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                          Os Dilemas da Indústria em 2003

                          Publicado em: 28/11/2002

                          Os Dilemas da Indústria em 2003
                          Folha de São Paulo e Valor Econômico - 28/11/2002


                          Celso Pinto

                          Uma questão importante tem preocupado os empresários. A indústria brasileira tem exportado como nunca, só que há pouca capacidade ociosa produtiva em alguns setores básicos. Isso significa que, uma retomada mais razoável de crescimento poderá esbarrar em alguma piora da balança, em pressão inflacionária, ou, o mais provável, numa combinação das duas coisas.

                          Em outros termos, o país vai pagar um preço pelo extraordinário ajuste externo que está fazendo. O preço inflacionário já começou a ser pago. É efeito do impacto da desvalorização cambial mas também da resistência das empresas em absorver aumento de custos reduzindo suas margens de lucro. Ao contrário do que aconteceu na máxi de 99, hoje as margens estão muito mais estreitas. E a "dolarização" dos preços, pelo sucesso nas exportações, é mais abrangente.

                          Ivoncy Ioschpe, presidente do Iedi, instituto de pesquisa mantido por 45 grandes grupos nacionais, diz que a situação atual lembra o período do ex-presidente Geisel, em meados dos anos 70, quando foi preciso um grande plano nacional para estimular a indústria de base. "O país não aumentou sua indústria de base nos últimos anos", argumenta. "Ela é mais eficiente, mas há estrangulamentos na oferta em áreas como siderurgia, petroquímica e papel e celulose, o que leva a pressões inflacionárias". Como investimentos levam de dois a três anos para amadurecer, ele acha que o BNDES deveria começar, já, um programa de coordenação de investimentos nesses setores.

                          Júlio Sérgio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi, lembra que uma pesquisa do instituto com 80 grandes empresas nacionais e 85 grandes estrangeiras mostrou que o coeficiente de exportação neste grupo subiu de 13%, em 1989, para 16%, em 1997, e 18%, em 2000. Em 2003, deve chegar a uns 25% e caminha para 30%. É exatamente o que o país precisa para ajustar suas contas externas, mas não é uma mudança indolor.

                          Ele prefere lembrar o paralelo do início dos anos 80, quando maxidesvalorizações geraram megasuperávits na balança, mas fizeram a inflação saltar de 50% para 100% ao ano. É preciso aumentar a capacidade produtiva, especialmente em insumos básicos. Não via incentivos, diz, mas com planos setoriais e apoio creditício do BNDES.

                          A exportação, hoje, atrai pelas margens proporcionadas pelo câmbio. No entanto, é bom lembrar que 75% ou mais da produção dessas grandes empresas se destina ao mercado interno. Investimentos virão se houver perspectivas positivas de crescimento no mercado interno e não apenas um câmbio vantajoso. Portanto, argumenta Almeida, não dá para tentar controlar a forte pressão inflacionária que esse ajuste implica apenas com juros altos e recessão. É preciso dosar o controle inflacionário com a preservação de algum crescimento interno que estimule investimentos.

                          A baixa capacidade não é generalizada. O setor de bens de consumo, pelos dados da FGV, está utilizando apenas 78% de sua capacidade. Dois anos de massa salarial em baixa, desemprego em alta e crescimento medíocre deixaram indústrias inteiras, como a automobilística, operando muito abaixo da capacidade. Nessa área, diz, aguenta-se dois anos de crescimento mais forte sem problemas. A capacidade utilizada de bens de capital é ainda menor, 69%, graças à queda dos investimentos. A da indústria de transformação é de 80%.

                          Quando se olha alguns setores específicos, a história é outra. Metalurgia está operando a 89% da capacidade; papel e papelão a 93%; química a 85%; borracha a 88%; vestuário e calçados a 87%. São setores que precisam de investimentos e que, em alguns casos, não conseguiriam manter um crescimento das exportações e atender ao mercado interno, se o crescimento voltasse com alguma força.

                          Entre os setores onde sobra capacidade instalada, o caso mais sério é o de material elétrico e comunicações, que usa hoje só 60% da capacidade. Neste caso, lembra, dois fatores são importantes: o impacto do apagão do ano passado e o fim do "boom" dos investimentos em telecomunicações. Caiu a produção interna e caíram as importações. A queda nas importações de material elétrico e eletroeletrônico explica 30% da redução total das importações este ano.

                          Na verdade, quatro ou cinco itens explicam 60% da queda das importações, o que, na visão de Almeida, sugere que nem toda queda de importações reflete um processo mais duradouro de substituição de importações. Em alguns casos, há desvios de mercado, que a retomada de crescimento pode alterar.

                          Deixar os setores que estão exportando mais aproveitarem a dolarização de seus preços para aumentar margens no mercado interno pressiona a inflação. Mas melhora a lucratividade. E, num país onde o mercado de capitais quase inexiste, os recursos próprios continuam sendo a maior fonte das empresas para investimentos. Outra vez, há um dilema. Quanto mais dura a política monetária e a recessão, menor a pressão inflacionária, pela compressão da margem de lucro. Mas também menores serão os investimentos.

                          Enfim, são dilemas que qualquer partido que ganhasse as eleições teria que enfrentar em 2003. É preciso manter o estímulo de longo prazo para o ajuste externo, mas é crucial impedir um descontrole inflacionário. O Estado pode ajudar a coordenar e estimular investimentos, mas não pode, nem deve, repetir esquemas paternalistas de incentivos do passado.

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