IEDI na Imprensa - Vendas no varejo sobem 0,6% mas perdem fôlego
O Globo
Raphaela Ribas
Trata-se do quinto mês seguido de alta, mas desempenho de setembro foi afetado pela redução do valor do auxílio emergencial de R$ 600 para R$ 300. Segundo analistas, próximos resultados devem mostrar recuperação lenta
As vendas no varejo cresceram 0.6% em setembro e zeraram as perdas registradas no ano. Trata-se do quinto resultado positivo seguido, mas marca também uma perda de fôlego em relação aos meses anteriores. Setembro foi o de redução do valor do auxílio emergencial—pago a informais para ajudá-losa atravessar acrise do coronavírus—de R $600 para R$300. Segundo especialistas, a redução do benefício já teve impacto no comércio.
Para os próximos meses, embora persista uma tendência positiva, analistas veem risco de uma recuperação lenta com o fim da ajuda do governo, o desemprego alto e a inflação puxada por alimentos. Segundo Lisandra Barbero, economista da XP Investimentos, a mudança no valor do auxílio afetou o resultado em setembro, em produtos como alimentos e bebidas.
Para os próximos meses, embora persista uma tendência positiva, analistas veem risco de uma recuperação lenta com o fim da ajuda do governo, o desemprego alto e a inflação puxada por alimentos. Segundo Lisandra Barbero, economista da XP Investimentos, a mudança no valor do auxílio afetou o resultado em setembro, em produtos como alimentos e bebidas.
— A trajetória de crescimento nos próximos meses será semelhante a setembro. As categorias mais sensíveis ao auxílio devem continuara perder o ímpeto, e as outras continuarão no mesmo patamar — explicou Lisandra, se referindo especialmente aos móveis e automóveis, que já vêm apresentando alta nos últimos meses e devem continuar incentivados pelas condições mais atraentes de crédito.
Na avaliação de Rodolpho Tobler, coordenador da Sondagem do Comércio da FGV, o cenário que se delineia adiante é de recuperação mais lenta. Para o Natal, a expectativa é de um período de vendas próximo ao do fim do ano passado, avalia:
— Não será tão negativo. Ao mesmo tempo em que se tem a proximidade do fim do auxílio, a alta da inflação e do desemprego, por outro lado, no fim de ano tem os empregos temporários, um estímulo de compra e a Black Friday, que é um evento que impacta a economia, especialmente por boa parte ser on-line, modalidade que se consolidou na pandemia. Mas vale lembrar que, na pandemia, o cenário muda muito rápido e está sujeito a incertezas.
Em 12 meses, a alta acumulada no varejo é de 0,9%. Já no ano, o comércio registra estabilidade. Em relação a setembro de 2019, a expansão foi de 7,3%, na quarta taxa positiva seguida.
Das oito atividades pesquisadas pelo IBGE, cinco registraram alta de vendas em setembro. O gerente da pesquisa, Cristiano Santos, destaca que a alimentação foi responsável por cerca de 50% do total:
— A inflação de alimentos em setembro impactou bastante. Como o peso da alimentação é grande na pesquisa, isso justifica a desaceleração.
As vendas de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo recuaram 0,4%. Segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), além da flexibilização do isolamento social, que reduziu o consumo em casa, o aumento da inflação dos alimentos nos últimos meses pode ter contribuído para a retração nas vendas de supermercados.
INFLAÇÃO DE ALIMENTOS
Em setembro, os preços de alimentos e bebidas subiram 2,28%. No ano, a inflação de alimentos já acumula alta de 9,37% até outubro.
Também tiveram resultado negativo as vendas de vestuário e calçados (-2,4%) e de outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,6%). Outros segmentos, porém, aumentaram as vendas, como livros, jornais, revistas e artigos de papelaria (8,9%), combustíveis (3,1%) e artigos farmacêuticos (2,1%). Bens duráveis, como móveis e eletrodomésticos, registraram expansão de 4,6% nas vendas.