Análise IEDI
Crescimento baixo, mas generalizado
A evolução da indústria de transformação mundial no terceiro trimestre de 2016 se manteve fraca e não mostrou indícios de que vai melhorar no curto prazo. Segundo o relatório da UNIDO, a taxa de crescimento da produção de manufaturas foi de 2,4% em julho-setembro de 2016 em comparação a igual período do ano anterior, com ajuste sazonal. Porém, os arranjos políticos das relações transatlânticas podem gerar perturbações na trajetória do setor no curto e médio prazos.
Economias industrializadas de grande peso na produção mundial de manufaturas, como EUA, Japão e Alemanha continuaram apresentando baixo crescimento econômico e a expansão da indústria de transformação permanece desacelerando. Assim, a produção de manufaturas nas economias industrializadas aumentou somente 0,6% no terceiro trimestre de 2016 frente ao mesmo período de 2015.
Em contrapartida, houve crescimento de 4,7% nas economias em desenvolvimento e emergentes, puxado pela indústria chinesa. A produção da indústria de transformação da China aumentou 6,9% em julho-setembro de 2016 versus igual período de 2015, mas vem se desacelerando ininterruptamente desde o final de 2013. Segundo a UNIDO, além da fraca demanda global, a questão da desaceleração da indústria chinesa reside principalmente no seu setor de metais básicos.
Outras economias em desenvolvimento, a seu turno, não tiveram resultados tão expressivos. A queda no preço das commodities, o recuo da demanda global e turbulências domésticas comprometeram os desempenhos da África (0,5% frente ao terceiro trimestre de 2015) e, sobretudo, da América Latina (-2,0%). Nesta última região, o Brasil (-5,0%) liderou a queda, seguido por Argentina e Chile. Em direção oposta, México, Colômbia e Peru apresentaram crescimento.
Em termos setoriais, os resultados positivos foram disseminados na comparação do terceiro trimestre de 2016 com igual período de 2015. Os melhores resultados vieram dos setores de alta e média intensidade tecnológica, como veículos automotores (6,3%), produtos eletrônicos (4,6%) e farmacêuticos (3,4%).
Quando analisado por grupo de países, o cenário positivo não é tão generalizado nas economias industrializadas, onde 10 dos 23 setores de transformação industrial tiveram declínio na produção. Já nas economias em desenvolvimento e emergentes, somente tabaco não assinalou crescimento, sendo que os setores com melhor desempenho, foram justamente os de média e alta intensidade tecnológica, que incrementaram a média mundial.
A indústria de transformação mundial no terceiro trimestre de 2016. Segundo o relatório da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) referente ao terceiro trimestre de 2016, a evolução da indústria de transformação mundial se manteve fraca e não há evidências de que vai melhorar no curto prazo. A taxa de crescimento da produção de manufaturados foi de 2,4% em julho-setembro de 2016 em comparação à igual período do ano anterior. Porém, existem riscos permeando os arranjos políticos das relações transatlânticas que podem perturbar a trajetória do setor no curto e médio prazos.
Respondendo ao baixo crescimento da indústria de transformação, empresas e Estados introduziram reformas estruturais, cujos resultados ainda vão demorar para serem sentidos. Economias industrializadas de grande peso na produção mundial de manufaturas, como EUA, Japão e Alemanha, continuam apresentando baixo crescimento econômico e a expansão da indústria de transformação apresenta desaceleração.
Assim, de um lado a produção da indústria de transformação das economias industrializadas aumentou somente 0,6% no terceiro trimestre de 2016 relativamente ao mesmo período de 2015 – sendo que os países desse grupo localizados na América do Norte assinalaram quase estabilidade já que a elevação foi de somente 0,1%, no caso do Leste Asiático, de 0,8% e na Europa, de 1,1%.
Por outro lado, a taxa de variação da produção de manufaturas nas economias em desenvolvimento e emergentes foi de 4,7% em igual comparação, sendo que a maior parte das regiões apresentou crescimento, exceto a América Latina (-2,0%).
Comparativamente a abril-junho de 2016, em julho-setembro a produção mundial de manufaturados cresceu apenas 0,6%, sendo que nas economias industrializadas a variação foi de 0,4% e nas economias em desenvolvimento e emergentes, de 0,9%. Ao longo do ano, este indicador trimestral ficou estável e pouco volátil no caso mundial, devido a ritmos de crescimento relativamente estáveis nos dois primeiros trimestres de 2016. Nota-se, porém, no terceiro trimestre ligeira aceleração nas economias industrializadas (0,1%; 0,0%; 0,4% nos primeiro, segundo e terceiro trimestres, respectivamente) e desaceleração no grupo de economias em desenvolvimento e emergentes (1,2%; 1,3%; 0,9%).
