Análise IEDI
Exportações de manufaturados também são destaque
O saldo da balança comercial no acumulado dos três primeiros trimestres de 2017 atingiu um superávit de US$ 53,3 bilhões, uma marca 50% maior do que aquele registrado em igual período de 2016 (US$ 36,2 bilhões). Só no mês de setembro o saldo foi positivo em US$ 5,2 bilhões (+35,8% ante set/16), decorrente de exportações de US$ 18,7 bilhões (+18,1%) e de importações de US$ 13,5 bilhões (+12,5%).
Em 2017, o comércio internacional, que segundo a OMC deve voltar a ficar acima do crescimento do PIB mundial em 2017 (+3,6% contra +2,8%), tem dado sua contribuição à redinamização da economia brasileira. As vendas externas do país mantiveram crescimento de dois dígitos ao longo dos três trimestres do ano, como mostram abaixo as variações interanuais da média por dia útil. Setembro foi um mês de destaque, pois a alta das exportações por dia útil chegou a 24% ante set/16, a segunda melhor marca do ano.
• Exportações totais: +21,0% no 1º trim/17; +19,3% no 2º trim/17 e +17,9% no 3º trim/17;
• Exportações de básicos: +35,8%; +22,9% e +26,5%, respectivamente;
• Exportações de semimanufaturados: +11,3%; +23,9% e +7,8%;
• Exportações de manufaturados: +8,5%; +12,8% e +13,4%.
Em função da elevação dos preços de commodities ao longo de 2016 e novamente entre maio e setembro de 2017, as taxas mais expressivas de crescimento cabem às exportações de básicos. No acumulado do ano até setembro, medida pela média por dia útil, a alta chegou a 26,9%. O resultado de +36,7% em setembro de 2017 contra igual mês de 2016 sugere que este movimento não perdeu força.
Mas não são apenas os básicos que vêm se destacando. As exportações de manufaturados apresentam uma trajetória bastante favorável em 2017, com direito a alguma aceleração trimestre após trimestre. Tomada a média por dia útil, com ajuste sazonal, o nível de exportações de manufaturados de setembro último é quase 12% superior àquele de dezembro do ano passado. Esta não é uma evolução a ser ignorada, especialmente para atividades que enfrentam tantos custos sistêmicos como é o caso da indústria.
Semimanufaturados, que também são afetados pela evolução dos preços das commodities, apresenta uma performance igualmente positiva em 2017, porém com desaceleração no terceiro trimestre do ano, decorrente de elevações menos acentuadas nas exportações de importantes produtos, como semimanufaturados de ferro/aço, ferro fundido, açúcar em bruto e óleo de soja em bruto.
Do lado das importações, o resultado positivo do total – +11% calculado a partir da média por dia útil – do terceiro trimestre de 2017 ante igual período de 2016 foi acompanhado por todas as categorias de uso. O avanço mais expressivo coube a bens intermediários (+8,5% ante 3º trim/16), seguido por bens de consumo (+6,9%).
Entretanto, o destaque coube às importações de bens de capital, que em setembro último cresceram pelo segundo mês consecutivo. Frente a set/16, a alta atingiu 34,5%, mas que pode se revelar pontual. Com isso, as importações desses bens saíram de um resultado de -31% no 2º trim/17 para +2,7% no 3º trim/17 ante igual período do ano anterior.
De acordo com os dados divulgados pelo MDIC, no mês de setembro a balança comercial brasileira apresentou superávit de US$5,178 bilhões, elevação de 35,8% frente ao mesmo mês do ano anterior, em que o saldo positivo fora de US$3,813 bilhões.
As exportações alcançaram US$18,666 bilhões, o que representa um incremento de 24,0% em relação a setembro do ano passado considerando as médias diárias, que considera o número de dias úteis no mês. Já as importações atingiram US$13,488 bilhões, o que significa uma expansão de 18,1% na mesma base de comparação.
No mês, as médias diárias das exportações e importações foram de US$933, milhões e US$603,3 milhões, respectivamente.
