Carta IEDI
Ampliação do déficit da indústria de alta e média alta intensidade tecnológica no início de 2018
No primeiro trimestre de 2018, a balança comercial registrou superávit de US$ 14,0 bilhões, ligeiramente menor que o patamar recorde para janeiro-março, logrado em 2017. Embora as exportações, de US$ 54,4 bilhões, estejam distantes de patamares antes atingidos, representaram um acréscimo frente ao obtido no mesmo período do ano anterior e até frente ao trimestre imediatamente anterior. Já as importações também se encontram aquém do que já alcançaram em janeiro-março de outros anos, mas aumentaram no confronto com o quarto inicial de 2017.
Assim, coube aos demais bens, mormente agropecuários e da extração mineral, propiciar o expressivo superávit comercial no acumulado até março. Seu resultado positivo foi de US$ 16,5 bilhões, puxado por vendas externas de US$ 54,4 bilhões. Todavia, embora expressivo, o superávit dos demais bens ficou aquém do observado em 2017, explicando em larga medida o saldo menor da balança como m todo.
No caso dos bens tipicamente produzidos pela indústria de transformação, seu saldo ficou praticamente estável, com discretíssimo acréscimo no déficit, ficando em US$ 2,5 bilhões. Na série iniciada em 1989, os produtos típicos da indústria de transformação experimentaram superávit no primeiro trimestre nos anos de 1989 a 1994 e nos anos de 2002 a 2007.
No trimestre inicial de 2018, as exportações cresceram 12,6%, galgando US$ 33,9 bilhões. Isso, contudo, se deu com a contribuição de uma plataforma de petróleo no valor de US$ 1,5 bilhão, que além de excepcional consiste em uma exportação meramente contábil. Sem esta operação, as vendas externas da indústria de transformação teriam avançado 7,6% contra o primeiro trimestre de 2017. De todo modo, manteve-se o quadro de aumento persiste dessas exportações que vem ocorrendo desde o segundo trimestre de 2016.
Já as importações cresceram 11,8% no conjunto dos três primeiros meses de 2018, isto é, em um ritmo equivalente ao das vendas externas, mas acima dele se desconsiderada a virtual exportação da plataforma de petróleo. Ademais, trimestre a trimestre na comparação interanual, o que se verifica é que a reativação do crescimento da economia brasileira vem sendo acompanhada pela retomada das importações da indústria de transformação desde o primeiro trimestre de 2017, mantendo-se em um ritmo de crescimento de dois dígitos nos últimos dois trimestres de que temos notícia.
Empregando a classificação dos ramos industriais por intensidade tecnológica, segundo a metodologia da OCDE, merecem destaque alguns aspectos do desempenho do comércio exterior da indústria de transformação:
• A indústria de alta intensidade tecnológica registrou déficit de US$ 5,0 bilhões até março de 2018, implicando elevação de 4,1% frente a igual período de 2017. A ampliação do déficit ocorreu mesmo com as exportações crescendo 12,7%. Os produtos da indústria aeronáutica tiveram seu superávit (US$ 1,3 bilhão) reforçado, pelas exportações (+19,3%). Não fosse isso, o déficit da alta intensidade teria avançado ainda mais. Todos seus demais componentes (complexo eletroeletrônico e indústria farmacêutica) ampliaram fortemente seus déficits em função de avanços consideráveis em suas importações.
• A faixa de média-alta intensidade, cujo saldo é tradicionalmente negativo, assim como a alta intensidade, teve seu déficit elevado em 16,4% frente ao primeiro trimestre de 2017 (para US$ 7,3 bilhões). Tal resultado ocorreu com aumento de 10,2% em suas exportações, que a despeito do ritmo confortável de crescimento, segue em desaceleração, e de 12,8% em suas importações. A maioria dos seus segmentos, como veículos automotores, reboques e semi-reboques, máquinas e equipamentos elétricos e produtos químicos aumentaram suas exportações, mas de modo menos acentuado desde meados do ano passado. Do lado das importações, todos apresentaram crescimento, com destaque para a aceleração de veículos e máquinas e equipamentos elétricos e mecânicos.