Países desenvolvidos. A elevação de 1,1% na produção manufatureira da Europa e de 1,3% na Zona do Euro no terceiro trimestre de 2016 em relação ao mesmo período de 2015, contou com resultados positivos na maior parte dos países: Itália (2,8%), Holanda (2,2%), Chipre (2,2%), Grécia (2,2%), Portugal (1,5%) e Irlanda (1,2%). A Alemanha (1,0%), motor industrial da região, assinalou crescimento mais fraco, enquanto a indústria de transformação da França ficou estagnada (0%). Após o Brexit a produção manufatureira do Reino Unido caiu 0,5%. O Leste Europeu, por sua vez, continuou assinalando crescimento vigoroso (Polônia 4,6%, Romênia 4,6%, Bulgária 4,1% e Sérvia 4,9%), exceto a Rússia (0,7%).
A produção da indústria de transformação dos países industrializados da América do Norte cresceu pouco, somente 0,1% em julho-setembro de 2016 em relação a julho-setembro de 2015 por conta dos EUA, já que a canadense cresceu 1,0%.
Já no Leste Asiático, o resultado de 0,8% de crescimento no terceiro trimestre de 2016 se deveu à melhora do Japão (0,5%), influenciada pela indústria automotiva, mas também pelos aumentos de 3,9% da fabricação de manufaturas na Malásia, de 0,9% na Coreia do Sul e de 1,2% em Singapura – associados aos setores de eletrônicos e instrumentos óticos.
Países em desenvolvimento e emergentes. A produção da indústria de transformação nos países em desenvolvimento e industriais emergentes no terceiro trimestre de 2016 em relação ao mesmo trimestre de 2015 (4,7%), com ajuste sazonal, continua sendo movida pela China, que assinalou alta de 6,9% mas segue desacelerando sem interrupções desde o final de 2013. Segundo a UNIDO, além da fraca demanda global, a questão da desaceleração da indústria chinesa reside principalmente no seu forte setor de metais básicos. Entretanto, o relatório sugere que o ritmo de crescimento da indústria chinesa deve se estabilizar e que o país vem se mostrando resiliente a choques externos. No restante da Ásia em desenvolvimento (6,3%), destaca-se o crescimento de dois dígitos da indústria de transformação vietnamita, mas também as altas de produção da Indonésia (5,5%), Arábia Saudita (4,4%) e Índia (0,9%).
As outras regiões das economias em desenvolvimento, todavia, não tiveram resultados tão expressivos. A queda no preço das commodities, o recuo da demanda global e turbulências domésticas comprometeram os desempenhos da África (0,5% em julho-setembro de 2016 em relação ao mesmo trimestre de 2015) e, sobretudo, da América Latina (-2,0%). Nesta última região, o Brasil liderou a queda, assinalando -5,0% na comparação trimestral da indústria de transformação. Argentina e Chile também apontaram variação negativa na produção de manufaturas, mas México (1,2%), Colômbia (2,7%) e Peru (2,05) lograram crescimento.
Setores. A maior parte dos setores da indústria de transformação apontou variação positiva no terceiro trimestre de 2016 relativamente a igual período de 2015, com ajuste sazonal. Este foi principalmente o caso dos setores de alta e média intensidade tecnológica: veículos automotores (6,3%), produtos eletrônicos (4,6%) e farmacêuticos (3,4%). Em contraste, tabaco registrou queda de -8,0%, publicação e impressão de -1,0% e coque e petróleo refinado de -0,1%.
Nas economias industrializadas, entre julho e setembro de 2016 frente ao mesmo período de 2015, declinaram 10 dos 23 setores da indústria de transformação, destacando-se produtos do tabaco (-10,4%), metais básicos (-1,5%), produtos de metal (1,4%) e impressão (-1,4%). Já nas economias em desenvolvimento e emergentes, somente tabaco não assinalou crescimento, sendo que os setores com melhor desempenho no terceiro trimestre, em escalada durante o ano, foram veículos automotores (11,8%), equipamentos de escritório, computação e contabilidade (9,4%) e produtos farmacêuticos (7,0%).