Valor Econômico

Para subsecretário, é “provável” que superávit da balança comercial supere os US$ 55,4 bi estimados pelo Ministério da Economia

Estevão Taiar e Marta Watanabe

Assim como em outubro, o valor das exportações brasileiras avançou em novembro puxado por volumes, que aceleraram mais que os preços médios, na comparação com igual mês do ano passado. As importações, porém, caíram em valor e em volume em novembro, na mesma comparação, mas tiveram aumento de preços.

Mesmo com a mudança recente nas exportações, balança comercial deve encerrar o ano comandada por preços nas duas pontas.

O saldo da balança comercial atingiu US$ 6,7 bilhões em novembro, resultado de US$ 28,2 bilhões em exportações e US$ 21,5 bilhões em importações, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex/ME).

A receita de exportação em novembro subiu 30,5% contra igual mês de 2021, com alta de 27,2% nos volumes e de 8% nos preços, com variações calculadas sempre pela média por dia útil. Já as compras externas recuaram 5,5% em valor, com queda de 4,9% nos volumes. Os preços, porém, continuaram subindo, com alta de 7,6%.

No acumulado dos 11 meses, porém o valor exportado avançou 19,9%, com alta de 14,1% dos preços médios das exportações e de 6% doo volume. O valor importado aumentou 25,5%, com alta de 2,5% em volumes e salto de 25,2% nos preços, sempre em comparação com iguais meses de 2021.

Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), avalia que a queda do valor de importação em novembro não reflete contração de demanda doméstica.

Ele lembra que, em novembro do ano passado, em razão da crise hídrica de então, houve importações em grande volume e com preços altos de energéticos, como combustíveis, carvão e gás. Desembarque de adubos e fertilizantes e medicamentos também contribuíram para aumento das importações em novembro de 2021.

O recuo do valor importado em novembro, portanto, pode resultar em boa medida da base alta de comparação.

Na comparação interanual, combustíveis, adubos e fertilizantes, gás natural e medicamentos tiveram queda.

Segundo o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Herlon Brandão, é “provável” que o superávit da balança comercial deste ano fique acima da projeção mais recente da pasta.

A projeção mais recente apontava para superávit de US$ 55,4 bilhões. Mas, no acumulado de janeiro a novembro, o indicador já está positivo em US$ 58 bilhões.

Ele lembrou que dezembro é um mês tradicionalmente superavitário. Segundo ele, o crescimento das exportações em 2022 “está ligeiramente acima do previsto”, enquanto as importações estão em linha com o esperado.