Análise IEDI
Destaque para São Paulo
A indústria brasileira voltou a crescer em novembro, mas como já alertamos anteriormente, esse resultado deve ser ponderado por ter sido muito baixo (0,2% na série com ajuste) e também por ter atingido pouco mais da metade dos ramos industriais pesquisados (13 de 24). Os dados divulgados hoje exigem uma ponderação adicional, qual seja, o pequeno número de localidades com crescimento no referido mês.
Das 14 localidades acompanhadas pelo IBGE apenas 5 (Pará, Minas Gerais, Amazonas, Paraná e São Paulo) apresentaram resultados positivos na comparação frente a outubro, na série com ajuste sazonal. Esse é mais um sinal de que o quadro da indústria no final de 2016 deixou muito a desejar, mesmo quando, à primeira vista, o resultado geral possa sugerir o oposto.
Vale ressaltar, contudo, que dentre os que conseguiram crescer na margem está São Paulo (+1,6% frente a out/16), o que não deixa de ser uma boa notícia, por se tratar do mais importante parque industrial do país.
Nesse sentido, São Paulo “salvou” o resultado geral da indústria brasileira para novembro, logrando até mesmo uma variação positiva (+1,3%) frente a igual mês do ano anterior, algo não acontecia desde fevereiro de 2014, ou seja, nos últimos 32 meses. É verdade que isso não foi suficiente para tirar do vermelho a indústria do Brasil como um todo nesta comparação (-1,1%), mas garantiu que em novembro apresentasse a menor taxa de declínio desde março de 2014.
Entretanto, como o desempenho da indústria paulista tem sido volátil nos últimos quatro meses, não se pode descartar a hipótese de um retorno ao negativo no mês de dezembro. A contar pelo resultado do bimestre formado por outubro e novembro, frente a igual período de 2015, há chances de não haver arrefecimento adicional das perdas no último trimestre de 2016.
Um panorama para o ano a partir dos resultados dos três trimestres de 2016 e do bimestre de outubro e novembro – ver abaixo – mostra que, além de São Paulo, outras localidades como Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul reduziram muito seus patamares de queda registrados na primeira metade do ano, mas encontram nos últimos meses de 2016 alguma dificuldade para continuar esse movimento.
Sempre frente ao mesmo período do ano anterior, os dados a seguir mostram a variação da produção industrial por trimestre:
• São Paulo: -13,8% no primeiro trimestre, -3,7% no segundo trimestre, -1,7% no terceiro trimestre e -2,9% em out-nov
• Minas Gerais: -12,0%, -5,5%, -3,8% e -6,2%, respectivamente;
• Santa Catarina: -8,4%, -3,4%, -1,0% e -3,3%;
• Rio Grande do Sul: -6,6%, -3,0%, -4,3% e -3,1%;
• Paraná: -8,6%, -7,5%, -4,1% e +1,9%;
• Rio de Janeiro: -10,1%, -6,4%, -3,0% e +5,1%;
• Amazonas: -21,3%, -11,6%, -7,7% e -2,3%.
Outras localidades, por sua vez, mostram mais claramente a manutenção de uma trajetória de moderação das perdas, como no Amazonas. No caso do Paraná e do Rio de Janeiro já é possível aventar um retorno ao crescimento no último trimestre do ano.
Por fim, a situação parece mais complicada para a indústria do Nordeste como um todo, onde não há sinais consistentes de arrefecimento das taxas de declínio, e sobretudo para Mato Grosso e Goiás, cujas quedas têm se aprofundado, ultrapassando dois dígitos no bimestre out-nov/16 (-11,4% e -14,5%, respectivamente).
Na passagem de outubro para novembro, a partir de dados dessazonalizados, a produção industrial brasileira cresceu 0,2%. Houve expansão em 5 dos 14 locais pesquisados. As variações positivas mais intensas foram registradas pelos estados do Pará (6,6%), Minas Gerais (5,9%) e Amazonas (4,4%), seguidos por Paraná (2,4%) e São Paulo (1,6%). Em contrapartida, a produção industrial caiu na Região Nordeste (-5,2%), devido a Pernambuco (-4,9%), Bahia (-2,1%) e Ceará (-1,9%), em Goiás (-1,6%), Rio de Janeiro (-1,2%), Rio Grande do Sul (-0,8%) e no Espírito Santo (-0,5%).
Frente ao mesmo mês do ano passado, a retração da produção industrial nacional foi de 1,1%, com 9 dos 15 locais pesquisados registrando variações negativas. As maiores quedas nesta comparação vieram de Goiás (-16,6%), Pernambuco (-6,4%), Bahia (-5,4%), Espírito Santo (-4,5%) e Ceará (-4,4%), seguidos pela Região Nordeste (-3,3%), Santa Catarina (-1,8%), Rio Grande do Sul (-1,7%) e Minas Gerais (-0,3%). Os estados do Pará (9,8%), Paraná (6,2%), Rio de Janeiro (4,8%), Amazonas (4,3%), São Paulo (1,3%) e Mato Grosso (0,3%) responderam pelas variações positivas do indicador.
No acumulado do ano até o mês de novembro, 14 dos 15 locais tiveram retração em seus índices, capitaneados por Espírito Santo (-20,3%), Amazonas (-11,7%), Pernambuco (-10,8%) e Goiás (-8,8%). Também apresentaram queda, porém em menor intensidade: Minas Gerais (-6,8%), São Paulo (-5,6%), Paraná (-5,1%), Ceará (-4,8%), Bahia (-4,7%), Rio de Janeiro (-4,5%), Rio Grande do Sul (-4,4%), Santa Catarina (-4,0%), região Nordeste (-3,4%) e Mato Grosso (-1,1%). A única oscilação positiva foi registrada no estado do Pará (9,3%).
São Paulo. Na comparação com mês de outubro, a indústria paulista cresceu 1,6%, a partir de dados dessazonalizados. Frente a novembro de 2015, a alta foi de 1,3%, devido a 9 das 18 atividades acompanhadas pelo IBGE, que apontaram taxas positivas, com destaque para o setor de veículos automotores, reboques e carrocerias (19,3%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (26,5%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (13,2%), e outros produtos químicos (4,8%). Também apresentaram alta na produção o setor de produtos alimentícios (2,5%) e de celulose, papel e produtos de papel (5,2%). Em sentido oposto, os impactos negativos mais importantes vieram dos setores de coque, produtos derivados de petróleo (-10,7%), de outros equipamentos de transporte (-22,6%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-13,4%) e de metalurgia (-10,5%).
Minas Gerais. Frente a outubro de 2016, a produção industrial mineira avançou 5,9%, livre de efeitos sazonais. Em comparação a novembro de 2015, a variação foi negativa em 0,3%, com 5 das 13 atividades pesquisadas apresentado queda. Dentre os destaques negativos, encontram-se o setor de produtos alimentícios (-10,3%), produtos de metal (-14,0%), bebidas (-7,2%) e metalurgia (-0,8%). Em sentido contrário, os setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (8,7%), de indústrias extrativas (2,4%), de celulose, papel e produtos de papel (49,9%) e de máquinas e equipamentos (33,2%) foram responsáveis pelas principais contribuições positivas sobre o total da indústria.