Exportações por fator agregado. A exportação de produtos básicos foi de US$8,539 bilhões no mês, variação de 36,7% em relação a setembro de 2016. Nesta mesma comparação, os produtos semimanufaturados somaram US$2,887 bilhões e os manufaturados US$6,893 bilhões, com oscilações de 11,1% e 18,0%, respectivamente.
Levando em conta as médias diárias das exportações, na comparação com igual mês de 2016 houve aumento de: 36,7% para produtos básicos, 18,0% para manufaturados, 11,1% para semimanufaturados. As operações especiais registraram queda de 3,4% na mesma base de comparação.
Destaques exportações. Na comparação com setembro de 2016, considerando o grupo dos produtos básicos, os destaques positivos foram: soja em grão (178,8%, para US$1,6 bilhão), milho em grão (95,7%, para US$916 milhões), algodão em bruto (39,4%, para US$213 milhões), minério de cobre (38,8%, para US$271 milhões), carne bovina (27,3%, para US$471 milhões), fumo em folhas (23,6%, para US$187 milhões), minério de ferro (18,9%, para US$1,6 bilhão), petróleo em bruto (16,7%, para US$1,2 bilhão), farelo de soja (11,4%, para US$389 milhões) e carne de frango (5,1%, para US$569 milhões)
Para os semimanufaturados, na mesma base de comparação, os aumentos mais relevantes foram: catodos de cobre (779,3%, para US$61 milhões), madeira em estilhas (230,5%, para US$29 milhões), ferro ligas (83,4%, para US$253 milhões), ferro fundido (59,8%, para US$80 milhões), madeira serrada (30,6%, para US$61 milhões), celulose (25,3%, para US$560 milhões), açúcar em bruto (7,7%, para US$1,1 bilhão) e couros e peles (0,7%, para US$144 milhões).
Também na comparação com setembro de 2016, a elevação dos embarques de produtos manufaturados teve como principais oscilações positivas: torneiras/válvulas (437,1%, para US$102 milhões), máquinas p/terraplanagem (86,1%, para US$195 milhões), tratores (72,2%, para US$151 milhões), óxidos/hidróxidos de alumínio (54,6%, para US$228 milhões), automóveis de passageiros (40,8%, para US$452 milhões), motores e geradores elétricos (23,9%, para US$123 milhões), autopeças (22,8%, para US$191 milhões), motores p/veículos e partes (22,4%, para US$151 milhões), suco de laranja não congelado (21,8%, para US$122 milhões), calçados (20,4%, para US$97 milhões), açúcar refinado (7,9%, para US$226 milhões), veículos de carga (4,1%, para US$227 milhões) e polímeros plásticos (0,9%, para US$132 milhões).
Importações por categoria de uso. Dos US$13,488 bilhões importados em setembro, US$1,569 bilhão foram referentes ao grupo de bens de capital, US$8,514 bilhões a bens intermediários, US$2,090 bilhão a bens de consumo e US$1313 bilhão a combustíveis e lubrificantes.
Na comparação frente ao mesmo período de 2016, houve crescimento das importações em todos os grupos, puxado por bens de capital (34,5%) e seguido por combustíveis e lubrificantes (26,4%), bens de consumo (15,9%) e bens intermediários (15,1%).
Destaques importações. No segmento combustíveis e lubrificantes, o crescimento ocorreu principalmente pela elevação do óleo diesel, carvão, propanos liquefeitos, gás natural, coques, querosenes, energia elétrica, butanos liquefeitos.
Dentre os bens intermediários, as principais elevações couberam as aquisições de partes de naftas p/petroquímica, diidrogênio-ortofosfato, partes de aparelhos de telefonia, partes de aparelhos de radiodifusão/televisão, circuitos integrados, microprocessadores, caixas de marchas, memórias digitais, pigmento rutilo.
Quanto aos bens de consumo, as principais altas foram observadas nas importações de fungicidas, medicamentos, produtos imunológicos, automóveis de passageiros, camisetas, vinhos.
Por fim, dentre os bens de capital, cresceram, principalmente, veículo de carga, laminadores a quente/e a frio, aviões, secadores p/madeiras, lâmpadas de LED, caldeiras aquatubulares, motores elétricos, aparelhos mecânicos, guindastes de torre, máquinas p/elevação de carga, máquinas p/fabricação de papel.