• A indústria de média-baixa intensidade tecnológica, por sua vez, obteve superávit de US$ 1,0 bilhão no quarto inicial de 2018, em contraste com o déficit experimentado em igual trimestre de 2017. Essa melhora expressiva decorreu do incremento de 35,6% em suas exportações (US$ 9,3 bilhões), em grande medida devido à exportação contábil da plataforma de petróleo. Já suas importações cresceram 17,7%. Tais números refletem dois principais segmentos: derivados do petróleo, combustíveis e afins, cujas exportações cresceram 44,2%, mas sem impedir o aumento no déficit; e produtos metálicos, que lograram superávit de US$ 3,0 bilhões, só 1,3% maior que o do primeiro trimestre de 2017.
• Quanto à indústria de baixa intensidade tecnológica, como de costume, registrou o maior superávit dentre as quatro faixas do primeiro trimestre (US$ 8,7 bilhões), no mesmo patamar que em início de 2017. Suas exportações cresceram (+1,9%), porém abaixo de suas importações (+6,4%). Os destaques nas vendas externas foram a alta expressiva de madeira, papel e celulose (+35,6%) e o declínio de alimentos, bebidas e tabaco (-6,2%). Pelo lado das importações, nota-se crescimento expressivo de tecidos, couro e calçados desde o começo de 2017, atingindo no primeiro trimestre de 2018 a marca de +22,1% frente a igual período do ano anterior.
Apesar do superávit ligeiramente menor do que no primeiro quarto de 2017, o início de 2018 registrou incremento exportador digno de nota, capaz de arrefecer o impacto do ímpeto importador gerado pelo restabelecimento do nível geral da atividade econômica do país. Por sorte, o cenário externo deve continuar ajudando nossas exportações. Segundo as projeções mais recentes do FMI, divulgadas agora em abril, a economia mundial crescerá em 2018 tanto quanto em 2017 e o comércio internacional será ainda mais dinâmico (+5,1%).
Riscos, contudo, não faltam. No plano doméstico, o ano eleitoral em conturbado cenário político pode vir acompanhado de acentuada volatilidade cambial, dificultando as atividades exportadoras e encarecendo importações. No plano externo, a postura mais protecionista dos EUA e o aumento das tensões políticas podem frustrar as expectativas para o desempenho do comércio internacional e impor desafios adicionais à inserção exportadora brasileira.
Bens típicos da indústria de transformação e a balança comercial
No primeiro trimestre de 2018, a balança comercial registrou superávit de US$ 14,0 bilhões, um pouco aquém do logrado no mesmo período de 2017, US$ 14,4 bilhões, quando atingiu o recorde para janeiro-março. Assim, nos últimos três anos, o primeiro quarto ficou superavitário, em contraste com o déficit nos anos de 2013 a 2015 para igual período.
A ligeira redução do saldo foi acompanhada por uma pequena deterioração no resultado dos produtos tipicamente oriundos da indústria de transformação, ficando em US$ 2,5 bilhões. Se as exportações desses produtos cresceram 12,6%, atingindo US$ 33,9 bilhões, as importações aumentaram 11,8%, chegando a US$ 36,5 bilhões. Aliás, embora tenham crescido, as vendas para o exterior ainda ficaram aquém do patamar observado em igual período de 2011, 2012 e de 2013.
O menor superávit decorreu do menor saldo positivo dos demais bens, especialmente aqueles provenientes da agropecuária e pesca e da extração mineral. As vendas externas dos demais bens ficaram praticamente estáveis, taxa de 0,6%. Já as aquisições do exterior em dólares correntes cresceram 15,0%.
A balança por intensidade tecnológica
Considerando a classificação adotada pela OCDE para a indústria de transformação segundo a intensidade tecnológica, pode-se esmiuçar os fluxos comerciais do País. São quatro faixas da indústria de transformação: de alta intensidade, de média-alta, média-baixa e de baixa intensidade tecnológica. A tabela abaixo traz o detalhamento das mesmas.
O intercâmbio externo de bens produzidos por atividades tidas pela OCDE como de alta intensidade tecnológica teve déficit de US$ 5,0 bilhões até março do ano, maior do que no mesmo trimestre de 2017 e de 2016, mas abaixo dos déficits registrados nos seis anos anteriores. O déficit maior ocorreu mesmo com as exportações tendo crescido 12,7% frente ao primeiro trimestre do ano passado, chegando a US$ 2,4 bilhões. Os produtos da indústria aeronáutica permanecem como os únicos superavitários dessa faixa, logrando até saldo maior do que em janeiro-março de 2017, puxado pelo incremento de suas exportações.
