos mais intensivos em recursos naturais puxaram tanto as exportações quanto o superávit. As vendas externas dos produtos industriais alimentícios, bebidas e tabaco aumentaram 6,1%, chegando a US$ 39,2 bilhões. Esse desempenho propiciou superávit de US$ 31,9 bilhões, superando o de 2016, mesmo com o incremento de 15,4% nas importações desses itens. Já o intercâmbio de bens industriais madeireiros e seus derivados, incluindo produtos de papel, celulose e impressos apresentou saldo positivo de US$ 9,7 bilhões, puxado pelo aumento de 16,4% nas exportações, que alcançou o patamar recorde de US$ 11,0 bilhões.
Quanto aos dois ramos dessa faixa caracterizados por serem mais intensivos em trabalho, suas exportações estagnaram ficando ligeiramente abaixo do registrado em 2016. O conjunto dos artigos têxteis, de vestuário, de couro e calçados registraram déficit de US$ 901 milhões, tendo exportado US$ 4,2 bilhões. Já os produtos manufaturados não especificados noutras atividades e reciclados tiveram saldo negativo de US$ 663 milhões, com vendas externas de US$ 1 bilhão.
Especificamente no quarto trimestre de 2017, o País exportou 5,6% a mais dos bens tipicamente oriundos desse segmento de intensidade tecnológica, somando US$ 13,7 bilhões, superando as exportações conjuntas das faixas de alta e de média-alta. Quanto às importações, cresceram até mais, 10,9%, no entanto a partir de uma base baixa. Desse modo, obteve-se superávit de US$ 9,8 bilhões. Apesar dessa grandeza e do saldo positivo na faixa de média-baixa, a balança dos bens da indústria de transformação ainda ficou deficitária no último quarto do ano.
O saldo positivo do grupamento de bens em questão tem decorrido sobretudo da balança dos produtos industriais de alimentação, bebidas e fumo, cujo superávit atingiu US$ 7,6 bilhões. Representou uma melhora frente a igual trimestre de 2016. Suas vendas externas aumentaram 4,2% em relação ao mesmo período de 2016, atingindo US$ 9,4 bilhões. As importações ficaram estáveis, variação de 0,3%, ficando em US$ 1,8 bilhão.
O intercâmbio de produtos do segmento madeireiro, de papel e celulose, impressão gráfica e afins teve superávit de US$ 2,6 bilhões em outubro-dezembro, sendo o melhor resultado da série iniciada em 1989 para outubro-dezembro. Suas exportações cresceram 16,4%, o suficiente para também galgar novo patamar recorde de US$ 3,0 bilhões. No tocante às importações, cresceram 2,9%.
Passando para os dois outros agrupamentos de bens típicos da indústria de baixa intensidade, ambos registraram déficit e decréscimo nas exportações no quarto trimestre. As exportações de produtos diversos ou reciclados retrocederam 4,7%, ficando em US$ 273 milhões. Suas importações aumentaram 30,2%. Esse ramo ficou com déficit de US$ 192 milhões. Quanto aos artigos das indústrias têxtil, de vestuário, couro e calçados, suas vendas externas declinaram também 4,7% no contraponto entre quarts trimestres, com o Brasil exportando US$ 1,0 bilhão. Já suas importações, cresceram 25,0%. Com isso, registrou déficit de US$ 285 milhões. Trimestre a trimestre, as taxas da comparação com igual período do ano anterior salientam uma recuperação mais forte das importações do que das vendas para fora do País.