IEDI na Imprensa - Balança tem exportação e saldo recorde em agosto
Valor Econômico
Queda dos preços das commodities tornará próximos resultados “menos exuberantes”, prevê consultoria
Mariana Ribeiro
Com um nível de exportação recorde para o mês, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 7,66 bilhões em agosto, maior valor da série histórica para o mês. Nos primeiros oito meses do ano, o saldo acumulou US$ 52,03 bilhões. O valor também é recorde para o período e ultrapassa o superávit registrado em todo o ano 2020, de US$ 50,4 bilhões.
Apesar do forte resultado de agosto, os saldos comerciais podem perder ímpeto nos próximos meses. Para a Tendências Consultoria, os resultados devem ser “menos exuberantes” em um cenário de queda dos preços das commodities na margem e desempenho mais vigoroso das importações.
Segundo dados divulgados ontem pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, no mês passado, as exportações somaram US$ 27,21 bilhões, puxadas principalmente por um aumento nos preços. Pela média diária, houve alta de 49,2% sobre o mesmo mês de 2020.
Houve avanço nos três setores. Na agropecuária, as exportações cresceram 19,38%, pela média diária. Na indústria extrativa, houve alta de 113,3%, e, na indústria de transformação, de 32,9%.
Já as importações alcançaram US$ 19,55 bilhões, alta de 61,1% na mesma base de comparação. Nesse caso, o resultado é influenciado principalmente por um aumento nas quantidades compradas. Houve avanço de 26,7% na agropecuária, de 262,4% na indústria extrativa e de 57,1% na indústria de transformação.
Há seis meses as taxas de crescimento da balança têm sido expressivas, ajudadas por bases baixas de comparação, mas também pela elevação dos preços de commodities, avalia o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI). O instituto destaca ainda que o setor externo “tem sido uma das principais fontes de dinamismo para o crescimento recente da economia”. “Ao que tudo indica este movimento deve ter continuidade no segundo semestre.”
No acumulado do ano, as exportações somaram US$ 188,9 bilhões, alta de 37,3%, pela média diária, em relação ao mesmo período de 2020. Já as importações ficaram em US$ 136,8 bilhões, aumento de 34,4%.
A economista da Tendências Yasmin Riveli afirma, em nota, que nos próximos meses as exportações devem seguir altas, mas devem perder força na margem em linha com o movimento dos preços das principais commodities exportadas.
“Os preços internacionais do minério de ferro, por exemplo, têm registrado forte queda nas últimas semanas, acompanhando os sinais de desaceleração da demanda chinesa”, afirma. Em relação à soja, observa que a entrada da safra norte-americana tende a pressionar para baixo as cotações internacionais no curto prazo.
As importações, por sua vez, devem seguir fortalecidas pela retomada da atividade. Para 2021, a projeção da Tendências, é que as exportações somem US$ 274,2 bilhões, e as importações, US$ 203,4 bilhões, o que resultaria em saldo de US$ 70,8 bilhões.
A Secex estima que a balança registre superávit de US$ 105,3 bilhões no ano, com US$ 307,5 bilhões em exportações e US$ 202,2 bilhões em importações.