A faixa de média-alta intensidade apresentou saldo negativo de US$ 7,3 bilhões, o maior déficit dentre as quatro e com magnitude maior do que a registrada em igual período de 2017 e de 2016. Tal resultado ocorreu com aumento de 10,2% na exportação. O País exportou US$ 9,3 bilhões desses bens, mas as importações cresceram 12,8%. Esta faixa engloba os materiais de transporte terrestres, parte expressiva dos bens de capital, além de produtos químicos. Nela, as exportações de produtos químicos, da indústria de equipamentos mecânicos e não especificados noutros segmentos e da indústria automotiva cresceram. No caso desse último (veículos automotores, reboques e semi-reboques), a balança comercial apresentou superávit no trimestre inicial do ano, a exemplo de 2017, embora com grandeza menor.
Quanto aos produtos tipicamente originários da indústria de média-baixa intensidade tecnológica, obtiveram superávit de US$ 1,0 bilhão no quarto inicial de 2018, contrastando com o déficit experimentado em igual trimestre do ano passado. Essa melhora expressiva decorreu do incremento de 35,6% em suas exportações, que atingiram US$ 9,3 bilhões. As importações, por sua vez, cresceram 17,7%. Tais números refletem o desempenho nos fluxos comerciais de seus dois principais tipos de bens: derivados do petróleo, combustíveis e afins; e produtos metálicos, com destaque para commodities industriais.
Passando ao grupo dos bens típicos das atividades de baixa intensidade tecnológica, como de costume, obteve o maior superávit dentre as quatro faixas do primeiro trimestre, de US$ 8,7 bilhões, ligeiramente abaixo do observado em igual período de 2017, quando alcançou saldo positivo recorde para janeiro-março. As exportações aumentaram 1,9% em relação ao mesmo período de 2017, totalizando US$ 13,0 bilhões. Já as importações, cresceram 6,4%. Tal conjunto de bens encampa grosso modo dois tipos de mercadorias: aquelas cujos processos produtivos utiliza intensivamente recursos naturais abundantes no Brasil; e bens cuja produção são intensivas em recursos humanos. As vendas externas de alimentos industrializados, bebidas e fumo – principal item da balança indústria do País – declinaram frente a janeiro-março de 2017. Foram os produtos das indústrias madeireira, de papel, celulose e afins que ampliaram as exportações da faixa de baixa intensidade tecnológica.
Bens de alta intensidade tecnológica
O conjunto de bens produzidos pelas atividades intensivas em tecnologia teve déficit de US$ 5,0 bilhões em janeiro-março, acima do observado no ano anterior. Embora suas exportações tenham crescido 12,7%, chegando a US$ 2,4 bilhões, as importações atingiram US$ 7,4 bilhões, expansão de 6,8%.
Os equipamentos aeronáuticos e aeroespaciais conformaram o único grupo dessa faixa a obter superávit, de US$ 1,3 bilhão, saldo recorde para primeiro trimestre. Na comparação com igual período do ano passado, o Brasil exportou 19,3% mais desses equipamentos, ficando em US$ 1,7 bilhão. As importações, a seu turno, declinaram 59,8%.
Os três ramos de bens típicos do complexo eletrônico, como tem sido a tônica, concorreram sobremaneira para o déficit dos produtos da indústria de alta intensidade tecnológica. Dos três o de aos equipamentos de áudio, vídeo e telecomunicações (inclusive componentes eletrônicos) foi aquele cujas exportações declinaram, variação de -8,2%, ficando em apenas US$ 122 milhões. Como as importações cresceram 11,6%, o desempenho reforçou a condição de ramo mais deficitário dessa faixa, apresentando saldo negativo de US$ 2,1 bilhões. Os outros dois registraram vendas maiores para o exterior. As exportações de materiais de informática e de escritório cresceram 45,5% em relação a igual período do ano passado. Ainda assim exportou apenas US$ 79 milhões, ficando com déficit de US$ 1,2 bilhão. Quanto ao terceiro segmento do complexo eletrônico, de equipamentos e instrumentos médico-hospitalares, ótico e de precisão, suas exportações cresceram 11,0%, enquanto suas importações, 15,4%. Com isso, seu déficit se ampliou vis-à-vis o mesmo trimestre de 2017, chegando a US$ 1,4 bilhão, ainda que esteja em nível inferior ao registrado em janeiro-março dos anos de 2010 a 2014.
Os produtos farmacêuticos experimentaram saldo negativo de US$ 1,6 bilhão, significando aumento no déficit. Suas exportações caíram de 9,2%, com o Brasil vendendo somente US$ 334 milhões para outros países. As importações, por sua vez, cresceram 14,9%.
Bens de média-alta intensidade tecnológica
As vendas externas de produtos das atividades de média-alta intensidade tecnológica cresceram 10,2% em janeiro-março de 2018 frente a igual período do ano passado, situando-se em US$ 9,3 bilhões. Na série para primeiro trimestre, tal patamar só ficou abaixo do obtido em 2012. As importações também cresceram: 12,8%. Tal combinação de resultados fez com que o déficit se ampliasse em US$ 1 bilhão, atingindo US$ 7,3 bilhões. Assim, continua como a faixa de intensidade tecnológica de maior déficit.
Os produtos químicos (exclusive farmacêuticos) experimentaram variações positivas quer para as exportações – incremento de 3,4% – quer para as importações – aumento de 8,2%. Esses bens continuam tanto com o maior déficit comercial, de US$ 4,8 bilhões, quanto com o maior montante importado, US$ 7,1 bilhões, dentre todos os grupamentos de mercadorias tipicamente produzidos pela indústria de transformação. As exportações ficaram em US$ 2,3 bilhões.
Os equipamentos de transporte fabricados por indústrias de média-alta intensidade tecnológica totalizaram superávit de US$ 211 milhões. Os produtos automobilísticos responderam por tal superávit, atingindo por si só US$ 368 milhões. As exportações de produtos automobilísticos aumentaram 13,5%, galgando US$ 3,8 bilhões, enquanto as importações cresceram 31,1%. Quanto ao grupo dos equipamentos ferroviários e outros de transporte (motocicletas, entre outros), suas exportações caíram 16,7%, com as importações crescendo 3,3%, levando a um resultado negativo de US$ 157 milhões, déficit um pouco maior do que o experimentado em janeiro-março de 2017.
A balança comercial de máquinas e equipamentos mecânicos ou não especificados noutros segmentos e a de máquinas elétricas registraram déficits com incremento nos dois fluxos comerciais. Quanto às máquinas e equipamentos mecânicos ou não especificados noutros ramos, a magnitude do déficit cresceu discretamente, saldo negativo de US$ 1,4 bilhão. Suas exportações cresceram 14,6% no quarto inicial, chegando a US$ 2,5 bilhões, enquanto as importações aumentaram 11,0%. As trocas internacionais de máquinas e equipamentos elétricos registraram déficit praticamente igual, também representando piora relativamente ao mesmo trimestre de 2017. Suas vendas para o exterior cresceram 3,9%, ficando em US$ 594 milhões, com as aquisições externas crescendo 8,0%.
Bens de média-baixa intensidade tecnológica
As exportações de gêneros típicos da indústria de média-baixa intensidade tecnológica aumentaram 35,6% no primeiro trimestre de 2018 vis-à-vis igual período de 2017, alcançando US$ 9,2 bilhões. As importações, também em dólares correntes, cresceram 17,7%. Desse modo, a balança dessa faixa conseguiu um saldo positivo de US$ 1,0 bilhão, contrastando com o déficit de US$ 169 milhões no primeiro trimestre de 2017. Vale lembrar que, para primeiro trimestre, até 2009, essas mercadorias apresentavam saldo positivo, mudando daí até 2015. Em 2016 voltou à condição superavitária, sendo que em 2017, retornou ao déficit.
As relações de troca dos bens típicos das indústrias de média-baixa intensidade tecnológica são muito impactadas por dois conjuntos de mercadorias: produtos metálicos, destacando-se a siderurgia; e bens derivados de petróleo refinado, outros combustíveis e afins.
As vendas para o exterior de produtos de petróleo refinado e afins aumentaram 34,2% no primeiro trimestre frente a igual período de 2017, atingindo US$ 917 milhões. Já suas importações, cresceram 17,7%, porém partindo de patamar muito maior, significando que o País importou US$ 4,0 bilhões desses itens. Com isso, o déficit subiu de US$ 2,8 bilhões em janeiro-março de 2017 para US$ 3,1 bilhões em igual período do ano corrente.
Este aumento no déficit em produtos de petróleo refinado e afins quase não foi contrabalançado pelo incremento no superávit em produtos metálicos, mormente da siderurgia, que ficou praticamente estável em US$ 3,0 bilhões. Suas exportações cresceram 11,6%, alcançando US$ 5,6 bilhões. As importações também se ampliaram, variação de 26,6%, mas sem fazer com que o superávit diminuísse.
Passando para os de itens de menor expressão dessa faixa, os produtos de minerais não-metálicos lograram superávit de US$ 140 milhões. Suas exportações cresceram 10,2%, atingindo US$ 520 milhões em janeiro-março último. As importações cresceram ainda mais, 29,7%, o que levou à redução do superávit na comparação com igual trimestre de 2017. É o quarto ano seguido de superávit no primeiro trimestre.
O intercâmbio de embarcações, navios etc. registrou superávit de US$ 1,5 bilhão em janeiro-março de 2018, representando incremento expressivo de sua magnitude. O País exportou praticamente o valor do superávit, tendo importado só US$ 28 milhões.
Ou seja, além de produtos refinados de petróleo, combustíveis e afins, o outro grupo de bens cujo déficit aumentou foi o de produtos de borracha e plásticos, saldo negativo de US$ 598 milhões. Suas exportações declinaram 3,2%, ficando em US$ 631 milhões, mas as importações cresceram 14,5%.
Bens de baixa intensidade tecnológica
No trimestre inicial de 2018, o País logrou exportar exportou 1,9% mais dos bens tipicamente oriundos de ramos de baixa intensidade tecnológica, atingindo US$ 13,0 bilhões, patamar recorde para tal período do ano e superior às exportações conjuntas das faixas de alta e média-alta intensidade. Quanto às importações, cresceram até mais, 6,4%, todavia a partir de uma base baixa. Ainda assim, foi o suficiente para que o saldo comercial não ampliasse, ficando com superávit US$ 10 milhões a menos do que em janeiro-março de 2017 (ano de superávit recorde para primeiro trimestre), ficando em US$ 8,7 bilhões. Apesar de sua expressão e do superávit da faixa de média-baixa, os mesmos não foram o suficiente para contrabalançar o déficit das faixas mais intensivas em tecnologia, ficando deficitária a balança de bens típicos da indústria de transformação.
O saldo positivo do grupamento de bens em questão decorre sobretudo da balança dos produtos industriais de alimentação, bebidas e fumo, cujo superávit atingiu US$ 6,6 bilhões. Todavia, tal superávit ficou aquém do observado em janeiro-março do ano anterior, assim como de 2013 e de 2014. Suas vendas externas, aliás, caíram 6,2% em relação a igual período de 2017, ficando em US$ 8,4 bilhões. As importações retrocederam ainda mais, 7,6%, ficando em US$ 1,8 bilhão.
O intercâmbio de produtos do segmento madeireiro, de papel e celulose, impressão gráfica e afins teve superávit de US$ 3,0 bilhões nesse início de ano, sendo o melhor resultado da série iniciada em 1989 para acumulado até março. Suas exportações cresceram significativamente, 35,6%, galgando novo patamar recorde em dólares correntes para janeiro-março. Quanto às importações, estas cresceram 14,7%.
Os dois outros conjuntos de bens típicos da indústria de baixa intensidade têm registrado déficit nos últimos anos. As exportações produtos diversos ou reciclados cresceram 9,5%, enquanto as aquisições do exterior aumentaram 19,4%. Esse ramo ficou com déficit de US$ 175 milhões. De modo distinto, as exportações de artigos das indústrias têxtil, de vestuário, couro e calçados sofreram retração de 10,2%, com o País exportando US$ 939 milhões. Quanto a suas importações, cresceram 22,1%. Com isso, o déficit aumentou para US$ 656 milhões, enquanto em janeiro-março de 2017, o déficit foi de US$ 260 milhões.
Esses agrupamentos de bens logo acima se distinguem daqueles superavitários dessa mesma faixa. Os artigos têxteis, de vestuário, calçados e artigos de couro são intensivos em mão-de-obra, em que pese parcela deles ser susceptível a estratégias de diferenciação de produtos. Já os processos produtivos daqueles das indústrias de alimentos, bebidas, madeireiras utilizam mais intensivamente recursos naturais, nos quais o Brasil é reconhecidamente abundante.